Conflito Árabe-Israelense

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Conflito Árabe-Israelense

O conflito árabe-israelense foi marcado pelas guerras travadas entre Israel e as diferentes nações árabes após a criação do Estado de Israel em 1948. O conflito árabe-israelense tem diferentes motivos. O principal deles é o fato de os países árabes não terem aceitado a criação de um Estado Judeu no Oriente Médio. O conflito árabe-israelense já resultou em cinco guerras e em um número significante de conflitos armados de menores dimensões.

O Estabelecimento do Estado de Israel

O movimento sionista iniciado no final da década de 1890 propôs o estabelecimento de um estado judaico, onde judeus do mundo inteiro poderiam viver para escapar do antissemitismo europeu tão comum à época.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os ingleses, interessados em expulsar os turcos do Oriente Médio, fizeram três promessas contraditórias. Para os árabes propuseram que, se eles lutassem contra os turcos, a Inglaterra daria a eles uma "grande nação árabe independente" sob o domínio da família hachemita. Em novembro de 1917, buscando seduzir os judeus para a causa aliada, firmaram a "Declaração de Balfour", onde se lia que Londres veria com bons olhos a criação de um "lar nacional judeu na Palestina" e, em 1915, já haviam concluído com a França o "acordo secreto" Sykes-Picot, pelo qual Londres e Paris dividiriam o Oriente Médio.

Terminado o conflito, prevaleceu a artimanha anglo-francesa: a Síria e o Líbano transformaram-se em colônias francesas; o Iraque, a Arábia Saudita e a Transjordânia tornaram-se protetorados britânicos. Por sua vez, a Palestina era submetida ao mandato britânico. Na década de 1920, eclodiram os primeiros conflitos entre árabes e sionistas.

No início do mandato, os britânicos eram mais ou menos receptivos à imigração judaica; pouco a pouco, percebendo as reações hostis dos árabes palestinos, Londres passou a proibir a entrada de sionistas.

Quando Hitler chegou ao poder na Alemanha na década de 1930, os nazistas começaram a aniquilar o povo judeu. Mais e mais judeus europeus tentavam imigrar para a Palestina. Muitos judeus que então saíam da Alemanha Nazista foram impedidos de adentrar a Palestina, sendo obrigados a retornar ao Terceiro Reich onde seriam massacrados.

Na época, a Grã-Bretanha que colonizava a Palestina, desistiu de seu plano de criar um estado judeu na região como havia prometido pela Declaração de Balfour. Os britânicos temiam que se apoiassem a fundação de um estado judeu no Oriente Médio, os países árabes romperiam relações diplomáticas com a Grã-Bretanha. A população árabe totalizava 40 milhões e o petróleo árabe era vital para a economia britânica.

No final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a comunidade mundial constatou a matança deliberada de seis milhões de judeus nos campos de extermínio da Alemanha Nazista. Esse genocídio perpetrado pelos nazistas e por seus aliados foi um fator determinante para a construção do Estado Judeu na Palestina. Após o fim da guerra, sobreviventes judeus dos campos de extermínio nazista decidiram emigrar da Europa e começar uma nova vida na sua antiga pátria.

A Partilha da Palestina

Em 1946, os judeus constituíam mais de um terço da população da Palestina. Incapazes de encontrar uma solução que satisfizesse a judeus e árabes, em 1947 a Grã-Bretanha encaminhou essa questão de geopolítica para ser resolvida pelas Nações Unidas.

Nas Nações Unidas, os judeus justificaram a legitimidade de um Estado Judeu na Palestina. Primeiramente, a terra chamada de Palestina havia pertencido aos judeus, que foram expulsos pelos romanos no ano 70 d. C. Apesar de séculos de exílio, os judeus nunca desistiram de retornar ao seu antigo país. Além disso, desde a destruição do antigo Estado Judeu, essa terra nunca foi estabelecida como Estado por qualquer outra nação.

Menino judeu rezando

Em segundo lugar, ao longo de sua história, o povo judeu havia sofrido perseguições, tortura e genocídio. Os judeus nunca teriam liberdade e segurança sem um Estado próprio.

Em terceiro lugar, durante séculos, nem os colonizadores e nem a população árabe local haviam desenvolvido a região. Os pioneiros judeus, por outro lado, construíram cidades, indústrias e escolas, e introduziram uma medicina moderna tanto para toda população.

Os árabes, por outro lado, alegaram que já habitavam a região durante séculos e que não desistiriam de suas posses territoriais.

Homem árabe muçulmano

Após ouvir esses e outros argumentos, um comitê das Nações Unidas decidiu que a melhor solução para o conflito seria dividir a Palestina em dois Estados: um Estado judeu e um Estado árabe. Com a aprovação das Nações Unidas, em 1948, o Estado de Israel foi criado. Mas os árabes se recusaram a aceitar a partilha das Nações Unidas, não estabeleceram seu próprio Estado e não reconheceram a legitimidade da fundação do Estado de Israel.

Fronteiras do Estado de Israel

A Guerra de Independência de Israel

Estado de Israel em 1947
Mapa 1947

No dia 14 de maio de 1948, após a criação do Estado de Israel, as tropas britânicas se retiraram da Palestina. No dia seguinte, os exércitos de cinco países árabes - Egito, Iraque, Líbano, Síria e Jordânia (chamada de Transjordânia na época) - atacaram o recém fundado Estado de Israel. Em minoria tanto em homens quanto em armamentos, os judeus conseguiram defender o Estado de Israel e derrotar todos os exércitos árabes em sua Guerra de Independência. Diplomatas das Nações Unidas organizaram um armistício, mas os países árabes se recusaram a assinar um acordo de paz com Israel. Eles juraram que "jogariam os judeus no mar" e destruiriam Israel.

Ao final da Guerra de Independência de Israel, o Estado Judeu conquistou mais da metade do território que havia sido designado para a formação de um Estado árabe palestino. A Transjordânia conquistou o resto desse território e o Egito ocupou a Faixa de Gaza, que também faria parte de um Estado palestino. Centenas de milhares de árabes palestinos fugiram para outros Estados árabes esperando que os exércitos desses países fossem destruir Israel numa futura guerra, iniciando assim a crise dos refugiados.

A Crise do Canal de Suez

A guerra de 1948 foi apenas um dos conflitos armados entre Israel e seus vizinhos árabes. Em 1956, o líder egípcio, Gamal Abdel Nasser, assumiu o controle do Canal de Suez, que era administrado por uma companhia de investimentos franco-britânica. Com a esperança de recuperar o canal e tirar Nasser do poder, Grã-Bretanha, França e Israel atacaram o Egito. Mas os Estados Unidos criticaram essa campanha militar e a União Soviética ameaçou entrar no conflito para ajudar Nasser. Diante das críticas do governo norte-americano e ameaças dos líderes soviéticos, Grã-Bretanha, França e Israel decidiram encerrar o ataque. Tropas de paz das Nações Unidas foram enviadas à fronteira entre Israel e Egito para evitar futuros conflitos.

Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito
Gamal Abdel Nasser

Apesar do armistício entre Israel e seus vizinhos, terroristas árabes atacavam fronteiras israelenses, matando civis. Em 1967, o presidente egípcio Nasser ordenou que as tropas de paz das Nações Unidas deixassem o Egito. Nasser firmou um pacto militar com a Jordânia, apoiou ataques da Síria contra o Estado Judeu, e aumentou o número de tropas egípcias na fronteira com Israel. Era evidente que os países árabes, liderados por Nasser, preparavam um iminente ataque a Israel.

A Guerra dos Seis Dias

A Guerra dos Seis Dias
Mapa 1967

Em maio de 1967, o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser ordenou que suas tropas bloqueassem o Golfo de Aqaba - uma rota usada por navios israelenses para chegar ao mar Vermelho. Em junho de 1967, certos de um iminente ataque egípcio, os israelenses atacaram o Egito. Em apenas algumas horas, a aviação israelense destruiu as forças aéreas do Egito e Síria. Dentro de seis dias, Israel derrotou o Egito, Jordânia e Síria e conquistou a Península do Sinai, as Colinas do Golã e a Cisjordânia, incluindo a parte oriental da cidade sagrada de Jerusalém.

Guerra dos Seis Dias - Soldados israelenses em Jerusalém
Guerra dos Seis Dias

A Guerra do Yom Kipur

A Guerra dos Seis Dias foi uma grande derrota para os países árabes e para a União Soviética, que havia fornecido as armas para serem usadas em guerras contra o Estado de Israel. Com a esperança de melhorar sua imagem frente ao mundo árabe, a União Soviética passou a fornecer ainda maior apoio militar ao Egito e à Síria. Milhares de conselheiros militares soviéticos foram enviados a esses países. Em poucos anos, os soviéticos treinaram e armaram os egípcios que se preparavam para uma nova guerra contra Israel. O novo presidente egípcio, Anwar Al-Sadat, decidiu atacar Israel na península do Sinai. Confiante em suas forças armadas devido à ajuda soviética, Sadat acreditava que o Egito poderia lançar um ataque maciço contra Israel e demonstrar que o Estado Judeu poderia ser derrotado.

Anwar el-Sadat, presidente do Egito
Anwar el-Sadat

Em outubro de 1973, no dia de Yom Kipur (Dia do Perdão) - o dia mais sagrado do calendário judaico - Egito e Síria lançaram um ataque surpresa contra Israel. As tropas egípcias cruzaram o Canal de Suez enquanto a Síria invadiu as Colinas do Golã.

Síria e Egito estavam vencendo Israel nos primeiros dias da Guerra do Yom Kipur. Seus exércitos atacaram Israel de surpresa destruindo muitos tanques e aviões do Estado Judeu. Contudo, as forças militares israelenses logo suplantaram as forças árabes. Ao final da Guerra do Yom Kipur, Israel havia reconquistado as Colinas do Golã e entrado no Egito. A vitória israelense na guerra só não foi mais esmagadora porque a União Soviética ameaçou entrar no conflito e usar armas nucleares para defender os países árabes.

Os Acordos de Camp David

Em 1977, o Presidente do Egito, Anwar Al-Sadat, surpreendeu o mundo ao anunciar que estava disposto a ir até Israel para fazer as pazes com o Estado Judeu. Convidado pelo recém-eleito primeiro-ministro de Israel, Menachem Begin, Sadat foi a Jerusalém e discursou no Knesset, o parlamento israelense. Em seu discurso, o líder egípcio revelou que seu país estava disposto a fazer as pazes e reconhecer a legitimidade do Estado de Israel.

Após a visita histórica de Sadat a Jerusalém, o presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, organizou uma conferência de paz em Camp David, no estado norte-americano de Maryland. O presidente Sadat e o primeiro-ministro Begin firmaram um acordo de paz em 1978, denominado de Acordos de Paz de Camp David. Os dois líderes concordaram que Israel devolveria a Península do Sinai ao Egito em troca de paz e reconhecimento diplomático.

Acordos de Paz de Camp David

Porém, outros líderes árabes condenaram Sadat, alegando que ele havia traído a causa árabe ao ter feito as pazes com Israel. Em 1981, Sadat foi assassinado por radicais muçulmanos que se opunham à paz com Israel e às alianças egípcias com o Ocidente. O sucessor de Sadat, Hosni Mubarak, prometeu honrar os Acordos de Camp David. Respeitando o acordo de paz, Israel se retirou da Península do Sinai em 1982.

A Questão Palestina

Quando o Estado de Israel foi formado, não foi criado ao mesmo tempo um Estado palestino. A população árabe que vivia na região nunca aceitou a criação de um Estado Judeu.

Muitos árabes que viviam em Israel fugiram do recém-estabelecido Estado Judeu. Eles esperavam que Israel seria destruído por seus vizinhos hostis. Como isso não ocorreu, esses árabes - denominados palestinos - se estabeleceram em outros países árabes. Muitos viviam em campos de refugiados. Em 1964, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) foi formada. O propósito dessa organização era destruir Israel e estabelecer um Estado palestino no lugar do Estado Judeu. O terrorismo e a violência da OLP levaram a conflitos não apenas com Israel, mas também com outros estados árabes que a repudiavam.

O Rei Hussein da Jordânia
Rei Hussein

Durante a década de 1960, a Jordânia serviu como principal base para terroristas palestinos. Os grupos guerrilheiros da OLP se recusavam a reconhecer a autoridade do Rei Hussein da Jordânia (que não deve ser confundido com o ex-líder ditatorial do Iraque, Saddam Hussein). A OLP agia na Jordânia como um Estado dentro de um Estado, e seus ataques surpresa contra Israel resultaram em contra-ataques israelenses que ameaçavam a segurança daquele país.

Em setembro de 1970, o Rei Hussein ordenou que os guerrilheiros da OLP deixassem a Jordânia. Quando eles se recusaram, o exército jordaniano foi ordenado a abrir fogo contra os guerrilheiros. Irrompeu, então, uma guerra civil: dez dias depois, o exército do rei Hussein derrotou a OLP após massacrar milhares de pessoas. Os palestinos, que constituíam mais da metade da população da Jordânia na época, referem-se a esse período como o "Setembro Negro".

Após serem expulsos da Jordânia, a OLP mudou-se para o sul do Líbano. Liderada por Yasser Arafat, a OLP lançou ataques sobre Israel para matar civis e militares israelenses. A OLP também usou o terrorismo para atrair atenção mundial: por exemplo, seus guerrilheiros mataram atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de 1972. Em resposta, Israel atacou as bases da OLP no Líbano e em outros locais. Em 1982, Israel invadiu o Líbano, com o objetivo de destruir as forças da OLP no país. Como consequência dessa guerra, Yasser Arafat e a liderança da OLP foram expulsos do Líbano.

Anos depois, em 1988, Arafat declarou que a OLP havia renunciado ao terrorismo e que finalmente aceitava o direito de existência de Israel. Ele também pediu a criação de um Estado palestino ao lado de Israel. Os Estados Unidos, que haviam se recusado a reconhecer a legitimidade da OLP até esta renegar o terrorismo e aceitar o direito de existência de Israel, concordou em iniciar as negociações com a organização. Israel recusou-se a tratar com a OLP até muitos anos depois, quando foi aberto um novo capítulo na história política do Oriente Médio.

Sumário

- O Estabelecimento do Estado de Israel
- A Partilha da Palestina
- A Guerra de Independência de Israel
- A Crise do Canal de Suez
- A Guerra dos Seis Dias
- A Guerra do Yom Kipur
- Os Acordos de Camp David
- A Questão Palestina