Carta argumentativa
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Carta argumentativa
A Universidade de Campinas (UNICAMP) inovou em seus vestibulares, quando há alguns anos, incluiu a possibilidade de que o candidato opte pela feitura de uma carta argumentativa. Com isto, a Universidade levantou a questão de duas modalidades de textos dissertativos: o expositivo e o argumentativo. O primeiro tem a finalidade de apresentar os pontos de vista, sem entrar no mérito de avaliação ou de julgamento. Vale como exemplo uma aula em que o professor expõe, demonstra uma teoria, mas não se envolve em avaliar os méritos do assunto: apenas expõe, para conhecimento de outrem, que poderá julgar. Por outro lado, o argumento prioriza a discussão, a defesa de ponto de vista, a avaliação.
A carta, solicitada na UNICAMP, em princípio, é uma dissertação com a obrigação de argumentar, contrapor, discutir dentro dos parâmetros racionais o ponto de vista alheio.
Evidentemente não se deve entender que a carta argumentativa sempre sirva para rebater a opinião alheia: pode, também, corroborar tal opinião, acrescentando argumentos interessantes.
Com relação ao receptor, a carta se caracteriza por apresentar um receptor explícito, tem destinatário definido, certo, previsto e conhecido; ainda que seja plural. O destinatário da carta argumentativa pode ser identificado nominalmente ou por estar incluído num mesmo âmbito sociocultural. As professoras Marina Ferreira e Tânia Pellegrini, em seu livro Redação: palavra e arte, Atual Editora, 1999, trazem bons exemplos do que incluem como cartas argumentativas. Convém ler um trecho extraído dos exemplos:
"Eu sou o começo de uma nova era. Vocês não entendem que eu sou um sinal? Vocês nunca me olharam durante décadas. Me odiavam porque eu sou sujo, feio e pobre. Sempre me rasparam de suas consciências, como hoje querem me raspar pelas balas. Hoje eu sou o início de vossa consciência social. Eu era sujo e feio, mas era inofensivo; uns roubos, uns assaltos, mas tudo bem. Eu me lembro que os bandidos chegaram até a ser famosos; vocês até os romantizavam, como o "Mineirinho" ou o "Cara de Cavalo". Vocês nos pintaram de dourado, criaram o mito da "favela dos meus amores". [...]" |
Que é que carateriza esse texto como carta? Carateriza-o como tal o fato de o emissor, sob a máscara de um favelado, ter um receptor explícito: a sociedade. O emissor argumenta com relação ao tratamento que a sociedade dispensa aos menos favorecidos. O texto tem valor dissertativo. É uma carta argumentativa.
Diferentemente do trecho acima, o fragmento seguinte explicita nominalmente o interlocutor. Trata-se de um modelo para o que a UNICAMP solicitou no Vestibular de 1991, Tema B:
São Paulo, 2 de novembro de 1990 Exmo. Sr. Deputado Maurílio Ferreira Lima, Consciente de que a educação de nossa gente, por infelicidade, ainda necessita de muito reparo, dirijo-me ao nobre deputado, com a finalidade de discutir alguns pontos, sobre os quais tenho opinião divergente. [...] |
Vistos os dois exemplos, fica claro que a carta argumentativa tanto pode ter um receptor difuso, como pode dirigir-se a um único interlocutor.
Quando se explicita nominalmente o interlocutor, há uma forma oficial de tratamento (veja quadro abaixo). Por outro lado, a dissertação, pura e simples, ou a carta argumentativa com receptor difuso destinam-se a "quem interessar possa", isto é, a um destinatário plural, indefinido, ainda que reúna características previsíveis relativamente ao tema, à linguagem, ao meio social e intelectual etc. Não há dúvida de que uma dissertação que aborde questões relativas à Economia, há de interessar aos receptores ligados a tal área, assim como temas da Medicina interessarão aos profissionais da Saúde.
O professor Celso Cunha informa sobre o emprego dos pronomes de tratamento - formas oficiais de alusão ao receptor. Convém conhecer as seguintes formas de tratamento reverente e as abreviaturas com que são indicadas na escrita:
ABREV. |
TRATAMENTO |
USADO PARA |
V.A. |
Vossa Alteza |
Príncipes, arquiduques, duques |
V. Em. ª |
Vossa Eminência |
Cardeais |
V. Ex. ª |
Vossa Excelência |
Altas autoridades civis e militares |
V. Mag. ª |
Vossa Magnificência |
Reitores de Universidade |
V. M. |
Vossa Majestade |
Reis e imperadores |
V. Ex.ª |
Vossa Excelência |
|
|
Reverendíssima |
Bispos e Arcebispos |
V. P. |
Vossa Paternidade |
Abades, superiores de convento |
|
Vossa Reverendíssima |
Padres e pastores |
V.S. |
Vossa Santidade |
Papa |
V.S.ª |
Vossa Senhoria |
Cidadãos em geral |
Levando-se em consideração o destinatário da carta, é necessário que o redator seja mais atencioso na busca do perfil do destinatário, deve procurar conhecê-lo melhor, seus pontos de vista sociais, religiosos, interesses políticos, grau de escolaridade etc.
É exigido, também, muito cuidado com o uso dos pronomes de tratamento, (ver quadro acima) a partir do vocativo, como se verá adiante.
Quanto à estrutura da carta argumentativa, o redator deverá proceder conforme se indica para a elaboração do texto dissertativo; deve haver uma introdução, um processo de desenvolvimento do tema abordado e uma conclusão. Se há receptor definido, singular, a carta trará a indicação de lugar e data, normalmente.
Nunca deve sobressair-se - em qualquer que seja o texto - um posicionamento radical, emotivo, ou mesmo grosseiro, gerado pelo ardor da defesa do ponto de vista. Deve impor-se a razão e o equilíbrio vocabular: uma questão de bom-gosto e educação esmerada.
Exemplo de carta ao Presidente da República:
LUGAR E DATA: |
São Paulo, 02 de agosto de 2001 |
VOCATIVO: |
Excelentíssimo Senhor... |
CARTA: |
É de conhecimento de Vossa Excelência que sua..... |
Exemplo de carta a um jornalista.
LUGAR E DATA: |
São Paulo, 02 de agosto de 2001 |
VOCATIVO: |
Ilustríssimo Senhor... |
CARTA: |
Li seu artigo no Jornal... |
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