Modos de produção

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Modos de produção

Os sociólogos definem economia como a instituição social que organiza a produção, distribuição e consumo dos bens e serviços de uma sociedade.

Três são os setores em que se dividem as atividades econômicas: primário, secundário e terciário. O setor primário é o que explora e utiliza matérias-primas diretamente do ambiente natural. É constituído por atividades rurais: pesca, silvicultura e mineração. O setor secundário da economia é o que transforma matérias-primas em produtos acabados: trata-se essencialmente do setor industrial. O setor terciário é o da prestação de serviços: comércio, serviço público, escolas, energia, comunicações, saúde, esportes, lazer, etc.

As sociedades diferem em vários aspectos, mas todas precisam produzir, distribuir e consumir bens e serviços. Como isso ocorre depende de quais setores da economia são os mais importantes. Isso depende muito do nível de desenvolvimento da sociedade. Geralmente, quanto menos desenvolvida é a economia de uma sociedade, mais importante é o seu setor primário. Por outro lado, quanto mais desenvolvida for a sociedade, mais importante será o seu setor terciário. À medida que as sociedades se desenvolveram economicamente ao longo dos séculos, o setor primário se tornou menos importante e o terciário, maior e mais relevante.

Capitalismo e Socialismo

Os dois sistemas econômicos predominantes de hoje são o capitalismo e o socialismo. Em uma extremidade, há sociedades caracterizadas pelo mercado livre (capitalismo). Na outra extremidade, há sociedades cujas economias são completamente regulamentadas pelo governo (socialismo). Entre essas duas extremidades, há modelos econômicos que são uma mistura desses dois sistemas.

A maioria das sociedades mistura elementos tanto do capitalismo como do socialismo. Cada sociedade faz isso de forma diferente. Algumas sociedades tendem ao capitalismo e outras, ao socialismo. Dois exemplos de sistemas que combinam elementos tanto do capitalismo como do socialismo são a Social Democracia e o Capitalismo de Estado.

Os Estados Unidos são considerados um dos países mais capitalistas do mundo. Quase todas as empresas do país são privadas. Contudo, as indústrias norte-americanas são reguladas pelo governo. Por um lado, muitos empresários norte-americanos gostariam que houvesse menos regulação governamental. Por outro, os críticos do sistema puramente capitalista apoiam a ideia de que haja mais regulação por parte do governo. Tal questão – se o governo deve ou não regular as indústrias nos Estados Unidos – se tornou ainda mais polêmica após o colapso de bancos e de outras instituições financeiras norte-americanas em 2008. O fracasso dessas instituições levou à crise financeira global – a pior crise desde a Grande Depressão. Antes da crise de 2008, os bancos norte-americanos eram desregulamentados. A falta de regulação levou à especulação excessiva. Isso resultou no enfraqueceu do sistema financeiro norte-americano e global.

O Capitalismo

O Capitalismo é um sistema em que os recursos e os meios de produção (terra, ferramentas, tecnologia, etc.) são propriedade privada e os indivíduos são incentivados a buscar o lucro. No sistema capitalista, o sucesso ou o fracasso de um empreendimento é determinado pela livre concorrência sem que haja interferência por parte do governo.

O capitalismo laissez-faire representa uma forma pura de capitalismo que não é mais praticada por nenhum país. Alguns economistas acreditavam que o governo não deveria intervir de forma alguma nos negócios. Tal posição fundamenta-se na teoria do laissez-faire, que, em francês, significa “deixai fazer”. Essa teoria foi elaborada por Adam Smith, considerado do pai da Economia. De acordo com Adam Smith, a competição – que caracteriza o capitalismo – deveria operar por conta própria, sem que houvesse intervenção ou controle governamental. Hoje, os governos regulamentam as empresas e as indústrias, em maior ou menor grau: determinam medidas de segurança, regulamentam a poluição, estabelecem salários mínimos e direitos trabalhistas, etc.

A ideologia que caracteriza o capitalismo de hoje está fundamentada no conceito de que a competição entre empresas é benéfica para os consumidores. À medida que os indivíduos buscam maximizar seus lucros, toda a sociedade se beneficia. Bens são produzidos e serviços são prestados: as pessoas pagam pelo que necessitam e desejam e, consequentemente, a economia e a sociedade prosperaram. Para prevalecer sobre a competição – para sobreviver e prosperar –, as empresas precisam vender produtos melhores a preços menores do que seus concorrentes. Isso beneficia os consumidores. Em tal sistema, o mercado – o que as pessoas compram e as leis de oferta e demanda – determinam o que e quanto as empresas produzem. Ao mesmo tempo, o trabalhador é motivado a trabalhar mais para poder adquirir os produtos e serviços que deseja.

O Socialismo

O socialismo é um sistema em que os recursos e os meios de produção são propriedade coletiva (geralmente pertencem ao governo) e o direito à propriedade privada é limitado. Além disso, o bem da sociedade tem prioridade sobre o do indivíduo, e o governo controla a economia. O socialismo é definido pela centralização da economia, pela produção sem fins lucrativos e pela estatização da produção e distribuição de bens e serviços. Em um sistema capitalista, o governo pouco interfere na economia. Já em um sistema socialista, o governo a controla. A China é exemplo de países socialistas: o governo chinês possui e controle quase todos os recursos naturais do país.

A prioridade do socialismo não é a busca pelo lucro, e sim, o bem coletivo. Isto é, as necessidades da sociedade são consideradas mais importantes do que as dos indivíduos. Dessa forma, os indivíduos não competem entre si para obter lucro. Em vez disso, trabalham em conjunto pelo bem de todos.

A ideologia do socialismo rejeita a do capitalismo. Em um sistema econômico socialista, é o estado que determina quais produtos são produzidos e a que preço devem ser vendidos. O socialismo elimina a competição e o lucro e objetiva a igualdade social – visando a fornecer às pessoas o que elas precisam.

É importante ressaltar que assim como nenhuma nação nunca aderiu ao capitalismo puro, também nunca houve um país que aderiu ao socialismo puro. Socialismo puro é um sistema em que todos os trabalhadores ganham exatamente o mesmo salário. Na realidade, os países socialistas pagam salários mais altos para administradores e para certos profissionais, como os médicos. Contudo, devido ao fato de o estado empregar praticamente todos os membros da sociedade – e determinar os salários – as disparidades salarias são muito menores do que em países capitalistas.

A Teoria Econômica de Marx

O pai do socialismo foi Karl Marx, que se dedicou ao estudo dos modos de produção. Marx analisou a sociedade por meio da relação entre as forças produtivas e as de produção. Tendo estudado a fundo a forma sistemática dos modos de produção, Marx foi o primeiro a assinalar o caráter histórico deles.

Karl Marx acreditava que a economia era a instituição básica da sociedade e que todas as outras instituições, como a família e a educação, serviam para alimentá-la. Marx teorizou que à medida que as sociedades se tornavam mais industrializadas, tornavam-se também mais capitalistas.

Karl Marx
Karl Marx

Marx não acreditava que os problemas criados pela industrialização pudessem ser resolvidos por meio de uma reforma da sociedade capitalista, e sim, pela implementação de um sistema econômico e social diferente. Em seus escritos, em colaboração com Friedrich Engels, Marx denominou esse sistema comunismo. Marx descrevia o comunismo como uma forma mais completa de socialismo, em que toda a propriedade e todos os meios de produção pertenceriam ao povo. Isto é, todos os bens e serviços seriam igualmente compartilhados.

Marx afirmava que suas teorias eram fundamentadas em análises científicas da história. Ele acreditava que a história, assim como a natureza, é regida por leis científicas. Marx destacou que a primeira preocupação das pessoas sempre foi a de obter alimentos e posses e que, portanto, a história sempre foi determinada por forças econômicas. 

De acordo com Marx, ao longo da história, existiram duas classes sociais: os que “possuem” e os que “nada possuem”. Os que “possuem” controlam a produção dos bens e retêm a maioria das riquezas. Já os que “nada possuem” realizam o trabalho, mas não são adequadamente recompensados por isso.

Marx afirmava que os que “possuem” exploravam os que “nada possuem” e que isso sempre causou uma luta de classes. Exemplificando: na Grécia e Roma antigas, tal luta ocorria entre o mestre e o escravo, e na Europa medieval, entre o senhor feudal e seus servos. Na visão de Marx, na moderna sociedade industrial, o poder econômico pertencia à burguesia – a classe média capitalista que era dona das fábricas, das minas, dos bancos e das empresas. Esses capitalistas dominavam e exploravam o proletariado – os trabalhadores assalariados.

Marx também afirmava que a classe social que detinha o poder econômico controlava o governo em benefício próprio. Segundo Marx, em uma sociedade capitalista, os governantes criam leis para ajudar os capitalistas a aumentar seus lucros enquanto a polícia protege a propriedade privada.

Marx acreditava na teoria do conflito. Ele acreditava que em toda sociedade capitalista, há sempre um conflito entre os donos dos meios de produção e os trabalhadores. Na visão de Marx, havia apenas uma forma de resolver tal conflito: os trabalhadores deveriam se unir, promover uma revolução e derrubar seus opressores. Marx acreditava que após tal revolução, todas as sociedades se tornariam comunistas: isto é, todos os meios de produção pertenceriam a todos e todos os lucros seriam divididos de forma igualitária. De acordo com Marx, o resultado ideal do socialismo seria uma sociedade em que inexistiram classes sociais – uma sociedade verdadeiramente comunista, em que todos seriam iguais e não haveria qualquer tipo de estratificação.

As ideias de Marx serviram de inspiração para a Revolução Russa de 1917. Contudo, o sonho de Marx a respeito de uma sociedade comunista nunca foi realizado, pois as nações que se autodenominavam comunistas não adotaram de fato seus ideais.

Capitalismo versus socialismo

Nunca existiu um sistema econômico que satisfez os desejos de todos os cidadãos de um país.

Defensores do sistema capitalista ressaltam o fato de que os países capitalistas, como os Estados Unidos, são mais ricos e produtivos e oferecem uma qualidade de vida melhor a seus cidadãos do que os países socialistas. Os países capitalistas costumam oferecer mais liberdade e direitos civis aos seus cidadãos. Como sistema econômico, o capitalismo oferece mais liberdade pessoal porque seus alicerces são a propriedade privada e a busca pelo lucro. Uma sociedade capitalista valoriza as necessidades e os desejos do indivíduo e busca minimizar a intervenção governamental em assuntos econômicos e sociais.

Os críticos do sistema capitalista argumentam que apesar de o padrão de vida ser mais alto em países capitalistas do que em países socialistas, a desigualdade social também o é. De fato, o capitalismo incentiva o crescimento econômico, mas não são todos os diferentes segmentos da sociedade que se beneficiam dele. Muitas pessoas enriquecem em países capitalistas, mas muitas permanecem pobres. Os críticos do capitalismo condenam a ganância, a exploração e a alta concentração de renda e de poder gerados por esse sistema econômico.

Os defensores do socialismo ressaltam a igualdade social e o pleno emprego que há em países que adotaram tal sistema econômico. Já aqueles que se opõem ao socialismo argumentam que tal sistema econômico, que se baseia no planejamento central da economia, é extremamente ineficiente e, portanto, incapaz de gerar muita riqueza. Em países socialistas, pode haver mais igualdade social, mas quase todas as pessoas são pobres. Os críticos também afirmam que os governos socialistas controlam a vida e os direitos de seus cidadãos.

Vários estudos econômicos realizados nas últimas décadas revelaram que, em geral, pessoas que vivem em países capitalistas têm um padrão de vida mais alto do que aqueles que vivem em países socialistas.

Ironicamente, tanto o capitalismo como o socialismo são acusados por seus críticos de exploração. Tais críticas levaram alguns países a adotar um sistema que é uma mescla do capitalismo e do socialismo.

Socialismo Democrático ou Capitalismo do Bem-Estar

Algumas nações adotaram elementos tanto do capitalismo como do socialismo. São as chamadas sociais democracias. A mescla de capitalismo e socialismo é denominado socialismo democrático ou capitalismo do bem-estar. É um sistema caracterizado tanto pela economia de mercado como por um amplo sistema de bem-estar social, que inclui acesso gratuito à saúde e à educação a todos os cidadãos. Em tal sistema, várias indústrias importantes pertencem ao governo, mas a maioria da propriedade permanece nas mãos de indivíduos e há ampla liberdade política. Em tais países, o governo oferece um extenso programa de assistência aos pobres e necessitados. É importante ressaltar que os impostos em tais países costumam ser muito altos, pois cabe ao governo financiar os programas sociais. O objetivo dos países em adotam tal sistema é oferecer à população os benefícios tanto do capitalismo como do socialismo e, ao mesmo, evitar os problemas e as falhas apresentadas por esses dois sistemas econômicos.

Eis alguns exemplos de países que são sociais democracias: Canadá, Dinamarca, Suécia e vários outros países da Europa Ocidental. A Suécia, por exemplo, permite que haja empresas privadas no país, mas o governo sueco mantém amplo controle sobre a economia e aplica altos impostos para financiar sua gama de programas de assistência social.

Capitalismo de Estado

Capitalismo de Estado é outro sistema econômico híbrido. Capitalismo de Estado significa que os recursos e os meios de produção são propriedade privada, mas o governo os regulamenta e monitora. Nesse sistema econômico, as grandes corporações trabalham em parceira com o governo. Este protege seus interesses por meio de restrições à importação, capital de investimento e outras formas de assistência. O Capitalismo de Estado é comum em países asiáticos, como o Japão e a Coreia do Sul.

Na Coreia do Sul, por exemplo, o governo trabalha em conjunto com as maiores empresas do país para garantir seu sucesso no mercado global.

As Corporações

Uma das mais importantes e também mais polêmicas características do capitalismo é a existência de corporações. Uma corporação é uma organização que possui existência legal e o direito de assinar contratos, contrair ou pagar dívidas, processar e ser processada, e que é uma entidade distinta de seus membros. As grandes corporações vendem ações: seus acionistas legalmente as possuem. Os administradores da corporação, que não são necessariamente seus donos, prestam contas aos acionistas.

As corporações podem ser: conglomerados, monopólios, oligopólios e multinacionais.

Atualmente, as corporações exercem grande influência sobre a economia. Elas produzem a maioria dos produtos e serviços para milhões de pessoas. Além disso, controlam os mais importantes setores da economia. Os lucros de algumas corporações norte-americanas equivalem ao PIB de alguns países. Graças ao seu tamanho e influência, a corporação frequentemente sufoca a competição. Tal fenômeno é um dos pilares do capitalismo.

Nas últimas décadas, houve a ascensão e proliferação de corporações multinacionais. Uma multinacional é uma corporação sediada em um país, mas cujas fábricas e centros de operações estão localizados em outros países. Em muitos casos, a multinacional monta centros de produção em países pobres, onde os salários são baixos. Muitas pessoas que trabalham nessas fábricas são muito mal pagas e vivem de forma extremamente precária.

Não é possível imaginar um sistema industrial moderno desprovido de corporações. No entanto, tais empresas frequentemente esmagam seus concorrentes e quebram a lei. Muitas corporações são acusadas de explorar seus funcionários e os recursos naturais de países pobres.

Sumário

- O Capitalismo
- O Socialismo
i. A Teoria Econômica de Marx
- Capitalismo vs. socialismo
- Socialismo Democrático
- Capitalismo de Estado
- As Corporações

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