Unificação Italiana e Alemã

A Unificação Italiana

Durante a Era Napoleônica, a Itália havia sido dominada pelos franceses. Mesmo após a queda de Napoleão, a maior parte da Itália permaneceu sob controle estrangeiro. A Áustria controlava o norte, e a família Bourbon espanhola governava o Reino das Duas Sicílias, ao sul.

Após 1815, líderes italianos formaram uma sociedade secreta para manter vivo o sonho de independência. O movimento por uma Itália unificada tornou-se conhecido como o Risorgimento (Ressurgimento). Os líderes do Ressurgimento organizaram uma série de revoltas durante as décadas de 1820 a 1830, mas nenhuma teve qualquer sucesso duradouro.

Um dos mais notáveis nacionalistas italianos durante este período foi Giuseppe Mazzini, criador do grupo chamado Jovem Itália. Mazzini lembrou aos italianos que Roma havia sido o maior império do mundo antigo, na Idade Média, e o centro da Europa durante o Renascimento. Mas como o próprio Mazzini declara, "Tudo isso foi mudado. Nós não temos nossa própria bandeira, e nenhuma voz entre as nações da Europa".

Giuseppe Mazzini
Giuseppe Mazzini

Sardenha: Líder do Movimento de Unificação

As revoluções malsucedidas de 1848 haviam demonstrado que coragem e patriotismo não eram suficientes para conquistar a independência. A Itália precisava de soldados treinados e de aliados poderosos para lutar contra os austríacos. O homem que melhor entendia essa realidade era Camillo di Cavour - primeiro-ministro do Reino da Sardenha.

Camillo di Cavour
Camillo di Cavour

Diferente do emotivo Mazzini, Cavour era cauteloso e prático. Mazzini havia incentivado uma revolta em massa, mas Cavour sabia que a Jovem Itália e outros grupos nacionalistas não tinham o poderio militar para enfrentar o exército austríaco. Ele queria que o Reino da Sardenha conduzisse a expulsão dos austríacos do norte da Itália.

Com a aprovação do rei da Sardenha, Vítor Emanuel II, Cavour trabalhou para fortalecer a economia do reino e aumentar seu exército. Ele construiu ferrovias, melhorou a agricultura e ajudou a desenvolver as indústrias. Estas políticas deram à Sardenha a base econômica forte que precisava para liderar o movimento de unificação italiana.

Cavour então começou a formar alianças com outros países. Em meados do século XIX, a Sardenha tornou-se aliada da Grã-Bretanha e França, unindo-se a elas na luta contra a Rússia, na Crimeia. Cavour não tinha qualquer inimizade com a Rússia, mas ele sabia que a aliança da Sardenha com a França e Grã-Bretanha poderia lhe ser muito útil. Além disso, lutar ao lado destas potências traria à Sardenha prestígio militar.

Em 1858, Cavour assinou um tratado secreto com Napoleão III da França. De acordo com o tratado, se a Áustria ameaçasse a Sardenha, a França iria ajudar a Sardenha a expulsar os austríacos dos territórios de Lombardia e Vêneto. Em troca, a Sardenha entregaria dois pequenos territórios seus, Nice e Savoia, à França.

Tendo a França como sua aliada, Cavour estava pronto para enfrentar a Áustria. Ele provocou o país a declarar guerra contra a Sardenha, em abril de 1859. Napoleão III manteve sua promessa: as tropas francesas defenderam a Sardenha, e tiveram vitórias rápidas. Então, para surpresa e fúria de Cavour, o imperador fez uma completa reviravolta. Temendo o poder de uma Itália unificada, Napoleão assinou um acordo de trégua com a Áustria que cedia a Lombardia, mas não o Vêneto, à Sardenha.

Cavour tentou convencer Vítor Emanuel II a continuar a guerra até que todo o norte da Itália fosse libertado, mas o rei aceitou os termos de paz. Além de ganhar a Lombardia, a Sardenha ganhou um bônus inesperado: os povos de Parma, Módena e Toscana depuseram os príncipes Habsburgos que os governavam e votaram a favor da união com a Sardenha. A França aprovou este plano e adquiriu Nice e Savoia.

A Conquista da Unificação

Enquanto o norte da Itália progredia com a unificação, um novo movimento surgia no sul. Na primavera de 1860, mil patriotas italianos vestindo camisas vermelhas navegaram de Gênova e desembarcaram na Sicília. Este exército estava determinado a libertar o Reino das Duas Sicílias de seu rei Bourbon.

O comandante dos Camisas Vermelhas era Giuseppe Garibaldi, que havia lutado na revolução de 1848. O patriotismo e o amor de Garibaldi pela liberdade fizeram dele um herói para toda a Itália. Milhares de patriotas sicilianos uniram-se a Garibaldi em 1860. Em pouco mais de dois meses, suas tropas libertaram a Sicília e seguiram para outros territórios italianos. As forças de Garibaldi foram à Nápoles, forçando a fuga do rei Bourbon.

Giuseppe Garibaldi
Giuseppe Garibaldi

Garibaldi planejava marchar para Roma. Isto alertou Cavour, que temia que tal acontecimento forçasse Napoleão III a defender o Papa. Cavour sabia que a guerra com a França seria um desastre para a Itália. Ele também acreditava que Garibaldi era emotivo demais para liderar a unificação italiana. Por essas razões, Cavour enviou tropas sardenhas para unir-se a Garibaldi e impedi-lo de atacar Roma.

Mesmo sem Roma, a união dos estados liderados pela Sardenha continuava a crescer. No início de novembro, em 1860, as províncias papais de Úmbria e Marche votaram pela união com a Sardenha. Pouco depois, os povos de Nápoles e Sicília também aprovaram a unificação de seus territórios com a Sardenha. Em 17 de março de 1861, Vítor Emanuel II foi proclamado Rei da Itália. Cavour morreu três meses depois, tendo quase realizado seu sonho de unificar toda a Itália.

Duas regiões importantes, a Roma papal e o Vêneto, governadas por austríacos, tornaram-se parte da Itália no fim da década. A Itália recebeu o Vêneto quando a Áustria foi derrotada pela Prússia, em 1866. Em 1870, os cidadãos de Roma votaram pela sua unificação ao reino da Itália. Com isso, o objetivo de unificação da Itália havia finalmente sido alcançado.

A Unificação Alemã

Na Alemanha, o primeiro passo em direção à unificação ocorreu por motivos econômicos. Na década de 1830, um grupo de aristocratas prussianos - os Junkers - persuadiu os líderes da Prússia a abolirem todos os impostos sobre bens importados.

Em 1834, sob a liderança da Prússia, os estados alemães formaram o Zollverein, uma aliança alfandegária que reduziu as tarifas entre os estados membros. O Zollverein também iniciou um sistema padrão monetário para que os estados pudessem comercializar uns com os outros mais facilmente. Em meados da década de 1840, o Zollverein incluía a maioria dos estados alemães, porém a Áustria não era um dos países membros.

A economia alemã cresceu sob o Zollverein, e a indústria desenvolveu-se rapidamente. Satisfeitos com essa nova união econômica, os alemães começaram a apoiar também a união política. O movimento de unificação foi liderado pela Prússia, que estava se tornando o principal poder regional.

A Liderança de Bismarck

A unificação alemã ocorreu em grande parte devido aos esforços de Otto von Bismarck, que se tornou primeiro-ministro da Prússia em 1862 sob o governo do rei Guilherme I. Figura altamente polêmica, Bismarck tornou-se conhecido por sua oposição à burocracia e ao Parlamento liberal da Prússia.

Oto von Bismarck
Oto von Bismarck

Bismarck se opunha à democracia e queria fortalecer o poder do rei. Afirmava que a obrigação com o estado era mais importante que a liberdade individual. Ele era um pensador astuto e prático, e um mestre da realpolitik - filosofia política na qual o sucesso é considerado mais importante que legalidade e idealismo. Bismarck não permitiu que qualquer obstáculo impedisse seus esforços para construir as forças militares da Prússia.

Quando Bismarck falava sobre a unificação da Alemanha, ele na verdade dizia que a Prússia deveria dominar os outros estados alemães. Bismarck estava convencido de que o país somente poderia ser unificado através da guerra, e destacou que o futuro da Alemanha seria estabelecido "não com discursos... mas com sangue e ferro". A Áustria era o maior rival da Prússia pelo poder na Confederação Germânica. O plano de Bismarck era expulsar a Áustria da Confederação, e trazer os outros estados alemães sob o controle da Prússia.

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Sumário

- A Unificação Italiana
i. Sardenha: Líder do Movimento de Unificação
ii. A Conquista da Unificação
- A Unificação Alemã
i. A Liderança de Bismarck
ii. Guerras de Unificação
iii. A Vitória sobre a França
iv. O Surgimento do Segundo Reich
v. A Alemanha se torna uma Potência
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