Introdução à Redação

“Qualquer um de nós, senhor de um assunto, é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a redação, ao contrário do que muita gente pensa. Há apenas uma falta de preparo inicial, que o esforço e a prática vencem.”

(J. Mattoso Câmara Jr.)

produzindo textos em um computador e sentado em cima de livros

São muitas as afirmações de que todos podemos produzir textos escritos, independentemente de “talento”. Na verdade, precisamos de apenas três “talentos” para executar a tarefa da produção textual: hábito de leitura constante, muita vontade e treino constante.

Claro que não há como articular a linguagem, ou seja, usar as formas de expressão linguística, sem que se observem alguns conhecimentos de gramática da língua em que escrevemos. O texto escrito em português culto não admite deficiências graves, tais como “Haviam lugares vagos.” ou “Chegou os documentos.”

Em nossa língua, também há exigências de natureza gramatical. A produção do texto, entretanto, tem a gramática como sinal de preparo intelectual, como meio; como forma de comunicação entre pessoas de boa escolaridade, mas não como fim específico. Desta forma, e, guardadas as devidas proporções, criar o texto é atividade que independe do grau de “gramaticidade” de quem escreve.

O texto escrito é a expressão de nosso conhecimento e reconhecimento do mundo que há em redor de nós e do qual fazemos parte e do mundo interior, formado em nós. 

Todo texto faz parte de um conjunto de outros textos, conhecidos ou não, próximos ou distantes no tempo e no espaço, com os quais dialoga de forma consentânea ou não, explícita ou veladamente. Tal familiaridade entre os textos chama-se intertextualidade.

Nota:

O termo texto designa mais que uma página na qual se marcam palavras ou frases. É texto todo processo falado, escrito, desenhado que, por valer-se de signos, encerra algum dado decifrado por outrem.

A seguir, transcrevemos três textos escritos. São três Canções do Exílio: poemas compostos em épocas e espaços distintos e por poetas distintos. Observe que, a partir do primeiro poema — de Gonçalves Dias, poeta romântico ufanista — os dois outros poetas — Murilo Mendes e Carlos Drummond de Andrade, modernistas — usam o tema para expressar — Murilo, em tom mordaz e Drummond, nostálgico, dolorido — sua maneira particular de ver o “mundo” em que vivem.

Canção do exílio
Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Canção do exílio

Murilo Mendes

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torre de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos. 
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.

Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas,
nossas frutas mais gostosas,
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade.

Nova canção do exílio

Carlos Drummond de Andrade

Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.

O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata
e o maior amor.

Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.

Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida
voltar 
para onde tudo é belo
e fantástico;
a palmeira, o sabiá, o longe.

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