Redação Unicamp 2018

Deverão ser elaborados dois textos (Texto 1 e Texto 2). Os dois textos são de execução obrigatória. Não deverá haver nenhuma identificação pessoal (nome, sobrenome, etc.) nos textos. 

REDAÇÃO

Redação Unicamp 2018  TEXTO 1
Você é um estudante do Ensino Médio e foi convidado pelo Grêmio Estudantil para fazer uma palestra aos colegas sobre um fenômeno recente: o da pós-verdade. Leia os textos abaixo e, a partir deles, escreva um texto base para a sua palestra, que será lido em voz alta na íntegra. Seu texto deve conter: a) uma explicação sobre o que é pós-verdade e sua relação com as redes sociais; b) alguns exemplos de notícias falsas que circularam nas redes sociais e se tornaram pósverdade; e c) consequências sociais que a disseminação de pós-verdades pode trazer. Você poderá usar também informações de outras fontes para compor o seu texto.

TEXTO A:
Redação Unicamp 2018
TEXTO B:

O que é “pós-verdade”, a palavra do ano segundo a Universidade de Oxford

Anualmente, a Oxford Dictionaries, parte do departamento de imprensa da Universidade de Oxford responsável pela elaboração de dicionários, elege uma palavra para a língua inglesa. A de 2016 foi “pós-verdade” (post-truth).

A palavra é usada por quem avalia que a verdade está perdendo importância no debate político. Por exemplo: o boato amplamente divulgado de que o Papa Francisco apoiava a candidatura de Donald Trump não vale menos do que as fontes confiáveis que negaram esta história. Segundo Oxford Dictionaries, a palavra vem sendo empregada em análises sobre dois importantes acontecimentos políticos: a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o referendo que decidiu pela saída da Grã-Bretanha da União Europeia, designada como Brexit. Ambas as campanhas fizeram uso indiscriminado de mentiras, como a de que a permanência na União Europeia custava à Grã-Bretanha US$ 470 milhões por semana, no caso do Brexit, ou a de que Barack Obama é fundador do Estado Islâmico, no caso da eleição de Trump.

Em um artigo publicado em setembro de 2016, a influente revista britânica The Economist destaca que políticos sempre mentiram, mas Donald Trump atingiu um outro patamar. A leitura de muitos acadêmicos e da mídia tradicional é que as mentiras fizeram parte de uma bem-sucedida estratégia de apelar a preconceitos e radicalizar posicionamentos do eleitorado. Apesar de claramente infundadas, denunciar essas informações como falsas não bastou para mudar o voto majoritário.

Para diversos veículos de imprensa, a proliferação de boatos no Facebook e a forma como o feed de notícias funciona foram decisivos para que informações falsas tivessem alcance e legitimidade. Este e outros motivos têm sido apontados para explicar a ascensão da pós-verdade.

Plataformas como Facebook, Twitter e Whatsapp favorecem a replicação de boatos e mentiras. Grande parte dos factoides são compartilhados por conhecidos nos quais os usuários têm confiança, o que aumenta a aparência de legitimidade das histórias. Os algoritmos utilizados pelo Facebook fazem com que usuários tendam a receber informações que corroboram seu ponto de vista, formando bolhas que isolam as narrativas às quais aderem de questionamentos à esquerda ou à direita.

(Adaptado de André Cabette Fábio. O que é ‘pós-verdade’, a palavra do ano segundo a Universidade de Oxford. Nexo, 16/11/2016. Disponível em https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/16/O-que-é-‘pós-verdade’-a-palavra-do-ano-segundo-a-Universidade-de-Oxford. Acessado em 01/12/2017).

REDAÇÃO

TEXTO 2

Considere a seguinte situação: uma postagem recente em uma rede social de uma mensagem de ódio contra os nordestinos foi foco de intensa discussão. Dada a repercussão do caso, o jornal de maior circulação de sua cidade resolveu fazer um caderno especial sobre o tema “Liberdade de Expressão”. Leitores de diferentes perfis foram convidados a se manifestar e você foi o estudante escolhido. Para atender a esse convite, você deverá escrever um artigo de opinião em que discutirá a seguinte questão: “Há limite para a liberdade de expressão?”

No seu artigo de opinião, você deve:

a) identificar e explicitar os dois principais posicionamentos sobre a questão tratada;

b) assumir um desses dois posicionamentos e sustentá-lo com argumentos.

Seu texto deverá considerar as seguintes citações:

"Liberdade de expressão é a possibilidade de as pessoas se manifestarem sobre fatos e ideias sem interferências externas, sobretudo do Estado. Discurso de ódio é uma tentativa de desqualificar e excluir do debate grupos historicamente vulneráveis, seja por religião, cor da pele, gênero, orientação sexual ou qualquer traço utilizado com o objetivo de inferiorizar pessoa ou grupo.” (Luís Roberto Barroso, Ministro do STF.)

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"A frase ‘eu discordo do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo’ talvez seja a melhor definição para a liberdade de expressão. Afinal, é muito fácil conceder a liberdade de expressão às ideias com que concordamos; muito mais difícil é aceitar a manifestação de ideias que desgostamos. O que se tem visto no Brasil nos últimos tempos, no entanto, é uma crescente vontade de reprimir formas de expressão que sejam consideradas desrespeitosas e preconceituosas. A iniciativa, embora tenha como pano de fundo uma intenção nobre, tem gerado situações desproporcionais, limitando o direito à livre expressão e violando a Constituição Federal.” (Bruno de Oliveira Carreirão, advogado.)

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"Liberdade de expressão é poder se manifestar sobre aquilo que não ofenda ou ataque o sentimento íntimo das pessoas. Discurso de ódio é o que tem por objetivo incitar, criar beligerância e promover animosidades contra esses sentimentos pessoais." (Marcelo Itagiba, ex-deputado.)

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"As grandes sociedades se caracterizam pela pluralidade de valores, alguns excludentes. A liberdade de expressão é ligada à liberdade em si, mas há o valor da luta contra o preconceito. Como lidar com o conflito de valores? Os EUA optaram pela liberdade de expressão. O Brasil optou por uma legislação protetiva. Isso guarda um certo paternalismo, mas expressa respeito. (Fernando Schüler, cientista político.)

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"É necessário entender a ideia de identidade e de alteridade. Por uma questão de sobrevivência, nos sentimos seguros quando próximos de algo com que nos identificamos. Queremos sempre que o outro seja igual a nós e, se não for, talvez tenhamos que destruí-lo. Este é um pressuposto fundamental para o surgimento do discurso de ódio.” (Izidoro Blikstein, professor da FGV e especialista em Análise do Discurso.)

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"Liberdade de expressão é o direito de expor a opinião e exercitar a divergência sem ser perseguido ou condenado. O discurso de ódio é um conceito um tanto abstrato e elástico. Para uns, é a expressão da verdade desnuda do politicamente correto; para outros, é a tentativa abjeta de difamar seu interlocutor.” (Rachel Sheherazade, jornalista e apresentadora de TV.)

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"O discurso de ódio aparece quando você acha que seu modo de ser e estar no mundo deve ser um modelo com o qual outras pessoas têm que se conformar. Se isso não acontecer, o discurso de ódio vem para deslegitimar a sua vivência, para fazer com que pareça que sua vida não merece ser vivida." (Linn da Quebrada, cantora.)

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"Liberdade de expressão não é um direito absoluto, nem pode ser. As pessoas têm dificuldade de entender que vivem em sociedade, que existem regras e que a gente precisa delas, sobretudo no que diz respeito à vida do outro." (Djamila Ribeiro, ativista dos movimentos negro e feminista e ex-Secretária Adjunta de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo.)

(Adaptado de http://temas.folha.uol.com.br/liberdade-de-opiniao-x-discurso-de-odio/o-que-e-o-que-e/ personalidades-discutem-o-que-e-liberdade-de-opiniao-e-discurso-de-odio.shtml. Acessado em 13/11/2017.)

EXPECTATIVAS DA BANCA – REDAÇÃO

A prova de redação da UNICAMP é composta por duas propostas, que se complementam de maneira a permitir que diferentes habilidades de leitura e produção de textos sejam avaliadas.

TEXTO 1

A proposta para o Texto 1 pressupõe que os candidatos sejam capazes de relacionar os dois textos-fonte apresentados a seus conhecimentos prévios, de forma a produzir um texto que esclareça um importante fenômeno da atualidade – a “pós-verdade”. Estão em jogo habilidades de leitura relativas à construção dos sentidos dos textos, a inferências e ao estabelecimento de relações entre textos (intertextualidade), além das habilidades envolvidas na organização de um texto expositivo-explicativo que sirva de base para uma palestra. São, portanto, habilidades de leitura e escrita que vão além da esfera acadêmica e que são fundamentais não apenas para o jovem estudante universitário como também para todo cidadão que deseje ter vez e voz na sociedade. Daí a importância da produção de um texto base do gênero oral público palestra.

Espera-se que o candidato esteja minimamente familiarizado com a discussão sobre a circulação de notícias falsas (fake news) nas redes sociais e com o chamado “efeito bolha”, para que, a partir da leitura dos textos-fonte, possa produzir um texto que esclareça o fenômeno da “pós-verdade”. Pressupõe-se, portanto, que o candidato disponha de referências para elaborar seus textos, relacionando-as aos excertos apresentados.

Na proposta do Texto 1, oferecem-se à leitura dois textos-fonte: a) uma charge e b) trechos de uma matéria publicada pelo Jornal Nexo, em 16/11/2016, intitulada O que é ‘pós-verdade’, a palavra do ano segundo a Universidade de Oxford.

O enunciado que orienta a elaboração da redação cria uma situação em que o candidato se coloca na posição de um estudante que deve produzir um texto base para uma palestra, explicando aos colegas o fenômeno da “pós-verdade”. O enunciado traz implicitamente uma diferenciação entre notícia falsa (fake news) e pós-verdade (post-truth) que precisa ser considerada pelo candidato, o qual deve, ainda, relacionar o fenômeno com as redes sociais, dar exemplos de pós-verdades e mencionar suas possíveis consequências. A charge traz um dos pontos-chave para a diferenciação entre fake news e “pós-verdade”: o que está em questão não é só a publicação ou a crença em notícias falsas (que sempre existiram), mas a percepção de uma situação em que crenças e opiniões valem mais do que fatos. O segundo texto articula essa ideia ao papel das redes sociais na legitimação de notícias falsas, destacando o efeito dos algoritmos utilizados pelas principais redes sociais na constituição do “efeito bolha”: a rapidez e a intensificação do fluxo de informação ratificam um ponto de vista e produzem um “efeito verdade”. 

EXPECTATIVAS DA BANCA – REDAÇÃO 

TEXTO 2

Na proposta do Texto 2, é apresentado um conjunto de excertos com depoimentos de personalidades de diferentes áreas de atuação social e cultural, os quais, em sua maioria, integram uma matéria publicada em 30/06/2017 pelo Jornal Folha de S. Paulo em que se discute a questão em pauta.

O enunciado da proposta cria, a partir das leituras propostas, uma situação de produção em que o candidato deve se colocar na posição de um estudante que foi convidado pelo jornal de maior circulação de sua cidade para escrever um artigo de opinião para um caderno especial que vai reunir outros textos sobre a questão, escritos por leitores de diferentes perfis.
O gênero da produção textual é, pois, o artigo de opinião e a prova exige que o estudante assuma uma posição frente à questão “Há limites para a liberdade de expressão?” e a sustente com mais de um argumento.

A proposta pressupõe que o candidato seja capaz de identificar, nos trechos apresentados, pelo menos dois posicionamentos sobre uma questão e o(s) argumento(s) que os sustentam, bem como posicionar-se a respeito dessa questão com base em seus próprios argumentos. Essas habilidades, fundamentais para um aluno universitário, são requeridas não apenas em gêneros da esfera acadêmica, mas também em diversos outros gêneros, em especial os jornalísticos, como o artigo de opinião. Tais textos são importantes para o exercício da cidadania e circulam em outros campos da vida do estudante. Espera-se que os candidatos estejam familiarizados com a discussão envolvendo a liberdade de expressão e a veiculação de discursos de ódio, sobretudo nas redes sociais e em outros ambientes digitais. Pressupõe-se, portanto, que os estudantes disponham de referências para elaborar seus textos, relacionando-as aos excertos que compõem o texto-fonte.

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