Redação sobre o Preconceito Linguístico

Redação sobre o Preconceito Linguístico

Redação UEL 2022 

Leia o texto a seguir.

Eliminar o capacitismo é desafio para a sociedade

O Brasil possui mais de 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência. O levantamento é do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e corresponde a quase 25% da população do país. Mesmo com todo esse contingente de pessoas, ainda há muita discriminação. Esse preconceito é definido como capacitismo, expressão na língua brasileira que se refere às ações e expressões que as inferiorizam. O termo é pautado na construção social de um corpo padrão perfeito denominado como “normal” e da subestimação da capacidade e aptidão de pessoas em virtude de suas deficiências.

A pesquisadora em Educação, Martinha Clarete Dutra dos Santos, foi diretora de Políticas de Educação Especial da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, do Ministério da Educação. Para ela, as formas de manifestação de preconceito, de discriminação e de violência no capacitismo se comparam ao machismo, ao racismo, à lesbofobia e à homofobia. Doutora em Educação pela Unicamp, Santos vem estudando o tema há anos. “O capacitismo parte do pressuposto que existe um padrão de normalidade e quem não estiver neste padrão sensorial é uma pessoa incapaz”, destacou. Segundo ela, o capacitismo reduz as pessoas a algum estado de invalidez e deixa de reconhecer a plenitude daquela pessoa e todas as suas possibilidades. Com isso a pessoa se isenta das suas responsabilidades perante a sociedade porque o que dificulta a vida de uma pessoa com deficiência são as barreiras. “Não é o fato de eu ser cega que me dificulta a vida. Se eu tenho acessibilidade, a cegueira passa a ser uma das minhas características e não significa que eu vá ter dificuldade. Quem institui a barreira que me coloca em desvantagem em relação a outra pessoa é a sociedade”, apontou.

Ela também reclama do preconceito linguístico utilizado de forma indiscriminada por boa parcela da população. “Quando a pessoa vai xingar um governante, o que diz? Que ele é um autista. Que ele é surdo e não escuta o povo. Que ele é cego ao não ver os problemas. Por que a cegueira tem que ser o sinônimo de ignorância?”, questiona.

“Uma sociedade democrática, justa e igualitária deve refletir isso na forma de comunicação. Eu não devo dizer que a pessoa está na lista negra, para mencionar que é onde eu registro coisas ruins, ou que mulher ao volante é perigo constante. Ou dizer que uma atividade ruim é um programa de índio, menosprezando o indígena”.

Santos observa que, muitas vezes, as pessoas dizem: “Olha, ele é cego, mas trabalha. Ela é deficiente física, mas casou”. A pesquisadora ressalta que essa conjunção adversativa exprime a contrariedade e não é a exceção. “Uma pessoa deficiente física não pode casar? Um cego não pode trabalhar?”

Ela ressaltou que inclusão não é conjugar igualdade e diferença. “Eu tenho direito a ser igual quando a diferença me inferioriza e tenho direito de ser diferente quando a igualdade me descaracteriza”.

Adaptado de: OGAWA, Vítor. Eliminar o capacitismo é desafio para a sociedade. Folha de Londrina, Londrina, 28 set. 2021. Cidades.

Com base no texto, redija um texto dissertativo-argumentativo que coloque em discussão a seguinte afirmação da pesquisadora em Educação, Martinha Clarete Dutra dos Santos: “Eu tenho direito a ser igual quando a diferença me inferioriza e tenho direito de ser diferente quando a igualdade me descaracteriza”.

Justificativa: O texto dissertativo-argumentativo tem como objetivo persuadir e convencer, ou seja, levar o leitor a concordar com a tese defendida. É expressa uma opinião crítica acerca de um assunto, sendo defendida uma tese sobre esse assunto através de uma argumentação clara e objetiva, fundamentada em fatos verídicos e dados concretos. A apresentação e defesa da tese desenvolvem-se através da estrutura textual típica de introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução ocorre a apresentação de um assunto e de uma tese que será defendida sobre esse assunto. Assim, após a identificação de um problema num determinado assunto, é apresentada a tese de forma clara e objetiva, sendo essencial que esta esteja bem definida e delimitada. A reflexão crítica sobre a tese e sua argumentação será feita no desenvolvimento do texto. No desenvolvimento ocorre a apresentação e a exploração dos diversos argumentos que suportam a tese. Podem ser apresentados através do reconhecimento das causas e consequências do problema, da identificação de seus aspectos positivos e negativos ou da contra-argumentação de uma tese contrária. Pode haver um foco no argumento justificando a tese ou um foco na tese que ocorre por um determinado argumento. O que importa é que se utilize uma linguagem coerente, objetiva e precisa. A apresentação dos argumentos deve seguir uma sequência lógica. Pode haver um argumento principal e argumentos auxiliares ou vários argumentos fortes. O mais importante é que estes sejam objetivos e detalhados e que haja conexão entre eles. Os diversos argumentos deverão ser sustentados com exemplos e provas que os validem, tornando-os indiscutíveis, como: fatos comprovados; conhecimentos consensuais; dados estatísticos; pesquisas e estudos; citações de autores renomados; alusões históricas; fatores sociais, culturais e econômicos, dentre outros. Estas estratégias argumentativas validam os argumentos, dotando-os de autoridade, consenso, lógica, competência e veridicidade. Na conclusão há a retomada e a reafirmação da tese inicial, já defendida pelos diversos argumentos apresentados no desenvolvimento. Pode ocorrer a apresentação de soluções viáveis ou de propostas de intervenção. A conclusão aparece como um desfecho natural e inevitável visto o pensamento do leitor já ter sido direcionado para a mesma durante a apresentação dos argumentos.

Redação Puc-RS 2012 

A seguir, é apresentado um tema. Elabore um texto dissertativo com 25 a 30 linhas, no qual você exporá suas ideias a respeito do assunto.

Ao realizar sua tarefa, tenha presentes os seguintes aspectos:

  • Você deverá escrever uma dissertação; portanto, mesmo que seu texto possa conter pequenas passagens narrativas ou descritivas, nele deverão predominar suas opiniões sobre o assunto que escolheu.
  • Evite fórmulas preestabelecidas ao elaborar seu texto. O mais importante é que ele apresente ideias organizadas, apoiadas por argumentos consistentes, e esteja de acordo com a norma culta escrita.
  • Procure ser original. Não utilize em sua dissertação cópias de textos da prova nem de parágrafos que introduzem os temas para a redação.
  • Antes de passar a limpo, à tinta, na folha definitiva, releia seu texto com atenção e faça os reparos que julgar necessários.
  • Não é permitido usar corretor líquido. Se cometer algum engano ao passar a limpo, não se preocupe: risque a expressão equivocada e reescreva, deixando claro o que pretende comunicar.
  • Lembre-se de que não serão considerados:
    •  textos que não desenvolverem um dos temas propostos;
    •  textos redigidos a lápis ou ilegíveis.

Boa prova!

TEXTO

Não tive acesso ao conteúdo do livro “Por uma vida melhor”, apenas a pequenos trechos. Portanto, falo com base em informações e opiniões de terceiros. Nessa perspectiva, vejo como positivo o debate que a abordagem pouco ortodoxa dos autores desencadeou, pondo fogo a um tema em geral tido como irrelevante: a língua materna em uso. Entretanto, um trecho da obra me preocupou, e destaco: “Posso falar ‘os livro’?” “Claro que pode, mas dependendo da situação, a pessoa pode ser vítima de preconceito linguístico”.

Para começar, pedir licença para falar de um determinado jeito é um tiro no pé da tese defendida em “Por uma vida melhor”. Porque pedir licença, neste contexto, é reconhecer o poder do outro sobre nós – o que parece ser exatamente o contrário do que os autores pregam. Além disso, a resposta “Claro que pode” é inócua: o aluno tanto sabe que pode que usa essa concordância rotineiramente.

O problema maior, bem mais sutil e muito mais complicado, porém, está na segunda parte da fala. Agir livre de preconceito, o oposto de fazer alguém “vítima de preconceito”, implica não só aceitar as pessoas como são, mas também acreditar que todos sejam capazes de evoluir por méritos próprios. Ao afirmar que a modalidade “permitida” pode vitimizar quem a utiliza – pela ação do “outro ameaçador” –, os autores estão deslocando o foco da importância de construir conhecimento de modo autônomo e reflexivo e enfatizando o julgamento alheio, novamente reforçando o preconceito. Ora, aula de língua materna é aula de cidadania, e ninguém se torna cidadão por receio do “outro ameaçador”. O aluno deve ter oportunidade de conhecer e desenvolver múltiplas linguagens porque assim ele poderá expressar ideias e sentimentos com mais autonomia. E, talvez, com menos preconceito.

Tudo isso pode parecer muito sutil, mas a linguagem é feita de sutilezas, para o bem ou para o mal.

Marisa M. Smith. PUCRS, Notícias FALE, junho, 2011.

TEMA 

O aluno deve ter oportunidade de conhecer e desenvolver múltiplas linguagens porque assim ele poderá expressar ideias e sentimentos com mais autonomia.

Como instrumento de comunicação, a língua materna pode apresentar muitas variações, dependendo da situação e dos falantes. O padrão culto da língua é uma dessas variantes, e usá-lo com familiaridade e adequação em situações formais pode trazer benefícios.

Se você quiser abordar este tema, disserte sobre a importância de conhecer e desenvolver o padrão culto da língua, justificando seu ponto de vista por meio de argumentos e de exemplos.

Redação Unifesp 2012 

Observe a charge, publicada no Diário de Guarulhos em 18.05.2011.

Livro aprovado pelo MEC aceita erros de concordância

Charges como essa inspiraram-se na polêmica instalada devido à orientação sobre variação linguística em um livro didático produzido para a Educação de Jovens e Adultos, Por uma vida melhor, distribuído pelo Ministério da Educação (MEC). A passagem polêmica traz as seguintes informações:

Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado.

polêmica instalada devido à orientação sobre variação linguística em um livro didático

Você acha que o autor dessa frase se refere a um livro ou a mais de um livro? Vejamos: O fato de haver a palavra os (plural) indica que se trata de mais de um livro. Na variedade popular, basta que esse primeiro termo esteja no plural para indicar mais de um referente. Reescrevendo a frase no padrão da norma culta, teremos:

Os livros ilustrados mais interessantes estão emprestados.

Você pode estar se perguntando: ‘ Mas eu posso falar ‘os livro’?”

Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando todas as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião.

Sírio Possenti, professor da Unicamp, em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, em 22.05.2011, afirmou: “O jornalismo nativo teve uma semana infeliz. Ilustres colunistas e afamados comentaristas bateram duro em um livro, com base na leitura de uma das páginas de um dos capítulos. Houve casos em que nem entrevistado nem entrevistador conheciam o teor da página, mas apenas uma nota que estava circulando (meninos, eu ouvi). Nem por isso se abstiveram de ‘analisar’.” O professor apontou três pontos fundamentais sobre o assunto:

I. “Uma questão refere-se ao conceito de regra: quem acha que gramática quer dizer gramática normativa toma o conceito de regra como lei e o de lei como ordem: deve-se falar / escrever assim ou assado; as outras formas são erradas. Mas o conceito de regra / lei, nas ciências (em linguística, no caso), tem outro sentido: refere-se à regularidade (...). ‘Os livro’ segue uma regra. E uma gramática é conjunto de regras, também descritivas.”

II. “Outro problema foi responder ‘pode’ à pergunta se se pode dizer os livro. ‘Pode’ significa possibilidade (pode chover), mas também autorização (pode comer buchada). No livro, ‘pode’ está entre possibilidade e autorização. Foi esta a interpretação que gerou as reações. Além disso, comentaristas leram ‘pode’ como ‘deve’. E disseram que o livro ensina errado, que o errado agora é certo.”

III. “A terceira passagem atacada foi a advertência de que quem diz ‘os livro’ pode ser vítima de preconceito. Achou-se que não há preconceito linguístico. Mas a celeuma mostra que há, e está vivíssimo. Uma prova foi a associação da variedade popular ao risco do fim da comunicação. Li que o português ‘correto’ é efeito da evolução (pobre Darwin!). Ouvi que a escrita (!) separa os homens dos animais!”

Em artigo na revista Veja, em 25.05.2011, a escritora Lya Luft disse: “O livro e a ideia que o fundamenta começam a merecer críticas de entidades como a Academia Brasileira de Letras e de centenas de estudiosos. Eu o vejo como o coroamento do descaso, da omissão, da ignorância quanto à língua e de algum laivo ideológico torto, que não consigo entender bem. Acrescenta: “Essa variedade se chama adequação, é essencial, é natural e enriquece a língua. Mas querer que a escola ignore que existe uma língua-padrão, que todos temos o direito de conhecer, é nivelar por baixo, como se o menos informado fosse incapaz. É mais uma vez discriminar quem não pôde desenvolver plenamente suas capacidades.”

No dia 19.05.2011, em seu Editorial, a Folha de S.Paulo publicou: “O episódio, que faz lembrar as ferozes controvérsias gramaticais da República Velha (1889-1930), é menos relevante em si do que pelo que reitera em termos de mentalidade pedagógica. De algumas décadas para cá, a pretexto de promover uma educação ‘popular’ ou ‘democrática’, muitos educadores dedicam-se a solapar toda forma de saber implicada no repertório de conteúdos que a humanidade vem acumulando ao longo das gerações. Em vez da revolução pedagógica que apregoam, o resultado tem sido a implantação despercebida da lei do menor esforço nas escolas. Estuda-se pouco e ensina-se mal. Isso – e não suscetibilidades gramaticais – é o que deveria preocupar.”

Por fim, veja-se a posição da Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN): “O livro acata orientações dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) já em andamento há mais de uma década. Outros livros didáticos também englobam a discussão da variação linguística para ressaltar o papel e a importância da norma culta no mundo letrado. Portanto, nunca houve a defesa de que a norma culta não deva ser ensinada. Ao contrário, entende-se que esse é o papel da escola, garantir o domínio da norma para o acesso efetivo aos bens culturais e para o pleno exercício da cidadania. Esta é a única razão que justifica a existência da disciplina de Língua Portuguesa para falantes nativos de português.” Conclui-se o texto: “é importante esclarecer que o uso de formas linguísticas de menor prestígio não é indício de ignorância ou de outro atributo que queiramos impingir aos que falam desse ou daquele modo. A ignorância não está ligada às formas de falar ou ao nível de letramento. Aliás, pudemos comprovar isso por meio desse debate que se instaurou em relação ao ensino de língua e à variedade linguística.”

Com base nas informações apresentadas – e em outros conhecimentos sobre o assunto discutido – elabore um texto dissertativo, em norma-padrão da língua, abordando o seguinte tema:

A questão da variação linguística no contexto da educação

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