Vírus HIV

Vírus da AIDS

O vírus da AIDS (= HIV = Human Immunodeficiency Vírus) é um retrovírus, ou seja, seu ácido nucleico é o RNA, que pela presença da enzima tranase reversa, é capaz de produzir DNA, isto é, uma"transcrição ao contrário", quando estiver parasitando células específicas. Tem forma esférica, constituída por cápsula de glicoproteínas e lipídios. Foi identificado em 1983 - Instituto Paster - Paris - pelo grupo do Prof. Luc Montaigner, que depois o levou para os Estados Unidos.

Na AIDS ou SIDA (Acquired Immunodeficiency Syndrome ou Síndrome de Imunodeficiência Adquirida), o vírus ataca o sistema imunológico do organismo, possibilitando a ação de outros vírus e bactérias oportunistas que poderão provocar a morte da pessoa.

Quando em contato com os linfócitos T (em especial o T4 ou CD4 = linfócito T auxiliar), ele "injeta" o seu ácido nucleico, que passa a produzir o material do vírus. Isto pode não ocorrer de imediato e o vírus fica dentro da célula por tempo indeterminado, não desenvolvendo os sintomas da doença - indivíduo portador.

Além dos linfócitos T auxiliares ou células CD4, que contêm a proteína CD4 na membrana plasmática, outras células também apresentam essa proteína receptora, sendo, portanto, passíveis de serem infectadas: 40% dos monócitos do sangue, 5% dos linfócitos B (produtores de anticorpos), alguns tipos celulares dos nódulos linfáticos, no timo, pele, encéfalo, medula óssea vermelha e intestinos.

Os macrófagos atuam como reservatórios do HIV, não sendo destruídos por ele; migram pela corrente sanguínea para diferentes órgãos do corpo, como o cérebro e os pulmões, causando-lhes prejuízos. Na imunidade celular (linfócitos T citotóxicos) e na humoral (linfócitos B - produção de anticorpos), a estimulação pode ser feita diretamente pelos antígenos ou por outro mecanismo mais complexo: o antígeno é fagocitado por macrófago, que se torna uma célula "apresentadora" de antígenos. Essa vai estimular os linfócitos B ou os linfócitos T citotóxicos, dependendo do tipo de antígeno.

Os linfócitos T auxiliares são células de "memória imunológica", que estimulam os linfócitos B a produzirem anticorpos específicos, entre os quais o interferon; estimulam também os linfócitos T citotóxicos (CD8) que fazem o combate "corpo a corpo", liberando substâncias (perfurinas) para destruição de células estranhas ou doentes (aumentam a permeabilidade da membrana e a célula acaba "estourando").

Os interferons foram descritos em 1957, quando pesquisadores descobriram que células infectadas por vírus produzem uma substância que ajuda outras células não atacadas a resistirem ao ataque viral. Essas substâncias, portanto, interferem na infecção viral. Os interferons não salvam as células já infectadas pelo vírus, mas ajudam outras células não infectadas a se defenderem. Essa defesa não é específica. O interferon produzido como resposta ao ataque de um tipo de vírus confere resistência ao ataque de outros tipos de vírus também.

Com a reprodução do HIV, os linfócitos T auxiliares vão sendo destruídos e a produção do anticorpo pelos linfócitos B fica prejudicada.Sendo assim, por atacar os linfócitos T, o HIV acaba com o sistema de defesa do organismo, permitindo a ação de outros parasitas - infecções oportunistas - como o protozoário Pneumocystis carinii que causa pneumonia (principal causa da morte por AIDS). Nas pessoas não contaminadas pelo HIV, este protozoário é inofensivo.

Há também o desenvolvimento de uma forma de câncer (Sarcoma de Kaposi) que ataca os tecidos dos vasos sanguíneos, tecidos da pele, de órgãos internos e sistema nervoso (demência progressiva). Pessoas com AIDS podem desenvolver meningite causada por Cryptococcus ou infecções cerebrais causadas por Toxoplasma e fungos. Podem apresentam infecções bacterianas, virais e fúngicas raras, entre elas o citomegalovírus.

Como diagnosticar a doença?

No caso de indivíduos portadores (não mostrando os sintomas da doença), aplica-se o teste ELISA (Enzime Linked Immunossorbent Assay) ou Ensaio de Imunoadsorção Ligado à Enzima, que precisa ser repetido duas vezes com o mesmo sangue, visto apresentar possibilidade de 30% de erro.

Como os linfócitos B produzem o anticorpo contra o HIV, embora em quantidade insuficiente para debelar a infecção, é possível determinar se uma pessoa está contaminada (com ou sem sintomas) pesquisando o anticorpo anti-HIV no sangue. O exame de laboratório com resultado "positivo" significa que o anticorpo foi encontrado e, portanto, a pessoa é portadora do vírus. Todavia, o resultado "negativo" (ausência do anticorpo) não garante completamente a ausência do vírus, porque, nos primeiros meses após a contaminação, o anticorpo ainda não é detectável.

O período de incubação é longo, de modo que a pessoa contaminada pode passar anos sem manifestar sintomas clínicos, embora com exame de anticorpo positivo. Isso porque a taxa de linfócitos T auxiliares no sangue só diminui aos poucos.

O resultado positivo ao teste Elisa, deve ser conferido com outro teste como o Imunodot ou o Western-Blot (o mais preciso). Estes testes, porém, não servem para identificar o HIV-2 - variedade bastante rara do vírus da Aids.

Importância do teste: evitar que os portadores do vírus doem sangue ou transmitam o vírus para outras pessoas.

O diagnóstico para as pessoas que já apresentam os sintomas da doença poderá ser feito pelo médico que leva em consideração várias evidências, como: mal-estar geral, suores noturnos, febre, aumento dos gânglios linfáticos, manchas avermelhadas na pele, diarreia, etc ... e, finalmente, o teste para constatar a presença do vírus no sangue.

De modo geral, 30% das pessoas que entram em contato com o vírus apresentam o quadro de infecção aguda, após a 3a semana do contágio.

Tratamento

Ainda não existe uma cura. 

AZT (azidotimidina ou zidovudina - 1987) e outras drogas (na forma de "coquetéis") podem reduzir os sintomas por vários mecanismos de ação - por exemplo, inibindo a enzima tranas e reversa - dificultando a replicação do vírus.

Algumas das outras drogas (fazem parte do coquetel): ddI (didioxiinosine); ddC (didioxicitidine); d4T (estavudina); 3TC (lamivudina) ...

VACINA: a produção de uma vacina eficaz tem sido difícil, porque a proteína do vírus, que constitui o antígeno, varia muito, por mutação.

Transmissão

O HIV pode ser encontrado no sangue, no sêmen, saliva, lágrimas, leite materno, líquido cefalorraquidiano, etc ... , de uma pessoa doente. Até agora parece que a transmissão se dá, principalmente, através do sangue contaminado, pelo uso da mesma seringa para injetar droga em mais de uma pessoa, do sêmen (relações sexuais desprotegidas), e possivelmente por secreções vaginais.

O principal modo de transmissão se dá pelo ato sexual. Pode também ocorrer pela transfusão de sangue, seringas ou material cirúrgico contaminados, placenta de mães infectadas pelo HIV, leite materno de mães contaminadas pelo HIV, etc.

Grupos de maior risco

a) homossexuais e bissexuais masculinos.

b) consumidores de drogas injetáveis.

c) hemofílicos que necessitam de transfusões e outros.

d) heterossexuais que mantém relações com grupos de risco sem proteção, etc.

Medidas preventivas

  • Evitar a promiscuidade.
  • Nas relações sexuais, utilizar sempre camisa de vênus (camisinha).
  • Não utilizar objetos que possam transportar sangue, como seringas e agulhas não esterilizadas.
  • Tomar as precauções possíveis no caso de ter que fazer transfusões sanguíneas.

Sumário

- HIV
- Como diagnosticar a doença?
i. Tratamento
ii. Transmissão
iii. Grupos de maior risco
iv. Medidas preventivas