Hormônios Vegetais

Os seres vivos em condições de desenvolvimento executam diversos processos biológicos:

a) multiplicação celular: através das mitoses que fazem o número de células proliferar.

b) crescimento: acontece pelo aumento no número das células, assim como pelo alongamento (aumento volumétrico de cada célula).

c) diferenciação: representa o conjunto de modificações que o código genético determina nas células que vão se especializando e formando os diferentes tecidos que estarão nos órgãos e sistemas do organismo animal ou vegetal.

Esse complexo de processos biológicos precisa ser regulado dinamicamente para que ocorram ou sejam inibidos em tempo e velocidade adequados.

Nos vegetais, o controle é exercido por fatores externos ou extrínsecos (luz, calor, temperatura, umidade, concentração de O2) e internos ou intrínsecos (código genético, enzimas, hormônios).

Os fitormônios exercem relevante papel, ao longo da vida, em todo o complexo processo de desenvolvimento vegetal. Sua função reguladora depende:

a) da concentração dos diferentes tipos de hormônios, que ora poderão estimular ora poderão inibir os processos metabólicos.

b) do local da produção ou síntese: meristemas de raiz e caule (jovens ou adultos); folhas (jovens ou envelhecidas); flor (aparelho reprodutor feminino); frutos e sementes.

c) dos tipos de hormônios, diferenciados nas respectivas composições químicas: auxinas; giberelinas; citocininas; gás etileno; ácido abscísico; vitaminas do complexo B: B1 - tiamina; B2 - riboflavina; B6 - piridoxina; ácido nicotínico; ácido pantotênico.

Os hormônios das plantas diferem dos hormônios animais em vários aspectos:

  • são produzidos por células que não fazem parte de glândulas;
  • podem ser distribuídos passando de uma célula para a seguinte, embora alguns sejam levados via sistema vascular;
  • atuam, em geral, nas células em que chegam, mas também na própria célula que os produziu;
  • é comum dois hormônios diferentes agirem ao mesmo tempo nas mesmas células, modulando seu efeito de acordo com a concentração relativa de cada um.

Veja o quadro que sintetiza o processo de desenvolvimento, destacando a regulação hormonal indispensável.

Auxinas

A principal auxina encontrada nas plantas é o ácido indolilacético (A.I.A.), que é produzida principalmente no meristema apical das células do parênquima até as raízes. O transporte do AIA é unidirecional, dependendo de energia para ocorrer. Se um pedaço de caule é invertido, o AIA continua a se deslocar em direção à extremidade das raízes, contra a força de gravidade.

As auxinas naturais ou sintéticas participam de múltiplos processos:

i. Tropismos

As auxinas determinam crescimento das extremidades do caule (geotropismo negativo - afasta-se do centro de gravidade da Terra, enquanto cresce verticalmente para cima) e da raiz (geotropismo positivo - cresce se aprofundando na Terra).

O crescimento pode ser diferenciado ou até inibido, dependendo da concentração das auxinas e do órgão vegetal (raiz ou caule), visto que a sensibilidade das células à auxina varia nas diferentes partes da planta. O caule, por exemplo, é menos sensível à auxina que a raiz. Por isso, uma concentração de auxina suficiente para induzir crescimento do caule tem forte efeito inibidor sobre o crescimento da raiz.

Veja a análise gráfica:

O fototropismo mostra uma aplicação imediata: o lado iluminado tem pequena parceladas auxinas destruídas pela luz (fotolábil) e grande parte do hormônio migrando para o lado oposto que é menos iluminado.

Assim, na extremidade das coleóptiles (primeiras folhas na germinação de monocotiledôneas), do lado mais iluminado, onde a concentração de auxinas está menor, o crescimento é mais lento. Do lado menos iluminado, a concentração é maior e o crescimento é mais rápido.

Como resultado desse crescimento desigual ocorre a curvatura da coleóptile na direção da luz (fototropismo positivo).

Processos semelhantes de curvatura ocorrem com o pecíolo da folha e o pedúnculo da flor.

Uma planta colocada em posição horizontal terá, por ação da gravidade, grande deposição de auxinas na parte inferior. A raiz terá crescimento mais rápido do lado superior, onde a concentração de auxinas é menor, curvando-se e aprofundando-se no solo (geotropismo positivo). O caule terá crescimento mais rápido do lado inferior, onde a concentração de auxinas é maior, curvando-se para cima e crescendo verticalmente (geotropismo negativo).

ii. Enraizamento de estacas

Estacas são segmentos de caule contendo gemas (meristemas) que podem fazer a reprodução vegetativa. Antes de serem implantados no solo elas devem permanecer certo tempo mergulhadas em solução de auxinas. Como resultado o enraizamento é mais intenso e rápido aumentando a probabilidade de as estacas vingarem.

Auxinas sintéticas, como o 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético) têm sido usadas para estimular o crescimento de raízes em fragmentos de caule e até mesmo em folhas. Isso permite maior eficiência na propagação assexuada (vegetativa) de diversas espécies de plantas.

iii. Dominância apical

A gema do ápice (extremidade) do caule produz grande quantidade de auxinas, que enquanto for mantida em alta concentração impede as gemas laterais de promoverem as ramificações.

O hábito da "poda periódica", retirando a gema apical, interrompe a inibição das gemas laterais que estarão liberadas para realizarem as ramificações, tornando o caule mais frondoso (carregado de ramos e folhas).

iv. Abscisão das folhas

À medida que a planta vai envelhecendo as gemas apicais produzem menos auxinas. Essa queda do teor de auxinas circulantes é "sinal" para a construção de camadas de células transversais ao pecíolo das folhas.

O processo é frequente, para determinadas espécies de plantas no outono, causando ruptura nesse ponto, com queda das folhas (plantas caducifólias).

v. Formação de frutos

Os grãos de pólen, sobre o estigma do gineceu, normalmente são estimulados por auxinas produzidas no ovário a desenvolverem o tubo polínico.

No interior deste tubo, em condições normais, encontram-se dois gametas masculinos que realizarão dupla fecundação no interior do saco embrionário contido no óvulo.

Do óvulo será desenvolvida a semente, a qual produz auxinas que estimulam a transformação (desenvolvimento) do ovário em fruto.

Há flores em que mesmo não tendo ocorrido a polinização, as auxinas do ovário promovem o desenvolvimento do fruto. Estes frutos que não terão sementes são partenocárpicos (parteno, virgem; carpo, fruto). Em condições naturais isso ocorre com a banana e artificialmente é provocado no limão-taiti e laranja-baía (pulverizando-se auxina sobre flores não fecundadas).

No morango, a partenocarpia promovida pela aplicação de auxinas desenvolve inclusive o receptáculo floral, juntamente com os pequenos frutinhos secos, formando um pseudofruto.

Economicamente, importante e bastante difundido, é o emprego de auxinas sintéticas no controle de ervas daninhas em campos de cultivo de monocotiledôneas. Sendo, essas plantas, menos sensíveis às auxinas que as dicotiledôneas, a aplicação de grande quantidade desse hormônio em campos de cultivo impede o crescimento de dicotiledôneas indesejáveis (ervas daninhas) sem afetar o desenvolvimento do milho, por exemplo.

Sumário

- Auxinas
i. Tropismos
ii. Enraizamento de estacas
iii. Dominância apical
iv. Abscisão das folhas
v. Formação de frutos
- Giberelinas
- Citocininas e vitaminas do complexo B
- Gás etileno
i.  Indução da abscisão
ii. Indução da floração
iii.  Amadurecimento dos frutos
- Ácido abscísico
Importantes aplicações dos fitormônios

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