Classificação dos seres vivos

Os seres vivos constituem uma enorme variedade de organismos – biodiversidade. Os biologistas já identificaram e nomearam cientificamente mais de um milhão de espécies animais, mais de 350.000 espécies vegetais, além das numerosos moneras, protistas e fungos.

Classificando os Seres Vivos

Classificar é agrupar, levando-se em conta semelhanças ou diferenças, comparáveis em diversos níveis. Apresentando-se classificados, os seres vivos estarão identificados, facilitando a "comunicação universal", visto serem conhecidos por uma linguagem "comum".

Taxonomia (do grego taxon, categoria, grupo, e nomos, conhecimento), é o ramo da Biologia que se ocupa da classificação e da nomenclatura dos seres vivos.

A percepção para essa necessidade de classificação sempre esteve presente com os estudiosos:

  • Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), sábio grego, classificou os animais em aéreos, terrestres e aquáticos, usando como critério o ambiente em que viviam. Considerava, ainda, os animais com sangue e sem sangue; os animais úteis e os nocivos.
  • Teofrasto (372 a.C. - 287 a.C.), discípulo de Aristóteles, classificou as plantas em ervas, arbustos e árvores, seguindo um critério de tamanho. Avaliava, também, as úteis e as nocivas.
  • Santo Agostinho (século IV - 354 - 430), teólogo e estudioso da natureza, separou os animais em úteis, nocivos e indiferentes ao homem.
  • Lineu (1707 - 1778) publicou, em 1735 (século XVIII), o livro Systema Naturae, onde está a base classificatória que utilizamos até hoje.

    Sendo fixista, ele não levava em conta "aspectos evolutivos", considerando como principal critério a estrutura e a anatomia dos seres vivos. Dessa maneira, os animais foram agrupados de acordo com as semelhanças de sua estrutura corporal - raramente considerava o comportamento - e, as plantas, de acordo com sua anatomia e, principalmente, de acordo com a estrutura de suas flores e frutos.

Planta da família das leguminosas, animal da classe dos insetos

Embora conhecesse os fósseis, que são vestígios ou restos preservados de seres que viveram no passado, Lineu os considerava simplesmente evidências de espécies criadas no início dos tempos e que haviam se extinguido. Seu sistema, portanto, não procurava estabelecer relações de parentesco entre os fósseis e os seres vivos.

Lineu dividiu os seres vivos em categorias ou níveis de classificação e atribuiu a cada um dos seres vivos uma nomenclatura binomial (termos do "latim").

As bases de classificação – agrupamento dos seres vivos de acordo com suas semelhanças – foram propostas e publicadas por Lineu (1735) e consideram:

a) Categorias = 5 grupos ou níveis de classificação:

1. Reino.

*Filo (acrescentado posteriormente).

2. Classe.

3. Ordem.

*Família (acrescentado posteriormente).

4. Gênero.

5. Espécie - “unidade de classificação” (identificação do ser vivo).

Classificação Biológica "Atual"

A classificação biológica "atual" leva em conta critérios "evolutivos" e analisa de maneira comparada:

a) Morfologia - aspectos externos.

b) Anatomia - aspectos internos.

c) Fisiologia - composição química + estruturas "homólogas" comparáveis.

d) Embriologia - desenvolvimento embrionário e suas etapas de diferenciação.

e) Nível celular: - tipo de célula do organismo.

- núcleo: - número cromossômico.
- código genético.

f) Reprodução "sexuada" -> descendência "fértil".

Observação:

Asno (burro) x égua->animais de diferentes espécies!
(2n = 66 cromossomos) (2n = 66 cromossomos)
MULA -> vigorosa; "estéril", pois as células sexuais degeneram!

A classificação biológica atual reúne um conjunto de características comparáveis, verificando o grau de complexidade do organismo como um todo e de suas partes (órgãos ou estruturas) componentes, refletindo aspectos evolutivos, visto representarem aquilo que a seleção natural elegeu como as "características mais aptas e competitivas" através dos tempos.

Características comparáveis:

a) Tipo de célula:

- procarionte (núcleo primitivo).
- eucarionte (núcleo verdadeiro).

b) Número de células:

- unicelulares ou coloniais.
- pluricelulares (presença de tecidos).

c) Forma de nutrição:

- autótrofos (produzem o próprio alimento orgânico).
- heterótrofos (buscam o alimento orgânico em diferentes fontes).

Os Reinos

O nível de classificação biológica mais amplo é o Reino. Uma das classificações mais aceitas reúne os seres vivos em 5 reinos e foi proposta por Whittaker (1969).

Destes, o mais simples é o reino das moneras, onde se encontram bactérias e cianobactérias (algas azuis esverdeadas). As moneras são formadas de células sem organelas, como mitocôndrias e cloroplastos. Além disso, como caráter de primitividade, seu núcleo celular é incompleto, pois o material genético fica mergulhado diretamente no citoplasma (nucleoide), já que não existe uma membrana (carioteca) envoltória. Em vista disso, as moneras são chamadas de procariontes ("núcleo primitivo").

Bactéria
Bactéria

Os demais seres vivos dos quatro reinos restantes são eucariontes, de núcleo completo, além de apresentarem grande número de orgânulos membranosos (mitocôndrias, retículo endoplasmático, complexo de Golgi, etc.).

O reino dos protistas é formado por grupos que se especializaram em diferentes direções. São eucariontes basicamente unicelulares, mas, entre as algas, protistas que fazem fotossíntese, ocorrem espécies formadas por muitas células, ainda que não integradas em tecidos (coloniais). A capacidade de sintetizar matéria orgânica por fotossíntese desenvolveu-se independentemente em vários grupos, como entre as algas. Neste reino encontram-se também os protozoários, que são protistas heterótrofos, ou seja, não realizam fotossíntese, como o paramécio, lembrando a forma de alimentação dos animais. As algas são protistas que fazem fotossíntese e lembram as plantas.

Alga verde Clamydomonas, Paramecium

Os outros três reinos - fungos, plantas (metaphyta) e animais (metazoa) - parecem ter surgido de ancestrais diferentes, que pertenciam ao reino dos protistas. A maioria das plantas, organismos pluricelulares, com a absorção da energia luminosa (clorofila), produz seu próprio alimento orgânico. São autótrofas fotossintetizadoras.

fungos unicelulares (leveduras) e pluricelulares (apresentam falso tecido ou plectênquima), enquanto os animais são sempre pluricelulares, sendo ambos os grupos, heterótrofos ou consumidores da matéria orgânica pronta que é procurada como alimento. Os animais digerem os alimentos dentro do tubo digestivo, enquanto os fungos produzem filamentos (haustórios) que penetram em outros organismos, vivos ou mortos, e secretam enzimas que os digerem fora do corpo. A maioria dos fungos vive no solo, alimentando-se de cadáveres de animais e plantas e de outros materiais de origem orgânica, como esterco, por exemplo.

Cogumelos, Sacchromyces

No reino das plantas, as briófitas apresentam os musgos como representantes mais conhecidos. Estes são vegetais muito simples que não desenvolveram sistemas condutores de água (avasculares). Vivem restritas a ambientes de alta umidade, como barrancos ou o interior de matas e florestas.

Musgos

As plantas pteridófitas, avencas e samambaias, já desenvolveram sistemas condutores - são vasculares ou traqueófitas - mas, assim como as briófitas, não possuem flores e dependem da água do solo para realizarem sua reprodução (encontro dos gametas).

Samambaias

As gimnospermas, representadas pelos pinheiros, e as angiospermas, que são as plantas com flores, desenvolveram sistemas condutores eficientes e superaram totalmente a dependência de água para a fecundação (produzem grãos de pólen), adaptando-se aos mais diferentes ambientes terrestres. O termo "fanerógama" (do grego phaneros, visível, e gamos, casamento) significa "órgãos reprodutivos evidentes". Nesse grupo são incluídas todas as plantas que formam sementes (gimnospermas + angiospermas).

Conífera, Laranjeira

O termo "criptógama" (do grego kriptos, escondido, e gamos, casamento) significa "órgãos reprodutivos escondidos, não evidentes". As plantas criptógamas são aquelas que não têm flores nem sementes (briófitas e pteridófitas).

Em condição especial encontram-se os vírus, que são seres diminutos, só visíveis ao microscópio eletrônico, constituídos por apenas dois tipos de substâncias químicas: ácido nucleico (DNA ou RNA), e proteína. O que diferencia os vírus de todos os outros seres vivos é que eles são acelulares - não possuem estrutura celular. Portanto, não têm a complexa maquinaria bioquímica necessária para fazer funcionar seu programa genético e precisam de células que os hospedem. Todos os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios. Parasitam desde células bacterianas até células vegetais e animais, causando, em consequência, diferentes tipos de doenças.

Vírus do herps simplex, bacteriófago

Define-se espécie como o conjunto de seres semelhantes, capazes de se cruzar em condições naturais, deixando descendentes férteis.

Espécies semelhantes são reunidas em categorias taxonômicas maiores, os gêneros. Gêneros com características semelhantes são agrupados em categorias maiores, as famílias. Estas, são reunidas em categorias mais amplas, as ordens. As ordens são agrupadas em classes, classes são reunidas em filos, e filos são reunidos em reinos.

Categorias taxonômicas

Nomenclatura binominal (termos do “latim”)

O nome científico deve ser composto por duas palavras, a primeira para designar o gênero e a segunda, o nome (epíteto) específico. Por exemplo, cães e lobos pertencem ao mesmo gênero, Canis. Seus nomes serão, respectivamente, Canis familiaris e Canis lupus – já indicando a relação de semelhança entre eles.

Exercícios de nomenclatura:

1. “Mosquinha” das frutas = Drosophila melanogaster = ESPÉCIE
                                                                     
                                                 gênero + epíteto específico = ESPÉCIE

Atenção!

Gênero: - escrito com maiúscula e itálico ou grifado!
Epíteto específico: - escrito com minúscula e itálico ou grifado!

O nome da espécie não deve ser escrito sozinho, uma vez que especifica um grupo dentro de certo gênero.

O 2o termo nunca pode ser usado isoladamente, pois nada significaria.

O 1o termo, ao contrário, pode ser usado sozinho, pois não é possível encontrar dois gêneros diversos com o mesmo nome!

São escritas corretas: Drosophila; Homo; Musa; etc.

2. Mosquito “comum” Culex pipiens = ESPÉCIE.

3. Mosquito “da malária” Anopheles sp = gênero de “qualquer espécie”!

4. Mosquito transmissor “da dengue”–  Aedes (Stegomya) aegypti
           (febre amarela)                                                        
                                                              gênero   subgênero   nome específico

Os prefixos super e sub são usados para indicar, respectivamente, agrupamentos ou subdivisões de categorias taxonômicas. Por exemplo, dentro de um filo podem existir classes mais semelhantes entre si do que outras; nesse caso, elas podem ser agrupadas em uma superclasse. A superclasse dos peixes (filo dos Cordados) agrupa 3 classes: peixes ciclóstomos (sem mandíbula: lampreias), peixes condrícties (cartilaginosos: tubarões) e peixes osteícties (ósseos: sardinhas).

Espécies muito semelhantes de um mesmo gênero podem ser agrupadas em subgêneros (subgênero Stegomya). O mesmo vale para as outras categorias!

5. Homem (espécie humana) Homo sapiens sapiens = subespécie ou raça.

6. Banana “nanica” Musa cavendishii = ESPÉCIE
(Musa “só” é bananeira! Qual o “tipo”?)

7. Milho Zea mays = ESPÉCIE

8. Planta “maravilha” Mirabilis jalapa alba = subespécie ou variedade.

9. Bactérias causadoras da doença “sífilis” Treponema pallidum = ESPÉCIE

10. Bactérias da meningite epidêmica Neisseria meningitidis = ESPÉCIE.

11. Lêvedo da “cerveja” Saccharomyces cerevisiae = ESPÉCIE.

12. “Champignon” (cogumelo comestível) Agaricus campestris = ESPÉCIE.

13.   Protozoário da doença de Chagas Trypanosoma cruzi = ESPÉCIE.

14.   Verme da doença elefantíase Wucchereria bancrofti = ESPÉCIE.

15. Taricanus    (Microcanus)    trunquii  mexicanus.

                                                

      gênero      subgênero      nome específico
ESPÉCIE
SUBESPÉCIE

Atenção!

Em Zoologia, família e subfamília são indicadas, respectivamente, pelos sufixos idae e inae, acrescidos ao nome do gênero mais representativo.

Em Botânica o sufixo é aceae: família Rosaceae (maçã, pêssego, cereja).

Exemplos:

1. Gênero Culex (mosquito “comum”) família Culicidae (Culicídeos) e subfamília Culicinae (Culicíneos).

2. Família Psychodidae e subfamília Phlebotominae (insetos hematófagos, popularmente chamados mosquito-palha ou birigui - transmissores do protozoário flagelado Leishmania, causadores da doença leishmaniose):

- gênero Phlebotomus (Velho Mundo).

- gênero Lutzomyia (Americano).

Aparecendo pela primeira vez no texto, o nome científico deve ser escrito por extenso; nas demais vezes em que aparecer, o gênero pode ser abreviado. Por exemplo, após termos nos referido a Homo sapiens numa primeira vez, nas outras vezes o texto poderá indicar simplesmente H. sapiens.

Sumário

- Classificando os Seres Vivos
i. Classificação Biológica "Atual"
- Os Reinos
- Nomenclatura binominal
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