Processos sociais

Processos sociais

As pessoas, através das relações sociais, podem aproximar-se ou afastar-se, dando origem a formas de associação ou dissociação. A este aspecto dinâmico é dado o nome de processo social.

A sociabilidade, que é capacidade natural dos seres humanos de viverem em sociedade, se desenvolve por meio da socialização. É através da socialização que uma pessoa se integra a um grupo, assimilando costumes, hábitos e regras.

Um aspecto fundamental do processo social é o contato social. O contato social é a raiz da vida em sociedade. É através do contato social que nós estabelecemos relações com outras pessoas. Existem, basicamente, dois tipos de contatos sociais. O primeiro deles é denominado de contatos sociais primários. Estes são pessoais e íntimos. Os indivíduos tendem a compartilhar de suas experiências particulares; há uma certa fusão de individualidade. O contato é completo, isto é, é considerado como um fim em si mesmo. São os contatos pessoais onde há uma forte base emocional: a relação entre pais e filhos, marido e esposa, professor e aluno, um grupo de amigos etc. Já os contatos sociais secundários são informais, impessoais e calculados. Geralmente são superficiais, envolvendo apenas uma faceta da personalidade.  Um exemplo: um cliente entra numa farmácia e pede um remédio ao farmacêutico. O contato é informal e racional.  Outros exemplos de contatos sociais secundários são aqueles mantidos por carta, telefone, e-mail etc.

Na sociedade contemporânea, há, quando comparado a épocas passadas, uma diminuição nos grupos de contatos primários. Há vários motivos para isso: a industrialização e urbanização; o fato de as pessoas serem muito ocupadas, tendo relativamente pouco tempo para se dedicar a outras.  De fato, a maioria de nossos contatos sociais são secundários. Hoje em dia, a maioria da população vive em grandes cidades onde há grande proximidade física, mas onde as relações humanas são, em geral, impessoais. Sentimentos de competição e de individualismo muitas vezes resultam numa perda de afetividade entre os seres humanos. Muitas pessoas vivem sozinhas e solitárias, mantendo poucos contatos sociais primários.

A ausência de contatos sociais é denominada de isolamento social. O isolamento pode ser compreendido como a falta de contato ou de comunicação entre grupos ou indivíduos. Nos dias de hoje, praticamente não existe isolamento absoluto. Mas existem comunidades isoladas, que mantêm pouco contato com outras comunidades.

As forças por trás desse isolamento são chamadas de atitudes de ordem social e atitudes de ordem individual. As atividades de ordem social se manifestam através de preconceito, seja racial, religioso, étnico, sexual etc. Uma atitude de ordem individual que causa e reforça o isolamento é a timidez. As pessoas que têm muita dificuldade em estabelecer laços de convivência e de afeto com outros estão mais propensas a viverem sozinhas, isoladas, à margem da sociedade.

Os sociólogos indicam cinco tipos de isolamento: espacial, estrutural, funcional, psíquico e habitudinal.

O isolamento espacial ou físico é a ausência de contatos devido a fatores geofísicos: montanhas, vales, florestas, desertos, rios, oceanos etc. Esses fatores e a distância entre comunidades agem como isolantes.

O isolamento estrutural é constituído por diferenças biológicas, como idade, sexo e raça. A sociedade atribui funções e atividades diversas a homens e mulheres, a adultos e crianças e, consequentemente, cria diferenças de interesses. O isolamento de grupos étnicos, religiosos e raciais ocorre em vários países. A idade também resulta em isolamento nas sociedades. O isolamento de idosos, por exemplo, é um problema da sociedade atual.

O isolamento funcional tem origem nas deficiências físicas – cegueira, mudez, surdez e outras limitações físicas. Os portadores de deficiências físicas têm participação limitada em muitas das atividades da sociedade.

O isolamento psíquico ocorre devido a diferenças de interesses, gostos e preferências entre indivíduos pertencentes a uma mesma cultura. O isolamento psíquico é o que distancia o grande intelectual do analfabeto, o empresário do agricultor. A existência de clubes, partidos políticos e sociedades secretas reforça o isolamento psíquico.

Finalmente, o isolamento habitudinal ocorre devido a diferenças de hábitos, costumes, linguagem, religião etc. Há isolamento habitudinal entre pessoas que não falam a mesma língua. O fanatismo religioso também leva a uma falta de comunicação entre membros de religiões diferentes.

A Comunicação

A comunicação é essencial para a sobrevivência e desenvolvimento da humanidade. É fundamental também para a cultura.

A comunicação pode dar-se através de meios não vocais, como expressões e traços fisionômicos, sons inarticulados, baseados em emoções, e por palavras e símbolos, ou seja, pela linguagem. O principal meio de comunicação do ser humano é a linguagem. É por meio dela que conseguimos estabelecer e solidificar relações com outros seres humanos: expressar ideias, pensamentos, ensinamentos e sentimentos. Se não há comunicação efetiva, não há desenvolvimento ou progresso.

Além da linguagem falada, o ser humano desenvolveu várias formas de comunicação. Um dos mais importantes é a escrita. Outro passo fundamental para o desenvolvimento da comunicação foi a invenção da impressão, por Gutenberg, no século XV. Nos séculos XIX e XX, foram inventados o telégrafo, o telefone, o rádio, o cinema, a televisão, a comunicação por satélite e, mais recentemente, a Internet.

Interação social

Os contatos sociais e a interação são indispensáveis ao ser humano e à sociedade humana. A interação social afeta as pessoas envolvidas, devido ao contato e à comunicação estabelecidos entre elas.

O progresso nos meios de comunicação, principalmente a partir do uso generalizado da Internet, resultou na criação de novas formas de contato social. Hoje em dia, há interatividade – a troca de informações de forma simultânea – entre pessoas que vivem em diferentes partes do mundo.

Relação social

Relação social é a forma assumida pela interação social em cada situação. Por exemplo, um vendedor e um comprador estabelecem uma relação comercial; professor e aluno estabelecem uma relação pedagógica. As relações sociais também podem ser familiares, religiosas, culturais, políticas etc.

Processos sociais

A cooperação é um tipo de processo social. Processos sociais são as formas pelas quais as pessoas se relacionam e estabelecem relações sociais.

Os processos sociais podem ser associativos e dissociativos. Os processos associativos estabelecem formas de cooperação e convivência num grupo. Já os processos dissociativos se manifestam por meio de divergências e até conflitos. Os principais processos sociais associativos são cooperação, acomodação e assimilação. Os principais processos sociais dissociativos são competição e conflito.

A cooperação é o processo social em que dois ou mais indivíduos ou grupos atuam em conjunto para alcançar um mesmo objetivo ou propósito.
A cooperação pode ser temporária: as pessoas se reúnem para executar uma tarefa durante um período temporário. Exemplos: estudo em grupo, mutirões. A cooperação contínua ocorre entre indivíduos ou grupos que, estabelecidos em determinado local, precisam sempre da colaboração uns dos outros. Exemplo: os habitantes de uma cidade colaboram, tomam medidas, para diminuir a poluição.

A cooperação também pode ser direta: indivíduos desempenham atividades em conjunto. Esse tipo de cooperação divide-se em trabalho associado – por exemplo, uma família fazendo compras na feira; trabalho suplementar – por exemplo, um mutirão; integração de trabalhos diversos (trabalhos diferentes visando um objetivo comum) – por exemplo, a produção de um filme, que exige o trabalho de diferentes profissionais e especialistas.

A cooperação indireta é a realização de trabalhos diferentes. A cooperação ocorre porque os indivíduos não são autossuficientes. Um exemplo de cooperação indireta é a que existe entre um agricultor e um médico: o médico precisa dos alimentos plantados e colhidos pelo agricultor e este necessita de cuidados médicos.
São muitos os interesses que levam os indivíduos e os grupos à cooperação. Resumindo, a cooperação é a solidariedade social em ação.

A competição é basicamente o oposto da cooperação. É a forma de interação que implica o esforço, a luta, por recursos escassos ou por objetivos que não podem ser alcançados por todos. Para a satisfação de suas necessidades e desejos, indivíduos e grupos competem entre si.  

A competição ocorre quando há mais pretendentes do que postos: os que pretendem alcançar uma situação melhor entram em competição com os demais concorrentes. Um exemplo de competição é uma eleição presidencial: várias pessoas almejam o cargo de maior importância política, mas num país pode haver apenas um presidente. Há vários candidatos para apenas um posto, que é muito almejado; portanto, há competição que frequentemente se manifesta de forma agressiva e hostil.

Outro exemplo de competição é o vestibular: geralmente, há mais candidatos do que vagas, principalmente para os cursos mais concorridos. Mas este é um exemplo de competição que é geralmente benéfica, pois incentiva o estudo, a disciplina e a diligência. A competição pode se tornar nociva quando resulta em conflito – isto é, quando resulta em elevada tensão social e até em violência. A diferença fundamental entre a competição e o conflito é que a competição não é necessariamente pessoal e não necessariamente resulta em hostilidade.

A definição mais aceita do conflito é que é uma contenda entre indivíduos ou grupos em que cada contendor almeja uma solução que exclui a desejada pelos outros contendores.

Há várias formas de conflito. A rivalidade compreende ciúme e antagonismo (por exemplo, dois rapazes que querem se casar com uma mesma moça). O debate é a controvérsia a respeito de pontos de vista, ideias ou crenças (por exemplo, debates no Congresso e no Senado). A discussão é a forma de debate caracterizado por uma certa medida de hostilidade (por exemplo, troca de palavras ásperas entre pessoas que apoiam diferentes partidos políticos). O litígio é a demanda judicial entre partes contrárias. A contenda é a briga entre indivíduos ou grupos (entre torcidas organizadas, por exemplo). Finalmente, guerras são lutas entre países ou grupos nacionais, étnicos, religiosos etc.

Na realidade, há conflitos a toda hora, em todos os países e em todas as sociedades. Há conflitos entre policiais e criminosos, entre países que estão em guerra, entre governos ditatoriais e a população civil que luta por seus direitos civis etc.

É importante ressaltar que nem todo conflito é prejudicial e indesejável. O conflito social, por exemplo, é um processo social que pode provocar mudanças positivas na sociedade. Um exemplo disto: nos anos 1960, nos Estados Unidos, direitos civis foram obtidos pela população negra através do conflito social.

Sumário

- Processos sociais
- A Comunicação
- Interação social
i. Relação social
ii. Processos sociais
- O Terrorismo
- A Acomodação e a Assimilação

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