Redação sobre Linguagem Neutra

Redação sobre Linguagem Neutra

Redação FGV-ECON 2022 

Texto 1

O que é linguagem inclusiva e linguagem neutra?

A linguagem inclusiva ou não sexista é aquela que busca comunicar sem excluir ou invisibilizar nenhum grupo e sem alterar o idioma como o conhecemos. Essa linguagem propõe que as pessoas se expressem de forma que ninguém se sinta excluído, utilizando, para isso, palavras que já existem na língua. Um exemplo é algo que escutamos bastante hoje em dia de pessoas que começam seus discursos ou apresentações dizendo “Boa noite a todos e todas”. O objetivo aí é abranger tanto homens como mulheres na conversa.

A linguagem neutra ou não binária, embora tenha o mesmo propósito de incluir todas as pessoas, apresenta propostas para alterar o idioma e aqui entram, por exemplo, as novas grafias de palavras como as que mencionamos no início deste texto: amigxs, tod@s, todes. Os maiores defensores dessas mudanças são ativistas do movimento feminista e LGBTQIA+, que veem na nossa língua uma ferramenta a mais para perpetuar desigualdades.

https://www.politize.com.br/linguagem-inclusiva-e-linguagem-neutra-entenda/. Publicado em 9 de março de 2021. Adaptado.

Texto 2

A língua sob pressão

A linguagem neutra está no centro de um debate político que promete ainda gerar muita polêmica e discussões acaloradas. Enquanto se desenvolve como uma demanda de pessoas que não se identificam com os gêneros masculino e feminino e é defendida com ardor por membros da comunidade LGBTQIA+, a proposta vem sendo atacada por grupos conservadores e descartada por gramáticos. Em 15 estados e no Distrito Federal, deputados bolsonaristas se articulam para proibir o uso da linguagem neutra nas escolas públicas e privadas. Em Santa Catarina, um decreto do governador Carlos Moisés (PSL) já impede que seja adotada. Os opositores da mudança alegam que precisa ser garantido aos estudantes o direito ao aprendizado da língua portuguesa conforme a norma culta e as orientações legais de ensino definidas com base nas orientações nacionais de educação e pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), consolidado pela Academia Brasileira de Letras (ABL). O deputado Cabo Junio Amaral (PSL-MG) acusa as palavras sem gênero de “aberração linguística”.

O que está em discussão é a criação de vocábulos que não sejam masculinos ou femininos e que sejam usados para se referir a gays e lésbicas, por exemplo. Para isso já se propôs que o “a” e “o” fossem substituídos nos pronomes, substantivos e adjetivos neutros por “x” ou “@”, permitindo que, além de “ele” ou “ela”, houvesse um pronome pessoal “elx” ou “el@”. Outra ideia é que se utilize o “e” em pronomes indefinidos como “todos” ou “todas”, que ganhariam uma terceira forma, “todes”.

A ABL (Academia Brasileira de Letras), porém, que cuida da parte normativa, não tem a mesma visão, simplesmente porque a estrutura do português não suporta um gênero neutro, que existia no latim e persiste no alemão, mas desapareceu nas línguas neolatinas. “A gramática é como um edifício, você mexe na parte externa, que é a pintura, que são as palavras, mas não na estrutura, na parte interna”, afirma o filólogo Evanildo Bechara.

A imediata inviabilidade gramatical não impede que grupos engajados desenvolvam seus símbolos e que a linguagem neutra vá encontrando seus próprios caminhos discursivos. Apesar de contrariar as normas, ela está associada a um debate importante sobre cidadania, inclusão e diversidade. Mesmo que não seja adotada de maneira generalizada, ela pode ser utilizada pragmaticamente e aos poucos por grupos em defesa de sua identidade.

Vicente Vilardaga, 30/07/21. Publicado no site: https://istoe.com.br/a-lingua-sob-pressao/. Adaptado.

Texto 3

França proíbe linguagem de gênero neutro em escolas
Segundo o Ministério da Educação, a medida atrapalha o aprendizado dos alunos e prejudica as pessoas com deficiência mental

A França proibiu a linguagem de gênero neutro em escolas do país. Segundo comunicado emitido em 6 de maio pelo Ministério da Educação, a escrita inclusiva não é apenas contraproducente ao movimento que visa a combater eventuais discriminações sexistas, mas também prejudicial à prática e à inteligibilidade da língua francesa.

“Ao defenderem a reforma imediata e abrangente da grafia, os promotores da escrita inclusiva violam os ritmos do desenvolvimento da linguagem de acordo com uma injunção brutal, arbitrária e descoordenada, que ignora a ecologia do verbo”, asseveram Hélène d’Encausse, secretária da Academia Francesa, e Marc Lambron, diretor da Academia Francesa.

De acordo com o documento, a igualdade entre homens e mulheres deve ser construída, promovida e garantida pelo país, mas sem sujeição à linguagem neutra. “Essas armadilhas artificiais são inoportunas e atrapalham os esforços dos alunos com deficiência mental admitidos no âmbito do serviço público”, conclui o comunicado.

Edilson Salgueiro, 14/05/2021. Publicado no site: https://revistaoeste.com/mundo/franca-proibe-linguagem-de-genero-neutro-em-escolas/.

Texto 4

Aula

A linguagem é uma legislação, a língua é seu código. Não vemos o poder que reside na língua, porque esquecemos que toda língua é uma classificação, e que toda classificação é opressiva: ordo quer dizer, ao mesmo tempo, repartição e cominação. Jákobson mostrou que um idioma se define menos pelo que ele permite dizer, do que por aquilo que ele obriga a dizer. Em nossa Língua francesa (e esses são exemplos grosseiros), vejo-me adstrito a colocar-me primeiramente como sujeito, antes de enunciar a ação que, desde então, será apenas meu atributo: o que faço não é mais do que a consequência e a consecução do que sou; da mesma maneira, sou obrigado a escolher sempre entre o masculino e o feminino, o neutro e o complexo me são proibidos; do mesmo modo, ainda, sou obrigado a marcar minha relação com o outro recorrendo quer ao tu, quer ao vous; o suspense afetivo ou social me é recusado. Assim, por sua própria estrutura, a língua implica uma relação fatal de alienação. Falar, e com maior razão discorrer, não é comunicar, como se repete com demasiada frequência, é sujeitar: toda língua é uma reição generalizada.

Mas a língua, como desempenho de toda linguagem, não é nem reacionária, nem progressista; ela é simplesmente: fascista; pois o fascismo não é impedir de dizer, é obrigar a dizer.

Roland Barthes. Adaptado.

Texto 5

É difícil para uma mulher definir seus sentimentos numa linguagem que é feita principalmente pelos homens, para expressar os deles.

Thomas Hardy.

O crescente emprego, em nosso meio, da "linguagem inclusiva" e da "linguagem neutra" tem gerado controvérsia não só nos meios acadêmicos mas também nas esferas política, institucional, religiosa e em outras. Com base nos textos aqui apresentados, bem como em outras informações que considere relevantes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema:

O emprego tanto da "linguagem inclusiva" quanto da " linguagem neutra" se justifica?

(O texto deverá conter, no mínimo, 200 e, no máximo, 450 palavras digitadas.)

Redação Unioeste 2022 

Redija uma CARTA DO LEITOR para ser publicada no jornal online www.uol.com.br, manifestando seu posicionamento sobre o texto abaixo. Assine sua carta como João ou Maria.

Linguagem neutra: capricho ou necessidade?
Por Marie Declercq, 17 de abril de 2022

Em setembro, Rosa Laura, ativista da causa trans, não binária, gravou um vídeo em seu Instagram explicando como utilizar a linguagem neutra no dia a dia. O vídeo rapidamente viralizou, tanto pelo didatismo de Rosa Laura quanto pela revolta de usuários das redes sociais que consideraram a proposta um capricho do ativismo trans.
A linguagem neutra, ou linguagem não binária, não é obrigação imposta por nenhum movimento da causa LGBTQI+, mas uma discussão que propõe uma modificação na língua portuguesa para incluir pessoas trans não binárias, intersexo e as que não se identificam com os gêneros feminino e masculino. A ideia é criar um gênero neutro para ser usado ao se referir a coletivos ou a alguém que não se encaixa no binarismo.

As primeiras propostas foram trocar “o” e “a”, que em português são vogais-morfemas que definem o gênero das palavras, para “x” ou “@”. No entanto, esses sistemas foram contestados por serem exclusivamente escritos e também atrapalharem a leitura de pessoas com dislexia. Atualmente, o uso do “x” perdura em algumas iniciativas de inclusão de LGTBQIs, mas o que parece ser mais adaptável é usar a vogal “e” no final de palavras como substantivos e adjetivos. Assim, “Você é meu namorado” fica “Você é mi namorade”.

Para Monique Amaral de Freitas, doutoranda em Linguística pela USP (Universidade de São Paulo), apresentadora do podcast “Linguística Vulgar” e colunista no blog “Cientistas Feministas”, o debate está longe de ser irrelevante. Para a linguista, mesmo com os desafios morfológicos, não é impossível pensar em proposições mais inclusivas. E isso não necessariamente significa que há uma tentativa de “destruição” do português. “A história de uma língua sempre conta muito sobre a história de seus falantes, de modo que as coisas que falamos hoje em dia não brotaram da terra ou vieram prontas, mas dependem de nossa história como humanidade. Nesse sentido, as propostas já existentes seriam primeiros passos nesse movimento, e não uma forma final a ser imposta a todos os falantes”, afirma.

No caso do Brasil, a proposta de linguagem neutra exige, além de vontade política dentro da área da educação e da sociedade em geral, uma soma de forças de diversos setores da sociedade para assim desenvolver um sistema que possa ser aprendido por brasileiros já alfabetizados e pelos que estão em processo de alfabetização.

Fonte: https://tab.uol.com.br (adaptado)

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