Simbolismo
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Simbolismo
O Simbolismo é um movimento literário que surgiu na França no final do século XIX. O Simbolismo constituiu uma reação ao materialismo e ao cientificismo, caracterizando-se por ideias espiritualistas. No Brasil, o Simbolismo compreende o período entre 1893 e 1910.
1. Datas
a) Portugal:
- 1890: Oaristos, de Eugênio de Castro - início do Simbolismo em Portugal.
- 1915: revista Orpheu - início do Modernismo em Portugal.
b) Brasil:
- 1893: Missal e Broquéis, de Cruz e Souza - início do Simbolismo no Brasil.
- 1902: Os Sertões, de Euclides da Cunha - início do período pré-modernista. Canaã, de Graça Aranha.
- 1922: Semana de Arte Moderna, em são Paulo - início do Modernismo no Brasil.
2. Contexto histórico
A Europa vive, no fim do século XIX, o apogeu do capitalismo burguês, situação em que se destacam:
- a derrota das últimas revoluções socialistas;
- a diminuição da inquietação social;
- a evolução do capitalismo financeiro e industrial;
- maior estabilidade no panorama social;
- rapidez no desenvolvimento tecnológico e científico - supremacia do cientificismo e do materialismo.
Portugal não acompanha o panorama europeu e mostra atraso em relação ao desenvolvimento capitalista acelerado do restante da Europa, apresentando o seguinte contexto:
- economia essencialmente agrária, baseada em processos ultrapassados;
- frustração do projeto de expansão das colônias africanas - Ultimatum inglês de 1890 - ordem para a retirada das tropas portuguesas dos territórios entre Angola e Moçambique;
- criação das estradas de ferro para unificação do mercado interno - insuficiente para a modificação da estrutura econômica e social;
- clima de insatisfação generalizada - sucessão de crises que levariam à instalação da República em 1910.
No Brasil há várias alterações do panorama político-social:
- 1888 - Abolição da Escravatura;
- 1889 - Proclamação da República;
- 1891 - Constituição
- eleição e renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca
- passagem do poder para Floriano Peixoto (vice-presidente) - 1883-1895 - revolução civil no Rio Grande do Sul
- clima generalizado de protestos, agitações;
- 1894 - nova eleição - Prudente de Morais - 1o. presidente civil, representante da oligarquia cafeeira;
- monopólio econômico dos Estados de São Paulo (café) e Minas Gerais (leite);
- tentativa de acelerar o processo de modernização, protegendo os interesses do Centro-Sul. - início do Século XX - várias transformações:
- imigração maciça - paulatino inchamento das grandes cidades;
- erradicação de doenças endêmicas e epidemias;
- assimilação das novidades artísticas e literárias da Europa.
Antecedentes e origens do Simbolismo
As origens do Simbolismo encontram-se na França, onde se destacam os seguintes acontecimentos:
- 1857 - publicação da obra As Flores do Mal, de Charles Baudelaire, que causou uma profunda revolução poética;
- início do Impressionismo, com Impressions (1874), quadro do pintor Claude Monet - estilo de arte voltado para as mudanças e o movimento, para a captação do momentâneo, do fugaz, para as impressões efêmeras do momento;
- reação contra o materialismo e o cientificismo da época - tentativa de resgatar certos valores românticos destituídos pelo Realismo, como o espiritualismo, o misticismo, o desejo de transcendência - Decadentismo, atitude marcada pelo negativismo, pessimismo;
- os "poetas malditos":
- Baudelaire - poesia = expressão da correspondência entre o concreto e o abstrato, entre as realidades física e metafísica, entre as várias sensações - linguagem sinestésica;
- Verlaine - musicalidade;
- Mallarm - estética da sugestão;
- Rimbaud - "alquimia do verbo".
Características gerais do Simbolismo:
- antirrealismo, antiobjetivismo, anticientificismo, antimaterialismo;
- volta à subjetividade romântica - aprofundamento total do subjetivismo:
- exagero da subjetividade;
- busca do EU PROFUNDO - viagem interior, autoescavação em busca das camadas mais profundas da PSIQUE - o inconsciente;
- valorização do plano onírico, o mundo dos sonhos;
- isolamento, distanciamento da realidade exterior - "Torres de Marfim" - egocentrismo
- exacerbado;
- dificuldade de comunicação com o mundo exterior - criação de uma linguagem psicológica, uma sintaxe psicológica: como resultado, tem-se uma poesia hermética, fechada, de difícil entendimento;

- recursos presentes nessa linguagem especial:
- * sugestões - metáforas insólitas, inusitadas, raras;
- * correspondências - sinestesias;
- * musicalidade intensa, obtida pelos recursos sonoros da palavra - aliterações, assonâncias;
- * termos religiosos - catolicizantes, medievais, espiritualizantes;
- * arcaísmos - palavras em desuso;
- * neologismos - palavras novas;
- * maiúsculas alegorizantes - busca do Infinito, do Absoluto, de valores transcendentais;
- presença do vago, do nebuloso, do impreciso - vaguidez, imagens apenas sugeridas;
- ânsia pelo Infinito, pelo Absoluto, pelo Todo - aspiração transcendental, desejo de alcançar o infinito;
- o Simbolismo apresenta as seguintes relações com o Parnasianismo:
- * aproxima-se, quanto ao isolamento da realidade - "torre de marfim";
- * distancia-se quanto à impessoalidade parnasiana, porque a poesia simbolista é extremamente subjetiva, egocêntrica.
Eugênio de Castro
Eugênio de Castro nasceu em Coimbra (1869) e lá morreu em 1944. Fez o curso superior de Letras em Lisboa e envolveu-se na publicação de duas revistas acadêmicas - Os Insubmissos e Boêmia Nova - ambas seguidoras do Simbolismo francês. Formado, vai a Paris e entra em contato com a poesia decadentista; na volta, publica Oaristos, cujo prefácio audacioso provoca escândalo nos meios literários. Morreu coroado de prestígio, aos 75 anos.
Escritor copioso, suas principais obras são:
- Oaristos
- Belkiss
- Sagramor
É o introdutor do Simbolismo luso, com Oaristos, mas, na realidade, essa obra tem importância mais pelo aspecto formal do que pela substância simbolista, apresentando as seguintes características:
- gosto pelo vocabulário requintado, pelo preciosismo, pela forma - barroquismo na linguagem;
- versos de musicalidade intensa - exploração dos recursos sonoros das palavras - aliterações assonâncias, onomatopeias.
- destaque para o poema "Um Sonho".
Texto escolhido:
Um Sonho
Na messe, que enlourece, estremece a quermesse.
O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...
Flor! enquanto na messe estremece a quermesse
E o sol, o celestial girassol esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos...
Soam vesperais as Vêsperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...
Como aqui se está bem! Além freme a quermesse...
- Não sentes um gemer dolente que esmorece?
São os amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam, Flor! à flor dos frescos fenos...
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...
Esmaece na messe o rumor da quermesse...
- Não ouves este ai que esmaece e esmorece?
É um noivo a quem fugiu a Flor de olhos amenos,
E chora a sua morta, absorto, à flor dos fenos...
Soam vesperais a Vêsperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...
Penumbra de veludo. Esmorece a quermesse...
Sob o meu braço lasso o meu Lírio esmorece...
Beijo-lhe os boreais belos lábios amenos,
Beijo que freme e foge à flor dos flóreos fenos...
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...
Sumário
- Simbolismoi. Datas
ii. Contexto histórico
- Antecedentes e origens do Simbolismo
- Características gerais do Simbolismo
- Eugênio de Castro
- Antônio Nobre
- Camilo Pessanha
- Cruz e Souza
- Alphonsus Guimarães
- Augusto dos Anjos



