Liberalismo e Socialismo

O Liberalismo

Economistas do século XIX dedicaram muito tempo analisando a Revolução Industrial, buscando maneiras de corrigir os problemas sociais e econômicos causados por ela.

Alguns pensadores afirmavam que o governo não deveria interferir nos negócios, e baseavam seus pontos de vista na teoria do laissez-faire - que em francês significa "deixai fazer". Essa teoria foi elaborada por um filósofo e economista escocês chamado Adam Smith, considerado o pai da Economia.

Adam Smith
Adam Smith

Smith acreditava que a sociedade viveria melhor sob um sistema de iniciativa privada. Em seu livro "A Riqueza das Nações" (1776), Smith propôs os princípios de uma economia laissez-faire. Ele escreveu que os empreendedores deveriam ter liberdade de administrar seus negócios da maneira que lhes fosse gerar mais lucros. Ele também teorizou que "o que é bom para o empreendedor é bom para todos", já que mais lucros levam à expansão dos negócios, que cria mais empregos e bens de produção. De acordo com Smith, a livre concorrência possibilita às pessoas a oportunidade de trabalhar naquilo que fazem melhor, e o governo não deveria se envolver nos negócios, deveria apenas manter a paz e a ordem.

Outro famoso economista da época foi o inglês Thomas Malthus. Ele escreveu "Um Ensaio Sobre o Princípio da População" (1798), no qual afirmou que a população sempre cresce mais rápido do que seu suprimento alimentício, e como resultado, a humanidade acabaria sofrendo fome. Malthus acreditava que haveria mais trabalhadores que empregos disponíveis, e assim, a sociedade enfrentaria o desemprego, baixos salários e uma pobreza sem fim. Malthus era contra a ajuda social aos pobres, argumentando que isso apenas incentivava a constituição de grandes famílias, aumentando ainda mais a população. Malthus concluiu dizendo que diminuir a taxa de natalidade seria a única maneira de lutar contra a pobreza.

Thomas Malthus
Thomas Malthus

Outro economista inglês, David Ricardo, também previu futuros cenários econômicos pessimistas. Em um livro que publicou em 1817, Ricardo escreveu sobre a "lei de ferro dos salários". Essa teoria dizia que os trabalhadores nunca receberiam muito mais que o mínimo necessário para sobreviver. Ricardo atribuía isso ao crescimento populacional, que constantemente aumentava a força de trabalho, e sempre manteria os salários baixos.

David Ricardo
David Ricardo

Alguns pensadores achavam a ideia do laissez-faire inaceitável. Eles acreditavam que o problema criado pela Revolução Industrial somente poderia ser resolvido pelo governo. No início do século XIX, esses pensadores exigiam o estabelecimento de leis que melhorassem as condições de trabalho. Também queriam expandir os direitos de voto e dar melhores oportunidades educacionais aos pobres.

O Socialismo

Muitos pensadores se preocupavam com o fato de que poucas pessoas haviam enriquecido com a industrialização, enquanto a maioria permanecia pobre. Outros consideravam que a riqueza deveria ser distribuída de forma mais igualitária. Sob o sistema capitalista, os meios de produção como as fábricas, minas e ferrovias são propriedade privada. Os reformistas sustentavam o socialismo, onde os meios de produção seriam de propriedade pública e operados para o bem de toda a população.

Alguns socialistas sonhavam com a criação da utopia, ou seja, uma sociedade ideal. Acreditavam que seria possível se todas as propriedades de uma comunidade pertencessem de forma igualitária a toda população.

O mais influente pensador socialista foi Karl Marx (1818-1883). Marx trabalhava como editor de um jornal, na Prússia, até que autoridades do governo, enfurecidas com seus textos, forçaram-no a sair do país. Ele, então, foi viver na Inglaterra.

Karl Marx
Karl Marx

Marx não acreditava que os problemas criados pela industrialização pudessem ser resolvidos simplesmente reformando-se a sociedade capitalista. Achava que os que desejavam criar uma comunidade utópica eram apenas sonhadores mal orientados.

Marx insistia que o capitalismo deveria ser substituído por um sistema econômico e social diferente. Em seus escritos em colaboração com o amigo Friedrich Engels, Marx chamava esse sistema de comunismo. Ele descrevia o comunismo como uma forma de socialismo completa, na qual toda propriedade e todos os meios de produção pertenceriam ao povo. Todos os bens e serviços seriam igualmente compartilhados.

Marx declarava que suas teorias eram baseadas em análises científicas da História. Afirmou que a História segue leis científicas, assim como a natureza. Marx também destacou que a primeira preocupação do povo sempre foi conseguir alimento e posses e, portanto, as forças econômicas moldavam a História.

De acordo com Marx, durante toda a História existiram duas classes sociais: os que "possuem" e os que "nada possuem". Os que "possuem" controlam a produção de bens, retendo assim a maior parte das riquezas. Os que "nada possuem" realizam o trabalho, mas não são recompensados por isso.

Marx declarava que a exploração dos que "nada possuem" pelos que "possuem", sempre causou uma luta de classes. Na Grécia e Roma antigas, a luta ocorria entre o mestre e o escravo, e na Europa medieval, entre os senhores feudais e os servos. Na moderna sociedade industrial, afirmava Marx, o poder econômico permanecia nas mãos da burguesia - a classe média capitalista que possuía as fábricas, minas, bancos e empresas. Estes capitalistas dominavam e exploravam o proletariado - os trabalhadores assalariados.

Marx também declarou que a classe social com poder econômico também controlava o governo em benefício próprio. Segundo Marx, em uma sociedade capitalista, os legisladores estabelecem leis para ajudar os próprios capitalistas a aumentarem seus lucros, enquanto a polícia protegia suas propriedades.

Uma Revolução da Classe Operária

Marx afirmava que os empresários no sistema capitalista não se importavam com seus empregados como seres humanos, e os exploravam na busca de lucros. O centro da doutrina de Marx era a crença de que o sistema capitalista desapareceria. Marx declarou que lojistas e donos de pequenos negócios seriam arruinados pela competição de poderosos capitalistas. Eles seriam forçados a se tornarem trabalhadores comuns, e desta forma, a classe operária aumentaria. Em breve, haveria apenas poucos ricos e a massa de proletariado. O resultado seria uma grande convulsão social, onde os trabalhadores desesperados tomariam o controle do governo e dos meios de produção, destruindo o sistema capitalista e a classe governante. Isto criaria a "Ditadura do Proletariado" - uma sociedade controlada pela classe trabalhadora. Marx acreditava que uma revolução violenta seria necessária, e seu "Manifesto Comunista", tendo Friedrich Engels como coautor, foi publicado em 1848, incentivando a revolução da classe operária.

Friedrich Engels
Friedrich Engels

Marx alegava que com a destruição do capitalismo, as lutas de classes acabariam e surgiria uma sociedade sem classes. Todo o povo partilharia de forma justa da riqueza na nova sociedade. Com o fim da exploração do ser humano, não haveria mais a necessidade de um estado, e este, eventualmente, desapareceria.

O Fracasso das Previsões de Marx

Marx obteve muito apoio com suas teorias. Eruditos, contudo, apontam alguns erros básicos em sua filosofia da História. Primeiramente, Marx acreditava que apenas as forças econômicas determinavam o curso da História, desta forma ignorando as forças políticas, religiosas e filosóficas que também afetam os acontecimentos históricos.

Marx também não conseguiu prever os enormes ganhos que os trabalhadores obtiveram: salários mais altos, redução da jornada e melhores condições de trabalho. Além disso, ele se enganou ao pensar que a classe média seria rebaixada à classe baixa. Ocorreu exatamente o contrário: a maioria dos países industrializados desenvolveu uma classe média ainda maior.

Marx afirmou que os governos existem apenas para manter os "opressores capitalistas" no poder. Nos países industrializados democráticos, porém, o estado beneficia os trabalhadores, e não só os capitalistas. Os benefícios e a assistência aos mais velhos e desempregados, e as leis de salário mínimo, são exemplos deste apoio.

Marx esperava que os trabalhadores de todas as nações se unissem a ele contra os "opressores capitalistas", o que não aconteceu. A maioria das guerras do século XX não ocorreu entre classes, mas sim, entre nações.

Marx também previu que a classe operária iria se rebelar nas nações industrializadas. Estas revoluções nunca ocorreram. Contudo, foi nas grandes nações agrícolas, tais como a Rússia, China e Cuba, que as revoluções comunistas aconteceram. Nestes países, os comunistas fracassaram ao criar o tipo de sociedade socialista que Marx havia previsto. Ao invés de se enfraquecer e acabar desaparecendo, como previu Marx, o estado apenas tornou-se mais forte e dominante nestes países.

Sumário

- O Liberalismo
- O Socialismo
i. Uma Revolução da Classe Operária
ii. O Fracasso das Previsões de Marx
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