Hidrografia do Brasil
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HIDROGRAFIA
A hidrografia do Brasil é constituída por um dos mais extensos e diversificados recursos hídricos do planeta. De acordo com os órgãos governamentais, o Brasil possui 12 grandes bacias hidrográficas. A hidrografia do Brasil, que se destaca entre os elementos naturais, é responsável por 15% do total da água doce existente em todo o mundo.
O vapor d’água contido na atmosfera, ao condensar-se, precipita. Ao contato com a superfície, a água possui três caminhos: evapora, infiltra-se no solo ou escorre. Caso haja evaporação a água retorna à atmosfera na forma de vapor; a água que se infiltra e a que escorre, pela lei da gravidade, dirigem-se às depressões ou parte mais baixas do relevo - é justamente aí que surgem os lagos e os rios, que possuem como destino, ou nível de base, no Brasil, o oceano.
A hidrografia é um elemento natural muito marcante no território brasileiro. O Brasil reúne as maiores bacias hidrográficas do planeta: há abundância de águas de superfície e subterrâneas nas áreas banhadas por essas bacias. A rede hidrográfica brasileira é alimentada por chuvas equatoriais e tropicais, que alimentam os cursos de água de forma regular e abundante. O regime de chuva abundante exerce intensa atividade erosiva, principalmente em áreas elevadas do relevo.
País de grande extensão territorial e boas condições de pluviosidade, o Brasil dispõe de uma vasta e rica rede fluvial, cujas características são:
- Rios na maior parte de planalto, o que explica o enorme potencial hidráulico existente no país.
- Existência de importantes redes fluviais de planície e navegáveis como a Amazônica e Paraguaia.
- Rios, na maioria perenes, embora existam também rios temporários no Sertão nordestino semiárido.
- Drenagem essencialmente exorreica, isto é, voltada para o mar.
- Regime dos rios essencialmente pluvial, isto é, dependente das chuvas e, como o clima predominante é o tropical, a maioria dos rios tem cheias durante o verão e vazante no inverno.
O transporte hidroviário apresenta baixos custos de transporte, implantação e manutenção e possui grande capacidade de carga. Às vezes, é necessário a construção de barragens, canais, etc., elevando o custo e causando danos ao meio ambiente. Os rios brasileiros são subaproveitados como meio de transporte, pois apenas uma pequena parte do deslocamento de cargas ocorre por meio de hidrovias.
Regime dos rios brasileiros
Regime Tropical - vazantes de inverno e cheias de verão. Exemplos: bacias dos rios Paraná e São Francisco.
Regime Complexo Amazônico - sem vazantes e cheias definidas, dependentes das chuvas de verão boreal e verão austral nas cabeceiras dos afluentes, situados nos dois hemisférios. A fusão de neves na Cordilheira dos Andes também ocasiona cheias, cujos reflexos são evidentes na bacia.
Regime dos rios do Sul do Brasil - também não apresentam vazantes e cheias definidas porque as chuvas são bem distribuídas durante o ano.
Os rios brasileiros costumam ser agrupados em cinco bacias hidrográficas.
Principais Bacias Hidrográficas do Brasil
Bacia Autônomas |
Área (Km2 ) |
% da Área do País |
1 - Amazonas | 3.984.467 | 48 |
2 - Paraná | 891.309 | 10 |
3 - Tocantins-Araguaia | 809.250 | 9 |
4 - São Francisco | 631.133 | 7 |
5 - Paraguai | 345.701 | 4 |
6 - Uruguai | 178.255 | 2 |
Bacias Agrupadas |
Área (Km2 ) |
% da Área do País |
7 - Nordeste | 884.835 | 10 |
8 - Leste | 569.310 | 7 |
9 - Sudeste | 222.688 | 3 |
Bacia Amazônica
É a maior do mundo. Abrange, na América do Sul, uma área de cerca de 6,5 milhões de km², dos quais 60% estão situados no território brasileiro e o restante distribuído por outros sete países do continente: Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia. Também abrange a Guiana Francesa (departamento ultramar da França).
A Bacia Amazônica funciona como um enorme “coletor” das chuvas que ocorrem na região de clima equatorial, na porção norte da América do Sul. Seus afluentes provêm dos hemisférios norte e sul, o que provoca duplo período de cheias em seu curso médio.
O Amazonas é um típico rio de planície, já que nos 3.165 km que percorre em território brasileiro sofre um desnível suave e progressivo, de apenas 82 metros, sem a ocorrência de quedas-d’água. Isto significa que é excelente para a navegação, podendo mesmo receber navios transatlânticos desde sua foz, onde se localiza a cidade de Belém, até Manaus (próximo ao local onde o rio Negro deságua no Amazonas, a cerca de 1.700 km do litoral), ou navios oceânicos de porte médio até Iquitos (no Peru, a 3.700 km do litoral).
Rio Amazonas
Bacia do Tocantins-Araguaia
Com 813.674 km² de área, é a maior bacia totalmente brasileira. Oferece aproximadamente 3 mil quilômetros navegáveis. Atravessa regiões pouco povoadas e é um importante meio de transporte para as populações locais.
Tanto o Tocantins quanto o Araguaia são rios que nascem no Planalto Central. Destaca-se, no baixo Tocantins, a hidrelétrica de Tucuruí. A hidrelétrica de Tucuruí fornece energia elétrica para os projetos minerais e industriais da região, como, por exemplo, para o complexo mineral de Carajás.
Bacia do São Francisco
Com 645.067 km2, a Bacia do São Francisco é a segunda maior bacia hidrográfica totalmente brasileira. Ocupa o quarto lugar em área e potencial hidroelétrico.
O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e deságua no Atlântico – entre Alagoas e Sergipe – depois de atravessar o sertão nordestino. A importância do rio decorre do fato de ser o único rio perene que atravessa o Sertão semiárido nordestino, ligando as duas regiões mais populosas: Nordeste e Sudeste. O São Francisco é um rio de planalto. Por apresentar muitas quedas d’água, possui potencial hidroelétrico, mas ainda com 2 mil quilômetros de trechos navegáveis. Fornece água às populações e possibilita a prática da agricultura em suas margens e em áreas mais distantes, através de canais de irrigação.
A Transposição do Rio São Francisco
O projeto de transposição do Rio São Francisco é um projeto de combate às secas e tem como objetivo levar água aos principais vales do interior do Nordeste através da construção de canais. Estima-se que 600 quilômetros de canais seriam construídos para captar as águas do rio e levá-las para oito açudes que abasteceriam os rios intermitentes nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Seria necessário também o bombeamento das águas, elevando-as em até 300 metros, de onde passariam a correr devido à força da gravidade. Algumas consequências do projeto são os impactos negativos ao meio ambiente e a migração forçada da população ribeirinha.
Açudes |
O projeto de transposição do Rio São Francisco pode beneficiar milhões de pessoas: haverá um aumento na oferta de água e, consequentemente, uma redução do êxodo rural causado pela seca resultando na geração de empregos e renda. Porém, prevê-se que reduzirá a capacidade hidroelétrica do rio em aproximadamente 2% e que provocará desmatamento e perda de áreas com vegetação nativa.
Esse projeto, que visa a abastecer cidades e lavouras, tem como objetivo “assegurar oferta de água para 12 milhões de habitantes de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte”. Esse projeto tem causado polêmica, devido a atrasos, custos elevados e impactos ambientais. Em 2013, o projeto ainda não havia sido concluído.
Bacia Platina / Bacia do Prata
Formada pelas bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, essa bacia tem grande importância econômica, pois corta a área mais desenvolvida e urbanizada do país. Além disso, une o Brasil aos países platinos.
Bacia do Paraná
É a segunda maior bacia em área e potencial hidroelétrico, localizando-se na principal região geoeconômica do Brasil: a região Centro-Sul. Além de ser navegável, é a bacia que oferece a maior produção de hidroeletricidade do país, encontram-se diversas hidrelétricas, ente elas, Itaipu, a maior do país. O rio Paraná, principal rio da bacia, tem aproximadamente 4.025 km e possui um grande potencial hidroelétrico.
De grande importância para o Brasil é a Hidrovia Tietê-Paraná, com seus 2.400 quilômetros de percurso navegável. Implantada na Bacia do Paraná, foi viabilizada com a construção das eclusas de Três Irmãos e de Jupiá. Integra cinco estados brasileiros (PR, SP, MG, GO e MS) e aproxima o Brasil dos outros países do MERCOSUL.
A Bacia do Paraná também abriga o Aquífero Guarani – um vasto reservatório de água subterrânea. Esse aquífero é responsável por aproximadamente 80% do total da água acumulada na bacia sedimentar do Paraná. Estima-se que seja a maior reserva de água doce do mundo.
Bacia do Paraguai
Com área de 345.000 km2, a Bacia do Paraguai, que apresenta pequeno potencial hidrelétrico, se destaca pela navegabilidade de seus rios. É uma bacia tipicamente de planície. O Rio Paraguai atravessa o Pantanal mato-grossense e é utilizado como hidrovia. Sendo um rio de navegação internacional, pois banha a Argentina e o Paraguai, faz parte da Bacia Platina, formada pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai.
Bacia do Uruguai
O Rio Uruguai nasce no Brasil, do encontro dos rios Canoas e Pelotas, e percorre trechos de planalto em seu curso superior, e de planície no interior, onde é utilizado para navegação. Deságua no Estuário do Prata. Seu curso superior apresenta expressivo potencial hidroelétrico e seus cursos médio e inferior, por serem de planície, grande navegabilidade.
Bacias secundárias ou agrupadas
As bacias secundárias são agrupamentos de rios que não têm ligação entre si formando pequenas bacias.
Formações Lacustres
O Brasil é um país pobre em lagos que, de acordo com sua origem podem ser classificados como:
- de Barragens ou Restingas - resultantes do acúmulo de sedimentos em bordas de antigas baías. Como exemplo podemos citar no Rio Grande do Sul: Patos, Mirim e Mangueira, e no Rio de Janeiro: Jacarepaguá, Rodrigo de Freitas, Feia e Araruama.
- de Várzea - têm origem vinculada às enchentes dos rios que inundam as depressões laterais. São lagos típicos da Amazônia brasileira.
- de Erosão - os demais lagos do Brasil resultam da ação erosiva. Como exemplo temos Lagoa Santa (MG).
Os lagos brasileiros que merecem destaque econômico são os do Rio Grande do Sul - Patos e Mirim - utilizados para navegação.
Crise de água
Segundo a Organização das Nações Unidas, no presente, cerca de 80 países enfrentam problemas de abastecimento de água e mais de um bilhão de pessoas não têm acesso a fontes de água de qualidade. Somente 3% da água do planeta é própria para o consumo – quantidade insuficiente para toda a população. A ONU também alerta que se o padrão de consumo e de poluição das águas não mudar, em 2025, 1,8 bilhão de pessoas estarão vivendo em países ou regiões com absoluta escassez de água e dois-terços da população mundial possivelmente viverá sob condições de estresse hídrico. A degradação dos mananciais e o desperdício no consumo são os principais responsáveis por tal situação.
O Brasil possui 12% das reservas de água doce do mundo. Aproximadamente 70% desse total se encontram na Bacia Amazônica, onde a densidade populacional é a menor do país. Por outro lado, a região mais árida e pobre do Brasil, o Nordeste, onde habitam cerca de 28% da população, possui somente 5% das reservas de água doce do país. A alta densidade populacional, a poluição e a agricultura, aliadas percepção errônea de que a água é um recurso infinito, já provocam o aumento na escassez de água de qualidade nas regiões Sul e Sudeste do país, onde habitam 60% da população.
Os índices de abastecimento de água revelam que há enormes disparidades entre as regiões do Brasil e entre as classes socioeconômicas. Os mais prejudicados são os que vivem em favelas, periferias e pequenas cidades.
Além da poluição de rios e de lagos, o desperdício é outro fator responsável pela crescente escassez de água doce. Segundo o Programa de Avaliação Mundial da Água, as maiores consumidoras de água são a agroindústria (70%), a indústria (20%) e o consumo doméstico (10%).
Cabe a todo cidadão ajudar a economizar água. Deve-se fechar a torneira ao escovar os dentes e reduzir o tempo de banho. Quando se lava o carro ou a calçada, não se deve deixar a mangueira aberta. Tais medidas que podem ser facilmente implementadas evitam o desperdício.
Sumário
i. Regime dos rios brasileiros
- Principais Bacias Hidrográficas do Brasil
i. Bacia Amazônica
ii. Bacia do Tocantins-Araguaia
iii. Bacia do São Francisco
iv. Bacia Platina / Bacia do Prata
v. Bacia do Paraná
vi. Bacia do Paraguai
vii. Bacia do Uruguai
viii. Bacias secundárias ou agrupadas
- Formações Lacustres
- Crise de água


