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Manguezais

Os manguezais (mangues) constituem biomas litorâneos, com vegetação arbustiva e onde o solo é salgado e lodoso. São formados na desembocadura de rios e nos litorais protegidos da ação direta do mar – como baías de águas paradas ou litorais guarnecidos por diques de areia. Quando a maré sobe, o mangue é inundado com água salobra.

Na costa brasileira, os manguezais só não aparecem nas regiões de litoral rochoso. São bem desenvolvidos no Paraná, em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Pará e no Amazonas. Atuam como berçário para as espécies marinhas, abrigo seguro para as terrestres, principalmente aves, e depurador da poluição que chega pelos rios do continente. Somam 25.000 km2 e representam 12% da área ocupada por mangues no mundo e são mais abundantes entre os estados de Santa Catarina e Maranhão.

Os manguezais podem penetrar vários quilômetros no continente, acompanhando o curso dos rios, cujas águas misturam-se com o mar durante as marés cheias. Mangues internos ocorrem no litoral sul de São Paulo – Cananeia – e no litoral norte – regiões de Ararapira e do Parque Nacional do Superagui.

As características principais desse bioma são devidas ao solo – edáficas – sendo pouco afetado pelo clima. O solo apresenta areia fina e lodo, com teor variado de sal, em função da proximidade e contato com a água do mar. Seu solo é pobre em oxigênio – está continuamente alagado – permitindo sobrevivência apenas de bactérias anaeróbicas produtoras de gás sulfídrico (H2S), o qual deixa um odor característico (ovo podre!).

O mangue abriga plantas halófitas – como o Rhizophora mangle (mangue-vermelho ou mangue-bravo) – que se desenvolvem bem em terrenos salgados. Nessa planta verifica-se a presença de raízes-escoras para uma mais eficiente fixação ao solo.

No corpo dos seres vivos, as membranas são, em geral, semipermeáveis. As plantas do mangue, que vivem em água muito salina, assim como os animais, também têm meios para defender-se contra o sal absorvido pelas raízes: elas excretam o excesso.

No mangue existem também plantas portadoras de pneumatóforos, ou seja, raízes respiratórias que partem da raiz principal e crescem para cima – com geotropismo negativo – emergindo do lodo e absorvendo oxigênio atmosférico, como forma de compensar o baixo teor de O2 do solo. É o caso da planta arbórea Avicenia tomentosa ou “mangue-seriba”.

Essa planta, popularmente chamada “siriúba”, se distribui com mais frequência nos mangues próximos à orla marítima. Apresenta uma adaptação curiosa, realizando a germinação da semente dentro do fruto, ainda preso à planta-mãe. A planta jovem, resultante da germinação, tem uma raiz reta e duas folhas opostas, assemelhando-se a um dardo. Ao cair, a raiz se orienta perpendicularmente e penetra, como uma seta, no solo lodoso. Essa adaptação impede que a semente seja sepultada pelo lodo e deixe de germinar.

Nas plantas do mangue, ainda como adaptação, as células apresentam alto potencial osmótico, muito maior do que o das células de plantas que vivem em outras regiões. Essa adaptação fisiológica garante a absorção de água pelas raízes, visto ser necessário retirar, por osmose, água do solo salgado.

Nos manguezais não há vegetação rasteira e poucas são as plantas epífitas presentes, entre elas algumas orquídeas e bromeliáceas.

Nesse bioma litorâneo ocorrem diversas espécies de caranguejos e moluscos, além de aves aquáticas, como garças e várias espécies de pássaros. A alta disponibilidade de nutrientes minerais e matéria orgânica faz do mangue uma fonte de alimento para muitas espécies marinhas. Milhares dessas espécies, como crustáceos, peixes, moluscos e tartarugas utilizam os manguezais para desova e crescimento até a fase adulta. As aves também nidificam nos mangues, onde encontram proteção das árvores, quase inatingíveis para animais terrestres, e alimento em abundância.

Além dessa inestimável importância ecológica, a população caiçara utiliza a madeira dos arbustos como lenha e os moluscos “sururus” (Mytella falcata) como alimento.

Por todas essas razões, é de extrema importância preservar esses ambientes. Isso, no entanto, é muito difícil, por serem essas áreas cobiçadas por especuladores imobiliários devido à privilegiada localização. A destruição, em todo o país, tem sido imensa!

Pantanal

O Patanal nas regiões do Paraguai, Argentina e Bolívia é denominado charco; em terras brasileiras, localiza-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A região pantaneira é plana e relativamente baixa, sofrendo inundações constantes do rio Paraguai, no que resulta boa fertilidade do solo.

Nos meses de outubro a março – época de cheia e da pesca – a fauna busca refúgio nas regiões mais altas, onde estão florestas e vegetação do cerrado. Baixando as águas – iniciando o período de estiagem – surgem os campos limpos e os lagos permanentes retomam sua forma original. Grande parte da vegetação, sendo hidrófita, está adaptada às áreas alagadas. São representantes dessa flora o ingazeiro, o angico-vermelho, o buriti, a peroba, o ipê-roxo, o jenipapo, a imbaúba e as palmeiras.

Poucas espécies são endêmicas, isto é, exclusivas do pantanal. Entre as espécies endêmicas, destaca-se o carandá, uma espécie de palmeira parecida com a carnaúba, que forma bosques conhecidos como carandazais. Há áreas remansosas do rio Paraguai onde se encontra a vitória-régia, planta típica da região amazônica. Em locais mais altos, onde o solo não retém água da chuva, a vegetação pode apresentar a feição típica da caatinga, com cactos, barrigudas e gravatás.

Nas áreas inundáveis crescem diferentes tipos de gramíneas, além de arbustos e árvores isoladas, formando extensas pastagens naturais. Durante as cheias, os peixes – dourado, pacu, jaú, pintado, surubim, pintado, piau, lambaris, piranhas – abandonam os leitos dos rios e vão em busca do alimento abundante, então disponível nos campos e nas matas inundadas. Os pacus, por exemplo, dotados de fortes dentes, alimentam-se de frutos duros, como os coquinhos do carandá.

Outubro é a época da piracema, viagem que os peixes fazem rio acima para desovar, em imensos cardumes de dourados, pacus, curimbatás e pintados. Estes, como os jacarés e capivaras, já são criados para exportação.

Na época de seca, cardumes inteiros de peixes estando confinados a pequenas lagoas, servem de banquete para as aves. É no pantanal que se encontra uma das regiões do mundo mais ricas em abundância e diversidade de aves, devido à oferta de abrigo e alimento adequados às suas necessidades. Aí existem patos, marrecos, jaburus, socós, tuiuiús, papagaios, araras, garças, colhereiros, saracuras e frangos-d’água. Existem pelo menos 650 espécies de pássaros – mais que em qualquer outro lugar do mundo!

A grande diversificação da fauna apresenta onças, lontras, cervos-do-pantanal, pacas, lobos-guarás, ratões-do-banhado, capivaras, tamanduás-bandeira, jacarés-de-papo-amarelo, sucuris, tartarugas e peixes, como dourados, piranhas, pacus e pintados.

Existem grandes répteis no pantanal, entre eles duas espécies de jacarés, o jacaretinga e o jacaré-do-pantanal, que se alimentam de peixes. Das cobras, a espécie mais impressionante é a sucuri, serpente não venenosa que pode atingir até 10 m de comprimento. As capivaras, são mamíferos roedores de grande porte, que podem atingir até 70 kg de peso.

As fazendas de gado, a caça e a pesca clandestinas e o turismo têm restringido o esplendor natural da região, apesar da atenção que lhe dedicam as organizações protetoras do ambiente. Umas cem espécies de macacos vivem no pantanal, mas o número era ainda maior, porque 11 espécies foram extintas.

O processo de agressão mais violento vem de fora do pantanal: trata-se da agricultura predatória e desregrada que se pratica nos cerrados ao redor, expondo os solos circunvizinhos à erosão. Milhões de toneladas de solo são arrastados para o leito dos rios, causando seu entupimento e contribuindo para a destruição das matas marginais. Junto com a terra, são arrastadas grandes quantidades de agrotóxicos, que poluem as águas.

Sendo o pantanal, ainda hoje, uma região isolada e de difícil acesso, isso contribui preponderantemente para a excepcional riqueza de vida selvagem ali existente. Recentemente a atividade de garimpo de ouro – iniciado no século XVIII, na região de Cuiabá – retornou ao pantanal, utilizando mercúrio no processo de separação do minério. Esse metal pesado contamina os rios e se acumula nos organismos vivos em concentrações progressivas ao longo das cadeias alimentares. Os últimos elos são peixes carnívoros, que são consumidos pelo homem, podendo levar a envenenamentos fatais.

A mineração na Serra do Urucum – ferro, manganês, calcário – necessita de carvão vegetal, o que leva à destruição de matas nativas. A caça e a pesca predatórias agridem gravemente o bioma pantaneiro. A pesca predatória compromete a reprodução das espécies comercialmente exploradas, além de favorecer a proliferação de piranhas, que deixam de ter a concorrência de predadores como o dourado, o pintado e o jaú. O mercado de peles, especialmente de jacarés, onças, jaguatiricas, ariranhas e lontras – além da captura de aves raras – coloca em risco a sobrevivência de diversas espécies.

Barragens de terra que mantêm grandes áreas livres da inundação anual – os pôlderes – trazem prejuízos ao bioma pantaneiro, por impedir os benéficos efeitos das cheias.

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