África - População e Problemas

  • Home
  • África População E Problemas

África - População e desafios

A população da África é da ordem de 1 bilhão e 33 milhões de habitantes e a maior taxa de crescimento demográfico do mundo. É tido,  pela maioria dos antropólogos, como o espaço geográfico berço da vida humana no planeta. Acredita-se que o Homo Sapiens teria surgido, há aproximadamente 6 milhões de anos, nos planaltos orientais da África, de onde teria progressivamente migrado para outras partes do globo.

O deserto do Saara, uma formidável barreira natural, dividiu o continente, em termos étnico-culturais, em duas porções distintas:

NORTE (DO MAR MEDITERRÂNEO ATÉ O SAARA) - a denominada África Branca, povoada basicamente por árabes, mouros e bérberes, de religião predominantemente islâmica.

CENTRO E SUL - área conhecida como África Negra, cuja população é composta por bantos, sudaneses, hotentotes (na Namíbia e no deserto do Kalahari), bosquímanos (no Saara) e pigmeus (moradores nas áreas florestais do rio Congo), a maioria seguidores de religiões animistas e ritos fetichistas. Devemos acrescentar que na extremidade setentrional moram minorias brancas de origem europeia (África do Sul, Zimbábue e Namíbia) e outras provenientes da Ásia, principalmente indianos e chineses, na África do Sul e Moçambique. 

A DEMOGRAFIA

A população africana é distribuída de maneira bastante irregular pela superfície do continente. Os vales são mais habitados em detrimento de áreas que dificultam a fixação, tais como desertos e montanhas elevadas.

Mapa - Densidade Demográfica África

Entre os séculos XVI e XIX, a população africana permaneceu relativamente estável em função das lutas intertribais e também da perda de contingentes humanos em função de tráfico negreiro. Esse último, não só diminuiu a população absoluta, como também coibiu o crescimento vegetativo, pois aproximadamente 80% dos escravos vendidos para as Américas eram do sexo masculino, o que desequilibrou a proporção sexual da população, fazendo decrescer as taxas de natalidade.  A partir do final do século XIX, em função da presença europeia e da eliminação do tráfico negreiro, a população retomou seu crescimento. De fato, a medicina ocidental e a construção de uma infraestrutura sanitária, proveniente dos modelos europeus, além de altas taxas de natalidade, possibilitaram uma verdadeira explosão demográfica.

Atualmente, a África apresenta um dos maiores índices de crescimento vegetativo do planeta, com altas taxas de natalidade e de mortalidade. A África é o segundo maior e o segundo mais habitado continente. Deve-se ressaltar, também, que o Continente Africano apresenta os menores índices mundiais de expectativa de vida: menos de 50 anos em muitos países do continente. Como consequência, predominam os segmentos populacionais mais jovens.

Estudos preveem que a população africana mais que dobrará em 40 anos.

A população da África subsaariana está crescendo mais rapidamente do que em outras partes do mundo, pois a medicina moderna conseguiu baixar a alta taxa de mortalidade infantil no continente. Ao mesmo tempo, há menos africanos falecendo de doenças que a medicina moderna pode prevenir e combater.

A taxa de fecundidade na África é muito alta. Uma mulher africana tem, em média, 5.2 filhos. Na Nigéria, o país com a maior taxa de fecundidade, a média é de 7.6 filhos. Já na Europa, a media é de apenas 1.6 filho.

É importante ressaltar que a África ainda está se desenvolvendo economicamente e que compreende alguns dos países mais pobres do mundo. Um alto crescimento populacional é um desafio para a economia de tais países, pois exige mais oportunidades de emprego e mais investimentos em infraestrutura.

As nações mais populosas da África são, respectivamente, a Nigéria (174,5  milhões de habitantes), o Egito (85,3 milhões), a Etiópia (93,9 milhões) e a República Democrática do Congo (75,5 milhões).

Além das religiões tradicionais africanas, predominam no continente o islamismo e o cristianismo.

OS SEGMENTOS SOCIAIS DO CONTINENTE NEGRO

Sociedades fundamentalmente tribais, as nações africanas conhecem classes sociais extremamente débeis, o que dificulta o desenvolvimento de atividades econômicas modernas. Os extratos sociais da região são os seguintes:

CAMPESINATO - maior parcela da população, esse setor é, sem dúvida,  a maior vítima da exploração europeia e da desorganização administrativa que caracteriza a região. Em sua grande maioria, os camponeses africanos são assalariados temporários, desprovidos de quaisquer benefícios e sem nenhuma proteção trabalhista; 

PROPRIETÁRIOS RURAIS - no período colonial, foram aliados do colonizador europeu. Com a independência, foram sendo progressivamente marginalizados pelos segmentos urbanos que controlam a administração do Estado;

BUROCRATAS - em termos locais, uma relativa elite civil e militar que controla o aparelho de Estado. Seus salários, elevados para os padrões locais, são sempre complementados pelas propinas e outras formas de corrupção, possibilitadas por suas relações com as grandes empresas transnacionais e com os governos dos ex-colonizadores;

PROLETARIADO - numericamente ínfimo, pois praticamente inexiste uma efetiva industrialização na maior parte dos países da área.

GRAVES PROBLEMAS

Atualmente, a África é vítima de inúmeros males:

- recorrentes surtos de fome, causados pelo desconhecimento de técnicas agrícolas modernas, conflitos armados que têm como consequência um nomadismo permanente de boa parte da população que foge das regiões conflagradas;

- guerras constantes em razão dos antagonismos tribais e das lutas pelo poder;

- desinteresse governamental pela sorte das populações, já que as lideranças dos quadros burocráticos locais buscam somente o enriquecimento próprio e o controle político de seus Estados;

- o crescente número de "crianças soldados". De fato, as permanentes guerras internas vêm utilizando, em número cada vez maior, crianças como combatentes, já que essas não dispõem de outras possibilidades de vida senão o ingresso nas diversas milícias que assolam o território africano. Em resumo: os meninos combatem e as meninas servem como prostitutas para os militares;

- as epidemias, notadamente a malária e a AIDS. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas infectadas pelo HIV provocou uma drástica queda na expectativa de vida dos africanos. No início da década de 90, era de 59 anos; em 2005, era de 45 anos.

- conforme o Relatório de Desenvolvimento Humano, índice organizado pela ONU, medido com base na expectativa de vida, alfabetização e acesso aos serviços públicos, a África Negra, também conhecida como Subsaariana, apresenta hoje a mais alta taxa de pobreza absoluta do mundo.

FOME NA ÁFRICA

A África enfrenta uma combinação letal de escassez de alimentos e AIDS, além de conflitos e guerras civis que estão assolando grandes partes do continente.

A maioria dos países africanos não é autossuficiente na produção de alimentos, que precisam ser importados por vários países africanos. Mais grave ainda é o fato de que muitos desses países frequentemente não disponibilizam de fundos suficientes para importar a quantidade necessária para alimentar toda sua população.

Em 2010, o Sistema Mundial de Informação e de Alerta Rápido da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) alertou que 22 países africanos enfrentavam emergências alimentares. Vários desses países estavam envolvidos em conflitos internos ou sofriam de efeitos pós-guerra, incluindo o retorno de inúmeros refugiados. Muitos desses países haviam sido atingidos por calamidades naturais ou por crises econômicas: secas, enchentes, disseminação do vírus da AIDS, corrupção, má administração de estoques de alimentos, degradação ambiental, más políticas de comércio e escassez de comida devido à falta de recursos para importar alimentos.

Um grave problema da África é ambiental. Grande parte do continente sofre de falta de chuvas, o que provoca a diminuição no nível de rios, além de um aprofundamento ou total desaparecimento do lençol freático (depósitos subterrâneos de água, pouco profundos, que são utilizados domesticamente ou como fonte de irrigação, por camponeses).

No continente africano, a forte ação dos ventos arranca materiais fertilizantes do solo, levando-os para longe, desta forma aumentando a expansão do deserto do Saara. Além de fenômenos naturais, outros fatores são decisivos para a ampliação do deserto: a pressão demográfica, o aumento das cidades, a destruição desenfreada das florestas para se obter lenha e para formar cultivos e pastagens.

O número de pessoas passando fome na África aumentou nos últimos anos: eram 175 milhões e agora são 239 milhões. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura estima que a cada ano, um-quarto da população da África subsaariana passa fome e que essa região encontra-se em uma situação mais calamitosa do que 30 anos atrás. Um-terço de todos os falecimentos de crianças é devido à fome.

 Noventa e oito por cento de todas as pessoas subnutridas vivem em países em desenvolvimento. Em 2010, a distribuição por região de pessoas subnutridas era a seguinte:
  • África subsaariana: 239 milhões
  • Ásia e Pacífico: 578 milhões
  • América Latina e Caribe: 53 milhões
  • Oriente Médio e Norte da África: 37 milhões
  • Países desenvolvidos: 19 milhões

A AIDS naturalmente agrava o problema da fome. Milhões de fazendeiros africanos foram vitimados pela doença. Uma das consequências é há falta de mão de obra, reduzida em 60 a 70% nas fazendas africanas. Muitos campos foram abandonados, e inúmeras famílias carentes de mão de obra ou recursos necessários para cultivar seus campos, passaram a praticar agricultura de subsistência.

Um outro problema grave é que muitos recursos governamentais são desviados da Agricultura para a Saúde, devido ao vírus HIV, resultando em mais fome. Cada vez menos recursos estão sendo investidos na agricultura africana, levando a uma crescente escassez de alimentos.

fome na África
Fonte: Peace Corps

Os altos preços de alimentos também têm efeito devastador. As populações mais pobres do mundo são as que mais sofrem, pois uma fração significativa de sua renda é utilizada para adquirir alimentos. Nos países desenvolvidos, os gastos com alimentação como porcentagem do orçamento doméstico é de, aproximadamente, 10%. Em certos países da África, chega a 60%.

AIDS NA ÁFRICA

Na última década, a AIDS vem dizimando a população africana. Cerca de 23,5 milhões de africanos estão infectados com o vírus HIV (2013); mais de 14,8 milhões de crianças perderam pelo menos um de seus pais para a AIDS. Em 2013, 1,2 milhão de africanos morreram de AIDS na África subsaariana. Sessenta e nove por cento da população infectada pelo vírus HIV vive nessa região.

Dados da organização UNAIDs revelam que em 2013, 1,8 milhão de africanos que vivem na África subsaariana contraíram o vírus HIV. Oitenta e oito por cento das crianças e 60% de todas as mulheres que contraíram o vírus da AIDS vivem nessa região. Na África subsaariana, aproximadamente 6% dos adultos estão infectados com o vírus HIV.

Na Somália e em Senegal, menos de 1% da população adulta carrega o vírus HIV. Já na Namíbia, Zâmbia e Zimbábue, 10-15% dos adultos foram infectados pelo vírus da AIDS. Na África do Sul, 17,8% da população foi infectada pelo HIV e em três outros países do sul do continente, a porcentagem de adultos que contraiu o vírus está acima de 20%. Esses países são Botsuana (24,8%), Lesoto (23,6%) e Suazilândia (25,9%).

Em 1995, 250 milhões de dólares foram enviados em ajuda para combater a AIDS na África. Dez anos depois, em 2005, foram enviados 8 bilhões.

O dinheiro enviado à África tem ajudado a população. Nos últimos anos, muitos africanos receberam, gratuitamente, combinações de remédios que prolongam a vida ao retardar a manifestação do vírus da AIDS no organismo. Mas, apenas 49% dos africanos infectados recebem esses remédios. Outros serviços de assistência - a ajuda a órfãos que perderam seus pais devido à AIDS - são bastante limitados. Apesar de grandes esforços, a ajuda não está chegando aos africanos que mais precisam. Além disso, há uma falta de enfermeiras e médicos qualificados, de alimentos, e de infraestrutura para prevenir a doença. Milhões de pessoas cujo sistema imune foi enfraquecido pelo vírus HIV não recebem tratamento médico quando contraem infecções.

Sumário

- A demografia
- Os segmentos sociais do continente negro
- Graves problemas
- Fome na África
- Aids na África