Redação UECE 2022.1 - Desigualdade de Gênero

PROPOSTA DE REDAÇÃO - UECE 2022.1

Prezado(a) Candidato(a),

A história da humanidade insiste, por diversas questões, em apresentar uma relação negativamente opositiva entre homens e mulheres. Isso é ainda mais acentuado, segundo pesquisas, quando a mulher é negra e ou pobre. Assim, a interseccionalidade gênero, raça e classe acentua as dificuldades para o estabelecimento equitativo da mulher na sociedade. No campo profissional, não há muitas diferenças, pois áreas que são habitualmente tomadas como masculinas reproduzem o modelo. Embora grandes conquistas tenham sido realizadas, muitos desafios ainda estão postos para a mulher exercer plenamente sua cidadania.

Proposta 1:

Considere a seguinte situação: você participa de um jornal na sua escola e foi indicado(a) para redigir o editorial da edição especial em homenagem ao dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha. Sabendo que a data é um símbolo de resistência das mulheres negras, seu editorial deve apresentar fatos, opiniões e argumentos sobre o papel da mulher negra na ciência. Redija seu texto de acordo com o uso da norma padrão culta da escrita de língua portuguesa.

Proposta 2:

Em um concurso de redação para a escola, foi solicitado que se procurassem, na comunidade, mulheres que conseguiram mudar de vida através dos estudos e, a partir da entrevista realizada com uma delas, se elaborasse um mural no qual fossem expostas as biografias desse público. Para isso, escreva uma biografia, em terceira pessoa, narrando a história de vida de uma dessas mulheres que você entrevistou, detendo-se em seus feitos a partir da melhoria de vida através da educação. Atente para o uso da norma padrão culta da escrita de língua portuguesa.

TEXTO I
O MURO PERMANECE ALTO PARA MULHERES NEGRAS

Em 2012, Paloma Calado tinha 17 anos e decidiu que queria fazer faculdade de Ciência da Computação. Ela bolou um plano: cursar o último ano do ensino médio de manhã, dois cursos profissionalizantes à tarde e fazer o pré-vestibular à noite, no Centro de Educação do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde mora. A ideia era passar na faculdade, mas, caso não conseguisse, entraria no mercado de trabalho. ‘‘Graças a Deus deu certo, fui aprovada em três universidades’’, conta.

Decidiu pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e foi aí que ela deu de cara com um outro universo, mais desigual do que qualquer outro espaço que ocupava. ‘‘Foi um choque de realidade. Eu não sabia dessa discrepância de mulheres e homens na computação. Para mim era normal, mas quando eu cheguei lá não era assim: 10% da turma eram mulheres, e mulheres negras tinham duas, contando comigo, em uma turma de 60’’.

Paloma estudou em escolas públicas municipais e estaduais. Ela explica que, por isso, sempre teve contato com pessoas próximas a sua realidade. ‘‘Na faculdade, eu vi de cara a diferença. Foi mais gritante a questão de gênero e depois veio a questão de raça porque, mesmo entre os homens, pouquíssimos eram negros. Mas eu fico feliz porque nessa minha trajetória dentro da universidade, eu vi esse quadro mudando’’.

Quando Paloma entrou na universidade, em 2013, excluindo os casos sem informação ou que não responderam, mulheres negras eram 22% das pessoas que haviam ingressado nas Instituições de Ensino Superior (IES), mulheres brancas 32%, homens brancos 26% e homens negros 18%. Em 2019, considerando os que declararam cor ou raça, houve um salto entre alunos negros que ingressaram no ensino superior: mulheres negras passaram para 27% do total, e homens negros, para 20%. Já a proporção entre os brancos caiu para 29% entre as mulheres e para 22% entre os homens. A política de cotas nas universidades federais foi instituída em 2012, logo o aumento em 2019 demonstra ser um possível reflexo da medida.

Neste domingo (25) em que se celebra o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, é importante olhar para avanços, mas sem deixar de reconhecer que são as mulheres negras que ainda enfrentam mais barreiras para se manter na universidade e entrar no mercado de trabalho. Elas seguem sub-representadas nas instituições públicas do país. Do total de mulheres negras que entraram em uma universidade, 16% ingressaram em instituições públicas e 84% em instituições privadas. Os dados são do Censo Escolar mais recente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação. Já de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados da Pnad Contínua, a taxa de desocupação das mulheres negras atingiu 19,8% no terceiro trimestre de 2020.

Dados do Censo do Ensino Superior analisados pelo datalabe mostram que a porcentagem de mulheres matriculadas nos cursos de tecnologia é bem menor. Em 2016, em engenharia da computação, 10% das pessoas matriculadas eram mulheres e, destas, 62% eram brancas. Ou seja, mesmo as mulheres negras sendo 28% da população brasileira, o maior grupo demográfico do país, menos da metade de mulheres ingressantes em engenharia da computação era negra.

‘‘A gente tinha uma ilusão de que as questões de gênero já estavam resolvidas na educação porque as mulheres eram maioria tanto na conclusão da educação básica quanto na participação no ensino superior. Mas a pergunta é: de quais mulheres estamos falando? O que elas escolhem e quem pode escolher?’’, questiona Suelaine Carneiro, coordenadora do Programa de Educação e Pesquisa do Geledés – Instituto da Mulher Negra. Para sua pesquisa de mestrado, Suelaine entrevistou estudantes de ensino médio e percebeu que, já dentro da universidade, muitas escolhas profissionais são possibilitadas ou impossibilitadas pela questão de gênero, de raça e pelas condições socioeconômicas. Ou seja, passar não basta. Concluir a graduação é outro desafio significativo para essas mulheres.

Disponível em: https://www.geledes.org.br/o-muro-permanece-alto-para-mulheres-negras/ Acesso em 20 de ago. de 2021. Texto adaptado.

TEXTO II
Biografia de Conceição Evaristo

Maria da Conceição Evaristo de Brito é uma professora e escritora brasileira contemporânea sendo especialmente ativa nos movimentos pela luta negra. A autora, que publica poemas, ficção e ensaios, nasceu no dia 29 de novembro de 1946 em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Filha de Joana Josefina Evaristo, Conceição teve pouco contato com o pai, tendo sido criada pela mãe, uma lavadeira, e pelo padrasto (Aníbal Vitorino), que era pedreiro, numa comunidade da Avenida Afonso Pena.

A autora cresceu na companhia de três irmãs filhas do mesmo pai e da mesma mãe (Maria Inês, Maria Angélica e Maria de Lourdes) e dos cinco irmãos filhos do novo relacionamento da mãe com o padrasto.

Quando a menina tinha sete anos, foi viver com a tia, Maria Filomena da Silva, a irmã mais velha da mãe, que também era lavadeira e o tio, Antônio João da Silva, que era pedreiro. O casal não tinha filhos. Aos oito anos, Conceição começou a trabalhar como empregada doméstica.

A menina, assim como os irmãos e os pais, sempre estudou em escolas públicas. O curso de professora primária tirou no Instituto de Educação de Minas Gerais.

Em 1973, Conceição Evaristo se mudou para o Rio de Janeiro. Lá se formou em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mais tarde, concluiu um mestrado em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro defendendo a dissertação Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade (1996). A seguir fez o doutorado em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense tendo defendido a tese Poemas malungos, cânticos irmãos (2011).

Conceição deu os seus primeiros passos profissionais atuando como docente em escolas do ensino público do Rio de Janeiro. Como autora, o seu percurso se iniciou durante a década de 90 tendo publicado obras dos mais variados gêneros literários: desde poesia, passando pela ficção e também pelo ensaio.

Disponível em: https://www.ebiografia.com/conceicao_evaristo/. Acesso em 20 de ago. de 2021. Texto adaptado.

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