Redação PUC-GO 2019 - Erro Médico

REDAÇÃO

ORIENTAÇÕES GERAIS

Há, a seguir, três propostas para a produção de seu texto escrito, a partir da concepção de gêneros textuais. Escolha uma delas e desenvolva o seu texto, em prosa, observando atentamente as orientações que acompanham cada proposta. Você deverá se valer das ideias presentes na coletânea desta Prova de Redação (mas sem fazer cópia), bem como de seu conhecimento de mundo e dos fatos da atualidade. Observe que cada proposta se direciona para um gênero específico de texto (artigo de opinião, carta argumentativa e conto fantástico).

• Sua Prova de Redação deverá ter no máximo 30 linhas. 
• Se a sua redação não corresponder a um dos gêneros textuais que compõe esta Prova, ela será penalizada. 
• Você pode utilizar o espaço destinado para rascunho, mas, ao final, deve transcrever o texto para a folha definitiva da Prova de Redação em Língua Portuguesa no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos.

ATENÇÃO

Esta prova receberá pontuação ZERO caso a redação apresente: 
• Fuga ao tema; 
• Extensão inferior a sete linhas (incluindo o título); 
• Transcrição para a folha definitiva a lápis; 
• Letra ilegível/incompreensível; 
• Problemas sistemáticos e graves de domínio da norma padrão ou total comprometimento na produção de sentido do texto; 
• Sinais inequívocos de que seja cópia da coletânea apresentada ou de outros textos, exceto se usados como recurso de intertextualidade; 
• Presença de marcas ou sinais que possam levar à identificação do candidato: nome; sobrenome; pseudônimo; rubrica.

Não assine a Folha de Redação definitiva, tampouco faça nela qualquer marca de identificação: nem com nome, nem com pseudônimo, nem com siglas ou quaisquer outras formas gráficas de sinalização.

COLETÂNEA

TEXTO 1

Vaidade em risco

Paula Diniz

[...]

Casos recentes de erros médicos e óbitos decorrentes de cirurgias plásticas expuseram os riscos de uma atividade que tem atraído uma parcela crescente da população, sobretudo feminina. Dados do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) mostram uma explosão de queixas envolvendo a especialidade. Em 2015, foram 10 denúncias. O número saltou para 27 em 2016 e chegou a 68 em 2017. Apesar do aumento, as reclamações ainda não refletem a realidade: muitos pacientes prejudicados preferem o silêncio. Não denunciam seus médicos e nem ingressam com ação judicial, mesmo quando há comprovação de erro durante o procedimento. As razões para não levar processos adiante são muitas. Fernando Polastro, voluntário responsável pelos primeiros atendimentos, triagem e direcionamento de pacientes que procuram a Associação Brasileira de Vítimas de Erro Médico (Abravem), destaca: “A falta de confiança no Judiciá rio, indisposição para enfrentar um processo que pode ser complexo e demorado, além da falta de estrutura emocional para as vítimas reviverem os fatos infelizes e trágicos pelos quais passaram”. Diz ainda: “Outros não denunciam por desconhecimento de seus direitos ou dúvida sobre ter havido ou não erro médico em seu caso”. Como resultado dessa omissão, mais e mais pessoas se tornam sujeitas a procedimentos inseguros, negligência, imperícia e imprudência de médicos. A falta de bom senso na busca por um corpo perfeito, modelado por implantes de silicone ou lipoesculturas, é outro fator que contribui para o aumento de casos sem final feliz. Para atender a uma crescente demanda por transformações estéticas, surgiram no País até sociedades médicas clandestinas, que colocam em risco a vida de pacientes.

[...]

A divulgação de procedimentos cirúrgicos por meio de redes sociais deve ser vista com desconfiança. “Cirurgia plástica só com cirurgião plástico. Procedimento estético pode ser com dermatologista”, afirma Alexandre Senra, cirurgião do Hospital Albert Einstein e membro da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica Estética (ASAPS). “Não existe mágica. Desconfie de preços muito abaixo da média, afinal é a sua vida”, adverte. Segundo ele, o código de 1957 sobre o exercício da Medicina, no qual consta a informação de que, após os seis anos de formação, o médico pode exercer qualquer especialidade, está ultrapassado. “Existe uma jurisprudência que diz que o médico que faz procedimento sem estar habilitado pode ser penalizado. A relação médico-paciente continua primordial, mas está se perdendo. O médico precisa conhecer o paciente e vice-versa. Sem isso, somos apenas técnicos.”

A filosofia da cirurgia plástica é gerar bem-estar, autoestima e contribuir para a harmonia da autoimagem do paciente. Bem diferente da venda de fantasias e ilusões feita por profissionais não habilitados, colocando em risco pacientes. O presidente da SBCP, Níveo Steffen, afirma que a Sociedade é frontalmente contra a banalização dos procedimentos cirúrgicos. “Cabe ao cirurgião plástico ser honesto ao examinar e escutar o paciente para identificar a indicação ou não da cirurgia plástica, informando sobre as reais possibilidades de resultado, riscos cirúrgicos e pós-operatório.”

[...]

Ainda que poucos cometam erros, o corporativismo da classe costuma proteger os negligentes. Uma empresária de Campo Grande, de 36 anos, que pediu para não ser identificada, tem vivido esse drama. Ela colocou prótese nas mamas em 2006. Em 2017, depois de amamentar dois filhos, achou que os seios estavam um pouco assimétricos e consultou um renomado cirurgião plástico da cidade, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, indicado por várias pessoas. “Combinamos a retirada das próteses com correção estética no mesmo procedimento.” Segundo ela, consta no prontuário médico que foi uma cirurgia de retirada de implantes mamários com correções estéticas. “Não sei no que ele errou, mas sei que o resultado foi um pesadelo na minha vida”.

Segundo a paciente, o cirurgião se negou a dar fotos do pós-cirúrgico e a cópia do contrato de prestação de serviço. Ele disse que após seis meses suas mamas voltariam ao normal, o que não aconteceu. Quando ela voltou a procurar o médico, ele deixou de atendê-la e a bloqueou no WhatsApp. A empresária consultou outros médicos que constataram lesão muscular em uma das mamas, mas quando pedia um laudo, se negavam, por serem colegas do renomado cirurgião e não quererem se comprometer. “O que vai valer é a avaliação judicial, mas os peritos serão os colegas do cirurgião que fez minha plástica. Será difícil encontrar um que aceite se comprometer.” Depois da perícia médica, ela fará a cirurgia reparadora nos Estados Unidos. “Não confio mais nos médicos daqui”, diz, frustrada.

Denis Furtado, “Dr. Bumbum”, expôs a realidade da cirurgia plástica no Brasil. Médico sem nunca ter feito residência médica e sem título de especialista em qualquer área da Medicina, ele tem no currículo pós-graduações não reconhecidas pelo Ministério da Educação. Denis foi preso no dia 19 de julho acusado de ter causado a morte de sua paciente, a bancária Lilian Calixto, de 46 anos, após um procedimento estético realizado no apartamento do médico no Rio de Janeiro.

[...]

(DINIZ, Paula. Vaidade em risco. 03 ago. 2018. Disponível em: https://istoe.com.br/vaidade-em-risco/. Acesso em: 12 jan. 2019. Adaptado.)

TEXTO 2

Com 3 ações de erro médico por hora, Brasil vê crescer polêmico mercado de seguros

Mariana Alvim

[...]

Acusações referentes a erro médico somaram 70 novas ações por dia no país – ou três por hora – em 2017. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foram pelo menos 26 mil processos sobre o assunto no ano passado.

[...]

O volume de ações na Justiça relaciona-se com um quadro mais geral de judicialização da saúde. Este é o nome dado à crescente busca, por parte de cidadãos, ao judiciário como alternativa para garantia do acesso à saúde, por exemplo, por remédios ou tratamentos - o que, por sua vez, esbarra nas limitações orçamentárias do Poder Público ou no planejamento de empresas privadas no ramo.

E o fenômeno tem ligação também com outra faceta: a busca pelos chamados seguros de responsabilidade civil profissional. Em linhas gerais, esse serviço funciona com o pagamento de apólices por trabalhadores como médicos e veterinários que, em caso de se tornarem réus em ações relacionadas com o exercício de suas ocupações, têm custos, como pagamento de honorários de advogados e eventuais indenizações, cobertos.

Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), esta categoria vem crescendo nos últimos anos. Em valores reais, os prêmios (prestações pagas pelos contratantes) do RC Profissional passaram de R$ 236 milhões em 2015 para R$ 312 milhões em 2016 e R$ 327 milhões em 2017. O primeiro semestre de 2018 já mostra avanço em relação ao mesmo período de 2017: crescimento de 8%. São 15 empresas atuando no segmento.

A Mapfre, uma delas, viu aumento de 10% no número de apólices adquiridas e de 18% em prêmio no acumulado de doze meses (julho de 2017 a junho de 2018 versus julho de 2016 e junho de 2017). As ocupações atendidas estão todas no ramo da saúde: médicos, dentistas, veterinários, fonoaudiólogos, farmacêuticos e enfermeiros. [...] Mas a adesão a este tipo de serviço tem uma barreira peculiar: o Conselho Federal de Medicina (CFM) e representações regionais da categoria recomendam explicitamente a não contratação do seguro.

[...]

“Os conselhos pregam que a relação entre médico e paciente deve ser da maior confiança possível, construída na base da generosidade e segurança. Quando o médico já está protegido pelo seguro, a relação começa na defensiva”, aponta José Fernando Vinagre, corregedor do CFM.

Outro argumento apresentado pela entidade é o de que exemplos internacionais mostrariam que a adesão da classe médica ao seguro contribuiria a um aumento no número de ações – “que muitas vezes se baseiam em pedidos quase sempre emitidos, destemperadamente, por pacientes mal orientados, ou ainda envolvendo interesses financeiros de terceiros”, segundo diz um comunicado do CFM.

[...]

A legislação brasileira, centrada nos códigos Civil e Penal, além do próprio Código de Ética Médica, indica a imputação do erro médico a um profissional em caso de três situações: imperícia, imprudência e negligência.

“De forma resumida: a negligência consiste em não fazer o que deveria ser feito; a imprudência consiste em fazer o que não deveria ser feito; e a imperícia em fazer mal o que deveria ser bem feito”, explicou o CFM em nota.

[...]

ALVIM, Mariana. Com 3 ações de erro médico por hora, Brasil vê crescer polêmico mercado de seguros. 19 set. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45492337. Acesso em: 12 jan. 2019. Adaptado.)

TEXTO 3

Profilaxia do erro médico

Dr. Antonio Carlos Bilo

Ao adotarmos a expressão “Erro Médico” supõe-se que estamos incorrendo num equívoco, pois com a palavra “erro” a culpa já parece estar imputada. E ninguém pode ser considerado culpado sem que a denúncia seja devidamente apurada, como fazem os Conselhos em seu aspecto judicante. De qualquer forma, esta é a expressão que vemos na mídia diariamente.

[...]

Não se deve confundir erro com acidente imprevisível ou mau resultado. No acidente imprevisível, há a intercorrência de força maior, que não pode ser prevista. Já o mau resultado é o resultado incontrolável, que decorre do curso inexorável da doença.

E onde estariam as causas do erro médico? Vários são os fatores. A começar pelo aparelho formador, que hoje prima pela quantidade de Escolas Médicas e não pela qualidade. Somos o segundo país no mundo em número de escolas médicas. A qualidade na formação do médico deve merecer a atenção não apenas do médico, mas sim de toda a sociedade.

À boa formação técnica deve ser adicionada uma formação ética adequada, que respeite o paciente como ser humano, pois acima de qualquer interesse deve estar a saúde e o bem-estar de nossos pacientes, até porque nem sempre eles terão liberdade de nos escolher.

Acompanhada de uma boa formação técnica e ética deve estar a atualização permanente, o que permite oferecer o melhor da Medicina ao paciente.

No dia a dia, as condições precárias de trabalho podem ser fundamentais na ocorrência do erro. Portanto, más condições de trabalho devem ser denunciadas pelo médico ao seu Conselho Regional, uma vez que não as denunciando ele se acumplicia indiretamente destas más condições e pode perder parte da razão em sua defesa.

Mas algo que é fundamental parece estar se perdendo ao longo dos tempos: a relação médico-paciente. Mesmo num infortúnio, se a relação com o paciente for boa, com presteza, carinho, atenção e cuidado adequados, normalmente não ocorre denúncia. E ouvir e confortar o paciente são nossas obrigações. Nesse aspecto, as médicas são menos denunciadas, porque interagem melhor com o paciente, perguntam mais, permanecem mais tempo ao seu lado. Isso gera maior proximidade, fazendo com que o paciente sinta-se melhor cuidado.

Escolhemos livremente sermos médicos e o paciente é a razão da existência da nossa profissão. Então, a melhor profilaxia do malfadado erro médico se faz com boa formação técnica e humanista, atualização permanente, condições de trabalho adequadas e boa relação médico-paciente, com o zelo e o cuidado de que ele necessita e que merece.

(BILO, Dr. Antonio Carlos. Profilaxia do Erro Médico. 02 jun. 2010. Disponível em: http://medicinaunp.blogspot.com/2010/06/ artigo-profilaxia-do-erro-medico.html. Acesso em: 12 jan. 2019. Adaptado.)

TEXTO 4

[...]

Os delitos culposos envolvem, necessariamente, a lesão a um dever objetivo de cuidado. Esta violação pode assumir três feições distintas: (a) imprudência: é a culpa em sua forma ativa como, por exemplo, o médico que acelera os procedimentos de uma cirurgia, por estar atrasado para outro compromisso e causa o resultado morte ou lesão; (b) negligência: é a culpa que deriva da inobservância/omissão em relação à observância de uma regra de cuidado, como uma falta de cautela do médico, que durante uma cirurgia utiliza instrumentos cirúrgicos não esterilizados, que são causa de infecção e morte de um paciente; (c) imperícia: é a falta de habilidade ou competência técnica no exercício da profissão, que pode acarretar consequências delitivas.

[...]

(SOUZA, Paulo Vinícius Sporleder de. Direito Penal Médico. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009, p. 26. Adaptado.)

PROPOSTA 1 – ARTIGO DE OPINIÃO

Artigo de opinião é um gênero do discurso argumentativo em que o autor expressa a sua opi nião sobre determinado tema, deixando bem marcada uma argumentação que sustente a defesa do ponto de vista apresentado.

Imagine que você é articulista de uma revista semanal e foi convidado(a) a escrever sobre a alta incidência de erro médico no Brasil. Escreva, então, um artigo de opinião em que apresente o seu ponto de vista sobre o tema: Erro médico: os limites entre a fatalidade e o crime. Você deverá usar argumentos convincentes e persuasivos. 

NÃO SE IDENTIFIQUE NO TEXTO

PROPOSTA 2 – CARTA DE LEITOR

Carta de leitor é um gênero discursivo em que o autor do texto dirige-se a um interlocutor específico ou ao editor da mídia jornalística com o objetivo de defender um ponto de vista sobre um tema. Apresenta informações, fatos e argumentos que caracterizam um ponto de vista sobre determinada questão.

Reflita sobre o tema Erro médico: os limites entre a fatalidade e o crime e escreva uma carta de leitor endereçada à jornalista Paula Diniz, autora do texto Vaidade em risco (Coletânea, Texto 1), em que apresente o seu ponto de vista sobre o tema. Considere as marcas de interlocução peculiares ao gênero carta na construção do seu texto e apresente argumentos convincentes. Utilize a coletânea e seus conhecimentos prévios sobre o tema.

NÃO SE IDENTIFIQUE NO TEXTO

PROPOSTA 3 – CRÔNICA

Crônica é um gênero discursivo que relata acontecimentos do cotidiano e pode apresentar os elementos básicos da narrativa (fatos, personagens, tempo, espaço, enredo). Possui leveza, humor, bem como provoca reflexões sobre fatos da vida e dos comportamentos humanos.

Imagine a seguinte situação: você é um(a) cronista de um jornal de circulação nacional e é convidado(a) pelo editor a escrever sobre erro médico no Brasil. Escreva, então, uma crônica, apresentando narrador em primeira pessoa e diálogos que contribuam para o debate sobre o tema: Erro médico: os limites entre a fatalidade e o crime. Em sua crônica, o narrador protagonista está vivendo uma situação conflituosa que envolve médico, paciente e erro médico e em que se destaca a necessidade de um posicionamento crítico sobre o tema.

NÃO SE IDENTIFIQUE NO TEXTO

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