Redação UEPG 2019.2

TEXTO 1

Algumas expressões racistas que deveríamos tirar do nosso vocabulário

A escravidão negra é um capítulo muito marcante da história do Brasil. A influência desse período está presente, inclusive, no vocabulário da língua portuguesa. Várias expressões que usamos cotidianamente têm origem em situações adversas – e na maior parte das vezes muito dolorosas – que foram vividas por negros.

Por isso, assim como precisamos deixar para trás preconceitos que surgiram durante a escravidão, podemos repensar algu-mas palavras que usamos.

Denegrir: de acordo com o dicionário Michaelis, a palavra significa "tornar negro" ou "difamar" e tem origem em "de negro ir". A expressão é ofensiva porque considera algo negro como negativo.

Fazer nas coxas: não se sabe exatamente quando a expressão entrou para o nosso vocabulário, mas a versão mais popular da origem é a de que o termo viria do hábito dos escravos moldarem telhas em suas coxas. Como eles tinham corpos de diferentes formatos, as telhas acabavam não se encaixando corretamente e, por isso, estariam mal feitas.

Mulata(o): o termo é usado para se referir a pessoas negras de pele clara. Da língua espanhola, a palavra faz referência ao filhote do cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento com égua. Ou seja, compara uma pessoa negra a um animal. A expressão se torna ainda mais pejorativa quando usada como "mulata tipo exportação", reforçando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria.

Doméstica: a expressão designava as escravas que trabalhavam dentro das casas das famílias brancas. Normalmente, elas tinham a pele mais clara e traços semelhantes aos dos europeus, por isso tinham um "status superior" ao dos escravos da lavoura. Por receberam uma educação diferenciada e aprenderem algumas lições de bons modos, eram tidas como escravas "domesticadas", como se fossem animais selvagens.

Mercado negro, lista negra, ovelha negra... Assim como em "denegrir", o uso do adjetivo "negro" em palavras como "mercado negro", "lista negra" e "ovelha negra" tem peso muito negativo, tornando-o pejorativo. Esse juízo de valor acaba afetando também as pessoas negras, reforçando o preconceito estrutural.

Adaptado de: Natália Eiras. universa.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/21/10-expressoes-racistas-que-deveriamos-tirar-do-nosso-vocabulario.htm

TEXTO 2

Nexo Jornal: É comum que pessoas acusadas de racismo tentem justificar ou esclarecer a situação negando serem racistas, argumentando não se tratar de preconceito ou dizendo ter havido um mal entendido. Por que isso acontece?

Silvio Almeida: Quando a gente fala de racismo estrutural, o adjetivo estrutural indica que o racismo não é apenas o resul-tado de atos voluntários, que se limitam ao plano individual. O racismo está para além disso. Ele é, na verdade, um processo no qual, até mesmo de maneira inconsciente, as pessoas reproduzem as condições em que a desigualdade racial é possível. Quando a pessoa [acusada de racismo] diz que foi um mal entendido, de fato, o racismo só pode acontecer numa sucessão de mal entendidos. O racismo é isso. Ele se manifesta nos espaços vazios, no mal entendido, naquilo que não é dito – e exatamente pelo fato de não ser dito e ser possível o mal entendimento é que o racismo consegue se naturalizar.

Adaptado de: Juliana D. de Lima. www.nexojornal.com.br/entrevista/2019/02/12/O-racismo-estrutural-no-cotidiano-do-pa%C3%ADs-segundo-este-autor

PROPOSTA

Os textos que você acabou de ler trazem informações sobre manifestações cotidianas de racismo, que configuram o que é chamado de racismo estrutural, ou seja, aquele que é praticado até mesmo de maneira inconsciente. A partir da leitura dos textos motivadores acima e utilizando os conheci-mentos que obteve em sua formação escolar, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema:

Qual é a pior consequência do racismo estrutural no Brasil contemporâneo?

Não esqueça de seguir as seguintes orientações:

- Seu texto deve deixar claro o seu ponto de vista, sustentando-o com argumentos, além de ser escrito na variante formal de nossa língua.
- Não é necessário colocar um título.
- Não faça cópias literais dos textos motivadores.

VESTIBULAR DE INVERNO - 2019
CONSIDERAÇÕES SOBRE A PROVA DE REDAÇÃO

Para atender à proposta de redação do Vestibular de Inverno 2019, o candidato deveria produzir um texto dissertativo-argumentativo em que discorresse sobre a seguinte questão: “Qual é a pior consequência do racismo estrutural no Brasil contemporâneo?”.

Para fornecer ao candidato informações instrumentais para a reflexão a respeito do tema, foram adaptados dois textos de diferentes fontes. O primeiro veio do blog Universa, especializado em temas femininos, de autoria de Natália Eiras, e aborda algumas expressões empregadas cotidianamente na língua e que escondem significados originariamente racistas. O segundo é um pequeno trecho de uma entrevista (publicada no website do Nexo Jornal) do filósofo Sílvio Almeida, autor do livro O que é racismo estrutural?, lançado em julho de 2018 pela editora Letramento. Na questão reproduzida na prova, há uma breve explicação sobre a natureza do racismo estrutural e como ele se manifesta na sociedade.

O tema foi elaborado em forma de questionamento para tentar direcionar mais claramente os esforços dos candidatos, de modo a serem evitados os textos que falem genericamente sobre o que é o racismo ou sobre a constatação de sua existência em nosso cotidiano. Deve-se ter em mente, portanto, que é solicitado que o texto produzido não discorra de maneira generalista sobre o assunto ou debata a existência ou inexistência desse tipo de discriminação (ou, possivelmente, a pertinência de se reprimir o uso de algumas formas de expressão), mas, sim, que enfoque e analise aquele que, do ponto de vista do vestibulando, seria o mais nocivo resultado do racismo estrutural.

Certamente, há a possibilidade de o candidato questionar que as palavras listadas sejam realmente discriminatórias por, por exemplo, acreditar que suas origens já se perderam no tempo. No entanto, é de se notar que esta linha de argumentação não invalida a constatação de que persiste um racismo de caráter estrutural no país, mantendo-se a questão levantada. Casos, então, em que o texto enverede pela caracterização discriminatória, ou não, das expressões coletadas, ignorando a pergunta formulada na prova, devem ser entendidos como fuga ao tema.

Podemos esperar, logicamente, que boa parte dos textos produzidos se limite a juntar argumentos previsíveis para elaborar uma condenação genérica ao racismo ou para apoiar a, recentemente divulgada pela mídia, criminalização de tal comportamento. Tais textos também devem, infelizmente, ser vistos como não tendo cumprido, integralmente, a proposição solicitada, já que não esmiúçam uma consequência do racismo para nossa sociedade e nação.

Como sabemos, ao candidato é solicitada a produção de um texto formal. Espera-se, por conseguinte, uma elaboração dissertativa que tente mobilizar as experiências escolares do vestibulando com este modelo, o que deve se refletir em suas escolhas vocabulares e sintáticas. Por fim, gostaríamos de lembrar o quão importante é ter em mente, durante o processo de correção, os critérios de avaliação e os motivos para as redações receberem “pontuação zero” apresentados no Manual do Candidato.

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