A duração total da prova é de cinco horas.

Contém duas propostas de redação. O candidato deve escolher apenas UMA delas para desenvolver. 

As questões interdisciplinares em inglês deverão ser respondidas em português.

TEMA 1

Você tem 15 anos e tem conta em redes sociais desde os 13 anos. Há seis meses, contudo, seu número de seguidores quintuplicou e alcançou a marca de quase um milhão. Desde que se tornou um/a digital influencer, vários parentes e amigos passaram a alertar seus pais sobre os perigos de sua superexposição na internet, enfatizando a importância de eles (seus responsáveis legais) acompanharem todas as postagens e todos os comentários recebidos nas suas redes. Seus pais foram até mesmo aconselhados por alguns amigos a fecharem as contas que você mantinha, sob a alegação de que a atividade poderia configurar um tipo de trabalho infantil (isto é, uma atividade que envolve crianças com idade inferior a 16 anos). Outros não viram problema com a sua fama e até perguntaram se seus pais já tinham se informado sobre como “monetizar” os seus perfis.

Após refletir sobre essas opiniões divergentes, você decide escrever, em um de seus perfis, um extenso post (“textão”) a respeito. No seu texto, você a) narra a sua trajetória até se tornar digital influencer e b) relata suas impressões acerca dessa experiência, assumindo um posicionamento sobre o fato de crianças e adolescentes atuarem como digital influencers.

Para escrever seu post, leve em conta a coletânea de textos a seguir:

1. Cyberbullying é o bullying realizado por meio das tecnologias digitais. Pode ocorrer nas mídias sociais, plataformas de mensagens, plataformas de jogos e celulares. É o comportamento repetido, com intuito de assustar, enfurecer ou envergonhar aqueles que são vítimas.

(Disponível em https://www.unicef.org/brazil/cyberbullying-o-que-eh-e-como-para-lo. Acessado em 13/09/2021.)

2. Apesar de a maior parte das plataformas exigir idade mínima de 13 anos para a criação de um perfil, não há um controle rígido, o que faz com que o acesso de crianças e adolescentes às redes sociais seja livre. E é justamente por isso que o papel das famílias e das escolas é crucial para protegê-los e conscientizá-los dos riscos da superexposição. A premissa de que as novas gerações “nascem sabendo” lidar com a tecnologia é totalmente enganosa e mascara a fragilidade delas perante os inúmeros riscos e perigos que as mídias sociais escondem. Os jovens precisam de controle parental, acompanhado de diálogo, para desenvolverem uma relação saudável com as redes. Controlar o uso não significa proibi-lo, mesmo porque o universo digital é parte fundante da cultura e sociabilidades juvenis contemporâneas. Entre os conteúdos deliberadamente nocivos e os construtivos, há uma gama imensa de riscos implicados, como os próprios comentários de estranhos – diversas plataformas, inclusive, já permitem que o usuário não receba mensagens de desconhecidos.

(Adaptado de Mariana Mandelli, Morte de adolescente reacende debate sobre exposição digital. 05/08/2021. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2021/08/morte-de-adolescente-reacende-debate-sobre-exposicao-digital.shtml. Acessado em 13/09/2021.)

3.

A. C.
Celebridade brasileira do YouTube que ficou conhecida por seu canal “Vida de Amy”, onde posta desafios, vídeos de brinquedos e vlogs, a adolescente A. C. ganhou mais de 550.000 inscritos e ainda foi reconhecida como a primeira YouTuber surda oralizada do Brasil.

Antes da Fama
Aos três meses, ela começou a ser treinada por fonoaudiólogos, e aprendeu a falar e escrever em português.

Curiosidades
Em julho de 2014, ela postou o vídeo “Novos presentes para minha boneca Reborn”, que teve mais de 4 milhões de visualizações logo depois de postado.

(Texto adaptado. Imagem editada. Disponível em https://pt.famous birthdays.com/people/amanda-carvalho.html. Acessado em 20/11/2021.)

4. A ampliação do acesso de crianças e adolescentes a celulares, tablets e outras telas portáteis criou uma nova modalidade de trabalho infantil: os youtubers mirins. Nessa atividade, crianças e adolescentes gravam vídeos periodicamente em seus canais no YouTube e são remunerados por fabricantes de produtos para os quais fazem propagandas, ou são remunerados pela própria rede social, quando há anúncios inseridos ao longo do vídeo. A atividade é prejudicial tanto para a criança ou adolescente que mantém o canal, quanto para o público infantojuvenil que o assiste. A advogada do Programa Criança e Consumo do Instituto Alana, Livia Cattaruzzi, lista o consumismo e o materialismo, a diminuição de brincadeiras criativas, a obesidade infantil, a erotização precoce, a violência e a segregação de gênero como algumas consequências da exposição à publicidade infantil.

(Adaptado de Cristina Sena, Matéria originalmente publicada no site do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI). Disponível em https://livredetrabalhoinfantil.org.br/noticias/reportagens/youtubers-mirins-forum-nacional-discute-nova-modalidade-detrabalho- infantil/. Acessado em 11/09/2021.)

TEMA 2

Você é um/a jovem que está cursando o seu segundo ano de graduação em Geografia, na Unicamp. Entusiasmado/a com a possibilidade de estrear na pesquisa acadêmica, você submeteu seu projeto de Iniciação Científica (IC) para uma agência brasileira de fomento à pesquisa. Após análise da comissão avaliadora, seu projeto de pesquisa foi aprovado por mérito, mas não obteve o financiamento desejado. Motivo: o corte de verbas no orçamento destinado à ciência e à pesquisa no Brasil em 2021.

Você, que tem se mostrado um/a universitário/a brilhante, com um currículo invejável, sente-se indignado/a com a impossibilidade de desenvolver sua pesquisa científica sem o necessário investimento. Decide, então, se unir a outros jovens pesquisadores brasileiros que vivenciaram a mesma experiência frustrante para escrever um manifesto, de autoria coletiva, a ser lido na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Nesse texto, vocês a) apontam o corte de verbas destinadas à ciência e à pesquisa no Brasil, b) denunciam os consequentes prejuízos desses cortes e c) convocam a comunidade científica para o repúdio a essa política de sucateamento da ciência e da pesquisa em curso no Brasil atual.

Iniciação Científica (IC) é uma modalidade de pesquisa acadêmica desenvolvida por alunos de graduação nas universidades brasileiras em diversas áreas do conhecimento. Os alunos desenvolvem seu projeto de pesquisa (coletivo ou individual), acompanhados por um professor orientador, que pode estar ligado ou não a um laboratório de pesquisa ou a algum centro de pesquisa financiador (por exemplo: CAPES, CNPq, PIBIC, FAPESP etc.). Desde 2016, o valor da bolsa de iniciação científica varia de R$ 400 a R$ 700 mensais aproximadamente, a depender da agência de fomento. (Adaptado de https://pt.m.wikipedia.org. Acessado em 25/10/2021.)

Para escrever seu manifesto, leve em conta a coletânea de textos a seguir:

1. A bióloga Thabata Cavalcanti dos Santos, 27 anos, faz mestrado na Universidade Federal do Ceará (UFC). Ela ingressou no curso em 2021, ciente das dificuldades que iria encontrar em tempos da pandemia da Covid-19, mas não achou que seria tão difícil a ponto de pensar em desistir. A estudante sabe que sua trajetória profissional é fruto de anos de investimento de recursos públicos. Foi aluna da escola pública e entrou na universidade por meio da lei de cotas. “Sempre agarrei as oportunidades com todas as minhas forças. Mas vejo que o que demorou anos e anos para o país construir, na área de ciências, está sendo destruído na canetada por um Governo”, afirma. Sem incentivo financeiro para pesquisa, ela não consegue vislumbrar um futuro. Relatos como o de Thabata Santos são comuns hoje na área de ciências do Brasil. “Hoje formamos profissionais para trabalhar no exterior”, lamenta Denise Freire, pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Freire lembra que são necessários anos de investimentos públicos em educação básica, saúde, universidade, mestrado e doutorado. E no momento em que o profissional está pronto para começar a dar retorno ao país, ele precisa sair de sua área de atuação em busca de oportunidades. “Temos fuga de cérebro para trabalhos precarizados. Estamos entregando de mão beijada um patrimônio nacional.”

(Adaptado de Regiane Oliveira, Pesquisadores se formam para trabalhar no exterior sob desmonte da ciência nacional. 08/11/2021. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2021-11-08/pesquisadores-se-formam-para-trabalhar-no-exterior-sob-desmonte-da-ciencia-nacional.html?utm_medium=Social &utm_source=Twitter&ssm=TW_BR_CM#Echo box=1636379412. Acessado em 21/11/2021.)

2.


(Adaptado de Herton Escobar, Orçamento 2021 condena ciência brasileira a “estado vegetativo”. 29/01/2020. Disponível em https://jornal.usp.br/universidade/politicas-cientificas/orcamento- 2021-coloca-ciencia-brasileira-em-estado-vegetativo/. Acessado em 25/11/2021.)

3.

 
(Disponível em https://horadopovo.com.br/manifestantesrepudiam- em-todo-o-pais-os-cortes-na-ciencia-feitos-porbolsonaro/. Acessado em 03/12/2021.)

4. Nos últimos anos, a ciência brasileira tem sido alvo de repetidos cortes orçamentários. Esses cortes ameaçam projetos científicos e tecnológicos que estão em andamento, como também projetos futuros, o que inclui o financiamento de bolsas de estudo para jovens pesquisadores que estão no início da carreira científica. No Brasil, jovens pesquisadores em programas de mestrado e doutorado ganham, respectivamente, uma bolsa de estudos de R$ 1.500 e R$ 2.200 mensais, e esses valores não são ajustados desde 2013. Com a alta dos preços de produtos e serviços, o poder de compra das bolsas diminuiu em mais de 60%. A maioria dos estudantes depende exclusivamente dessa renda mensal para manter sua alimentação, saúde, moradia, vestimenta e transporte. Em muitos casos, ainda dão suporte no sustento da família. Como jovens pesquisadores brasileiros, nós exigimos suporte financeiro adequado. Se o Brasil não reavaliar imediatamente seu orçamento para ciência e tecnologia, o país corre o risco de perder toda uma geração de cientistas brasileiros.

(Adaptado de texto de manifesto coletivo, intitulado Sobrevivendo como um jovem pesquisador no Brasil. Traduzido de Surviving as a young scientist in Brazil. Disponível em https://www.science.org/doi/10.1126/science.abm8160. Acessado em 21/11/2021.)

Você deverá escolher apenas UMA das propostas para desenvolver. Não se esqueça de marcar a proposta escolhida na folha de resposta reservada para a Redação.

EXPECTATIVAS DA BANCA

PRIMEIRA PROPOSTA

Na primeira proposta, os candidatos devem assumir a máscara discursiva de um/a digital influencer adolescente, de 15 anos, que se tornou famoso/a e que, de alguma forma, se sente incomodado/a com comentários e perguntas feitas por parentes e amigos a seus pais sobre seu sucesso na internet, por isso resolve escrever um post ("textão") em um de seus perfis de rede social. Nesse post, o então digital influencer deve redigir um texto em parte narrativo, em parte argumentativo, no qual narra sua trajetória de atuação em mídias sociais até se tornar um digital influencer, relata suas impressões acerca dessa experiência (sejam aspectos positivos e/ou negativos) para, por fim, posicionar-se sobre a atuação de crianças e adolescentes como digital influencers.

Para escrever o seu post, os candidatos devem ler criticamente os textos disponíveis na coletânea da prova em favor de seu projeto de texto. O primeiro é um texto retirado de uma reportagem publicada no site do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que apresenta uma definição do termo cyberbullying: um dos perigos a que estão suscetíveis crianças e adolescentes expostos à internet. A leitura desse verbete pode sugerir aos candidatos a inclusão desse tema tanto na narrativa de sua trajetória (contando se já sofreu esse tipo de agressão, por exemplo), quanto em sua argumentação ao se posicionar sobre a atuação de crianças e adolescentes como digital influencers (apontando os perigos do cyberbullying a que estão expostos os menores de idade em mídias sociais), ou ainda, ao discorrer sobre as formas de prevenção a serem adotadas pelos pais para evitar esse tipo de violência nas redes.

O segundo texto defende a importância do papel das famílias e escolas no acompanhamento de crianças e adolescentes nas redes sociais. A reportagem, assinada por Mariana Mandelli, publicada no jornal Folha de S. Paulo, faz uma distinção entre proibição e controle no uso das mídias sociais, manifestando-se favorável ao diálogo dos pais com os menores de idade no intuito de ajudá-los a criar uma relação saudável e segura com essas mídias. Ao estabelecer essa distinção e constatar a inevitável presença do "universo digital" na cultura das crianças e adolescentes de hoje, o texto fornece bons argumentos para a defesa da superexposição do público teen na internet. Por outro lado, a reportagem também pode ser aproveitada para sustentar um posicionamento contrário, já que alerta sobre a fragilidade dos nativos digitais diante dos inúmeros riscos e perigos ocultos nas redes sociais. É possível ainda, os candidatos se valerem, em sua narrativa, da existência ou não do controle dos seus familiares e/ou da sua escola, da presença ou ausência de diálogo com seus pais e/ou professores, por exemplo, ao relatarem seu percurso até se tornarem um digital influencer, destacando, assim, suas impressões acerca dessa experiência (que pode ter sido positiva, ou mesmo traumática).

O terceiro texto vem acompanhado da fotografia de uma digital influencer de 13 anos (na época do registro, em 2018). Nele, os candidatos conhecerão um pouco a trajetória dessa adolescente, reconhecida como a primeira YouTuber surda oralizada no Brasil. A. C. se tornou celebridade nas redes sociais por compartilhar seu cotidiano com outras crianças e adolescentes, postando desafios, vídeos de brinquedos e vlogs em seu canal ("Vida de Amy"), que conta com milhares de inscritos e milhões de visualizações. Trata-se de um exemplo que pode inspirar os candidatos na construção do/a narrador/a-personagem digital influencer, bem como propiciar argumentos para discussões em torno da ética implicada na superexposição de crianças e adolescentes na internet, no trabalho infantil, na "monetização" de seus perfis etc.

Por fim, o quarto texto caracteriza como trabalho infantil a atuação de crianças e adolescentes no YouTube. No texto, extraído da matéria originalmente publicada no site do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), Cristina Sena apresenta duas situações em que os youtubers mirins prestam serviços apropriados economicamente por terceiros: quando fazem propaganda de determinados produtos em seus canais ou quando são inseridos anúncios publicitários em seus vídeos. De acordo com o texto, a publicidade infantojuvenil é considerada prejudicial tanto para quem atua nela quanto para quem a consome, uma vez que estimula práticas como o consumismo e o materialismo, diminui as brincadeiras criativas, promove a erotização precoce, a violência e a segregação de gênero. Os candidatos que optarem por criticar esse tipo de trabalho encontram aqui um rol de argumentos, e podem, ainda, construir narrativas que espelhem essas experiências negativas.

Vale dizer que, em se tratando da produção de um extenso texto ("textão") a ser postado nas redes sociais, são esperadas marcas linguísticas relativamente informais na escrita dos candidatos, conferindo à redação um tom coloquial característico do gênero discursivo solicitado (um post).

A expectativa é que as melhores redações sejam aquelas em que os candidatos consigam, a partir da perspectiva discursiva de um digital influencer adolescente, atrelar a narrativa da sua trajetória em redes sociais e as impressões extraídas dessa experiência vivida a argumentos relativos à atuação de crianças e jovens como digital influencers. Para isso, eles devem se apoiar nos textos disponíveis na coletânea que abordam os perigos do cyberbullying (texto 1), da superexposição na internet (texto 2) e do trabalho infantil (texto 4) e alertam para a importância do controle de pais e escola (texto 2) nessa atuação, além de trazerem um exemplo de uma digital influencer de 13 anos (texto 3).

SEGUNDA PROPOSTA

Na segunda proposta, os candidatos devem assumir o papel de um/a estudante universiitário/a brilhante, com currículo acadêmico invejável, que teve uma bolsa de Iniciação Científica (IC) rejeitada por restrição orçamentária, apesar de o mérito de sua pesquisa ter sido reconhecido. O/A jovem se junta a outros estudantes que passaram por situação semelhante para escrever um manifesto, a ser lido na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), contra os cortes de verbas na área da Ciência e Tecnologia, interpelando a comunidade acadêmica (e a sociedade civil) para intervir(em) neste cenário tão desfavorável à produção do conhecimento científico no Brasil. Para além de apontarem os cortes orçamentários na ciência e na pesquisa e denunciarem os prejuízos acarretados por esses cortes, os candidatos devem, em seu texto argumentativo, repudiar as engrenagens que sucateiam e desmontam a ciência brasileira, convencendo seus interlocutores de que tal política em curso atualmente deve ser rechaçada e revertida.

Os textos disponíveis na coletânea oferecem argumentos para a elaboração do manifesto. Antes ainda da coletânea, a prova apresenta um box informativo que objetiva explicar aos candidatos o que vem a ser uma pesquisa de Iniciação Científica (IC), nomear algumas agências de fomento à pesquisa, e informar o valor atual (congelado desde 2016) de uma bolsa para financiamento de uma pesquisa de IC.

No primeiro texto, retirado de uma reportagem publicada no El País, a crise da pesquisa científica é relatada a partir de dois ângulos: o de uma aluna de mestrado da Universidade Federal do Ceará (UFC) e o da pró-reitora de pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De acordo com a perspectiva da aluna Thabata Cavalcanti dos Santos, a situação de penúria da ciência se tornou tão difícil atualmente que ela chegou a pensar em desistir. Thabata vê sua trajetória acadêmica como resultado de anos de investimento estatal na educação, já que cursou a graduação numa universidade pública. Hoje, sem bolsa, não vislumbra futuro. Já a pró-reitora Denise Freire se preocupa com a "fuga de cérebros" de profissionais formados, seja para buscar oportunidades no exterior, seja para exercer trabalhos economicamente precarizados. De qualquer modo, constata-se um desperdício de dinheiro público investido durante anos para consolidar a produção científica no Brasil, pois, na hora de dar o devido retorno à sociedade, estudantes não veem oportunidade na profissão de pesquisadores. Os vívidos relatos coletados na reportagem podem ajudar os candidatos a perceberem o caráter antieconômico dos cortes orçamentários. Tais medidas, aparentemente, visam a poupar dinheiro, mas funcionam, na verdade, como desperdício de recursos humanos e financeiros envolvidos nos investimentos massivos para construir a ciência de um país soberano.

O segundo texto é um gráfico em que estão registrados os cortes sofridos em 2021 nos orçamentos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), das agências federais de fomento à pesquisa (CNPq e Capes) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (FNDCT), quando comparados ao quadro orçamentário de 2020 ou 2019 (no caso da Capes). Os candidatos terão aqui material para apontar, em números e porcentagens, os cortes de verbas destinadas à ciência e à pesquisa brasileira.

O terceiro texto vem acompanhado da fotografia de um protesto, organizado por estudantes, que gritam por socorro (SOS) à ciência brasileira e reivindicam o aumento (ou reajuste, se levarmos em conta a inflação em que vive o país hoje) no valor das bolsas, que não são reajustadas há anos, conforme informado aos candidatos no texto 4 e no box informativo apresentado na prova. A informação visual pode ajudar os candidatos a elaborarem, em seu manifesto, uma agenda propositiva: o aumento no valor das bolsas, tanto para as pesquisas no nível de graduação, quanto no nível de pós-graduação, ou ainda, a defesa de que não se deve lutar apenas contra os cortes, mas a favor de condições cada vez melhores de trabalho para os bolsistas envolvidos com pesquisas científicas.

Para finalizar, o quarto texto apresenta um excerto de um manifesto (mesmo gênero discursivo desta proposta), recentemente publicado por pesquisadores brasileiros na revista Science. O texto traz informações preciosas que podem ser aproveitadas como argumentos pelos candidatos: o valor das bolsas de mestrado e doutorado que não é reajustado desde 2013 e a situação da maioria dos bolsistas que depende daquele dinheiro para sobreviver (e manter sua alimentação, saúde, moradia, vestimenta, transporte), tal como Thabata, estudante citada no texto 1. Vale ainda dizer que o texto 4 é um exemplo - e não um modelo! - de um manifesto que pode funcionar de maneira sugestiva para os candidatos apreenderem marcas discursivas desse gênero textual na elaboração de seu manifesto de repúdio coletivo.

A expectativa é que as melhores redações sejam aquelas em que os candidatos consigam, a partir de uma máscara discursiva coletiva, elaborar um manifesto - apresentando um bom diagnóstico das consequências, a médio e longo prazo, do desmantelamento gradual da ciência brasileira - e clamar por políticas públicas que reconheçam a importância estratégica da área para a soberania do Brasil. Para isso, os candidatos devem se apoiar nos textos disponíveis na coletânea que abordam, respectivamente: o desperdício econômico representado pelo sucateamento da ciência (texto 1), os cortes orçamentários na estrutura de ciência e tecnologia do Brasil (texto 2), a luta política pelo melhoramento das condições materiais dos bolsistas (texto 3) e a voz coletiva de insatisfação registrada num manifesto (texto 4).

UNICAMP 2022 - Segunda Fase - Português

Matérias: Selecione as matérias que você deseja fazer na prova.

Português

Língua estrangeira:-

Inglês

INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A PROVA

REDAÇÃO

O sistema de provas do Educabras:

  • Identifica os assuntos que você mais precisa estudar!

  • Permite que você pause a prova e retorne a ela mais tarde

  • Cronometra a prova

  • Armazena as provas para você avaliar seu progresso.

O Educabras prepara você para o Vestibular e o Enem. Entre na faculdade de sua escolha e siga a carreira de seus sonhos!
Conteúdo e recursos para otimizar seu tempo de estudo e maximizar sua nota no Vestibular e no Enem.

Mais informaçõesimage
image

Agilize e facilite seu trabalho!
- Conteúdo didático para elaborar aulas e usar em classe.
- Banco de dados com milhares de questões por matéria.
- Elabore provas em alguns minutos! Opção de imprimir ou baixar provas e salvá-las em seu cadastro para usá-las no futuro.

Mais informaçõesimage
image

ESTUDO PERSONALIZADO

Programa de Estudo Personalizado com foco nos vestibulares que você prestará:
- Otimize o tempo de estudo: concentre-se nos assuntos relevantes para os vestibulares de sua escolha.
- Opção de incluir o Enem em seu Programa de Estudo Personalizado.
- Conteúdo e Ferramentas: Aulas, resumos, simulados e provas de Vestibulares e do Enem.
* Confira se os vestibulares de sua escolha fazem parte do Programa de Estudo Personalizado

Mais informaçõesimage

Colégios

O Educabras ajuda o colégio a melhorar o desempenho acadêmico dos alunos no Enem e no Vestibular e aumentar o índice de aprovação nas mais conceituadas faculdades do Brasil.
Pacotes de assinaturas: contrate assinaturas a um valor menor para seus professores e alunos.

Mais informaçõesimage