Brasil Pré-Colonial

BRASIL PRÉ-COLONIAL

O período do Brasil pré-colonial, que abrange dos anos de 1500 a 1530, corresponde aos anos iniciais da colonização portuguesa. A principal atividade econômica do Brasil pré-colonial foi a exploração do pau-brasil.

A POPULAÇÃO INDÍGENA BRASILEIRA

Em 22 de abril de 1500, os portugueses, pioneiros da expansão marítima europeia da época moderna, chegaram ao litoral brasileiro. Suas primeiras impressões sobre a terra e a gente do Brasil foram registradas por Pero Vaz de Caminha em carta enviada ao rei de Portugal, D. Manuel, comunicando o achado.

Brasil Pré-Colonial - Cabral em Porto Seguro

Cabral em Porto Seguro

A narrativa de Caminha destaca a exuberância natural, o exotismo da flora e da fauna, a suavidade do clima e a fertilidade do solo. Os nativos que aqui viviam, afirmava Caminha, tinham cor parda, meio avermelhada “de bons rostos e bons narizes, bem feitos”. Continuando sua descrição, o autor relata que os índios do Brasil:

“Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência...Trazem o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro...Os cabelos deles são corredios. E andam tosquiados...”
(Adaptado da carta de Pero Vaz de Caminha)

De início, os portugueses tiveram boa impressão dos indígenas, destacando sua aparência saudável. Estes, por sua vez, não foram hostis com os europeus, oferecendo até presentes. A simpatia inicial entre indígenas e portugueses foi, porém, dando lugar a atritos à medida que ocorria a ocupação do território e a escravização dos nativos.

As mais importantes comunidades indígenas presentes no Brasil à época do descobrimento derivavam do tronco Jê, Nu-aruák, Karib e Tupi. Nelas vigorava o regime de comunidade primitiva, ou seja, inexistiam a propriedade privada e as classes sociais. A terra, de onde extraíam sua subsistência, era propriedade coletiva: cada casal tinha o direito de cultivar uma roça para sustentar a sua família. Os instrumentos de trabalho e de guerra (arcos, flechas, machados) eram de propriedade individual. As tarefas atribuídas a cada membro da comunidade dependiam do sexo e da idade, mas todos tinham suas obrigações: as mulheres, além das atividades “domésticas”, eram também encarregadas de plantar e colher alimentos, como mandioca, feijão e milho. Já os homens eram responsáveis pela defesa da comunidade, além de obter alimentação extra com a pesca, a caça e a coleta de frutos silvestres. A preparação da terra para o cultivo demandava a derrubada da mata e a queima de árvores (coivara), responsável pela perda da fertilidade do solo. Por não utilizar técnicas de fertilização e pelo esgotamento dos recursos naturais em certas áreas, as comunidades tribais eram obrigadas a se deslocar com frequência.

Não havia classes sociais entre os indígenas brasileiros: todos tinham os mesmos direitos e deveres. O chefe da tribo, o cacique, ocupava posição de destaque em época de guerra, mas não era isento do trabalho comunitário. Geralmente, escolhia-se como chefe um homem idoso, de grande prestígio entre os membros da tribo.

A ocupação do litoral pelos portugueses provocou a penetração dos indígenas no interior: os contatos tornaram-se cada vez mais difíceis, principalmente porque os portugueses procuravam escravizar os nativos.

O encontro de duas culturas

“Havia muitos destes índios pela Costa junto das Capitanias, tudo enfim estava cheio deles quando começaram os portugueses a povoar a terra; mas porque os mesmos índios se levantaram contra eles e faziam-lhes muitas traições, os governadores e capitães da terra destruíram-nos pouco a pouco e mataram muitos deles, outros fugiram para o Sertão, e assim ficou a costa despovoada de gentio ao longo das Capitanias. Junto delas ficaram alguns índios destes nas aldeias que são de paz, e amigos dos portugueses.

A língua deste gentio todo pela Costa é, uma: carece de três letras – não se acha nela F, nem L nem R, cousa digna de espanto, porque assim não tem Fé, nem Lei, nem Rei; e desta maneira vivem sem Justiça e desordenadamente...”
(Adaptado de GANDAVO, Pero de Magalhães. Tratado da terra do Brasil; História da Província de Santa Cruz. Belo Horizonte/São Paulo, Itatiaia/EDUSP, 1980, pp.52-54)

O PERÍODO PRÉ-COLONIAL

Chegando ao Brasil em 1500, os portugueses demonstraram pouco interesse em povoar o território ultramarino, dedicando-se durante três décadas à exploração da única riqueza encontrada nesse momento: o pau-brasil. Para isso, utilizaram a população nativa, com quem estabeleceram, inicialmente, relações amistosas. Aos poucos, porém, essas relações se alteraram, sobretudo pelo desejo português de escravizar os índios. Por outro lado, problemas diversos obrigaram os portugueses a iniciar a colonização do Brasil, que seguiu um padrão orientado para os interesses lusos de enriquecimento.

A exploração do pau-brasil

Durante os trinta anos que se seguiram à chegada de Cabral, o Brasil permaneceu esquecido pelos portugueses. Em primeiro lugar, porque não foi encontrada nenhuma riqueza que pudesse atrair os interesses lusitanos; em segundo lugar, porque o comércio oriental rendia lucros enormes à Coroa e aos comerciantes portugueses; e, finalmente, porque não havia mão de obra suficiente para enviar ao Brasil. Esse período da nossa história é denominado pré-colonial.

Na época pré-colonial, a economia brasileira centrou-se na exploração do pau-brasil, madeira avermelhada existente na Mata Atlântica do litoral, utilizada como tintura e de alto valor na Europa. A ex­tração dessa madeira era monopoli­zada pela Coroa portuguesa (estanco régio) que arrendava sua exploração a particulares. O primeiro arrenda­tário a usufruir do es­tanco foi Fernando de Noronha. A extração corria por conta e risco do arrendatário, e a Coroa recebia uma parte dos lucros.

A exploração do pau-brasil dava-se de forma predatória: a árvore era cortada e transportada até as feitorias localizadas no litoral pelos indígenas que, em troca, recebiam diversas mercadorias dos portugueses (escambo). Das feito­rias, a madeira seguia nos navios até a Europa. Em pouco tempo, essa riqueza florestal se esgotou, devido à forma como era extraída.

Expedições exploradoras e guarda-costas

Se, por um lado, a exploração do pau-brasil não atraiu os inte­resses dos grupos econômicos lusi­tanos, por outro, despertou a atenção dos contrabandistas estran­geiros, principalmente a dos franceses. A presença desses contrabandistas no litoral do Brasil levou as autori­dades lusitanas a enviar expedições guarda-costas para policiar nossas costas (como as chefiadas por Cris­tóvão Jacques, em 1516 e 1526). Apesar da violência, não foi possí­vel expulsar os contrabandistas das terras brasileiras.

Antes, porém, haviam sido rea­lizadas algumas expedições de reco­nhecimento do território, chamadas de expedições exploradoras. A primeira foi comandada por Gaspar de Lemos (1501), que fez o levantamento dos principais acidentes geográficos. Em 1503, Gonçalo Coelho chefiou a segunda expedição exploradora que se dirigiu ao litoral do Brasil.

“As feitorias estabelecidas pelos portugueses a partir dessa data no litoral brasileiro obedeceram a regras semelhantes usadas para os entrepostos comerciais que funcionavam na Ásia, mas com uma importante diferença. No Brasil, utilizaram a mão de obra indígena para derrubar e transportar madeira, sob a forma de escambo: em troca deste trabalho, os portugueses davam aos índios machados, facas, espelhos, tesouras, pentes e outros objetos do artesanato europeu. O escambo, aliás, parece ter provocado um avanço técnico nessas comunidades indígenas, fazendo-as assenhorear-se de objetos de metal, que por sua vez contribuíram para aumentar sua capacidade de resistir aos europeus...”
(WEHLING, Arno e WEHLING, Maria José C.de. Formação do Brasil colonial. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1994; p.45)

Sumário

- A População Indígena Brasileira
- O Período Pré-Colonial
i. A exploração do pau-brasil
ii. Expedições exploradoras e guarda-costas
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