Primavera Árabe 

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A Primavera Árabe foi marcada por ondas de revoluções e protestos pró-democracia que se espalharam por diversos países árabes do norte da África e do Oriente Médio. O termo Primavera Árabe representava um desejo de que a população árabe do Oriente deixasse de ser oprimida e explorada por seus governantes. A Primeira Árabe visou a ser um movimento em prol da democracia, da liberdade e da justiça. O movimento, desprovido de conotações religiosas, foi marcado pela presença de lideranças jovens que se revoltaram contra regimes autoritários.

Primeira Árabe

A Primavera Árabe se iniciou com manifestações na Tunísia, país do norte da África, em dezembro de 2010, depois que um vendedor de rua, Mohamed Bouazizi, de 27 anos, ateou fogo ao próprio corpo, em um ato de protesto contra o despotismo do governo e contra as péssimas condições de vida no país. O ato de Mohamed Bouazizi foi o estopim dos levantes que se seguiram pelos países da região: Egito, Líbia, Síria, Iêmen, Bahrein, Marrocos, Argélia, Jordânia e Sudão.

As reações dos governos onde ocorreram tais manifestações – e as consequências desses levantes populares – foram diversas. Alguns regimes ditatoriais foram destituídos, alguns governos rapidamente adotaram medidas mais democráticas e alguns países árabes conseguiram reprimir os protestos.  Na Síria, manifestações que se iniciaram de forma pacífica se transformaram em uma guerra civil, que já resultou em quase 200.000 mortos.

O ano de 2011 trouxe grandes mudanças para o mundo árabe. A Tunísia, o Egito, a Líbia e o Iêmen conseguiram derrubar regimes que estavam no poder há décadas. Em janeiro de 2011, Ben Ali foi deposto na Tunísia; em fevereiro, Hosni Mubarak renunciou o poder no Egito; em outubro, Muamar Kadafi morreu baleado na Líbia, tendo sido executado por rebeldes líbios; e em novembro, o líder do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, renunciou depois de 33 anos no poder.

Já se passaram alguns anos desde o início da Primavera Árabe. O movimento que deveria trazer democracia ao Oriente Médio gerou conflitos e guerras. O termo "Primavera Árabe" remete a experiências desastrosas em alguns países, levando alguns analistas a mudar a expressão para o "Inverno Árabe Prolongado". 

A Tunísia

A Tunísia

Em 17 de dezembro de 2010, um fiscal de impostos do governo tunisiano apreendeu os legumes de Mohamed Bouazizi. Este pediu que a mercadoria fosse devolvida. Em vez de devolver a mercadoria, o fiscal deu um tapa no rosto do jovem vendedor. Tendo sido humilhado, Bouazizi se imolou. Ele morreu alguns dias mais tarde.

A morte de Mohamed Bouazizi foi o estopim de uma onda de manifestações na Tunísia. Estas protestavam os altos preços de alimentos, o desemprego, que havia atingido níveis alarmantes, a corrupção e a falta de direitos civis. Os manifestantes exigiam uma qualidade de vida melhor. A população também clamava pela renúncia do presidente Zine al-Abidine Ben Ali, que estava no poder há 23 anos.

Cerca de 300 pessoas foram mortas durante os protestos. Em janeiro de 2011, Ben Ali foi forçado a renunciar. Ele fugiu para a Arábia Saudita e foi sentenciado, na sua ausência, à prisão perpétua.

Após a queda de seu presidente, a Tunísia encontrou certa estabilidade em relação aos países vizinhos. Em outubro de 2011, realizaram-se as primeiras eleições democráticas na história do país. O partido moderado islâmico Al-Nahda venceu as eleições com 41% dos votos. No início de dezembro, o país aprovou uma nova Constituição e Moncef Marzouki, do partido Islamist Al-Nahda se tornou presidente.

Em outubro de 2014, houve novas eleições – a segunda eleição parlamentar democrática desde a queda de Ben Ali. As novas eleições fecharam o ciclo da transição democrática em um país que teve o privilégio de dar início à Primavera Árabe. O país conseguiu administrar a Primavera Árabe de forma responsável: um partido islamita chegou ao poder, mas foi posteriormente derrotado por meios democráticos. O partido vencedor foi o Nida Tunis ("O Chamado da Tunísia"), que inclui candidatos ligados ao regime de Ben Ali e que defende a separação entre política e religião.

A Tunísia foi um caso de sucesso na Primavera Árabe. Contudo, ainda enfrenta grandes desafios.  A economia do país permanece frágil. Além disso, muitos jovens tunisianos se juntaram ao Estado Islâmico (EI), tanto na Síria como no Iraque. O fato de a sociedade tunisiana estar gerando tantos jovens radicais é uma ameaça aos avanços que o país conquistou.

No Egito

O Egito foi o segundo país árabe a derrubar seu ditador durante a Primavera Árabe. Com efeito, o país destituiu não apenas um, mas dois presidentes desde o início de tal movimento. 

No dia 25 de janeiro de 2011, a população egípcia – inspirada pelo levante que derrubou o regime do ditador da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali – tomou as ruas do país para protestar contra o regime de seu presidente, Hosni Mubarak. Este, que sucedeu Anuar el-Sadat – que fora assassinado pela Irmandade Muçulmana em outubro de 1981 – estava no poder há 30 anos e era aliado dos Estados Unidos. As manifestações no Egito foram convocadas por vários meios, inclusive por sites de mídia social, como o Facebook e o Twitter, apesar de o governo egípcio ter cortado a rede de celulares e bloqueado o Twitter. “Abaixo Hosni Mubarak”, gritavam os manifestantes em frente a um complexo judicial no centro da capital.

Os protestos contra o presidente egípcio se iniciaram de forma pacífica, mas a situação se tornou violenta a partir do momento em que os policiais egípcios passaram a utilizaram gás lacrimogêneo, canhões de água e até golpes de cassetete. Os manifestantes revidaram: atiraram pedras e garrafas nos policiais e invadiram veículos usados pela polícia. Muitas pessoas morreram.

Os protestos contra o governo de Mubarak duraram vários dias e chegaram a contar com a participação de cerca de um milhão de egípcios. Assim como na Tunísia, o povo egípcio protestava contra a falta de liberdade, a repressão, o desemprego, a pobreza e a corrupção.

Dezoito dias de protesto forçaram Mubarak a renunciar. A renúncia ocorreu em fevereiro de 2011. O ditador egípcio foi julgado e condenado por ter sido cúmplice na morte de 846 pessoas durante o levante. Contudo, o veredito foi posteriormente anulado. Mubarak, que continua preso, aguarda um novo julgamento.

Em junho de 2012, Mohammed Morsi, membro da Irmandade Muçulmana e líder do “Partido da Liberdade e da Justiça” foi democraticamente eleito, tornando-se presidente do Egito. O objetivo da Irmandade Muçulmana era o de substituir as leis seculares pelas leis islâmicas. A Irmandade Muçulmana havia sido banida no Egito em 1954, quando teve início o regime militar no país. Com a queda de Mubarak, a organização não apenas saiu da ilegalidade, mas tomou o poder no Egito.

Contudo, a presidência de Morsi não durou muito. Ele ficou no poder até julho de 2013, tendo sido deposto pelas forças armadas egípcias. Apesar de ele ter sido eleito, grandes manifestações foram realizadas no país para exigir a sua remoção do poder. O povo egípcio estava profundamente insatisfeito com o governo de Morsi: com a Irmandade Muçulmana à frente do governo, o país sofreu uma crescente influência islâmica nas políticas públicas. Além disso, a economia egípcia entrou em colapso, a democracia e o direito à livre expressão foram restringidos e a criminalidade, especialmente a violência contra mulheres, aumentou exponencialmente.

Durante o breve regime de Mohamed Morsi, o Egito elaborou uma Constituição considerada pró-Islã. O novo presidente, que deveria representar um Egito democrático, publicou um decreto concedendo a si mesmo amplos poderes. As ações de Morsi despertaram o temor em grupos seculares e na minoria cristã de que o país estava se tornando uma teocracia governada por fundamentalistas islâmicos. Milhões de egípcios foram às ruas protestar.

Morsi foi derrubado pelas forças armadas, sob comando do atual presidente, Abdel Fattah al-Sisi. As imensas manifestações populares de grupos contrários à interferência religiosa na política levaram as forças armadas a derrubar Morsi. Este é mantido preso desde sua deposição.

Irmandade Muçulmana

Fundada no Egito em 1928, a Irmandade Muçulmana é um grupo político e religioso de caráter fundamentalista. O movimento, que atua em cerca de 70 países no Oriente Médio, na Ásia e na África, luta pela adoção da Sharia (Lei Islâmica) nos estados árabes. Isso significa que o objetivo central da Irmandade Muçulmana é que a religião islâmica sirva não apenas para determinar a vida cotidiana do povo, mas também como a fonte das leis do Estado.

A Irmandade Muçulmana também objetiva criar um califado, isto é, unificar os países de população muçulmana em um único país.

Muitos analistas afirmam que a Irmandade Muçulmana é a precursora do islamismo militante moderno, pois essa organização tem origem na mesma seita islâmica radical wahabita, sunita, que é a base da sociedade da Arábia Saudita e que inspirou a milícia islâmica do Talibã (que atua no Afeganistão e Paquistão) e a rede terrorista Al-Qaeda.

A derrubada do presidente egípcio Mohammed Morsi, que pertence à Irmandade Muçulmana, pode significar uma perda de poder para o movimento nos demais países onde atua.

Em setembro de 2013, a Irmandade Muçulmana foi novamente banida no Egito. Em agosto de 2014, a justiça do Egito dissolveu o PLJ (“Partido da Liberdade e da Justiça”, criado em 2011), braço político da Irmandade Muçulmana.

Após a queda de Morsi, um governo interino foi formado e uma nova Constituição foi redigida. Em seguida, as forças de segurança lançaram uma ofensiva contra a Irmandade Muçulmana. Mataram quase 1000 pessoas durante dois atos pró-Morsi.

Abdel Fattah al-Sisi, ex-comandante do exército e Ministro da Defesa durante o governo interino, é visto como homem forte do Egito. Em 2014, Al-Sisi concorreu e venceu a eleição presidencial, obtendo 96,9% dos votos. Ele tomou posse em junho.

Desde sua posse, o Egito avançou, política e militarmente, e a situação política do país se estabilizou. Contudo, a ascensão ao poder do presidente Al-Sisi foi controversa. Milhares de partidários da Irmandade Muçulmana foram presos desde que ele assumiu a liderança do país. O novo governo do Egito impôs restrições ao direito de protesto, à mídia, a organizações não governamentais e a grupos em prol dos direitos humanos.

Alguns críticos afirmam que o novo regime egípcio é tão repressivo quanto o governo ditatorial de Hosni Mubarak.

A Líbia      

Após a queda de Ben Ali na Tunísia e de Mubarak no Egito, a pressão para que Muamar Kadafi, ditador da Líbia desde 1969, deixasse o poder, aumentou.

A revolta na Líbia se iniciou em fevereiro de 2011, após as forças de segurança abrirem fogo contra pessoas protestando na cidade oriental de Benghazi. Em seguida, manifestações contra o governo entraram em erupção em outras cidades do país até chegar à Trípoli. As manifestações se tornaram uma revolta armada cujo objetivo era a derrubada de Muamar Kadafi.

O país se envolveu em uma violenta guerra civil entre os rebeldes e as forças do governo. Em março de 2011, as forças da OTAN, junto com diversos países árabes, se envolveram no conflito, auxiliando os rebeldes: bombardearam o território líbio e impuseram uma zona de exclusão aérea.

Os rebeldes avançaram lentamente sobre as cidades ainda dominadas pelo regime de Kadafi. Trípoli, a capital da Líbia, caiu em agosto, após seis meses de conflito armado e milhares de mortos.

Após 42 anos no poder, em outubro de 2011, Muamar Kadafi, que havia fugido, foi encontrado, escondido em um buraco de esgoto em Sirte, sua cidade natal. Ele foi capturado e morto.

As milícias armadas impõem sua lei na Líbia. Cerca de 300 milícias lutam entre si, disputando o controle de diferentes cidades e províncias. Quando há protestos populares exigindo a saída das milícias, estas retaliam violentamente contra o povo. Há muita tensão e violência no país devido às disputas tribais e étnicas.

A Primavera Árabe nunca chegou à Líbia. O país afunda cada vez mais no caos e corre o risco de ser tomado por grupos terroristas internacionais.

Desde a queda de Kadafi, a Líbia permanece em estado de guerra civil, e dois governos oponentes governam efetivamente regiões separadas do país. A população civil da Líbia sofreu significativamente durante os anos de agitação política, com violência nas ruas e acesso a alimentos, recursos e serviços de saúde bastante limitados.

Isso contribuiu, em parte, para a atual crise mundial de refugiados. Milhares de pessoas fugiram da Líbia, geralmente de barco pelo Mar Mediterrâneo, com a esperança de construir uma nova vida na Europa.

Iêmen

O Iêmen é o país mais pobre do Oriente Médio.

No Iêmen, os protestos começaram no início de fevereiro de 2011, quando os manifestantes pediram a renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh, no poder desde 1978.

O presidente havia afirmado, diversas vezes, que deixaria o governo. Contudo, nunca o fazia. Isso aumentou o nível de tensão das manifestações no país. Em junho de 2011, o presidente Saleh foi gravemente ferido em um atentado à bomba. Foi tratado na Arábia Saudita, de onde voltou em setembro do mesmo ano e, enfim, acertou sua saída. Saleh foi o quarto líder árabe a deixar o poder graças à Primavera Árabe. Em 23 de novembro, passou o comando do país ao vice-presidente, Abd Rabbuh Mansur al Hadi.

Apesar da saída do presidente, as tensões no país permaneceram. Nas eleições de fevereiro de 2012, o presidente Abed Rabbo Mansour Hadi, foi eleito democraticamente. Contudo, possuía pouco poder.

O novo presidente, Abd Rabbuh Mansur al Hadi, era aliado dos Estados Unidos e enfrentava grandes desafios. Além de extrema pobreza, taxa de desemprego muito alta, fome e corrupção, Hadi precisava combater a insurgência islâmica do Al-Qaeda, de um movimento sunita separatista no sul do país e dos rebeldes xiitas houthis, no norte, liderado por Abdul-Malik al-Houthi. Os houthis são apoiados pelo Irã.

O Iêmen era sacudido pela violência e por conflitos territoriais. O governo tinha pouco controle sobre a situação política e sobre a segurança do país.

O Iêmen é território fértil para os jihadistas, que planejam ataques terrorista com alvos dentro e fora do país. A rede Al-Qaeda aproveitou o enfraquecimento do governo após a saída do ditador Ali Abdullah Saleh, em 2012, para fortalecer sua influência.

Sua subsidiária no Iêmen e na Arábia Saudista é chamada de Al-Qaeda na Península Arábica. Essa subsidiária é um dos braços mais ativos e notórios do Al-Queda. O Al-Queda na Península Arábica é um frequente alvo dos ataques de drones norte-americanos.

Em setembro de 2014, rebeldes xiitas houthis invadiram e tomaram a capital do país, Sanaa. Em janeiro de 2015, atacaram a residência do presidente Hadi e, simultaneamente, invadiram o palácio presidencial.

O presidente Hadi fugiu do Iêmen e se refugiou em Omã e, posteriormente, na Arábia Saudita. Em março de 2015, uma coalizão liderada pela Arábia Saudita e composta por mais oito países sunitas, bombardeou o Iêmen – para tentar conter o avanço das forças houthis – e impôs um bloqueio naval ao país. A meta é derrotar os houthis, acabar com a influência do Irã no Iêmen e restaurar o governo de Hadi. Os líderes sauditas acreditavam que a ofensiva duraria algumas semanas. Contudo, ela já dura mais de quatro anos.

Os xiitas houthis lutaram contra o exército do ex-presidente Saleh e contra a coalisão de países sunitas. A Al-Qaeda na Península Arábica promove uma série de ataques terroristas contra os houthis. Ao mesmo tempo, há movimentos separatistas crescentes no sul.

Os houthis lançam ataques contra a Arábia Saudita. Eles afirmam que, em 2019, usaram drones para atacar duas instalações petrolíferas da Arábia Saudita. Os sauditas responsabilizam o Irã por esses ataques.

A intervenção no Iêmen fez com que uma guerra civil iemenita se tornasse um conflito regional, alimentado pela rivalidade entre a Arábia Saudita e o Irã. Enquanto isso, o Iêmen, um dos países mais pobres do mundo, sofre uma enorme crise humanitária.

As monarquias árabes

As monarquias do Oriente Médio se mantiveram relativamente estáveis durante a Primavera Árabe. Cada monarquia reagiu de forma diferente aos protestos em seu país.

As mudanças de regime na Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen foram motivo de alarme para outros países árabes. Alguns governos rapidamente promoveram mudanças assim que os primeiros protestos surgiram em seu país.

Com exceção de Bahrain, todos os países do Golfo que são ricos em petróleo evitaram a Primavera Árabe. O motivo disso é que as famílias ricas que dominam tais países oferecem ao seu povo uma "troca", isto é, um suborno: ofertas generosas como empregos no governo e habitação subsidiada em troca de passividade política.

Marrocos

As manifestações se iniciaram no Marrocos em fevereiro de 2011. O rei Mohamed VI reagiu aos protestos ao organizar um plebiscito no início de julho do mesmo ano, por meio do qual a população aprovou uma nova Constituição com 98% dos votos. Dessa forma, foi possível aprofundar a separação entre os poderes e o sistema político ganhou um caráter mais parlamentar.
O rei Mohammed está no trono desde 1999. Ele sucedeu seu pai, Hassan II, que governava desde 1969.

Arábia Saudita

Na Arábia Saudita, os protestos foram fortemente reprimidos pelo governo do rei Abdullah. Este, que estava no poder desde 2005, faleceu em janeiro de 2015. O rei prometeu um pacote de subsídios de 125 bilhões de dólares para acalmar a população e evitar a formação de novas manifestações.

Bahrein

O governo do Bahrein reprimiu duramente os manifestantes em seu país, que, em fevereiro de 2011, tentaram derrubar a monarquia Al Khalifa. O Bahrein é mais um exemplo de país em que a minoria governa a maioria. A família Real é sunita e a maioria da população, xiita. Os xiitas exigiam direitos civis.

No auge da repressão, forças de segurança da Arábia Saudita entraram no Bahrein para ajudar as forças do governo a combater os opositores na tal chamada "Revolução Esquecida". Esse nome advém do fato que pouco destaque foi dado a essa revolução na imprensa. A comunidade internacional, especialmente os Estados Unidos, não condenaram a repressão dos manifestantes. O motivo disso é que as forças armadas norte-americanas mantêm no Bahrein uma base naval – sua Quinta Frota.

O Bahrein – que tem uma localização estratégica na parte norte do Golfo, entre a Arábia Saudita, o Iraque, o Kuwait e o Irã – é o porto de ancoragem de navios de guerra norte-americanos em missão na região.

Jordânia

Até o presente momento, a Jordânia foi poupada da turbulência que derrubou vários governos de países árabes.

Os protestos na Jordânia se iniciaram em 2011: a população exigia mais empregos e um fim à corrupção governamental. O povo também passou a exigir que o país se tornasse mais democrático e que os poderes do rei fossem reduzidos.

A maioria das manifestações na Jordânia foi pacífica, mas, em novembro de 2012, houve confrontos entre a população e as forças armadas do país que resultaram em mortes. Em janeiro de 2013, eleições parlamentares ocorreram – dois anos antes do previsto. Pela primeira vez na história do país, o rei da Jordânia prometeu que consultaria o parlamento em relação à escolha de um primeiro-ministro.

O maior desafio que o país enfrenta atualmente é a ameaça do Estado Islâmico, que pretende tomar a Jordânia. Ao mesmo tempo, o país luta contra o desafio econômico de ter de absorver mais de meio-milhão de refugiados da Síria, país que faz borda com a Jordânia

Qatar

O Qatar não enfrentou levantes durante a Primavera Árabe. O país é uma monarquia e um dos países mais ricos do mundo. Em 2012, foi considerando pela revista Forbes o país mais rico do mundo.

Apresar de não ter havido problemas internos no Qatar, o país participou da Primavera Árabe, pois, visando a se tornar uma potência regional, foi o maior patrocinador dos grupos rebeldes. O Qatar deu apoio aos rebeldes líbios: forneceu dinheiro, armas e armamentos, aviões, caças e combustível. O Qatar também ajuda a financiar os rebeldes na Síria lutando contra o governo Assad e grupos extremistas sunitas, como a Irmandade Muçulmano e o Hamas. O país é acusado de financiar grupos terroristas.

O Qatar abriga uma das maiores bases norte-americanas no Oriente Médio e deve sediar a Copa do Mundo de 2022.

O Inverno Prolongado

Já se passaram vários anos desde a morte do tunisiano Mohamed Bouazizi, mas alguns dos países que foram palco de levantes da Primavera Árabe se encontram hoje mergulhadas em caos. A instabilidade política leva à instabilidade econômica, que gera desemprego e miséria.

O caos cria um ambiente propício ao refúgio de extremistas, ao crescimento de grupos jihadistas e, consequentemente, ao terrorismo.  O Oriente Médio vive um aumento das tensões sectárias, principalmente entre sunitas e xiitas.

Para especialistas, as mudanças enfrentadas pela região indicam que a transição para a democracia em países afetados pelas revoluções não será rápida, muito menos suave. Teme-se que os ditadores laicos sejam substituídos por ditadores teocráticos.

Sumário

- A Tunísia
- No Egito
- A Líbia
- Iêmen
- As monarquias árabes
i. Marrocos
ii. Arábia Saudita
iii. Bahrein
iv. Jordânia
v. Qatar
- O Inverno Prolongado

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