Redação FGV Relações Internacionais - 2021

Texto 1

Não é exato, como aliás já são poucos os que pretendem, que a Democracia possa se salvar como fórmula política, apenas mediante o apego a certos ideais jurídicos, que deram expressão adequada, em outras épocas, a formas então válidas de supremacia social. Também não é certo, como muitos ainda querem crer, que o futuro da Democracia dependa apenas do desenvolvimento econômico, e que o seu fortalecimento possa se medir no crescimento da renda nacional ou do seu índice per capita. O crescimento da renda nacional, mesmo quando se processa a uma taxa superior à do aumento demográfico, pode reverter, graças à má distribuição social da riqueza, em benefício de setores limitados da população, e agravar temporariamente, em vez de atenuar, as tensões sociais internas, que comprometem a estabilidade das instituições democráticas e dela fazem um poderoso instrumento, não a serviço da reconciliação, mas a serviço da opressão.

F. C. de San Tiago Dantas.

Texto 2

A democracia, como ideologia e como prática, pode, é bem verdade, servir ao capitalismo. Mas ela é sempre, ao mesmo tempo, uma arma muito perigosa para os poderes dominantes. Pela simples razão de que, no fundo, menos do que exprimir o sistema econômico ou possibilitar a dominação de classes ou grupos de privilegiados, a democracia tem um impulso próprio e, nesse sentido, representa um vetor de oposição virtual a uma forma social em que predomina a desigualdade. Mesmo se deformada, a democracia tem como princípio a igualdade, e nesse sentido ela é virtualmente – e, sob certas condições, efetivamente – uma força de oposição ao capitalismo, já que o princípio deste é a desigualdade.

Ruy Fausto.

Texto 3

Desigualdade é ameaça à democracia, diz Piketty

– O senhor escreve que a desigualdade é uma ameaça à democracia. Vivemos numa democracia de plutocratas*?
– É uma ameaça verdadeira. O capitalismo do século 21 traz extrema desigualdade. Até certo ponto, essa extrema desigualdade pode trazer riscos para as instituições democráticas. Outra ameaça é a resposta nacionalista. Sempre quando não conseguimos resolver os problemas sociais é tentador achar alguém para culpar: trabalhadores estrangeiros, outros países, a Alemanha, a China. É preciso discutir uma taxação adequada para assegurar benefícios gerais. Senão, correremos sérios riscos. A batalha política é muito complicada. As pessoas precisam entender as opções que existem e é importante discuti-las, discutir sobre taxação.

– O sr. defende a ideia de uma taxa progressiva global para o capital. No passado, como mostra o seu livro, guerras e revolução foram cruciais para que governos decidissem taxar os ricos e melhorar a distribuição de riqueza. Somente guerras e revoluções podem mudar a situação atual?
– Sou muito mais otimista. Penso que as instituições democráticas podem responder ao avanço da desigualdade e fazer instituições educacionais e fiscais mais inclusivas e progressivas. Mas para isso acontecer precisamos de mais transparência sobre renda e riqueza. Essas são questões que dizem respeito a todos, não apenas a economistas

. Entrevista de Thomas Piketty a Eleonora de Lucena, Folha de S. Paulo.

* “plutocratas”: relativo a plutocracia, sistema político no qual o poder é exercido pelo grupo mais rico.

Texto 4

A desigualdade social e a erosão da democracia

Num painel de discussão realizado pelo FMI em 19 de abril de 2019, cuja temática era “Income Inequality Matters”, Christine Lagarde trouxe algumas informações relevantes. De início, Lagarde afirmou que o grande desafio da atualidade é fazer com que o crescimento econômico seja mais inclusivo. Além disso, a presidente do FMI declarou que a desigualdade em níveis extremos prejudica o crescimento, mina a confiança e alimenta as tensões políticas. Pinelopi Goldberg, economista chefe do Banco Mundial, por sua vez, comentou que a desigualdade é, provavelmente, o problema mais grave das economias avançadas no mundo contemporâneo. A economista lembrou que a desigualdade em níveis extremos produz inquietação social, e citou a Revolução Francesa e a Revolução de Outubro como marcos emblemáticos de um cenário desolador no que diz respeito à concentração da riqueza.

As evidências se acumulam há décadas: não há mais como justificar que os patamares atuais de concentração da renda e da riqueza podem ser benéficos para a economia ou para a sociedade. Portanto, cumpre indagar: se não há argumentos sólidos que justifiquem a manutenção dos níveis atuais de desigualdade social, qual é o grande obstáculo que nos impede de transformar essa situação e superar esse grave problema?

Tomás Rigoletto Pernías, Le Monde Diplomatique Brasil.

A exacerbação da desigualdade de renda, reconhecida por estudiosos e gestores dos mais variados quadrantes ideológicos, trouxe de volta, em novo patamar, a questão das confluências e contradições entre democracia e desigualdade social. Desse assunto, tratam os textos acima reproduzidos. Com base nas ideias neles contidas, bem como em outras informações que julgue pertinentes, redija uma dissertação em prosa sobre o tema:

A desigualdade social constitui uma ameaça à democracia?

(O texto deverá conter, no mínimo, 230 e, no máximo, 430 palavras digitadas.)

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