O Iluminismo foi um movimento filosófico que nasceu na Inglaterra do século XVII, mas que teve seu apogeu na França do século seguinte. Também conhecido como o “pensamento das Luzes”, o Iluminismo correspondeu a um aprofundamento do ideário renascentista, com a valorização da razão e da liberdade (valores eminentemente burgueses), que questionava diversos aspectos das sociedades e as mentalidades da Época Moderna – o Absolutismo, o Mercantilismo, os privilégios sociais e o catolicismo.
O Iluminismo foi a ideologia dos revolucionários franceses do século XVIII que rejeitavam o passado, com suas crenças e tradições. Seu desenvolvimento só foi possível graças ao desenvolvimento do capitalismo e da burguesia, que lutava contra os vestígios remanescentes do feudalismo na sociedade setecentista (a sociedade estamental, por exemplo).
Entre as mais importantes características do pensamento das Luzes está a crença inabalável na razão e na ideia de progresso. Buscava-se, acima de tudo, uma nova concepção de mundo – racionalista e regido por leis naturais.
Já no século XVII, alguns pensadores lançaram as bases do ideário iluminista, entre os quais se destacaram:
- René Descartes (1596-1650): fundador da filosofia moderna e autor da obra Discurso sobre o Método, Descartes defendia a ideia de que a razão humana era a única fonte de conhecimento e fundamento da existência humana. É famosa a sua afirmação: “Penso, logo existo”. Matemático e físico, afirmava que na filosofia era necessário partir de axiomas (verdades indiscutíveis) para depois, usando o método matemático da dedução, atingir verdades mais amplas. Introduziu ainda o conceito mecanicista do universo, segundo o qual o universo era governado por leis naturais e imutáveis, apreensíveis por meio da razão;
- John Locke (1632-1704): considerado o pai do liberalismo político, Locke é autor de duas importantes obras - Segundo Tratado sobre o Governo Civil e Ensaio sobre o entendimento humano. Na sua obra Segundo Tratado sobre o Governo Civil, Locke defende a ideia de que os homens possuem direitos naturais – à vida, à liberdade e à propriedade – que devem ser defendidos pelo Estado por meio da Constituição. Caso o Estado não seja capaz de defender tais direitos, aqueles que vivem em sociedade têm o direito de substitui-lo (direito de rebelião contra a tirania). Em Ensaio sobre o entendimento humano, Locke contradiz a tese de que os seres humanos possuem ideias inatas (ideias que já existem no momento do nascimento). De acordo com Locke, cada ser humano é fruto do meio em que vive e das experiências por que passa ao longo de sua existência: é uma “tábula rasa” na qual se vão inscrevendo os valores sociais. À luz disso, na visão de Locke, compartilhada por Francis Bacon, o empirismo, a experiência e a observação são fundamentais.
John Locke - Isaac Newton (1642-1727): apesar de não ser um filósofo, Newton contribuiu muito para a difusão dos ideais iluministas no século XVIII. Considerado o pai da Física Moderna, Newton comprovou o mecanicismo defendido por Descartes.
Isaac Newton
OS FILÓSOFOS DO ILUMINISMO
Os filósofos iluministas se dedicaram a criticar o regime absolutista, condenando a autoridade fortemente centralizada e inquestionável dos monarcas europeus da época. Esses pensadores atribuíam um novo papel à Filosofia: esta não mais poderia se restringir a uma atitude fechada e solitária. As novas ideias deveriam ser difundidas e compartilhadas por todos os homens. O filósofo, portanto, desempenhava papel fundamental: cabia a ele ser um propagandista dos novos ideais.
Estes são alguns dos filósofos que mais se destacaram no século XVIII:
- Voltaire (1694-1778): defensor da Monarquia Ilustrada - governo baseado nas ideias dos filósofos -, usufruiu de grande prestígio nas Cortes europeias do século XVIII. Criticava os privilégios da nobreza e do clero, mas não defendia os humildes. Em sua mais conhecida obra, Cartas Inglesas (Cartas Filosóficas), elogiou o sistema de governo implantado pelos ingleses no século XVII: a Monarquia Parlamentar;
Voltaire (François Marie Arouet) - Montesquieu (1689-1755): originário de família nobre, o Barão de Montesquieu foi autor de O Espírito das Leis, onde sistematizou a teoria da divisão de poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), propondo, assim, a limitação dos poderes dos reis. Contudo, não pregava a democracia, onde todos pudessem decidir sobre a vida da nação;
- Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): o mais polêmico dos filósofos iluministas, produziu duas importantes obras - Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens e O Contrato Social. Suas ideias se aproximavam dos anseios das camadas populares, defendendo o regime republicano e a soberania popular (democracia).
- os Enciclopedistas: Diderot e D’Alembert foram os diretores e principais incentivadores de a Enciclopédia. Publicada entre 1751 e 1780, a obra, composta por 35 volumes, pretendia sintetizar, de maneira racional, todo o conhecimento universal até aquele momento e difundir as ideias das Luzes. Vários pensadores e intelectuais contribuíram para a sua elaboração.
Mas não foram apenas filósofos que participaram do movimento iluminista. As restrições e a intervenção econômica presentes no ideário mercantilista também foram duramente questionados ao longo do século XVIII.
OS ECONOMISTAS
A Fisiocracia defendeu o fim do mercantilismo e da tutela do Estado sobre a economia. Seus principais representantes foram os franceses François Quesnay e Anne-Robert Jacques Turgot. Para os fisiocratas, é a natureza, e não o comércio, a produtora fundamental de riquezas e, portanto, a economia funciona segundo suas próprias leis. Assim, a intervenção estatal na economia é não apenas desnecessária, mas até prejudicial ao seu bom funcionamento. Os fisiocratas defendiam o conceito de “laissez-faire, “laissez-passer” (“deixai fazer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo”).
O nome de maior destaque entre os críticos do Mercantilismo, no entanto, foi o de Adam Smith (1723-1790). Considerado o pai do liberalismo econômico, Adam Smith é autor da obra A Riqueza das Nações, na qual, absorvendo noções dos fisiocratas, defende o não intervencionismo do Estado na economia, afirmando que a economia é sujeita às leis naturais e imutáveis e que deve funcionar livre de regulamentos, restrições e controles. Ao contrário dos fisiocratas, porém, afirmava que a verdadeira fonte de riquezas não é a agricultura, e sim o trabalho, que transforma matérias-primas em mercadorias.
Adam Smith
DESPOTISMO ESCLARECIDO
Alguns monarcas europeus, procurando escapar das críticas que lhes eram dirigidas pelos pensadores iluministas, e tentando adotar medidas que colocassem as nações que governavam no caminho do desenvolvimento capitalista, adotaram alguns elementos do ideário das luzes em seus governos.
O despotismo esclarecido se manifestou com mais intensidade em nações agrárias, com fraco desenvolvimento comercial e manufatureiro, onde a burguesia era uma força social de pouca importância. Havia uma forte contradição que impediria a realização dos objetivos desses monarcas: admitiam as ideias do Iluminismo, emanadas da burguesia, mas tentavam concretizá-las sem a participação desse grupo. Ou seja, procuravam implantar a reforma do Estado pelo próprio Estado.
Os principais representantes europeus do Despotismo Esclarecido foram Frederico II, da Prússia; José II, da Áustria; Catarina II, da Rússia; e o Marquês de Pombal, D. José I, primeiro-ministro do rei de Portugal.
Sumário
- Os Filósofos do Iluminismo- Os Economistas
- Despotismo Esclarecido


