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Ambiente Marinho

Os mares e os oceanos ocupam no globo 363 milhões de km2, isto é, mais do que o dobro das terras emersas. A profundidade média dos oceanos é de 3.800 metros, ao passo que a altitude média dos continentes é apenas de 875 metros. Os continentes são apenas habitados na superfície ou quase, enquanto que o domínio marinho é ocupado em suas três dimensões, e nele a vida existe até na mais profunda fossa conhecida (fossa das Ilhas Marianas, 11.034 m).

regiões do ambiente marinho

Um dos aspectos mais importantes do ambiente marinho é a sua grande estabilidade e homogeneidade, com relação à composição química e temperatura. A salinidade dos mares é de aproximadamente 3,5 gramas / litro de sais, predominando o cloreto de sódio (NaCl) - sal de cozinha.

Apresentam como principais fatores abióticos:

a) a pressão hidrostática aumenta aproximadamente de 1 atmosfera a cada 10 metros de profundidade. As variações de pressão são bem mais importantes no meio marinho que no meio terrestre.

b) a iluminação diminui muito rapidamente, o que permite diferenciar uma zona fótica e uma zona afótica.

c) o teor da água em sais dissolvidos, em oxigênio e em gás carbônico constitui um fator ecológico muito importante.

O domínio relativo ao fundo é o domínio bentônico, enquanto o relativo às massas de água, é o domínio pelágico. Cada um desses domínios subdivide-se no sentido vertical, conforme a profundidade, em diversas zonas. No que se refere ao relevo do fundo dos mares, distingue-se:

a) a plataforma continental - mais ou menos extensa conforme as regiões, com suave declínio (0,5%), que vai até 200 metros de profundidade em média. É a zona fótica. Abaixo disso, na zona afótica, não há luz (região escura).

A zona pelágica ou eufótica é a zona superficial iluminada (até 100 metros aproximadamente). Abaixo disso, o fitoplâncton - responsável pela fotossíntese - não pode viver.

b) o talude continental, cuja inclinação média é da ordem de 5%.

c) a planície abissal, que desce até 6.000 m e constitui a maior parte dos oceanos. Há muitas espécies que descem durante o dia da zona superior e outras que sobem durante a noite da zona inferior. Não é afetada pelas variações estacionais de temperatura.

É muito fracamente povoada sobre o substrato rochoso. No substrato móvel - as "lamas abissais" - a diversidade é maior, com holotúrias, estrelas, lamelibrânquios, poliquetas.

d) a zona hadal ou ultra-abissal, corresponde às maiores fossas. Caracteriza-se pelas holotúrias, actínias, poliquetas, moluscos e alguns crustáceos.

É notável a redução das formações de sustentação. Os carnívoros são raros porque as fontes essenciais de alimento são as bactérias e os detritos orgânicos. A biomassa do bentos nas grandes profundidades é muito pequena, 0,1 g/m2 somente a cerca de 5.000 m de profundidade, mas havendo zonas privilegiadas, principalmente as que estão situadas na vizinhança dos continentes.

A importância relativa dessas diversas regiões é a seguinte:

  • plataforma continental (0 - 200 m) ..................................... 7,6%
  • talude continental (200 - 2.000 m) ...................................... 8,1%
  • planície abissal (2.000 - 6.000 m) ....................................... 82,2%
  • zona hadal (mais de 6.000 m) .............................................. 2,1%

A província nerítica recobre o platô continental. Nela as águas são pouco profundas, agitadas, ricas em substâncias dissolvidas e em matérias em suspensão, sendo elevada a produtividade. A província oceânica recobre os fundos cuja profundidade é superior a 200 metros.

zonas oceânicas

A diversidade dos modos de vida no meio marinho é muito grande. Encontram-se:

a) o bentos - compreende organismos fixados no fundo (bentos séssil) e organismos móveis (bentos vagante) que só se deslocam nas vizinhanças imediatas. O bentos séssil é constituído por vegetais - algas e secundariamente raras fanerógamas - e, por animais muito diversos, tais como os cnidários, briozoários, protocordados. O bentos vagante contém crustáceos, peixes, equinodermos. Incluem-se também animais escavadores que se instalam no lodo - lamelibrânquios, holotúrias - e os microrganismos deste lodo.

As biomassas dos organismos bênticos diminuem rapidamente com a profundidade. A riqueza dos povoamentos a fracas profundidades tem como consequência o recobrimento total ou quase total dos fundos rochosos. A competição na procura da alimentação é a origem de muitos numerosos dispositivos de colheita e de regimes alimentares não menos variados: fitófagos, comedores de algas (gastrópodos, crustáceos, peixes), coletores de partículas em suspensão (anelídeos, ascídias, lamelibrânquios), escavadores (deslocam-se no sedimento móvel: holotúrias, moluscos), comedores de lodo, etc.

ecossistemas terrestres

b) o plâncton - compreende o conjunto dos organismos flutuantes que se deixam transportar pelas correntes às quais são incapazes de resistir. Podem, entretanto, fazer deslocamentos verticais. Os animais do plâncton (zooplâncton) ou são filtradores (crustáceos, copépodos) que recolhem assim os organismos microscópicos e os detritos em suspensão na água, ou são predadores, como a maioria dos cnidários e alguns anelídeos.

O fitoplâncton compreende vegetais - algas unicelulares, principalmente diatomáceas e dinoflagelados - e animais (zooplâncton), cuja biomassa decresce rapidamente com a profundidade. Entre estes últimos distingue-se o plâncton temporário, constituído pelos ovos e as larvas de espécies bênticas ou nectônicas - larvas de poliquetas, de moluscos, de equinodermos, alevinos - e o plâncton permanente, rico em foraminíferos, celenterados, rotíferos, crustáceos etc.

O fitoplâncton ocupa a porção mais alta da zona fótica e produz, por fotossíntese, todo o alimento necessário à manutenção de vida nos mares. Nessa região ocorrem também, com frequência, os grandes cardumes (zooplâncton).

Em geral os animais sobem de dia e descem de noite. As causas dessas migrações são, pelo menos em parte, devidas a variações luminosas. As migrações verticais superpostas em diversos níveis, conforme as espécies, constituem verdadeiros relés que conduzem pouco a pouco até as grandes profundidades as fontes de alimento para a fauna abissal. Compreende-se, assim, a razão pela qual quando a profundidade aumenta, a importância dos comedores de detritos diminui e a dos predadores aumenta.

c) o nécton - é o conjunto das espécies capazes de viver em plena água e de se deslocar ativamente contra as correntes marinhas. O nécton compreende a maioria dos peixes pelágicos (papel principal), os mamíferos marinhos, os cefalópodos e diversos crustáceos decápodos.

Algumas espécies vivem diretamente às expensas do plâncton, constituindo assim curtas cadeias alimentares - sardinhas, anchovas. O arenque tem um regime alimentar constituído de plâncton quando é jovem e de presas maiores quando é adulto. Os cetáceos de barbatanas são igualmente comedores de plâncton. A coleta faz-se por filtração graças às branquispinhas nos peixes e às barbatanas nos cetáceos. Outros peixes pelágicos, como o atum, são predadores, assim como os cetáceos dentados.

Abaixo dos 200 m até 2.000 m de profundidade, está a região batial, onde as águas são frias e pobres em animais. Peixes, moluscos e alguns outros animais que aí vivem são sustentados por matéria orgânica sedimentada de cima.

Dos 2.000 m até 6.000 m de profundidade - região abissal - são encontradas poucas espécies, com características adaptativas especiais: peixes bioluminescentes e lulas gigantes.

Na região mais profunda - abaixo dos 6.000 m - conhecida como região hadal, praticamente não há vida!

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