Parnasianismo

Parnasianismo

Parnasianismo é uma escola literária que surgiu na França no final do século XIX, na mesma época do Realismo e do Naturalismo. O principal objetivo do Parnasianismo era retomar a cultura clássica. No Brasil, o movimento se opunha principalmente ao Romantismo. 

1. Datas

  • 1882: Fanfarras, de Teófilo Dias - início do Parnasianismo no Brasil.
  • 1893: Missal e Broquéis, de Cruz e Souza - início do Simbolismo no Brasil.

2. Origens e características do Parnasianismo

A origem do nome remonta ao Monte Parnaso que, segundo a lenda, era uma região da Fócida, na Grécia central, consagrado a Apolo e às musas. O primeiro veículo desse tipo de poesia foi Parnasse Contemporain, revista francesa que veiculou os ideais parnasianos.

O Parnasianismo desenvolveu-se sobretudo na França e no Brasil; em Portugal, não houve Parnasianismo propriamente dito, mas apenas poesia de veleidades parnasianas, ou seja, de caráter passageiro.

A poesia parnasiana diferencia-se da realista principalmente porque, enquanto os realistas tinham compromisso com a realidade, criticando-a e denunciando-a, os parnasianos pregam o isolamento da realidade e a "Arte pela Arte": uma arte realizada em função da própria arte, com a assimilação dos ideais das artes plásticas:

  • busca da perfeição estética - poesia = perfeita forma;
  • poeta = ourives = escultor;
  • poesia-ourivesaria; poesia-escultura;
  • perfeição formal:
    • vocabulário precioso - seleção vocabular;
    • poetas de dicionário" - linguagem pura, vernácula;
    • rebuscamento sintático, inversões;
    • rimas ricas e/ou raras.
    • métrica fixa, com preferência pelos versos alexandrino (12 sílabas) e decassílabo (10 sílabas)
  • volta ao Classicismo greco-romano, renascentista e neoclássico:
    • antropocentrismo;
    • racionalismo - busca do equilíbrio, da harmonia;
    • paganismo - mitologia greco-romana;
  • mimese: Arte = imitação da natureza - gosto pela descrição nítida;
  • impassibilidade, impessoalismo; recusa dos valores românticos;
  • preferência por objetos de arte raros e/ou exóticos - vasos , navios, palácios, cenas da Natureza.
  • Brasil - "Tríade Parnasiana" { Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Raimundo Correia }

Olavo Bilac

Olavo Bilac

Olavo Bilac nasceu no Rio de Janeiro (1865) e lá morreu em 1911. Estudou Medicina no Rio de Janeiro e Direito em São Paulo, sem ter concluído nenhum desses cursos. De volta ao Rio, dedicou-se ao jornalismo e à literatura, tendo exercido vários cargos públicos após a queda de Floriano Peixoto, a quem se opunha.

Nacionalista convicto, defendeu o serviço militar obrigatório, a instrução primária e a prática da Educação Física, além de dedicar boa parte de suas produções à educação; é o autor da letra do "Hino à Bandeira" e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1897. Recebeu, em 1913, o título de "Príncipe dos Poetas Brasileiros".

É o maior nome do Parnasianismo no Brasil; poeta eloquente, sua linguagem caracteriza-se pela fluência e pelos ritmos neoclássicos. É uma poesia marcada por intenso brilho, sendo os temas mais comuns:

  • a beleza física da mulher;
  • os cenários da natureza;
  • os momentos épicos da história nacional.

Sua obra mais conhecida e importante, Poesias, é dividida em partes: o lirismo nacionalista está presente em "O Caçador de Esmeraldas"; a poesia parnasiana ortodoxa, em "Panóplias"; o lirismo amoroso platônico, em "Via-Láctea"; o lirismo amoroso sensual, em "Sarças de Fogo". Há ainda "Viagens" e "Alma Inquieta". Destacam-se os poemas: "Profissão de Fé", "Nel Mezzo del Camin", "Via Láctea", "Língua Portuguesa", "Vila Rica", entre outros.

No fim da vida, escreve Tarde, que acabou sendo publicado postumamente, marcado pela melancolia, pessimismo, reflexão e certo questionamento metafísico, com antecipações simbolistas.

Textos escolhidos:

Texto I
Profissão de Fé

Não quero o Zeus Capitolino,
Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo.
Que outro - não eu! - a pedra corte
Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte
Descomunal.
Mais que esse vulto extraordinário,
Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário
De fino artista.
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
[...]

Texto II
Nel Mezzo del Camin...

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.

Alberto de Oliveira

Alberto de Oliveira

Alberto de Oliveira nasceu em Saquarema, Rio de Janeiro (1857) e morreu em Niterói em 1937. Cursou Medicina até o terceiro ano e matriculou-se em Farmácia, curso em que se diplomou. Exerceu cargos públicos ligados à Educação e foi professor de Português e Literatura Brasileira, além de um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1897. Foi eleito "Príncipe dos Poetas Brasileiros" em 1924.

Suas principais obras são:

  • Meridionais
  • Sonetos e Poemas
  • Versos e Rimas
  • Poesias

É o mais ortodoxo dos nossos parnasianos, com absoluta fidelidade às regras e modelos do Parnasianismo. Sua poesia é descritiva, plástica, visual; nela se observa a preferência por objetos raros, por cenas históricas e mitos gregos e orientais. As descrições da Natureza são marcadas pela humanização e a perfeição formal, por versos lapidares. Merecem destaque os poemas "Vaso Grego", "Vaso Chinês", "A Volta da Galera", "Pastores", "Fantástica", "Aspiração", entre outros.

Texto escolhido:

Vaso Grego

Vaso Grego

Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta, ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois... Mas o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.

Raimundo Correia

Raimundo Correia

Raimundo Correia nasceu a bordo do navio São Luís, ancorado em águas do Maranhão (1859) e morreu em Paris, em 1911. De família abastada, fez o curso secundário no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Veio para São Paulo cursar Direito e abraçou as ideias positivistas e republicanas. Formado, ingressou na magistratura, servindo o Estado em vários lugares do país; foi Secretário das Finanças de Minas Gerais, lecionou Direito da Faculdade de Ouro Preto. Em 1897, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras e nomeado secretário da Legação do Brasil em Lisboa, onde publicou seu livro Poesias, no ano seguinte; exonerado das funções diplomáticas, volta ao Brasil e à magistratura e ensino. Abalado por profunda neurastenia, buscou tratamento na França e lá faleceu.

Suas principais obras são:

  • Sinfonias
  • Versos e Versões
  • Aleluias
  • Poesias

Em parte de sua poesia, notam-se influências do Positivismo, do Cientificismo e da poesia social de Antero de Quental são os poemas de participação social, vazados em tom retórico inflamado, à Castro Alves.

Cultivou um "parnasianismo relativo", mais formal do que temático, marcado por certo clima de sugestões vagas e subjetivas; um tom de melancolia e dor; cunho reflexivo, filosófico e sondagem existencial. Seu pessimismo denuncia a influência do filósofo Schopenhauer, e aproximações com o poeta brasileiro Cruz e Souza

Destacam-se, entre outros, os poemas "As pombas", "Mal Secreto", "Banzo", "Anoitecer", "A Cavalgada".

Texto escolhido:

As Pombas...

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No Azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

Outros poetas do Parnasianismo no Brasil

Vicente de Carvalho: 

  • Relicário
  • Rosa, Rosa de Amor
  • Poemas e Canções

Francisca Júlia:

  • Mármores
  • Esfinges

Sumário

- Parnasianismo
i. Datas
ii. Origens e características do Parnasianismo
- Olavo Bilac
- Alberto de Oliveira
- Raimundo Correia