Receptores Cutâneos
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A pele é nosso maior órgão sensorial. Recebe, a todo instante, diversos tipos de estímulos, que são enviados ao encéfalo. Há uma grande área do córtex cerebral responsável pela coordenação das funções sensoriais da pele, em particular das mãos e dos lábios.
Distribuídos de maneira abundante na pele e nas mucosas, os receptores cutâneos apresentam-se como pontos de sensibilidade que funcionam como receptores de impressões.
Logo após penetrar na medula espinhal, as fibras das raízes dorsais tornam-se separadas, de acordo com a função. As fibras que conduzem o tato delicado, a pressão e a propriocepção, ascendem pelas colunas dorsais para o bulbo, onde fazem sinapse nos núcleos gracilis e cuneatus. As fibras que conduzem impulsos da dor, do calor e do frio estão colocadas mais lateralmente nas raízes dorsais. Elas fazem sinapses na substância cinzenta dorsal da medula espinhal e os axônios dos neurônios de segunda ordem, cruzam a linha mediana e sobem pelos feixes espino-talâmicos laterais.
Tato e pressão
Os órgãos receptores táteis se adaptam rapidamente, sendo mais numerosos nos dedos e lábios e relativamente escassos no tronco. Há muitos receptores ao redor dos folículos pilosos, sendo estimulados quando os pelos se dobram, além daqueles nos tecidos subcutâneos das áreas glabras.
Curiosidade: O aparelho sensorial humano permite a captação de até seis sensações táteis simultâneas. Por isso, no alfabeto Braille, utilizado para a leitura de cegos, existem no máximo seis saliências para cada grupo de pontos utilizados. |
Os corpúsculos de Pacini, os receptores de pressão localizados nas regiões mais profundas da pele, são encontrados nos tecidos subcutâneos, músculos e articulações e também são abundantes no mesentério, onde sua função não é conhecida.
Os corpúsculos de Meissner e as células de Merkel estão presentes nas regiões mais sensíveis da pele, tais como a ponta dos dedos, a palma das mãos, os lábios e os mamilos.
Propriocepção
Receptores que fornecem informações referentes à posição do corpo no espaço a qualquer instante. A informação proprioceptiva é transmitida para cima, na medula, pelas colunas dorsais. Uma boa proporção das "imergências" proprioceptivas vai para o cerebelo, porém uma parte passa para o córtex.
O conhecimento consciente da posição das várias partes do corpo no espaço, depende de impulsos dos órgãos sensitivos nas articulações e em torno das mesmas. Os órgãos em questão, são as terminações em "ramalhetes" de adaptação lenta, estruturas semelhantes aos órgãos tendinosos de Golgi e, provavelmente, corpúsculos de Pacini na sinóvia e ligamentos.
Os impulsos destes órgãos e aqueles dos receptores táteis e de pressão, são sintetizados no córtex em uma imagem consciente da posição do corpo no espaço.
Temperatura
Há dois tipos de órgãos sensíveis à temperatura: os que respondem de maneira máxima às temperaturas levemente superiores à corporal e aqueles que respondem de maneira máxima às ligeiramente abaixo da temperatura corporal. Os primeiros são os órgãos sensitivos para o que chamamos calor (corpúsculos de Krause) e os últimos para o que chamamos frio (corpúsculos de Ruffini). No entanto, os estímulos adequados realmente são dois diferentes graus de calor, porque frio não é uma forma de energia.
Embora permaneça alguma dúvida quanto à estrutura exata dos órgãos sensitivos para o calor e para o frio, os experimentos de feitura de mapas da pele, mostram que há áreas cutâneas distintas sensíveis ao frio e ao calor. Os pontos de frio são mais numerosos do que os de calor.
Dor
Os órgãos sensitivos para a dor são as terminações nervosas livres (nuas) encontradas quase em todos os tecidos do organismo. Os impulsos dolorosos são transmitidos ao sistema nervoso central por dois tipos de fibras: mielinizadas A e amielinizadas C.
Ambos os tipos de fibras terminam nos neurônios do feixe espino-talâmico lateral e os impulsos dolorosos sobem, via este feixe, através do tálamo, donde são retransmitidos para o giro pós-central do córtex cerebral.
Impulsos que são dolorosos geralmente, incitam respostas enérgicas de retirada e de evitação. Ademais, a dor é peculiar entre as sensações no sentido de que é associada a forte componente emocional. A informação transmitida, através dos sentidos especiais, pode secundariamente evocar emoções agradáveis ou desagradáveis, dependendo largamente da experiência prévia, mas apenas a dor possui um afeto "intrínseco" desagradável. A evidência atual indica que esta resposta afetiva depende de conexões das vias de dor no tálamo.
Em alguns casos, a dor pode ser dissociada do seu desagradável componente afetivo e subjetivo, pela secção das conexões profundas entre os lobos frontais e o resto do cérebro (lobotomia pré-frontal). Depois desta operação os pacientes relatam que ainda sentem dor mas que ela não os "incomodam". Esta operação, algumas vezes, é útil no tratamento de dor irredutível causada pelo câncer nos estados finais.
A diferença principal entre sensibilidade superficial e a dor profunda é a natureza diversa da dor despertada pelos estímulos nocivos. Ao contrário da dor superficial, a dor profunda é mal localizada, nauseante e frequentemente associada com sudação e variações da pressão sanguínea.
Foi sugerido que a dor é mediada quimicamente e que os estímulos que a provocam têm em comum a capacidade de libertar um agente químico que estimula as terminações nervosas. O agente químico pode ser uma das cininas, sendo estas, polipeptídios libertados das proteínas pelas enzimas proteolíticas. Foi postulado que as cininas são responsáveis pela dor muscular.
Pesquisadores brasileiros (Maurício Rocha e Silva e colaboradores), em 1949, descobriram que o veneno de jararaca atua sobre uma proteína do plasma sanguíneo produzindo bradicinina, uma substância até então desconhecida. Verificaram que a bradicinina faz baixar a pressão arterial e produz contrações lentas da musculatura lisa do intestino.
Posteriormente foi demonstrado que a bradicinina também é produzida quando ocorrem ferimentos que danificam capilares sanguíneos e certas enzimas celulares se encontram com proteínas do plasma. Surpreendente foi verificar que a bradicinina se encaixa em receptores específicos na membrana dos dendritos. Sua presença induz neles potenciais de ação que, ao chegar no cérebro, são percebidos como dor.
Hoje a bradicinina é amplamente usada em medicamentos que combatem a hipertensão arterial.
Nativos dos Andes têm o hábito de mascar as folhas da coca (Erythroxylon coca) para diminuir as sensações de fadiga e de fome e obter ainda um pequeno efeito estimulante. Das folhas dessa planta é isolada a cocaína, cujos derivados e similares atuam como anestésicos de ação local. Tais substâncias retardam e bloqueiam a transmissão do impulso nervoso ao longo dos nervos. Elas atuam diminuindo a permeabilidade da membrana plasmática dos neurônios para o íon Na+, dificultando assim o mecanismo de condução do impulso nervoso.
Esses anestésicos locais são usados em pequenas cirurgias de pele, narinas, garganta e olhos.
Tribos nativas da Amazônia usam em suas flechas um veneno paralisante, extraído de plantas, o curare. Deste foi isolada e tubocurarina, substância de ação relaxante. Ela provoca paralisia flácida dos músculos estriados (voluntários), sendo inclusive, utilizada em cirurgias.