ORIENTAÇÃO GERAL

Há a seguir três propostas de produção de texto escrito, a partir da concepção de gêneros textuais. Escolha uma delas e desenvolva o seu texto, em prosa, observando atentamente as orientações que acompanham cada proposta. Você deverá valer-se dos fragmentos da coletânea, bem como de seu conhecimento de mundo e dos fatos da atualidade. Observe que a proposta se direciona para um gênero específico de texto (crônica, manifesto e carta de leitor).

ALTERNATIVA A
Proposta: Um dos capítulos do romance Vidas secas é dedicado à cachorra Baleia, personagem que tem características humanizadas na narrativa. Nesse capítulo, Baleia, doente e prestes a morrer, leva um tiro de Fabiano que quer poupar-lhe sofrimento, mas o tiro não é certeiro e a cachorra, baleada, entra em estado de delírio e sonha com uma vida melhor enquanto espera a morte. Há a seguir um trecho desse capítulo. Sua tarefa é lê-lo, considerar todo o romance, suas leituras, sua visão de mundo e produzir um texto do gênero crônica*, obedecendo aos seguintes critérios: o texto deverá ser em primeira pessoa; a voz narrativa deverá ser a da cachorra Baleia, que contará o sonho ocorrido minutos antes de sua morte. *Para Antonio Candido, a crônica é uma espécie de narrativa que se caracteriza pela leveza, pelo humor, pela simplicidade, por narrar o cotidiano e por uma despretensão que humaniza e, assim sendo, acaba por ganhar certa profundidade.

TEXTO
A cachorra Baleia estava para morrer.

(...)

Uma noite de inverno, gelada e nevoenta, cercava a criaturinha. Silêncio completo, nenhum sinal de vida nos arredores. O galo velho não cantava no poleiro, nem Fabiano roncava na cama de varas. Estes sons não interessavam Baleia, mas quando o galo batia as asas e Fabiano se virava, emanações familiares revelavam-lhe a presença deles. Agora parecia que a fazenda se tinha despovoado.

Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia o que tinha sucedido. O estrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagem difícil do barreiro ao fim do pátio desvaneciam-se no seu espírito.

Provavelmente estava na cozinha, entre as pedras que serviam de trempe. Antes de se deitar, sinhá Vitória retirava dali os carvões e a cinza, varria um molho de vassourinha o chão queimado, e aquilo ficava um bom lugar para cachorro descansar. O calor afugentava as pulgas, a terra se amaciava. E, findos os cochilos, numerosos preás corriam e saltavam, um formigueiro de preás invadia a cozinha. A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito de Baleia. Do peito para trás era tudo insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carne meio comida pela doença. Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra.

(...)

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 1998. p.90-91.

ALTERNATIVA B
Proposta: A desvalorização da vida está presente em nossa realidade cotidiana de forma cada vez mais contundente. Por razões cada vez mais banais, assistimos a seqüestros, espancamentos, atropelamentos e assassinatos arquitetados tanto por desconhecidos quanto por parentes próximos. Uma das formas de expressão dessa barbárie é aquela planejada por algozes que se dizem apaixonados por suas vítimas. O último caso de grande repercussão na mídia retrata o seqüestro de uma jovem de 15 anos por seu ex-namorado que, inconformado com o fim do romance, intimida, oprime, agride fisicamente e mata, com a justificativa de ter sido rejeitado, preterido, frustrado em sua busca “amorosa”.

Com base na leitura dos textos da coletânea e de seus conhecimentos prévios sobre o assunto, pense na seguinte situação hipotética: você é parente de uma vítima ou de um acusado de crime passional e, motivado pela tragédia, escreve uma carta de leitor para uma revista de grande circulação em que expõe seu ponto de vista sobre o tema

Crime passional: a contradição expressa no ato de matar por amor.

COLETÂNEA A
TEXTO 1
(...)
É impressionante como, há tempos, no Brasil, os jovens não admitem ser contrariados. Quando querem alguma coisa, não enxergam o lado da outra parte e não lhe dão escolha: ou esta cede ou leva bala, quase sempre na cabeça, para não haver dúvida. Algo o país tem feito para disseminar tanto egoísmo e insensibilidade em seus filhos. Impressiona também como qualquer pessoa parece ter sempre uma arma carregada à mão. Com isso, entre nós, uma vida humana passou a valer menos que um cartucho deflagrado. Num recente plebiscito, o Brasil votou contra a limitação do uso de armas pela população. Optou por viver sob o tiroteio.

CASTRO, Rui. Ou cede ou leva bala. In: Folha de São Paulo, Caderno Opinião. São Paulo, 22 de outubro de 2008.

TEXTO 2

Thomate, no A Cidade(R. Preto), em 23/10/2008. Disponível em: www. chargeonline.com. br. Acesso em: 23/10/2008.

TEXTO 3
Crime passional

“Temos que dar um basta na violência que vem assolando o Brasil nos últimos tempos. A quantos homicídios passionais ainda teremos de assistir, impassíveis, neste país, enquanto não mudarmos a cultura da propriedade e posse de seres humanos? É nisso que a sociedade e a mídia brasileira têm de investir, caso contrário, continuaremos a discutir quem atirou primeiro.

Ninguém é obrigado a ficar com alguém ou manter um relacionamento na base da violência. Essa é uma grave violação dos direitos humanos. Amor é o sentimento mais nobre dos seres humanos, que só vinga com liberdade. É uma manifestação saudável, enquanto a paixão é patológica e destrutiva.”

Turíbio Liberatto (São Caetano do Sul, SP) FOLHAONLINE, Painel do Leitor em 30/10/2008. Disponível em: www.folha.com.br. Acesso em: 5/11/2008.

TEXTO 4
(...)

Eloá não foi um caso isolado de homicídio passional. Foi apenas mais um. São muitas as mulheres que morrem ao romper o relacionamento amoroso com o marido ou o namorado. É inacreditável que, com tantos avanços conquistados pelas mulheres ao longo do último século, os crimes passionais continuem ocorrendo no País com a mesma intensidade.

Importa esclarecer que passionalidade não se confunde com violenta emoção. O termo “passional” deriva de paixão, não de emoção, nem de amor. Não é um homicídio de impulso, ao contrário, é detalhadamente planejado (...).

Por que o homem precisa matar a mulher que o rejeita? Não seria suficiente separar-se dela e arrumar outra? Por que tantos homens aparentemente normais e pacíficos reagem de forma brutal e insana quando são desprezados ou simplesmente substituídos? Foi assim com Pimenta Neves e Sandra Gomide, Doca Street e Ângela Diniz, Lindomar Castilho e Eliane de Gramont, Eduardo Galo e Margot Proença, Euclides da Cunha e Ana Ribeiro. São numerosos os casos de homicídio passional ao longo da história de nosso país, mas muito pouco se discute sobre eles.

Na conduta do criminoso passional encontra-se embutida uma causa exógena, ou seja, uma pressão social para que ele não aceite a autodeterminação da mulher. Além do fato em si de ter sido desprezado, o passional preocupa-se em mostrar aos amigos e familiares que ainda continua no comando de sua relação amorosa e castigou com rigor aquela que ousou desafiá-lo. É a face deplorável do machismo. (...)

ELUF, Luiza Nagib. Caderno Opinião do ESTADÃO.COM.BR, em 24/10/2008. Disponível em: www.estadão.com.br. Acesso em: 5/11/2008.

ALTERNATIVA C

Proposta:
O ator Pedro Cardoso leu, no lançamento do filme Todo mundo tem problemas sexuais, de que é produtor, no Cine Odeon, Rio de Janeiro, um manifesto contra a pornografia na TV e no cinema. Isso tem provocado diferentes opiniões na classe artística, inclusive, entre diretores de cinema. O ator evita levantar a bandeira da censura, mas há quem considere esse posicionamento um retrocesso na liberdade de expressão. Há a seguir trecho do manifesto, um artigo de opinião de Zeca Baleiro sobre o assunto e comentários de vários diretores. Sua função é ler atentamente a proposta, os textos e escrever um manifesto, posicionando-se a favor ou contra o assunto.

TEXTO 1
Senhoras e senhores, nesta primeira exibição pública de “Todo Mundo Têm Problemas Sexuais”, eu gostaria de, na qualidade de ator e produtor do filme, compartilhar com vocês algumas preocupações a respeito da pornografia que percebo presente na quase totalidade da produção audiovisual mundial, e na brasileira especialmente; e como esta invasão está aviltando a profissão de ator e de atriz; e gostaria, de situar o filme no contexto desta questão.

A meu ver, as empresas que exploram a comunicação em massa (e as que dela fazem uso para divulgar seus produtos) apossaram-se de uma certa liberdade de costumes, obtida por parte da população nos anos 60 e 70, e fazem hoje um uso pervertido dessa liberdade. (...)Eu ambiciono o dia em que os atores e as atrizes saibam que podem e devem dizer “não” a cenas onde não se sintam confortáveis. O dia em que saibamos que não temos obrigação de tirar a roupa, que esta não é uma exigência do ofício de ator e sim da indústria pornográfica. O dia em que não nos deixaremos convencer por patéticos argumentos do tipo: “é fundamental para a história”, “a luz vai ser linda”, “você vai estar protegida”, “é só de lado”, “a gente vai negociar tudo”, “se você não gostar, depois eu tiro na edição”, e o pior argumento de todos, “vai ser de bom gosto”. E a conclusão de sempre “confie em mim”. E há também um argumento criminoso: “O programa é popular. Tem que ter calcinha e sutiã.” Como se a gente brasileira fosse assim medíocre.

Claro que somos imperfeitos, pornografia talvez sempre haverá. Mas que ela não seja dominante e absoluta. E, principalmente, que ela não seja irreconhecível, disfarçada de obra dramatúrgica, de entretenimento inocente. Isto é uma perversão de consequências trágicas porque rouba à arte o seu lugar. E a arte, mesmo quando seja entretenimento inocente, é fundamental para a nossa saúde coletiva. E se a pornografia também o for, que ela o seja, mas como pornografia, e não querendo se passar pela nossa vida de todo dia, no ar na novela das sete, ou mesmo das seis, como se aquelas situações fossem a coisa mais normal do mundo. Criam-se cenas de estupro, de banho, de exibicionismo, de adultério, ambientadas em boates, prostíbulos, etc, tudo apenas para proporcionar cenas de nudez. (...)

Claro que tudo isso nos é vendido como algo inofensivo, apenas uma crônica dos costumes do nosso tempo. Mas esse é o grande álibi para a disseminação da pornografia através do nosso trabalho. Há muito tempo estamos passando por esse constrangimento e fingimos que não. Temos mil desculpas esfarrapadas para nos enganar. Mas a verdade é que temos medo de ficar sem emprego. A pornografia é uma mercadoria muito fácil de vender, mas eu acredito que o público, por fim, a rejeita e se sente desrespeitado. Eu escrevi para televisão brasileira, em companhia de outros colegas, e para o teatro, obras que não tinham pornografia e que fizeram sucesso. (...)

Onde há pornografia, não há liberdade. Há alguém ganhando dinheiro e alguém sofrendo para produzir o dinheiro que este outro está ganhando. Quem se vê submetido à cena pornográfica, sempre sofre, mesmo apesar de seus possíveis comprometimentos subjetivos a tal submissão. O comprometimento eventual de alguns de nós, não legitima o ato agressivo de quem propõe a pornografia.

http://todomundotemproblemassexuais.zip.net Acesso em 29/10/2008.

TEXTO 2
O CINEMA NU
Zeca Baleiro

Sexo é o lirismo do povo, disse Baudelaire, com ironia, mas não sem razão. Talvez por isso novelas, canções, comerciais de tevê e filmes estejam tão impregnados de sexo e/ou de sugestões sexuais, porque seus idealizadores sabem, intuitiva e malandramente, do apelo que o sexo – ou ao menos as fantasias sobre este – tem sobre o público, em especial sobre as camadas mais populares.

(...)

Escrevo isso tudo para introduzir (com o perdão da palavra!) minhas considerações sobre a recente polêmica em torno das declarações do ator Pedro Cardoso sobre o excesso de nudez no cinema brasileiro. Concordo com o que ele disse, e quem fala isso não é um censor moralista nem um inquisidor medieval, mas um entusiasta do cinema nacional que sempre lamentou a gratuidade do nu nas telas tupiniquins, ainda que isso tenha rendido algumas pérolas, como as hilárias e toscas pornochanchadas, que se consagraram como um autêntico “gênero” de filme por estas plagas entre a década de 70 e meados da década de 80, gerando ícones impagáveis e eternos como Helena Ramos e Nuno Leal Maia, cuja volúpia respinga (com o perdão da palavra mais uma vez!) na cinematografia brazuca até hoje.

Tão curiosa quanto as próprias pornochanchadas foi a repercussão da frase do ator, entre moções de apoio e farpas de condenação, como a folclórica declaração do
sátiro Zé Celso Martinez Corrêa de que “o nu é o melhor figurino”. Diretores de cinema magoados repeliram também o “manifesto” do ator, alegando que os atores não são obrigados a tirar a roupa diante das câmeras, mas que, depois de aceita a empreitada, não lhes é dado o direito a reclamações. Razoável, me pareceu.

O que não me parece razoável de fato é o que vejo quase como um vício do cinema brasileiro, a tal gratuidade do sexo. Mesmo quando não parece necessário ou essencial à narrativa, mesmo quando filmado sem poesia ou rigor, quase sempre lá está o recurso fácil da nudez, os atores despidos e em ação, “sapecando o couro”. Bom frisar que o nu e o sexo já renderam, no cinema, cenas antológicas, seja pela plasticidade, seja pelo lirismo ou violência (ou por tudo isso junto), e de pronto me acorrem à memória a clássica “cena da manteiga” protagonizada por Marlon Brando e Maria Schneider em O último tango em Paris, o estupro de Laranja mecânica e a bela e brejeira nudez de Sônia Braga em Dona Flor e seus dois maridos, para não me estender demais. Inegável é que, ao longo dos anos, a nudez deixou seu posto de instrumento transgressor e afrontador da sociedade para ganhar status publicitário, banalizada em outdoors, comerciais e programas de tevê, big brothers da vida e programas de auditório. Em tempos de excessos, pois, haverá maior transgressão que a sobriedade?

Zeca Baleiro, ISTOÉ, 29/10/2008.

TEXTO 3

Comentários de diretores de cinema e TV sobre manifesto contra nudez, em FOLHA DE S. PAULO, 13/ 10/2008

• Penso que se uma cena de nudez estiver inserida em um contexto legítimo, como expressão genuinamente artística, sem traço algum de banalização, me parece algo bastante natural e belo. Há centenas de exemplos disto na história do cinema e da arte.”

Selton Mello, ator e diretor de cinema

• Conheço bem o Pedro Cardoso. Ele não é um moralista. A questão dele é política e trabalhista. Ele reclama da nudez como um apelo para ganhar dinheiro. Pedro está exagerando bastante, mas é um exagero por um bom motivo, para se contrapor ao exagero que vem no sentido contrário, já que você não tem uma boa cena, bota alguém de calcinha e pronto.

Jorge Furtado, cineasta

• É estúpido! Uma besteira, uma loucura, uma volta à Inquisição. O melhor figurino que existe é o nu. Não é a roupa que faz a interpretação. Você pode, nu, fazer uma cena como um pudico, envergonhado, ou, ao contrário, um exibicionista. Tem [Pedro Cardoso] todo o direito de ter pudor e não querer ficar nu, mas fazer manifesto é coisa de velha, de tia”.

Carlos Reichenbach, cineasta

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