Absolutismo

O Absolutismo foi um sistema político que defendia o poder absoluto do monarca sobre o Estado. O Absolutismo foi uma forma de governo muito comum em diversas partes da Europa a partir do século XVI até meados do século XIX. Essa forma de governo estava ligada com o processo da formação dos Estados Nacionais e com a ascensão da burguesia.

Absolutismo Francês

Da mesma forma que os Estados alemães, a França foi atingida por conflitos religiosos nas décadas que se seguiram a Reforma. A guerra civil entre católicos e protestantes na França foi encerrada pelas políticas de Henrique IV. Seus sucessores seguiram seu exemplo, fortalecendo o poder monárquico. O longo reinado de Luís XIV, que governou de 1643 a 1715, caracterizou a monarquia absolutista na França.

Quando Luís XIII morreu em 1643, o novo rei, Luís XIV, não tinha ainda cinco anos de idade. Sua mãe, Ana da Áustria, governou no lugar do filho com o apoio de um novo ministro, o cardeal Jules Mazarin, que havia sido nomeado por Richelieu.

Cardeal Mazarin
Cardeal Mazarin

O autoritarismo de Mazarin e suas tentativas de aumento de impostos o tornaram impopular entre o povo francês. Em meados do século XVII alguns nobres, apoiados por camponeses e moradores das cidades, lideraram uma série de rebeliões contra a monarquia francesa. Apesar de tais revoltas não terem obtido sucesso, alarmaram o jovem rei que se convenceu de que apenas uma monarquia absolutista poderia evitar guerras civis no país.

Como outros monarcas da época, Luís XIV acreditava que os reis tinham direito Divino de exercer o poder.

Após a morte de Mazarin, em 1661, Luís XIV governou como monarca absoluto mantendo o poder do Estado em suas mãos. A Luís XIV é atribuída a famosa frase "L'état, c'est moi", que em francês significa: "O Estado sou eu". Nenhum ministro, não importando o quão talentoso ou capacitado fosse, estabeleceria a política para o rei.

A Corte do “Rei Sol”

Luís XIV trabalhou com afinco para construir a glória da monarquia francesa. Devido ao esplendor de seu reino, ele era chamado de "Rei Sol". Os primeiros anos de seu governo deram à França mais união e um governo central forte. Luís XIV escolheu muitos de seus oficiais entre os nobres e membros da classe média francesa, o que fez com que as famílias nobres tradicionais perdessem grande parte de sua independência e poder.

Luís XIV, chamado de “Rei Sol”
Luís XIV, chamado de “Rei Sol”

O governo de Luís XIV gastou muito em palácios e construções públicas, sendo o imponente e luxuoso Palácio de Versalhes, lar da família e próximo à Paris o mais famoso. Milhares de trabalhadores levaram mais de 20 anos para completar a obra. O palácio foi construído com centenas de cômodos, alguns decorados com tapeçarias e estátuas de mármore. Pinturas no teto dos cômodos ilustravam as conquistas de Luís XIV, sendo que um jardim suntuoso circundava o palácio adornado com inúmeras esculturas e fontes.

A corte real mudou-se para Versalhes em 1682 e a vida social francesa passou a girar em torno do "Rei Sol". Luís XIV ordenou que muitos nobres fossem morar com ele no palácio, dessa forma evitando possíveis conspirações contra ele. Os nobres estavam ávidos em agradar o rei, visando recompensas generosas como pensões, trabalhos em embaixadas, cargos de generais ou bispos.

Luís XIV governou a França durante 72 anos sendo mecenas de artistas e escritores. No seu longo reinado, a cultura floresceu, pois ele foi um grande incentivador das artes, literatura, teatro, música e balé. Dois dos maiores dramaturgos franceses, Jean Racine e Molière, viveram na época do "Rei Sol". Na arquitetura e na moda, a França ditava o estilo para o resto da Europa. O francês substituiu o latim como a língua da diplomacia mundial e outros monarcas copiaram o estilo e as maneiras da corte parisiense.

Políticas da Monarquia

Luís XIV percebeu que uma monarquia forte dependia de uma economia sadia. Em 1665 nomeou Jean-Baptiste Colbert como seu ministro das finanças. Colbert era adepto das teorias econômicas do mercantilismo e, portanto, incentivou o estabelecimento de colônias e companhias francesas com o intuito de competir com a Dinamarca e a Inglaterra. Desenvolveu novos e melhores métodos de arrecadação de impostos, apoiou a construção naval e a formação de uma nova marinha, e ordenou a construção de canais e estradas. O governo incentivou novas indústrias, convidando artesãos para ensinar suas habilidades aos trabalhadores franceses. Com isso, as indústrias francesas de seda, tapeçaria e mobília foram desenvolvidas.

Jean Baptiste Colbert
Jean Baptiste Colbert

Contudo, a prosperidade francesa entrou em decadência. Luís XIV queria fortalecer a economia francesa, mas os grandes projetos de construção e a corte luxuosa trouxeram um enorme gasto aos cofres públicos. Frequentes guerras ajudaram a acabar com o tesouro francês. Ao contrário da Inglaterra, onde o Parlamento limitava o poder da monarquia, a França não tinha um corpo legislativo que pudesse impedir os gastos do rei. A Assembleia Francesa não se reunia desde 1614.

Outra razão para o declínio da prosperidade francesa foi a intolerância religiosa de Luís XIV. Ele estava convencido de que os huguenotes poderiam iniciar uma guerra civil. Determinado a criar uma França com "um rei, uma lei e uma só fé", ele se opôs à liberdade religiosa que o Édito de Nantes havia garantido aos protestantes franceses.

Os huguenotes haviam servido bem à França nas forças armadas e no governo, e também eram importantes líderes na indústria e comércio. Não obstante, Luís XIV exigiu que eles se convertessem ao catolicismo. Quando se recusaram, o rei começou a persegui-los, e finalmente, em 1685, Luís XIV cancelou o Édito de Nantes, impedindo os huguenotes de praticarem sua religião. Dezenas de milhares de huguenotes fugiram para países protestantes na Europa. Outros seguiram para as colônias inglesas na América do Norte. Com isso, a França perdeu muitos de seus melhores líderes comerciais e artesãos.

As Ambições de Luís XIV na Europa

A Guerra dos Trinta Anos havia encerrado o domínio da dinastia dos Habsburgo na Europa e também havia dado à França, da dinastia dos Bourbon, a chance de controlar o continente. Luís XIV desejava expandir o território francês ao norte e ao leste para dar à França uma fronteira que fosse mais fácil de defender. Luís XIV também planejava colocar um príncipe Bourbon no trono espanhol, com esperança de ganhar o controle da Espanha e de seu vasto império.

Para colocar estes planos em ação, o rei reorganizou o exército francês. Outros Estados europeus, que temiam as ambições de Luís XIV, formaram uma aliança para enfrentá-lo. Entre 1667 e 1714, a França participou de quatro guerras. O mais destrutivo destes conflitos foi a Guerra da Sucessão Espanhola (1701-1713).

Não se sabia ao certo quem iria assumir o trono espanhol, pois o rei Habsburgo da Espanha não tinha herdeiros. Em 1700, o rei espanhol nomeou como seu sucessor Felipe, duque de Anjou, neto de Luís XIV. A França ficou satisfeita por ter um príncipe Bourbon nomeado para o trono espanhol. Os outros países europeus, porém, não aceitaram a virada dos acontecimentos, temendo que uma Espanha controlada por bourbons iria afetar o equilíbrio do poder europeu. A Inglaterra, a Áustria Habsburga, a Prússia e a Holanda uniram forças para conter Felipe.

A Paz de Utrecht

A guerra não foi favorável para a França. No entanto, desavenças entre seus inimigos encerraram a luta antes que o país sofresse grandes perdas. O Tratado de Utrecht, composto por vários acordos assinados em 1713 e 1714, restaurou o equilíbrio do poder europeu, impedindo a união das Coroas francesa e espanhola.

A Felipe, duque de Anjou, foi permitido manter o trono espanhol e o império colonial da Espanha, com a condição de que um mesmo rei nunca pudesse estar à frente dos tronos espanhol e francês ao mesmo tempo. A Holanda e as terras espanholas na Itália passaram às mãos da Áustria Habsburga. A Grã-Bretanha tomou Gibraltar da Espanha e ganhou algumas posses francesas na América do Norte e nas Índias Ocidentais. Assim como ocorrido anteriormente com a Áustria e Espanha Habsburgas, a França Bourbon havia fracassado em sua tentativa de dominar a Europa.

A Revolução Francesa

Na época em que Luís XIV morreu, em 1715, o tesouro estava no fim. Como resultado das guerras e de gastos excessivos, o país estava endividado. O sistema francês de impostos impôs uma alta tributação sobre os camponeses, que não poderiam pagar nem o menor dos impostos. Os problemas financeiros ainda se agravariam, com as consequências advindas das guerras travadas durante o reino de Luís XV (1715-1774) - neto de Luís XIV e seu sucessor. A derrocada financeira enfraqueceu a monarquia parisiense, conduzindo o país à Revolução Francesa, em 1789.

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Sumário

- Absolutismo Francês
- A Corte do “Rei Sol”
- Políticas da Monarquia
- As Ambições de Luís XIV na Europa
- A Paz de Utrecht
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