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História da pintura, história do mundo
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O homem nunca se contentou em apenas ocupar os espaços do mundo; sentiu logo a necessidade de representá-los, reproduzi-los em imagens, formas, cores, desenhá-los e pintá-los na parede de uma caverna, nos muros, numa peça de pano, de papel, numa tela de monitor. Acompanhar a história da pintura é acompanhar um pouco a história da humanidade. É, ainda, descortinar o espaço íntimo, o espaço da imaginação, onde podemos criar as formas que mais nos interessam, nem sempre disponíveis no mundo natural. Um guia notável para aprender a ler o mundo por meio das formas com que os artistas o conceberam é o livro História da Pintura, de uma arguta irmã religiosa, da ordem de Notre Dame, chamada Wendy Beckett. Ensina-nos a ver em profundidade tudo o que os pintores criaram, e a reconhecer personagens, objetos, fatos e ideias do período que testemunharam. A autora começa pela Pré-História, pela caverna subterrânea de Altamira, em cujas paredes, entre 15000 e 12000 a.C., toscos pincéis de caniços ou cerdas e pó de ocre e carvão deixaram imagens de bisões e outros animais. E dá um salto para o antigo Egito, para artistas que já obedeciam à chamada “regra de proporção”, pela qual se garantia que as figuras retratadas − como caçadores de aves e mulheres lamentosas no funeral de um faraó − se enquadrassem numa perfeita escala de medidas. Já na Grécia, a pintura de vasos costuma ter uma função narrativa: em alguns notam-se cenas da Ilíada e da Odisseia. A maior preocupação dos artistas helenísticos era a fidelidade com que procuravam representar o mundo real, sobretudo em seus lances mais dramáticos, como os das batalhas. A arte cristã primitiva e medieval teve altos momentos, desde os consagrados à figuração religiosa nas paredes dos templos, como as imagens da Virgem e do Menino, até as ilustrações de exemplares do Evangelho, as chamadas “iluminuras” artesanais. Na altura do século XII, o estilo gótico se impôs, tanto na arquitetura como na pintura. Nesta, o fascínio dos artistas estava em criar efeitos de perspectiva e a ilusão de espaços que parecem reais. Mas é na Renascença, sobretudo na italiana, que a pintura atinge certa emancipação artística, graças a obras de gênios como Leonardo, Michelangelo, Rafael. É o império da “perspectiva”, considerada por muitos artistas como mais importante do que a própria luz. Para além das representações de caráter religioso, as paisagens rurais e retratos de pessoas, sobretudo das diferentes aristocracias, apresentam-se num auge de realismo. Em passos assim instrutivos, o livro da irmã Wendy vai nos conduzindo por um roteiro histórico da arte da pintura e dos sucessivos feitos humanos. Desde um jogo de boliche numa estalagem até figuras femininas em atividades domésticas, de um ateliê de ourives até um campo de batalha, tudo vai se oferecendo a novas técnicas, como a da “câmara escura”, explorada pelo holandês Vermeer, pela qual se obtinha melhor controle da luminosidade adequada e do ângulo de visão. Entram em cena as novas criações da tecnologia humana: os navios a vapor, os trens, as máquinas e as indústrias podem estar no centro das telas, falando do progresso. Nem faltam, obviamente, os motivos violentos da história: a Revolução Francesa, a sanguinária invasão napoleônica da Espanha (num quadro inesquecível de Goya), escaramuças entre árabes. Em contraste, paisagens bucólicas e jardins harmoniosos desfilam ainda pelo desejo de realismo e fidedignidade na representação da natureza. Mas sobrevém uma crise do realismo, da submissão da pintura às formas dadas do mundo natural. Artistas como Manet, Degas, Monet e Renoir aplicam-se a um novo modo de ver, pelo qual a imagem externa se submete à visão íntima do artista, que a tudo projeta agora de modo sugestivo, numa luz mais ou menos difusa, apanhando uma realidade moldada mais pela impressão da imaginação criativa do que pelas formas nítidas naturais. No Impressionismo, uma catedral pode ser pouco mais que uma grande massa luminosa, cujas formas arquitetônicas mais se adivinham do que se traçam. Associada à Belle Époque, a arte do final do século XIX e início do XX guardará ainda certa inocência da vida provinciana, no campo, ou na vida mundana dos cafés, na cidade. Desfazendo-se quase que inteiramente dos traços dos impressionistas, artistas como Van Gogh e Cézanne, explorando novas liberdades, fazem a arte ganhar novas técnicas e aproximar-se da abstração. A dimensão psicológica do artista transparece em seus quadros: o quarto modestíssimo de Van Gogh sugere um cotidiano angustiado, seus campos de trigo parecem um dourado a saltar da tela. A Primeira Grande Guerra eliminará compreensões mais inocentes do mundo, e o século XX em marcha acentuará as cores dramáticas, convulsionadas, as formas quase irreconhecíveis de uma realidade fraturada. O cubismo, o expressionismo e o abstracionismo (Picasso, Kandinsky e outros) interferem radicalmente na visão “natural” do mundo. Por outro lado, menos libertário, doutrinas totalitaristas, como a stalinista e a nazifascista, pretenderão que os artistas se submetam às suas ideologias. Já Mondrian fará escola com a geometria das formas, Salvador Dalí expandirá o surrealismo dos sonhos, e muitas tendências contemporâneas passam a sofrer certa orientação do mercado da arte, agora especulada como mercadoria. Em suma, a história da pintura nos ensina a entender o que podemos ver do mundo e de nós mesmos. As peças de um museu parecem estar ali paralisadas, mas basta um pouco da nossa atenção a cada uma delas para que a vida ali contida se manifeste. Com a arte da pintura aprenderam as artes e técnicas visuais do nosso tempo: a fotografia, o cinema, a televisão devem muito ao que o homem aprendeu pela força do olhar. Novos recursos ampliam ou restringem nosso campo de visão: atualmente muitos andam de cabeça baixa, apontando os olhos para a pequena tela de um celular. Ironicamente, alguém pode baixar nessa telinha “A criação do homem”, que Michelangelo produziu para eternizar a beleza do forro da Capela Sistina. (BATISTA, Domenico, inédito) |
REDAÇÃO
INSTRUÇÕES GERAIS
I. Dos cuidados gerais a serem tomados pelos candidatos:
1. Leia atentamente as propostas, escolhendo uma das três para sua prova de Redação.
2. Escreva, na primeira linha do formulário de redação, o número da proposta escolhida. A colocação de um título é optativa, a não ser quando expressamente solicitada.
3. Redija seu texto a tinta (em preto).
4. Apresente o texto redigido com letra legível (cursiva ou de forma), em padrão estético conveniente (margens, paragrafação etc.).
5. Não coloque o seu nome na folha de redação.
6. Tenha como padrão básico o mínimo de 30 (trinta) linhas.
II. Da elaboração da redação:
1. Atenda, com cuidado, em todos os seus aspectos, à proposta escolhida. Às redações que não atenderem à proposta (adequação ao tema e ao tipo de composição) será atribuída nota zero.
2. Empregue nível de linguagem apropriado à sua escolha.
3. Estruture seu texto utilizando recursos gramaticais e vocabulário adequados. Lembre-se de que o uso correto de pronomes e de conjunções mantém a coesão textual.
4. Seja claro e coerente na exposição de suas idéias.
III. Das propostas:
PROPOSTA I − DISSERTAÇÃO
Leia o editorial abaixo procurando apreender o tema que nele está desenvolvido. Em seguida, elabore uma dissertação em que você exponha, de modo claro e consistente, suas idéias acerca desse tema.
As imagens falaram por si mesmas. Encerrados 55 dias de protesto, os estudantes que estavam na escola Fernão Dias Paes, no bairro Pinheiros (zona oeste de São Paulo), promoveram um mutirão de limpeza antes de devolver o edifício à administração estadual.
Apresentaram um "termo de entrega", lido num jogral, pelo qual se comprometiam a reparar eventuais danos ao patrimônio público, citando como exemplos uma mesa e alguns espelhos quebrados.
Ao longo de toda a mobilização, houve registro de atividades culturais, festas e debates, assim como dos sinais, expressos em cartazes onde se especificavam as tarefas cotidianas, da organização com que se empreendeu o protesto.
Num movimento que, ao atingir seu auge, envolveu 196 escolas da rede pública em todo o Estado, naturalmente ocorreriam danos. O governo do estado aponta 81 incidentes desse tipo.
Sem minimizar tais eventos, que teriam resultado em prejuízo de R$ 1 milhão, é inegável que, de modo geral, o protesto se desenvolveu de forma pacífica, ordenada e feliz.
Pode-se certamente discordar dos objetivos do movimento. A reorganização intentada pelo governo estadual − num contexto em que, de 1998 a 2014, o sistema perdeu 2 milhões de alunos − faz sentido por razões econômicas e pedagógicas, embora a elas os estudantes não tenham dado atenção.
É melhor o desempenho das escolas onde se concentram alunos de uma única faixa etária. Além de aumentar em 52% o número de instituições desse tipo, o plano governamental previa utilizar quase 3.000 salas de aula hoje ociosas.
Decidido sem suficiente diálogo, porém, o projeto enfrentou reação ampla e surpreendente.
Surpresa sobretudo positiva. O movimento contou com a simpatia de parte expressiva da opinião pública; expôs as deficiências do sistema. No colégio Fernão Dias, por exemplo, viu-se um laboratório de química aparentemente há anos sem uso.
Os alunos expressaram comprometimento para com seu local de estudo. Aprenderam a se organizar e a ter voz ativa na sociedade; cresceram. Saem vitoriosos, e com eles a cultura democrática do país.
A lição de política foi boa. O que falta? Tudo aquilo que protestos, por si sós, são incapazes de prover. Faltam recursos públicos e qualidade de ensino. Faltam aulas de química − e de economia também.
(Adaptado de: Folha de S.Paulo. 07/01/2016)
PROPOSTA II − DISSERTAÇÃO
Leia atentamente os textos abaixo.
I. Romances e contos da literatura universal estão sendo adaptados para edições em quadrinhos. Trata-se de um recurso válido: as histórias narradas chegam a muito mais pessoas, graças à linguagem direta das imagens e ao texto reduzido ao que é essencial numa história.
II. As adaptações de textos literários para edições em quadrinhos, sob o pretexto de divulgar a literatura para um número maior de leitores, constituem um grande equívoco. A linguagem verbal tem, obviamente, características próprias, e nenhuma outra pode substituí-la com alguma vantagem.
Redija uma dissertação, na qual você argumentará a propósito das divergências representadas nos textos acima.
PROPOSTA III − NARRAÇÃO
Leia atentamente o texto seguinte:
Considere a situação narrada abaixo:
A festa em casa está animada, mas tem alguém tocando a campainha com tanta insistência que só pode ser reclamação.
Quando vou ver o que é, meus pais já estão à porta, tentando dialogar com o morador do apartamento ao lado, que veio acompanhado de Dona Carlota, a síndica do nosso prédio.
Desenvolva essa narrativa, valendo-se das personagens indicadas e, se quiser, de outras que você julgar necessárias para contar sua pequena história.
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