Hidrografia

HIDROGRAFIA

Hidrografia é o ramo da Geografia Física que estuda as águas do planeta Terra. É importante ressaltar que o conjunto das águas de uma região ou de um país também pode ser chamado de Hidrografia. O estudo de Hidrografia abrange rios, mares, oceanos, lagos, geleiras e águas do subsolo e da atmosfera.

O nosso mundo, denominado Terra, talvez deveria ser chamado de "Planeta Água", já que de sua área total, da ordem de 510.000.000 km², 70%, ou seja, 360.000.000 km², consistem em terras imersas, cobertas por águas marítimas e fluviais. As zonas emersas, 30% do território do planeta, estão distribuídas pelos diversos continentes e ilhas. No Hemisfério Norte - denominado de "hemisfério das terras" ou "hemisfério continental" - 2/3 das terras são emersas. No Hemisfério Sul - chamado de "hemisférico oceânico" ou "hemisfério da águas" -, somente 1/3 de sua área total não é coberta pelas águas.

OCEANOS

Verdadeiramente, só existe, em todo o planeta, um único oceano, pois as águas que cobrem a maior parte da superfície da Terra formam um conjunto único, contínuo e sem separações. Pacífico, Atlântico, Índico e Glacial Ártico - os grandes oceanos do planeta - foram denominações dadas por razões históricas e não geográficas.

O oceano Pacífico, cuja área é de 180.000.000 km², ocupa metade de toda a superfície oceânica da Terra, estendendo-se do sul ao norte e separando a Ásia e a Oceania do continente americano. Nas Filipinas, localiza-se sua maior profundidade, a fossa das Marianas, situada a 11.000 m abaixo da superfície. Do ponto de vista econômico, o oceano de maior destaque é o Atlântico, cuja extensão de 106.000.000 km² é diariamente percorrido por navios militares e transatlânticos carregados de passageiros, fundamentalmente no Atlântico Norte. Sua maior profundidade, com 9.000 m, é a fossa de Porto Rico, na América Central. No centro do Atlântico, existem montanhas submersas conhecidas como Dorsal Atlântica, cuja a forma lembra um enorme S, e suas áreas mais elevadas formam as ilhas de Ascensão, Canárias, Tristão da Cunha e Santa Helena. O oceano Índico, com 75.000.000 km², está situado ao sul da Ásia, a leste da África e a oeste da Oceania. A fossa de Java, com 7.700 metros e localizada a noroeste da Austrália, é sua maior profundidade. Por fim, ao redor do Polo Norte, existe o oceano Glacial Ártico, que ocupa somente 3% da superfície total do planeta.

OS MARES

Chamamos de mar a porção dos oceanos em contato direto com o continente e, assim, submetido a uma maior influência das terras continentais. As diferenças básicas entre oceano e mar estão na profundidade, na salinidade, na densidade e na temperatura das águas. Conforme seu contato com os oceanos, os mares podem ser de três tipos: abertos (costeiros), continentais (mediterrâneos) ou fechados.

Os mares abertos estão em contato direto com os oceanos, sendo chamados de mares de mancha e de golfo. Na Europa, o mais perfeito exemplo desse tipo de mar é o Canal da Mancha, entre a Inglaterra e o Continente. Na América, localizam-se o Mar das Antilhas e o Golfo do México, também bons exemplos de um mar aberto. Os mares continentais estão situados em regiões interiores e se comunicam com os oceanos por meio de estreitos ou canais, como o Mar Mediterrâneo, que se comunica com o oceano Atlântico através do estreito de Gibraltar.

Mar Continental

Por fim, os mares isolados ou fechados, sem comunicação com os oceanos, são, na realidade, grandes lagos, tais como o Mar Morto, o Mar Cáspio, na Ásia, e o Mar de Aral, localizado no Cazaquistão.

Mar Fechado

A SALINIDADE DOS MARES

Num litro de água marítima existem 35 gramas de sal, portanto a salinidade média da água marinha é de 35%, isto é, 35 gramas de sal em 1000 gramas de água. É claro que a salinidade das águas marítimas varia de um lugar para o outro, conforme a temperatura, as chuvas, as correntes marítimas, os ventos e os rios que deságuam nos mares. Em regiões de clima quente, a salinidade é maior, pois, nessas zonas, os ventos são intensos e as chuvas são raras, além do fato de que poucos rios deságuam no mar. Já nos climas frios, onde chove muito e há poucos ventos, a salinidade é menor. O Mar Morto é a região aquática do planeta que possui o maior índice de salinidade, tornando impossível qualquer forma de vida submarina. Assim, a água dos rios é mais doce e potável, enquanto a dos mares é mais densa e pesada.

UMA CLÁSSICA COMBINAÇÃO: ÁGUA E GELO 

Conforme a latitude, as águas dos oceanos e mares são frias ou quentes. Em regiões próximas ao Equador, as águas marítimas são quentes. Nas regiões polares, elas são bem frias. Aí, no inverno, quando as temperaturas são da ordem de 3ºC abaixo de zero, o congelamento das águas oceânicas forma as banquisas. Em regiões ainda mais frias, aparecem as montanhas de gelo chamadas de icebergs, que são grandes blocos de gelo que se desprenderam de geleiras continentais e flutuam nas águas oceânicas. Em 1912, um iceberg foi responsável pelo afundamento do navio transatlântico Titanic.

A porção visível de um iceberg chega a dezenas de metros de altura. A parte submersa é bem maior, com até centenas de metros.

Correntes Marítimas

Nos mares e oceanos existem porções de água que se locomovem como rios: as correntes marítimas ou oceânicas. Elas são geradas pelas diferenças de densidade e de temperatura existentes nos mares e oceanos e modeladas pelas ondas e ventos, que determinam a direção de seus movimentos. No Equador, as correntes são quentes e deslocam-se para as regiões frias dos dois hemisférios, Norte e Sul. As correntes frias saem das regiões polares e se encaminham para as áreas mais quentes. No planeta Terra, as duas correntes mais importantes são a Corrente do Golfo ("Gulf Stream")e a Curo-sivo ("Corrente do Japão").

A "Corrente do Golfo" é quente e nasce nas Antilhas (América Central) e se desloca em direção à Europa, amenizando o inverno de muitos países, notadamente o britânico. A "corrente do Japão", que percorre o Pacífico, suaviza o inverno nipônico. Na realidade, o planeta conhece cinco grandes correntes marítimas: duas no Atlântico, duas no oceano Pacífico e uma no Índico. Elas têm direções diversas: no sentido horário, no Hemisfério Norte, e direção contrária no Hemisfério Sul. No Brasil, existem duas correntes marítimas: a das Guianas, no litoral norte, e a Brasileira, nas regiões litorâneas do sul. Esses movimentos das águas marítimas e oceânicas desempenham um papel fundamental na regulação da temperatura e do clima. Quando profundas, as correntes são frias e densas, levando alimentos para os peixes e crustáceos, ajudando assim a manter o equilíbrio ambiental.

Correntes marítimas

Correntes marítimas

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Qualquer morador numa cidade recebe água encanada; mas, nas regiões agrícolas ainda é necessário cavar para se obter água potável. No planeta Terra, as águas continentais são encontradas na superfície, em mares, rios ou lagos. Porém, o nosso mundo também tem água nas áreas subterrâneas, que são geradas pela penetração das chuvas. A quantidade de águas no subterrâneo depende, portanto, da quantidade das chuvas, da altitude e declividade de relevo, do tipo de rocha e da vegetação existentes na região. A denominação das águas subterrâneas é lençol de água, também conhecido como veio. Se este lençol for barrado por uma superfície de grande declividade ou por um buraco, surgirá aí uma fonte ou mina de água. Em muitos lugares do Brasil rural, as populações obtêm água em poços caseiros, que são buracos que chegam ao lençol de água e onde  o líquido é acumulado.

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Os Rios

Os rios são correntes de água que se originam do subsolo ou da atmosfera. O vapor de água que existe na atmosfera, quando se condensa, precipita-se na forma de chuva, aumentando a quantidade de água dos rios. Estes podem nascer em lagos, fontes ou até mesmo em outros rios e deságuam no mar, em lagos e, por vezes, em outros rios. Na superfície terrestre, as águas seguem três caminhos: escorrer, evaporar e infiltrar-se no solo. As águas que penetram o solo e as que escorrem buscam as partes mais baixas dos terrenos, outro fator de formação de rios, de lagos e mares. Quando evapora, a água retorna à atmosfera como vapor, reiniciando o ciclo das chuvas.

Perfil Transversal

Todo rio pode ser observado de duas maneiras: no perfil transversal e no perfil longitudinal. Este último, o perfil longitudinal, estende-se da nascente até a foz, estando dividido em três partes: nascente, curso e foz. Esta pode se apresentar em três formas: a foz em forma de estuário, onde inexistem ilhas e é modelada por somente um canal, que lembra um funil.  A foz em forma de delta é cheia de ilhas e assim o rio deságua através de diversos canais. A denominação desse tipo de foz decorre da forma em delta criado pelos sedimentos nela depositados pelo fluxo das marés. Há um terceiro tipo de foz,  a mista ou complexa, na qual um lado da foz é em forma de delta e o outro é estuário. No Brasil, um exemplo desse tipo de foz é o delta-estuário do rio Amazonas.

Perfil longitudinal

Se olharmos um rio longitudinalmente, perceberemos que duas são as suas direções. A primeira, denominada de jusante, é o deslocamento da água da nascente para a foz. A segunda, chamada de montante, é, a direção do rio, em seu curso, da foz para a nascente. Se contemplarmos um rio de maneira transversal, isto é, quando nos colocamos no meio do fluxo fluvial, olhando para a jusante, notaremos que ele forma um conjunto, o vale fluvial, abrangendo as duas vertentes, as duas margens e o leito fluvial (lugar por onde ele corre).

Quando os rios deságuam, eles são chamados de afluentes. Dessa maneira, todo o rio é afluente ou do mar, ou de um lago e, por vezes, de outro rio, ao conjunto formado por um rio e seus afluentes é dada a denominação de rede fluvial. A zona ou área banhada por uma rede de rios é conhecida como bacia fluvial. Os rios, quando deságuam para o oceano, ocorre uma drenagem exorreica ("exo", em grego,significa "fora"); quando as águas de um rio permanecem no interior de águas continentais, por exemplo num lago, a drenagem é do tipo endorreico (em grego, "endo" quer dizer "dentro").

Divisor de águas

Rede Fluvial

Escorrendo por uma determinada superfície, os rios passam por diferentes tipos de terrenos: alguns baixos e outros altos. Estes últimos desempenham o papel de divisores de águas entre dois rios. Nesses divisores, forma-se uma rede de captação pela qual toda a água se encaminha para o mesmo ponto, denominado de vertente.

Os rios podem ser mais ou menos densos, conforme o clima da região por onde ele passa. Em áreas com altos índices de chuva, os rios são caudalosos e permanentes, pois possuem um grande volume de água e jamais secam. Já em zonas áridas ou semiáridas, os rios tendem a ser temporários, secando no período da falta de chuvas. Somente os rios que nascem numa área chuvosa conseguem percorrer longas extensões de clima árido ou semiárido. Na maioria dos rios, as nascentes, quando da falta de chuva, chegam a secar e nos períodos chuvosos o volume de águas aumenta. A variação da quantidade de um rio ao longo de um ano recebe a denominação de regime. Normalmente, as nascentes são alimentadas pelas águas da chuva, sendo, nesse caso, conhecidas como nascentes pluviais. Outras captam água proveniente do derretimento da neve, as nascentes nevais e algumas dependem de geleiras, as nascentes glaciais. Em raros casos, as nascentes são mistas, isto é, alimentadas por chuva e neve, fenômeno muito comum no Japão.

Rios que descem de planalto tendem a ter um curso retilíneo; os que percorrem áreas planas formam meandros, ou seja, ao se desviarem dos obstáculos naturais existentes nas planícies, esses rios fazem curvas e o curso das águas é mais lento. Os rios são fundamentais para a economia de qualquer país, pois abastecem as cidades com água potável, são usados para irrigar plantações e geram eletricidade. Os rios que correm em regiões planas são extremamente navegáveis, facilitando o transporte interzonal. Outra contribuição dos rios para a vida humana é o fato deles serem cheios de peixes, animais de alto índice proteicoe essenciais para a alimentação humana. Também não podemos esquecer que os rios ajudam o lazer, pois neles podemos nadar e praticar esportes.

OS RIOS MAIS EXTENSOS DO PLANETA

Amazonas (Brasil e Peru)

6868 km

Nilo (Uganda, Sudão e Egito)

6695 km

Chang ou Rio Azul (China)

6380 km

Mississippi-Missouri (EUA)

6019 km

OS LAGOS

Os lagos consistem  em depressões  de terreno preenchidas por água. Estas depressões são causadas ou por vulcões, ou por movimentos das placas tectônicas ou em função do deslizamento de geleiras. No nosso pais, onde a estrutura geológica é bastante antiga, as depressões são de origem sedimentar, formando as bacias sedimentares. Os mares fechados, como o Cáspio e o Morto, não passam de grandes lagos, todos os dois com elevada salinidade. Assim como os rios, os lagos podem nascer numa fonte, também podem ser alimentados por outros rios e originários de mares e rios. O maior lago do mundo é o Cáspio, situado na fronteira da Rússia. O lago mais profundo do planeta é o Baikal, localizado na fronteira da Mongólia com a Rússia. No Brasil, o maior lago é a Lagoa dos Patos, situado no Rio Grande do Sul. A bacia lacustre maior importante do mundo é formada pelos lagos Erie, Superior, Huron, Ontário e Michigan, formando o complexo denominado de Grandes Lagos.

Sumário

- Oceanos
- Os Mares
- Mar Continental
- Mar Fechado
- A Salinidade dos Mares
- Uma Clássica Combinação: Água e Gelo
- Correntes Marítimas
- Águas Subterrâneas
- Os Rios
- Perfil Transversal
- Rede Fluvial
- Os Lagos