Conflitos na Índia

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CONFLITOS NA ÍNDIA

Em 1947, a Grã-Bretanha propôs o acordo de divisão da Índia e Paquistão (predomínio de muçulmanos):

  • o Paquistão Oriental ficou separado do Ocidental por mais de 1700 km.
  • o Paquistão Oriental terminou por declarar-se independente, como Bangladesh, em 1971.
  • ainda permanece a disputa entre a Índia e o Paquistão pela Caxemira (norte da Índia).

Mesquita de Ayodhya

Conflitos Internos

Índia presencia tensão e violência entre as populações hindus e muçulmanas do país.

Dados Históricos

A Índia obteve sua independência em 1947. Seu movimento nacional foi liderado por Mohandas K. Gandhi (conhecido como Mahatma Gandhi) e Jawaharlal Nehru. Porém, Mohammad Ali Jinnah, líder dos muçulmanos no país, temia que seus correligionários se tornassem uma minoria perseguida numa terra dominada por hindus. Ele acreditava que a Índia deveria transformar-se em duas nações. O país sofreu uma divisão e foi formado o estado islâmico do Paquistão. Mas a repartição da Índia causou grande violência: aproximadamente 500 mil pessoas foram mortas, e mais de 11 milhões de hindus e muçulmanos tornaram-se refugiados, tentando imigrar de um país para outro. Apesar de todo o derramamento de sangue e sofrimento, a criação do Paquistão não resolveu os conflitos religiosos no território indiano. Quase 50% dos muçulmanos que viviam na Índia permaneceram lá e não imigraram ao recém-estabelecido país islâmico. Este grupo representa a maior minoria religiosa na Índia - 12% da população do país.

O Paquistão, formado em 1947 como uma nação para muçulmanos, já fez parte da Índia. Porém muitos muçulmanos continuam vivendo na Índia, constituindo aproximadamente 12% da população do país.

Os hindus, ainda que compartilhando uma religião em comum, estão divididos em diversas seitas e são segmentados socialmente por milhares de castas. As diversas regiões geográficas da Índia são linguística e culturalmente distintas. Mais de doze línguas são faladas no país. Reconhecendo a existência de tamanha diversidade, os criadores da Constituição indiana buscaram reconhecer o pluralismo da nação garantindo direitos fundamentais, particularmente para a proteção de minorias. A Constituição garante liberdade religiosa e cultural, e permite o estabelecimento de instituições educacionais religiosas que não sejam hinduístas.

Em março de 1971, o Paquistão Oriental declarou a sua independência do Paquistão Ocidental. O país adotou o nome de Bangladesh, que significa "nação Bengali". O exército paquistanês ocidental invadiu a região, mas a Índia ofereceu ajuda ao recém-formado país que conseguiu resistir à invasão paquistanesa.

A Índia atual é definida por suas diversas identidades religiosas e por seus conflitos resultantes. O trauma da divisão (com a criação do estado do Paquistão) ainda é visível no país, e centenas de incidentes de violência entre grupos religiosos são registradas todo ano. Em dezembro de 1992, fanáticos hindus destruíram a mesquita de Ayodhya, o que causou tumultos resultando na morte de 1.200 pessoas. De acordo com a tradição hindu, a cidade de Ayodhya é o local de nascimento de seu deus Ram. Devotos declaram que no século XVI, o imperador mogul Babur destruiu o templo e construiu em seu lugar a mesquita. A dinastia Mogul, fundada por Babur, foi uma linhagem de soberanos muçulmanos indianos que governou a Índia de 1526 a 1858.

É importante ressaltar que enquanto o hinduísmo é uma religião politeísta - que acredita em muitos deuses - o islã é puramente monoteísta. A destruição da mesquita e a construção de um templo para um deus hindu é um ato de idolatria e, portanto, uma severa provocação contra muçulmanos. Outros incidentes violentos atormentaram o país desde então. Em janeiro de 1993, ataques contra muçulmanos ocorreram em Bombaim (Mumbai), deixando mais de 600 mortos.

A Índia, maior democracia do mundo, é um estado oficialmente secular (laico), mas composto por pessoas de diferentes e fortes crenças religiosas. O desafio do governo não é apenas de conter a expansão da violência entre grupos religiosos no país, mas também de promover justiça, igualdade, e uma democracia legítima para todos os integrantes de sua sociedade pluralista.

Caxemira

O conflito na Caxemira reflete mais uma situação de conflitos étnicos e religiosos. A hostilidade entre os dois países fez com que ambos entrassem em uma corrida nuclear, investindo significativamente em programas de defesa nacional.

A Caxemira, região ao norte do subcontinente indiano, está atualmente dividida e sob o controle da Índia, do Paquistão e da China. Ao contrário do restante da Índia, cuja maioria é hinduísta, a Caxemira indiana tem maioria islâmica, tal qual o Paquistão.

Com a partilha da Índia e do Paquistão, uma parte da população predominantemente muçulmana da Caxemira queria que a região fosse anexada ao Paquistão. O Paquistão invadiu a região e Hari Singh, o marajá governante da Caxemira, pediu urgente apoio de tropas indianas para se defender. Em troca, o marajá assinou o Instrumento de Acesso à União Indiana onde a região se tornava parte do estado indiano de Jammu e Caxemira. O marajá, portanto, uniu a região à Índia, e não ao Paquistão.

A Índia enviou tropas à Caxemira, forçando os Paquistaneses a retrocederem. As tropas indianas e paquistanesas batalharam pela Caxemira, até que as Nações Unidas organizaram um armistício em 1949. O território foi dividido entre Índia e Paquistão. Como parte do acordo, a Índia se comprometeu a celebrar um plebiscito na região da Caxemira, porém o plebiscito não ocorreu.

A Índia e o Paquistão lutaram duas guerras pelo controle de Caxemira, em 1965 e em 1971.

Em 1972 os dois países concordaram em cessar a violência. Porém um grupo separatista fundamentalista muçulmano surgiu no final da década em 1980 e o conflito continuou na região. Grupos guerrilheiros passaram a lutar pela independência, recebendo apoio externo, incluindo homens de outras nacionalidades que se deslocaram para lutar na região. O fundamentalismo hindu também crescia e fortalecia o exército indiano.

A violência aumentou de 1999 a 2002, fazendo com que a Índia e o Paquistão aumentassem o número de tropas em suas fronteiras comuns. Juntos, chegaram a mobilizar um milhão de tropas na região.

O ataque do dia 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas nos Estados Unidos fez com que o governo paquistanês buscasse se dissociar do fundamentalismo islâmico. Ambos países têm se esforçado para melhorar a situação diplomática entre eles.

Em novembro de 2003, concordaram em um cessar fogo e em restaurar uma relação diplomática, porém os grupos militantes continuaram a lutar, muitas vezes utilizando métodos terroristas.

Atualmente a Índia controla dois terços da região e acusa o Paquistão de treinar e armar os separatistas.

Desde 2010, a Índia e a Paquistão realizaram algumas tentativas de conversações de paz.

O conflito na Caxemira é um dos grandes focos geopolíticos atuais, pois envolve países detentores de explosivos nucleares.

Duas Potências Nucleares

O conflito na Caxemira foi o principal responsável pela corrida armamentista nuclear entre a Índia e o Paquistão.

Conforme vimos na independência da Índia, parte de seu território se tornou o Paquistão e logo em seguida começou a luta pela região da Caxemira. Até hoje os dois países vivem em conflito e ambos construíram forças armadas modernas para se proteger. O Paquistão ficou bastante alarmado ao descobrir em 1974 que a Índia havia testado uma bomba atômica. O Paquistão, sentindo-se provocado, também desenvolveu tecnologia nuclear e realizou testes em 1988.

Em 1998, o governo indiano prometeu transformar a Índia numa potência militar. A confirmação da Índia como potência nuclear veio alguns meses depois, a partir dos testes que realizou em maio de 1998. Os primeiros testes haviam sido iniciados em 1974. Além de uma força nuclear, o país já possuía mais de 1,3 bilhão de habitantes e um exército de mais de 1,4 milhão de pessoas.

O Paquistão já havia promovido testes nucleares causando medo de uma possível corrida nuclear na turbulenta região. Vários países, com o intuito de pressionar a Índia e o Paquistão para abandonar seus programas nucleares, impuseram sanções econômicas em ambos países.

Houve um relaxamento da tensão entre os dois países durante os meses após os testes nucleares. Índia e Paquistão declararam uma pausa nesses testes e entraram em negociações, patrocinadas pelos Estados Unidos. Algumas sanções foram levantadas como sinal de progresso. No começo de 1999, após meses de conversação, os líderes da Índia e Paquistão assinaram a Declaração de Lahore, na qual expressaram o comprometimento de ambos países em melhorar seu relacionamento. Porém, em abril do mesmo ano, ambos países começaram a testar mísseis de médio alcance capazes de carregar ogivas nucleares. A possibilidade de um confronto militar entre Índia e Paquistão, que, provavelmente incluiria armas nucleares, é uma fonte de preocupação para todo o mundo.

Sumário

- Conflitos Internos
i. Dados Históricos
- Caxemira
- Duas Potências Nucleares