O Modernismo foi o principal movimento literário do século XX. O Modernismo surgiu no final da segunda década do século XX e foi responsável por grandes transformações na literatura.

1. Datas

  • Portugal: de 1915 (revista Orpheu) à atualidade.
  • Brasil: de 1922 (Semana de Arte Moderna) à atualidade.

2. Introdução

Costuma-se empregar o termo Modernismo para designar, de maneira geral, as manifestações artísticas que, acompanhando as rápidas mudanças do fim do século XIX e do início do século XX, tentaram traduzir a nova realidade e os novos anseios que se impunham ao "homem moderno" e à sociedade como um todo. Assim, algumas de suas raízes podem ser encontradas já nos movimentos que marcaram a transição entre esses dois séculos, como o Simbolismo, o Impressionismo - e mesmo no Realismo-Naturalismo.

Expressão artística de um mundo em rápida transformação, o Modernismo consistiu, principalmente, no uso de um "código novo", que implicou uma ruptura radical com a influência dos modelos clássicos de arte, tanto no enfoque temático quanto no aspecto formal, e determinou certas atitudes e posturas, entre as quais se podem destacar:

  • o inconformismo político e o espírito revolucionário;
  • uma nova concepção do mundo e do homem;
  • uma atitude de irreverência e iconoclastia em relação aos padrões sociais e artísticos do passado:
  • antiacademicismo, antitradicionalismo, antipassadismo, anticonformismo;
  • a rejeição às normas estéticas consagradas;
  • a incorporação do cotidiano à arte;
  • o moderno como um valor em si mesmo;
  • na literatura, a proposta de inovações linguísticas:
  • versos livres;
  • aproximação entre poesia e prosa;
  • exploração de novos temas;
  • simultaneísmos, sínteses, fusões diversas;
  • uso da linguagem coloquial;
  • humor, ironia, o "poema-piada".

Antecedentes do Modernismo

O início do século XX na Europa foi marcado por uma grande instabilidade, que se refletiu na insatisfação artística e intelectual em relação aos valores do século anterior: o Cientificismo, o Positivismo, o Determinismo, a visão racionalista e investigadora dos problemas sociais, a crítica apoiada na pesquisa materialista, todas essas posturas passaram a ser consideradas ultrapassadas, já que não mais atendiam aos anseios dos novos tempos, marcados por transformações cada vez mais rápidas.

Contribuíram para esse estado de espírito vários acontecimentos históricos que acabaram por influenciar muitos dos comportamentos artísticos no mundo inteiro.

Contexto histórico 

O final do século XIX assistiu à supremacia econômica capitalista de algumas potências europeias, principalmente da Inglaterra, mas logo essa centralização cederia espaço também para a Alemanha e para os Estados Unidos, que se sobrepunham à Inglaterra na produção de aço e ferro. No entanto, como ainda detinha a metade de todos os capitais exportados para investimentos e o maior império colonial da época, a Inglaterra procurava não apenas manter, mas, ainda, ampliar seus domínios, e equipou-se militarmente.

Os conflitos gerados pelos interesses capitalistas, pelo imperialismo e pela ideologia nacionalista terminaram por levar o mundo à Primeira Guerra Mundial e à desestruturação do capitalismo internacional, fatores que, somados às ideias do marxismo, desencadearam a Revolução Russa, em 1917.

Ao final da I Guerra Mundial (1914 a 1918), a Europa estava em ruínas. Mais de 10 milhões de pessoas haviam morrido e 20 milhões ficaram feridas. Além disso, o assombroso prejuízo econômico refletiu-se social e politicamente de maneira desastrosa.

A Guerra desencadeou profundas transformações, que fizeram surgir novas correntes ideológicas, como o nazismo, o fascismo e o comunismo, geradores de crises responsáveis por outro conflito mundial: a Segunda Guerra (1939 -1945).

A Revolução Russa de 1917, que acontecera pouco tempo antes da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra, colocou o poder nas mãos dos líderes do proletariado russo, que comandaram o processo revolucionário, forçando uma inédita ruptura política e social, com desdobramentos internacionais. Sua importância decorre do fato de ela ter provocado a ruptura da ordem econômica capitalista, que se espalhava pelo mundo sob o domínio das grandes potências europeias e dos Estados Unidos (estes, principalmente depois da guerra). Assim, a partir de 1917, a Rússia caminharia no sentido de transformar-se numa das mais importantes potências mundiais, em condições de rivalizar, em muitos setores, com o grande líder capitalista, os Estados Unidos.

Após o término da I Guerra, (1918), os países europeus voltaram a organizar e a desenvolver sua estrutura produtiva e a tomar uma série de medidas protecionistas que acabariam reduzindo as importações de produtos americanos. Enquanto isso, o ritmo da produção industrial e agrícola dos Estados Unidos continuava a crescer aceleradamente, em descompasso com as necessidades de seu mercado interno e das possibilidades de compra do mercado internacional, o que agravaria, mais tarde, a crise com o crak da Bolsa de Valores (1929).

As espetaculares invenções do começo do Século XX substituíram rapidamente o modo de o Homem ver a realidade: surgiram o automóvel, o cinema, as máquinas voadoras, o telégrafo-sem-fio, a velocidade. Inaugurada a época da velocidade, o mundo assistiu a um progresso material espantoso e a uma acelerada disputa pelo poder entre as potências mundiais.

Até a crise de 1929 — o crack da Bolsa de Valores — os Estados Unidos viviam seus dias de glória com a hegemonia econômica mundial. Foi exatamente no período da guerra que surgiu e se divulgou com maior intensidade a sua música negra: o jazz e o blues. A dança agita os salões, floresce o fox-trot, que abre caminho para a música pop, o charleston ocupa os bailes. Desenvolve-se, mais do que nunca, o american way of life, um estilo de vida apresentado como modelo da moderna civilização industrial, que se caracterizava pelo grande aumento na aquisição de automóveis, de eletrodomésticos, de produtos industrializados. Viver bem era sinônimo de ter mais, de consumir as novidades produzidas pela indústria.

Vanguardas Europeias

A máquina, o automóvel, a eletricidade, o avião, a velocidade, a aceleração progressiva e o impacto com que todas essas transformações e conquistas se abateram sobre o Homem determinaram profundas alterações em seu modo de pensar, de apreender o mundo e relacionar-se com esse novo universo. E, como consequência, também tinham de afetar sua maneira de exprimir artisticamente essa nova realidade.

Os períodos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, conviveram com ela e a ela sucederam foram marcados, no plano artístico, por inúmeras tendências que se preocupavam em dar novas interpretações à realidade e à sociedade. Retratavam os anseios vividos pelo Homem através de profundas renovações artísticas: foram os movimentos de vanguarda europeia, que se propuseram a romper com o passado, com a chamada "arte clássica", e a expressar o dinamismo do novo tempo que começava.

O nome vanguarda é originário do francês avant-garde e significa "estar à frente, à dianteira de um movimento". Destacam-se, entre as vanguardas europeias ou ISMOS:

  • o Expressionismo;
  • o Cubismo;
  • o Futurismo;
  • o Dadaísmo;
  • o Surrealismo.

Expressionismo

Expressionismo

Contemporâneo do Futurismo e do Cubismo - que você verá a seguir - o Expressionismo é um movimento cultural tipicamente alemão, que surge em 1910 como uma reação ao Impressionismo e ao seu caráter sensorial.

Reagindo à lógica e à objetividade que marcaram o Cientificismo da segunda metade do Século XIX, os expressionistas, guiados pela intuição, procuravam fazer da obra de arte um reflexo da vida interior.

Nesse sentido, os expressionistas rejeitam a aparência externa das coisas e desejam "ir fundo na alma humana", mergulhar em seu interior, nas suas angústias, fazer a leitura dessa alma e retratar tal leitura através da deformação, já que o mundo interior é caótico, angustiado, ilógico, obscuro.

Na pintura, tal mergulho é representado através de pinceladas rápidas mas largas, interrompidas, com contornos muito acentuados, escuros, pretos - ao contrário dos impressionistas. Sua técnica pode ser observada na obra de Van Gogh, Diego Rivera e , no Brasil, principalmente Di Cavalcânti.

Expressionismo

 

Ao contrário de impressão, a expressão significa um movimento de dentro para fora. Desse modo, o Expressionismo significa a materialização de imagens nascidas no interior do indivíduo, gerada, sobretudo, pela atitude de insatisfação, de recusa da sociedade industrial e da alienação provocada por ela.

Por essa razão, a estética expressionista é uma estética do feio e do agressivo, pois representa a contestação e a denúncia, na tentativa de transformar a realidade, como arte engajada que é.

O Expressionismo caracteriza a arte criada sob o impacto do sofrimento humano. Seus representantes pouco se importam com as noções de belo ou de feio: o importante é o registro da expressão do mundo, segundo a visão do artista.

Entre seus princípios, encontram-se os seguintes :

  • A arte não é imitação, mas uma criação livre, subjetiva. É a expressão dos sentimentos.
  • A arte deve ser criada sem obstáculos convencionais, repudiando a repressão social.
  • A realidade que circunda o artista é horrível; por isso, ele deve deformá-la ou eliminá-la.
  • O mundo interior é obscuro e ilógico. A vivência da dor deriva do sentido trágico de existência, o que resulta uma arte deformada, torturada.
  • A arte é a expressão da impressão interior.

Exemplo de texto em que se evidenciam características expressionistas:

Lamento do oficial por seu cavalo morto
Cecília Meireles

Nós merecemos a morte,
porque somos humanos
e a guerra é feita pelas nossas mãos,
por nosso sangue estranho e instável, pelas ordens que
[trazemos por dentro, e ficam sem explicação.
Criamos o fogo, a velocidade, a nova alquimia, os cálculos do gesto,
embora sabendo que somos irmãos.
Temos até os átomos por cúmplices, e que pecados
[de ciência, pelo mar, pelas nuvens, nos astros!
Que delírio, sem Deus, nossa imaginação!
E aqui morreste! Oh, tua morte é a minha, que, enganada,
recebes. Não te queixas. Não pensas. Não sabes. Indigno,
ver parar, pelo meu, teu inofensivo coração.
Animal encantado - melhor que todos nós - que tinhas tu
[com este mundo dos homens?
aprendias a vida plácida e pura, e entrelaçada
em carne e osso, que os teus olhos decifravam...
Rei das planícies verdes, com rios trêmulos de relinchos...
Como vieste morrer por um que mata seus irmãos!

Sumário

- Modernismo
i. Datas
ii. Introdução
- Antecedentes do Modernismo
i. Contexto histórico
- Vanguardas Europeias
i. Expressionismo
ii. Cubismo
iii. Futurismo
iv. Dadaísmo
v. Surrealismo
- Características Gerais do Modernismo em Portugal
i. Contexto histórico em Portugal
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