Racionalismo

Racionalismo

O Racionalismo é um movimento filosófico que se destacou durante o Iluminismo. É a teoria de que o conhecimento é adquirido por meio da razão, sem que haja a participação dos sentidos. O conhecimento matemático é o melhor exemplo disso: por meio do pensamento racional, pode-se construir provas a partir das quais é possível deduzir outros conceitos matemáticos complexos. As raízes do Racionalismo se encontram nos escritos Platonistas e Neoplatonistas. No século XVII, o Racionalismo introduziu uma mudança de pensamento singular: a ideia de que os conceitos mentais mais importantes são inatos e que é por meio deles que deduzem-se as outras verdades.

Racionalismo: afirmou-se o primado da razão como elemento essencial do conhecimento.

Os principais filósofos racionalistas foram René Descartes, Baruch Espinoza e Wihelm Leibniz. Estudaremos em mais detalhes sobre Descartes em outra aula. 

Racionalismo

O Racionalismo afirma que a realidade possui uma estrutura racional e que o conhecimento pode ser adquirido diretamente por meio do intelecto e do raciocínio dedutivo (princípios lógicos e matemáticos), em vez de por meio de experiências sensoriais ou ensinamentos religiosos.

Os racionalistas acreditam que, em vez de ser uma “tabula rasa” em que são gravadas informações sensoriais, a mente é estruturada por e reage aos métodos matemáticos de raciocínio. Ensinavam que parte do conhecimento ou dos conceitos que empregamos fazem parte de nossa natureza racional inata: experiências podem ativar um processo por meio do qual esse conhecimento é levado à consciência, mas as próprias experiências não nos fornecem o próprio conhecimento.

O Racionalismo contrasta com o Empirismo, que ensina que a origem de todo conhecimento é a experiência e a percepção sensorial. O Racionalismo se opõe ao Empirismo ao afirmar que há verdades que estão além do alcance de percepções sensoriais. 

René Descartes

René Descartes foi um dos primeiros racionalistas e o mais famoso proponente do Racionalismo. Acreditava que o conhecimento de verdades eternas (por exemplo, a Matemática) poderia ser adquirido por meio da razão, sem que houvesse a necessidade de qualquer experiência sensorial. Outros tipos de conhecimento (por exemplo, da Física) eram adquiridas por meio de experiências, auxiliadas pelo Método Científico. Por exemplo, seu famoso dito, Cogito ergo sum (“Penso, logo existo”) é uma conclusão alcançada a priori, e não por meio da experiência. Descartes acreditava que algumas ideias (as inatas) advinham de Deus, outras da experiência sensorial e ainda outras, as fictícias, da imaginação. Para Descartes, as únicas ideias que são certamente válidas são as inatas.


René Descartes

Baruch Espinoza

Baruch Espinoza (1632-1677) foi muito influenciado por Descartes. Espinoza expandiu os princípios básicos do Racionalismo de Descartes.

Nascido em Amsterdã, filho de pais judeus-portugueses, Espinoza cresceu como judeu ortodoxo, cuja educação enfatizava o estudo do Talmude. Aos 24 anos de idade, suas ideias filosóficas se chocaram com as crenças judaicas.

Em sua obra Ética, Espinoza escreve que a Geometria oferece o melhor caminho para provar algo de forma sistemática, pois começa com definições e axiomas básicos e, a partir deles, deduz proposições mais complexas. Esse é exatamente o sistema que ele emprega em Ética o que faz sua obra parecer mais um texto matemático do que um tratado filosófico. Contudo, “Ética” apresenta uma teoria inovadora sobre Deus, o Cosmos e a natureza humana.  

Em sua obra, Espinoza defende a ideia de que Deus é idêntico à totalidade da Natureza e que os seres humanos são apenas pequenas partículas do Divino. Espinoza acreditava que Deus é a única substância absoluta e que todos os aspectos do mundo natural, inclusive o homem, constituem partes da substância eterna de Deus.

O conceito tradicional monoteísta de Deus é que Ele é um ser onipotente que criou o universo, mas que Ele existe além de toda a Sua Criação. O universo, portanto, não é uma parte de Deus. Esse conceito tradicional monoteísta – às vezes intitulado de visão transcendente de Deus – contrasta com a ideia de que o universo como um todo é Deus. Essa teoria de Espinoza, conhecida como panteísmo, foi muito condenada pela comunidade judaica. De acordo com Espinoza, a forma de o homem compreender Deus é por meio da compreensão da natureza.

Gottfried Wilhelm Leibniz

O filósofo alemão Gottfried Willhelm Leibniz (1646-1716) nasceu em Leipzig.

Desde a sua infância, dedicava-se muito aos estudos e isso se intensificou aos seis anos de idade, devido ao falecimento de seu pai – um professor de Filosofia na Universidade de Leibniz – que inspirava um amor pelos estudos e que legou uma enorme biblioteca. Nos anos após o falecimento de seu pai, Leibniz tornou-se autodidata em latim e o grego. Quando ingressou na Universidade de Leibzig, aos 14 anos de idade, já havia se tornado um grande conhecedor de Filosofia, Teologia e Direito. Ele se formou aos 20 anos, diplomado em Direito e Filosofia. Ironicamente, a Universidade considerava que o estudo da Matemática era seu ponto fraco. A ironia disso é que Leibniz e Sir Isaac Newton são considerados os descobridores do Cálculo moderno.

Leibniz fez grandes e importantes contribuições para os campos da Metafísica, Epistemologia, Lógica, Filosofia da Religião, Matemática, Física, Geologia, Jurisprudência e História.

Leibniz era um escritor prolixo, mas publicou muito pouco durante sua vida. Aparentemente, a Filosofia era uma dos assuntos pelos quais menos se interessava. Além de Teodiceia, publicada em 1710 (o único tratado de Leibniz publicado durante sua vida), seus escritos filosóficos se resumiam a escritos curtos (artigos em jornais acadêmicos, manuscritos e cartas), o que fez com que suas ponderações filosóficas aparentassem ser fragmentadas.

Escrita em 1710, Teodiceia é uma obra teológica e filosófica, que busca justificar as aparentes imperfeições do mundo e que tenta resolver o dilema de como pode haver mal em um mundo criado por um Deus bom. Leibniz afirma que nosso mundo é o melhor dos mundos, entre todos os possíveis – que nosso mundo deve ser o melhor e o mais equilibrado simplesmente pelo fato de ter sido criado por um Deus perfeito.

Ao final de sua vida, Leibnitz publicou um artigo, Princípios da Natureza e Graça, fundados na Razão (1714), em que apresenta seu Princípio de Razão Suficiente. Tal princípio defende a ideia de que há uma explicação para todo fato e que há uma resposta para toda pergunta, mesmo para aqueles que aparentam ser intratáveis. Ele foi, possivelmente, o primeiro filósofo a formular de forma explícita esta pergunta: “Por que há algo ao invés do nada?”. Essa é uma pergunta fundamental que outros filósofos evitaram enfrentar. Sua resposta: Deus.

Sumário

- Racionalismo
i. René Descartes
ii. Baruch Espinosa
iii. Gottfried Wilhelm Leibniz

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