Redação UEPG 2020

Carta aberta defende bibliotecas e o seu papel na reconstrução social

Dirigida ao primeiro-ministro [de Portugal], à ministra da Cultura e ao presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, a “Carta Aberta Bibliotecas: estamos disponíveis” alerta para o papel das bibliotecas no período de recuperação da crise motivada pelas medidas de combate à Covid-19.

Por serem instituições de acesso gratuito para leitura, empréstimo de livros, jornais e revistas, acesso à internet, espaço de estudo, pesquisa e trabalho, local de conversa e debate de ideias, de realização de atividades lúdicas, exposições, conferências, encontros com autores e criadores, as bibliotecas apresentam-se como parceiros fundamentais no combate ao desemprego, à falta de letramento e à solidão, “tornando as comunidades mais coesas”.

Assim como escolas, serviços de saúde ou de proteção civil estão espalhadas por todo o país e são lugares indispensáveis. No entanto, “têm vindo a ser negligenciadas nas políticas públicas, e praticamente ignoradas no quadro atual das medidas extraordinárias”, alertam mais de cem personalidades portuguesas, entre as quais vários escritores.

A carta afirma que estes “agentes ativos e de proximidade” estão “disponíveis para ajudar a reconstruir o tecido cultural, social e econômico”, e lembra que chegam a um público heterogêneo e transversal, facilitam o acesso às tecnologias digitais e à Internet, promovem o uso crítico da informação, com destaque para o combate às notícias falsas, apoiam criadores e livrarias locais e são “frequentemente o único instrumento de combate à infoexclusão”.

A carta aberta propõe, especificamente, que as bibliotecas sejam incluídas e valorizadas como agentes na política de recuperação para o setor cultural.

Adaptado de: Carta aberta defende bibliotecas e o seu papel na reconstrução social. Disponível em: <www.noticiasaominuto.com/cultura/1471043/carta-aberta-defende-bibliotecas-e-o-seu-papel-na-reconstrucao-social>. Acesso em: 02/05/2020.

PROPOSTA

O texto acima descreve a iniciativa de um grupo de importantes intelectuais e personalidades de Portugal, os quais buscam que as bibliotecas públicas passem a ser mais valorizadas na retomada da normalidade social após a pandemia que afligiu o planeta em 2020. Nosso país também possui uma extensa rede de bibliotecas públicas, embora muitas em situação precária e pouco lembradas pelos poderes públicos e, até mesmo, pela população. A partir da leitura do artigo reproduzido acima e utilizando os conhecimentos que obteve em sua formação escolar, redija um texto dissertativo-argumentativo que discorra a respeito do seguinte tema:

Existirá um papel social para as bibliotecas públicas no futuro do Brasil?

Não esqueça de seguir as seguintes orientações:

- Seu texto deve ter no mínimo 10 e no máximo 20 linhas e ser escrito na modalidade formal de nossa língua.
- Não é necessário colocar um título.
- Não faça cópias literais do texto-base.

VESTIBULAR 2020
Considerações sobre a proposta de redação

A proposta de redação solicita ao discente um texto argumentativo a respeito do tema “Existirá um papel social para as bibliotecas públicas no futuro do Brasil?” e oferece, como subsídio para sua elaboração, uma notícia referente a um manifesto de intelectuais portugueses preocupados com a, supostamente, pouca importância dada a esses espaços pelo governo de seu país.

Espera-se que o discente seja capaz de confrontar características de ambas as nações (baseando-se em sua formação e também no texto-base) e de observar os elementos comuns em relação às difi-culdades enfrentadas pelos instrumentos culturais que são as bibliotecas (sua capilaridade geográfica, a negligência com que são tratadas pelos poderes públicos e sua ausência em qualquer planejamento de estímulo econômico posterior à pandemia que marcou o ano de 2020), além de acrescentar, ou, ao menos, mencionar em sua análise do problema aquelas dificuldades tipicamente relacionadas às estru-turas culturais no Brasil (por exemplo, a falta de investimento, de pessoal e estrutura física, além da falta de reconhecimento da própria população, afastada de espaços culturais por deficiências de forma-ção e por causas socioeconômicas).

Para cumprir completamente a proposição exigida, o estudante deve ser capaz de interpretar eficientemente a expressão “papel social”, compreendendo que as atividades desenvolvidas no espaço de uma biblioteca vão além do mero empréstimo de volumes e impactam na formação de elementos de cidadania de uma comunidade, bem como podem, assim como explanado no texto-base, serem funda-mentos para a ampliação formativa e para a reinserção econômica de seus frequentadores, possibilida-des que dependem do interesse e investimento dos poderes que definem a capacidade de atuação de cada uma dessas unidades.

Portanto, como possível resposta à pergunta motivadora e conclusão do raciocínio engendrado pelo aluno, podemos esperar que os que mais acuradamente interpretaram a proposta apontem a pos-sibilidade, intrinsecamente sugerida na publicação lusitana, de que as bibliotecas se tornem centros comunitários de formação, de acesso à web, de combate à falta de familiaridade com elementos da informática (idealmente, se podem esperar exemplos como a dificuldade de acesso aos aplicativos e cadastros necessários para receber ajudas estatais ou para assistir às aulas ofertadas a distância pelos poderes públicos) e até mesmo de formação profissional, já que existem em ampla distribuição geográ-fica e já atuam sob governança de diferentes instâncias do governo.

Obviamente, podemos imaginar que boa parte dos discentes vão se concentrar, porém, em ele-mentos mais básicos da função das bibliotecas, muitas vezes influenciados pela própria falta de familia-ridade com tais espaços e suas diferentes funções e possibilidades, além do surgimento de um grande número de textos com características denuncistas, apontando o abandono das bibliotecas públicas ou escolares, além de proposições que propugnem pela necessidade da adequação desses espaços ao mo-mento contemporâneo, trocando uma proposição de papel social, e portanto cidadão, pela listagem de tecnologias que deveriam estar presentes nas unidades a fim de incentivar a frequência dos usuários. Desnecessário dizer que, embora muitas vezes compreensíveis por fragilidades formativas acentuadas por um ano letivo conturbado, tais casos não constituem o cumprimento total da proposta.