REDAÇÃO

O sociólogo Octavio Ianni (1926-2004), em trecho reproduzido no texto 1 desta prova, afirma o seguinte: “A história dos povos está atravessada pela viagem, como realidade ou metáfora. Todas as formas de sociedade, compreendendo tribos e clãs, nações e nacionalidades, colônias e impérios, trabalham e retrabalham a viagem, seja como modo de descobrir o ‘outro’, seja como modo de descobrir o ‘eu’’’.

Produza um texto dissertativo-argumentativo – claro, coerente e bem fundamentado –, no qual você apresente um ponto de vista sobre uma história – do noticiário, da tradição oral, da História Geral ou de ficção (parte de um filme, romance, conto, crônica, etc.) – que tenha como foco uma viagem. Você deverá, em cerca de 25 linhas, apresentar a história – colocando seus referentes completos –, e analisá-la à luz da mencionada citação de Ianni.

A seleção de textos a seguir tem por objetivo ajudá-lo a desenvolver suas próprias ideias a respeito da questão abordada. Alguns desses textos podem ser reproduzidos, em parte, na sua produção textual – assim como os demais constantes desta prova –, mas em forma de DISCURSO INDIRETO ou PARÁFRASE, com as devidas fontes mencionadas na redação. Coloque um título em seu texto. NÃO ASSINE.

Texto 1

O que não é uma viagem? Por menos que se dê um sentido figurado a esse termo – e jamais pudemos deixar de fazê-lo – a viagem coincide com a vida, nem mais, nem menos: o que é esta, além de uma passagem do nascimento à morte? O deslocamento no espaço é o indício primeiro, o mais óbvio, da mudança; ora, quem diz, diz mudança. O relato também se alimenta da mudança; nesse sentido, viagem e relato aplicam-se mutuamente. A viagem no espaço simboliza a passagem do tempo, o deslocamento físico o faz para a mudança interior; tudo é viagem, mas trata-se de um tudo sem identidade. A viagem transcende todas as categorias, incluindo a da mudança, do mesmo e do outro, pois desde a mais remota Antiguidade são acumuladas viagens de descobrimento, explorações do desconhecido, e viagens de regresso, reapropriação do familiar: os argonautas são grandes viajantes, mas Ulisses também o é.
[...] podemos, com um pouco mais de probabilidade de êxito, tentar distinguir, no próprio interior desse magma imenso, vários tipos de viagem, ou talvez várias categorias que permitem caracterizar as viagens particulares. A oposição mais comum, e que se impõe primeiramente, é a dos planos espiritual e material, ou, se preferirmos, do interior e do exterior. Tomemos dois exemplos célebres de relatos medievais: a Viagem de ultramar, de Mandeville, e A busca do Santo Graal. O primeiro descreve duas viagens (compostas de elementos reais e imaginários; mas podemos deixar essa distinção de lado, por enquanto), na Terra Santa e no Extremo-Oriente, lugares onde o autor descobre, para grande prazer de seus leitores, todas as espécies de seres maravilhosos, e ainda por cima o próprio Paraíso terrestre! O segundo descreve as aventuras dos cavaleiros da Távola Redonda, da corte do rei Artur, que partem em busca de um objeto misterioso e sagrado, o Graal; mas pouco a pouco esses cavaleiros descobrem que a busca em que estão envolvidos é de natureza espiritual, e que o Graal é uma entidade impalpável; por isso só os mais puros, Galaad e Perceval, podem alcançá-lo.[...]

Fragmento de artigo do fi lósofo Tzvetan Todorov, “Le voyage et son récit”, publicado em: Les morales de l’histoire (TODOROV, 1995). Tradução de Lea Mara Valezi Staut - publicação original no volume 39 (1999) da Revista de Letras. Rev. Let., São Paulo, v.46, n.1, p.231-244, jan./jun. 2006.

Texto 2

Entre os inúmeros narradores anônimos, dois grupos se interpenetram de múltiplas maneiras. [...] Quando alguém faz uma viagem, então tem alguma coisa para contar, diz a voz do povo e imagina o narrador como alguém que vem de longe. Mas não é com menos prazer que se ouve aquele que, vivendo honestamente do seu trabalho, ficou em casa e conhece as histórias e tradições de sua terra. Se se quer presentificar esses dois grupos nos seus representantes arcaicos, então um está encarnado no lavrador sedentário e o outro no marinheiro mercante.

Fragmento retirado do texto “O narrador” (1936), de Walter Benjamin (1892-1940). In: Os pensadores, nº 8 – Textos escolhidos: Benjamin, Horkheimer, Adorno, Habermas. 2ª ed.Trad.: José Lino Grunnewald et al. São Paulo: Abril Cultural, 1983; p.58.

Texto 3

[...] O viajante vai sempre optar por não viver onde estiver morando. Para ele, não estar em casa significa estar mais em casa do que em qualquer outro local. A busca de um lugar passa pela recusa de ter um lugar. Para se encontrar, ele tem de ir embora e não morar em lugar nenhum. [...] Incapazes de levar uma vida sedentária numa cidade qualquer, eles estão sempre na estrada. [...] Viajar, aqui, não é uma forma de chegar a algum lugar, mas de deixar para trás tudo aquilo que torna a vida insuportável. Estar em movimento é uma espécie de estado de suspensão. [...]

Fragmento retirado do capítulo “O viajante”, do livro Cenários em ruínas, de Nélson Brissac Peixoto. São Paulo: Brasiliense, 1987; p. 82-85.

Texto 4

Compreendemos, portanto, que as viagens sejam sempre experiências de estranhamento. E podemos mesmo observar que está, talvez, neste efeito de distanciamento, no sentimento de dépaysement (termo forjado com tanta felicidade pela língua francesa, cuja significação se aproximaria do nosso termo “desterro”, se tomássemos num registro exclusivamente psicológico e simbólico) que, de um modo ou de outro, sempre envolve o viajante (que não se mostra inabalavelmente frívolo), o seu núcleo essencial e sua expressão mais íntima.

Fragmento do artigo “O olhar do viajante”, de Sérgio Cardoso. In: NOVAES, Adauto. O olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p.359.

PUC-RIO 2013 - Grupo I

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