Forças de atrito
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Força de atrito
Imaginemos um bloco deslizando sobre uma superfície S, puxado por uma força , como ilustra a Fig. 1
Em geral observamos a existência de uma força que se opõe ao deslizamento. Essa força é exercida pela superfície S sobre o bloco e é chamado de força de atrito.
A principal causa da força de atrito é o fato de as superfícies apresentarem irregularidades, são ásperas (Fig. 2)
No entanto devemos considerar também as forças de atração entre as moléculas do bloco e moléculas da superfície.
Na Fig. 3 representamos um caminhão que move-se para a direita em movimento acelerado, transportando uma caixa apoiada sobre sua carroceria, sem deslizar.
Neste caso, a carroceria aplica sobre a caixa uma força de atrito ao mesmo tempo em que a caixa aplica sobre a carroceria a força
(lei da Ação e Reação).
É importante ressaltar que neste caso, embora a caixa esteja em movimento em relação ao solo ela não desliza sobre a carroceria.
Quando não há deslizamento entre as superfícies, a força de atrito chama-se estática.
Quando existe deslizamento entre as superfícies, como no caso da Fig. 1, a força de atrito chama-se cinética (ou dinâmica) .
É importante também ressaltar que nem sempre a força de atrito é oposta ao movimento. Por exemplo no caso da Fig. 3, a força de atrito sobre a caixa tem o mesmo sentido do movimento. Porém, em qualquer caso, a força de atrito opõe-se à tendência de deslizamento.
Atrito cinético
A experiência mostra que o módulo da força de atrito cinético é dada por:
FA = c . FN
onde FN é a intensidade da força normal atuante no corpo e c é um número chamado coeficiente de atrito cinético, o qual depende dos materiais do corpo e da superfícies de contato; esse coeficiente depende também do estado de polimento das superfícies em contato.
Exemplo 1
Um bloco de massa m = 2,0 kg está inicialmente em repouso sobre uma superfície horizontal S. A partir de certo instante aplicamos ao corpo uma força horizontal de intensidade F = 16 N. Sabe-se que g = 10 m/s2 e que o coeficiente de atrito cinético entre bloco e a superfície é c = 0,30.
Calcule:
a) A intensidade da força de atrito que atua sobre o bloco
b) A aceleração do bloco
c) A intensidade da força exercida pela superfície S sobre o bloco.
Resolução
a) Na figura abaixo marcamos todas as forças que atuam sobre o bloco: a força , a força de atrito
, o peso
e a força normal
.
P = mg = (2,0 kg) (10 m/s2) = 20 N
Neste caso a força normal tem a mesma intensidade que o peso;
FN = P = 20 N
A intensidade da força de atrito é dada por:
FA = c.FN = (0,30) (20) = 6,0 N
FA = 6,0 N
b) A força resultante tem módulo dado por
FR = F - FA
Assim, pela segunda lei de Newton:
F - FA = m . a
16 - 6,0 = (2,0). a
a = 5,0 m/s2
c) Tanto como
são forças exercidas pela superfície sobre o bloco. Portanto, a força total exercida pela superfície sobre o bloco é a força
, resultante de
e
. O módulo de
pode ser calculado pelo teorema de Pitágoras:
FT2 = FN2 + FA2
FT2 = 202 + 62
FT2 = 400 + 36 = 436
FT =
Exemplo 2
Um bloco de massa m = 4,0 kg é abandonado em repouso sobre uma superfície plana S a qual tem inclinação q com a horizontal. São dados:
g = 10 m/s2; sen = 0,80; cos
= 0,60
Sabendo que o coeficiente de atrito entre o bloco e a superfície é c = 0,50, calcule a aceleração adquirida pelo bloco.
Resolução
Na Fig. I desenhamos as forças que atuam no bloco e na Fig II fazemos a decomposição do peso.
P = mg = (4,0 kg) (10 m/s2) = 40 N
PX = P . sen = (40 N) (0,80) = 32 N
PY = P . cos = (40 N) (0,60) = 24 N
FN = Py = 24 N
A intensidade da força de atrito é dada por:
FA = c . FN
FA = (0,50) (24)
FA = 12 N
Aplicando a segunda lei de Newton temos:
PX - FA = m .a
32 - 12 = (4,0) . a
a = 5,0 m/s2
Atrito estático
Vimos que a força de atrito pode existir mesmo que não haja deslizamento entre as superfícies. Essa força de atrito é chamada de estática e vamos agora passar a estudá-la.
Na fig. 1 representamos uma situação em que um indivíduo aplica uma força horizontal sobre um bloco apoiado sobre uma mesa. é possível que o indivíduo não consiga mover o bloco, devido à força de atrito
que se opõe à tendência de deslizamento. Neste caso a força de atrito é estática pois não há deslizamento. Vamos analisar essa situação com mais detalhes.
Imaginemos inicialmente o bloco sobre a mesa, em repouso, antes de o indivíduo aplicar a ele a força (Fig. 2) . Nesse caso não há ainda força de atrito.
Suponhamos que o indivíduo aplique uma força (Fig. 3) mas o bloco não se move. Isto significa que a força de atrito cancela o efeito da força
, isto é,
FA = F1
Suponhamos agora que o indivíduo aumente a intensidade da força , passando para o valor F2 (Fig. 4). Pode acontecer que apesar disso, o bloco ainda não se mova. Isto significa que a intensidade da força de atrito também, aumentou para o valor
de modo que a força de atrito continua cancelando o efeito da força
aplicada pelo indivíduo:
Percebemos então uma característica importante da força de atrito estática: ela tem intensidade variável.
Porém, a experiência mostra que a força de atrito não aumenta indefinidamente, isto é, se o indivíduo aplicar uma força suficientemente intensa, conseguirá tirar o bloco do repouso. Portanto, existe um valor máximo para a força de atrito, chamada de força máxima de atrito .
Experimentalmente, verifica-se que a força máxima de atrito é dada por:
FAm = e . FN
onde FN é a intensidade da força normal e e é um coeficiente chamado coeficiente de atrito estático o qual depende dos materiais em contato (e do estado de polimento). Na maioria dos casos, para um mesmo par de materiais em contato, o coeficiente de atrito estático é maior do que o cinético (
e >
c). No entanto, às vezes pode acontecer que sejam iguais. Assim, em geral, temos
e
c
Exemplo 3
Um bloco de massa m = 6,0 kg está inicialmente em repouso sobre uma superfície horizontal S, sob a ação de apenas duas forças (Fig. 5): o peso e a força normal. A partir de certo instante aplicamos ao bloco uma força horizontal
e ao mesmo tempo aparece uma força de atrito
(Fig. 6). Os coeficientes de atrito para este caso são:
e = 0,30 e
c = 0,20
Sabendo que g = 10 m/s2, calcule a intensidade da força de atrito, nos seguintes casos:
a) F = 6 N
b) F = 12 N
c) F = 18 N
d) F = 20 N
Resolução
a) Neste caso temos:
![]() |
P = mg = (6,0kg) (10 m/s2) = 60 N |
FN = P = 60 N |
O valor máximo da força de atrito estático é dado por:
FAm = e. FN = (0,30) (60 N) = 18 N
Isto significa que a intensidade da força de atrito pode crescer até o valor 18 N. Porém, se aplicamos uma força F de intensidade 6 N, a força de atrito também tem intensidade 6 N (o bloco continua em repouso):
FA = 6 N
b) A intensidade F = 12 N ainda é menor do que 18 N. Portanto, o bloco continua em repouso e, assim, a força de atrito tem a mesma intensidade que a força aplicada F (Fig. 8):
FA = 12 N
c) Neste caso a força aplicada () tem a mesma intensidade que a força de atrito máxima (18 N). Assim, o bloco continua em repouso e a força de atrito está com seu valor máximo (Fig. 9). Dizemos que o bloco está na iminência de movimento.
d) Neste caso, a força aplicada () tem intensidade maior que a máxima força de atrito estático (20 > 18). Portanto o bloco entra em movimento. Porém, assim que isso acontecer, a força de atrito deve ser calculada usando o coeficiente cinético:
FA = c . FN = (0,20) (60 N) = 12 N
FA = 12 N
Para a situação deste exemplo podemos fazer um gráfico da intensidade da força de atrito (FA) em função da intensidade da força aplicada pelo indivíduo. O gráfico está na figura a seguir.
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Sumário
- Atrito cinético- Atrito estático



