Irã hoje
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O Irã hoje é palco de sistemáticos abusos de direitos humanos e constitui uma ameaça tanto aos árabes sunitas como ao Estado de Israel. O Irã, oficialmente República Islâmica do Irã, era chamado de Pérsia do século VI a.C. até 1935. O país se localiza na Ásia Ocidental. É a segunda maior nação do Oriente Médio e o 17º país mais populoso do mundo. O Irã hoje é uma teocracia religiosa dirigida por clérigos nacionais. A mais alta autoridade governamental do país é o Líder Supremo.
O Início do Fundamentalismo do Irã
Durante a Segunda Guerra Mundial, o líder iraniano Reza Xá Pahlavi recusou-se a apoiar os Aliados na Segunda Guerra Mundial. Em 1941, ele foi forçado por tropas britânicas e soviéticas a abdicar o trono. O controle do Irã foi passado para seu filho, Mohammad Reza Pahlavi, que apoiava os Aliados.
Na década de 1950, o novo xá tornou sua prioridade máxima a criação de um Irã moderno e industrializado. Contudo, suas políticas rompiam com antigas tradições iranianas. Ele dividiu grandes propriedades de terra e doou terras aos camponeses. Seu governo incentivou o uso de métodos modernos de agricultura. Em 1963, as mulheres receberam o direito de voto e de servir como membros do parlamento iraniano.
Os muçulmanos conservadores do Irã condenaram os atos do xá de modernizar o país e adotar costumes ocidentais. Eles exigiram a retomada dos costumes tradicionais islâmicos. Os liberais acusaram o xá de gastar bilhões em armamentos, enquanto muitos iranianos continuavam pobres. Eles também o criticaram por sua política severa em relação a seus opositores políticos. Como o xá não permitia uma oposição política, mais e mais iranianos uniam-se aos grupos religiosos para expressar seu descontentamento com o governo.
A crescente violência política forçou o xá a deixar o Irã em 1979. O novo governo, chefiado pelo líder religioso xiita Aiatolá Ruhollah Khomeini afastou o Irã dos ideais do Ocidente e aproximou-o do fundamentalismo islâmico, instaurando um regime teocrático. Assim como o xá, contudo, Khomeini não permitiria qualquer oposição a seu governo; ele aprisionou e executou milhares de iranianos.
Em outubro de 1979, o xá viajou para os Estados Unidos para receber tratamento médico. No mês seguinte, uma multidão tomou a embaixada norte-americana na capital iraniana, Teerã. Eles exigiam que o xá retornasse ao país para ser julgado, mas o governo dos Estados Unidos recusou. Durante mais de um ano, o governo Khomeini recusou-se a libertar mais de 50 norte-americanos mantidos como reféns na embaixada. Irã e Estados Unidos tornaram-se inimigos durante esta época, e a tensão entre os dois países permaneceu por muito tempo, mesmo após a libertação dos reféns.
Seguindo a revolução islâmica no Irã, o fundamentalismo - um movimento para observância severa da lei religiosa - espalhou-se por muitos países islâmicos do Oriente Médio. Os fundamentalistas islâmicos acreditavam que a influência ocidental era prejudicial ao islamismo. Movimentos fundamentalistas irromperam em muitos países do Oriente Médio na década de 1980. Os grupos fundamentalistas também perpetraram atos de terrorismo contra Israel e contra o Ocidente, incluindo bombardeios, sequestros de pessoas e de aviões.
A Guerra Irã-Iraque
Em 1980, Saddam Hussein, o ditador do Iraque, ordenou a invasão do Irã. Hussein pretendia conquistar regiões disputadas nas fronteiras, além de ilhas no Golfo Pérsico. Ele também desejava proteger seu regime contra o fundamentalismo islâmico, liderado pelo governo Khomeini.
Temendo a expansão do fundamentalismo islâmico, a maioria dos estados árabes deu ao Iraque dinheiro e armamentos.
A guerra continuou até o final da década de 1980. Saddam Hussein tornou-se ainda mais notório por ordenar o uso de armas químicas de destruição em massa contra tropas iranianas.
Em 1988, Irã e Iraque, exaustos da terrível luta, concordaram em um cessar-fogo mediado pelas Nações Unidas. Os custos da guerra haviam sido tremendos: mais de um milhão de pessoas morreram, e valiosas fontes de petróleo haviam sido destruídas.
Um Irã Nuclear
O programa nuclear iraniano teve início na década de 1950, sob o xá Mohammed Reza Pahlavi, que fez um acordo com o governo norte-americano. Segundo o acordo, os Estados Unidos – que eram aliados do Irã na época – concordavam em fornecer um reator nuclear ao país visando a incentivar a pesquisa e à construção de uma usina nuclear.
Em 1968, o Irã assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Tratado de Não Proliferação Nuclear O Brasil é um dos 190 países que assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares de certa forma dividiu o mundo em dois: os países que possuem armas nucleares e os que não as possuem. O Tratado reconhece cinco países como sendo “Estados com armas nucleares” (EAN). Esses países são os Estados Unidos, a Rússia, o Reino Unido, a França e a China. Desde que o Tratado entrou em vigor, três países que não o assinaram, realizaram testes nucleares: Índia, Paquistão e Coreia do Norte. Em 2005, o Conselho de Governadores da AIEA classificou o Irã como um país que não agia em conformidade com o TNP. O Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs sanções contra o Irã devido à recusa do governo iraniano de suspender o enriquecimento de urânio não declarado. |
Em 1979, com a queda do xá, os Estados Unidos pararam de fornecer material nuclear para o Irã e cancelam a construção de duas instalações nucleares. Já no final da década em 1970, os norte-americanos passaram a suspeitar que o governo iraniano ambicionava obter armas nucleares.
Em 1984, a guerra Irã-Iraque levou Teerã a retomar a questão nuclear. Acreditava-se que o Iraque de Saddam Hussein estava desenvolvendo um programa nuclear. Isso levou o Ayatolá Khomeini a reiniciar o programa iraniano.
Em 1996, as ambições nucleares iranianas levaram o presidente norte-americano Bill Clinton a impor sanções contra o regime de Teerã.
O conflito gerado pelo programa nuclear do Irã recomeça no final de 2002, quando uma emissora de televisão norte-americana divulgou fotos de duas instalações nucleares iranianas, até então desconhecidas: Arak e Natanz. Inicialmente, o governo iraniano aceitou as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Em fevereiro de 2004, diferentes fontes afirmaram que o pai da bomba atômica paquistanesa, Abdul Qadeer Khan, havia entregado tecnologia nuclear ao Irã. Em novembro do mesmo ano, Alemanha, França e Reino Unido conseguiram que o Irã aceitasse suspender o enriquecimento de urânio. Porém, em abril de 2005, o Irã anunciou que colocaria em funcionamento a conversão de urânio na central de Isfahan. Em setembro do mesmo ano, a AIEA constatou que o Irã havia violado suas obrigações.
Eleito em 2005, o ex-presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, subiu ao poder liderando um governo extremamente conservador e nacionalista, considerado por muitos uma ameaça à paz internacional. Ahmadinejad promoveu o desenvolvimento de um programa nuclear em seu país.
O líder iraniano, como seus precursores desde a Revolução Islâmica ocorrida no país, defendeu a rejeição de valores ocidentais e a manutenção de um estado islâmico - teocrático e absolutista.
Presidente Ahmadinejad
Ahmadinejad mostrou-se profundamente antissemita: negando o Holocausto e declarando que o Estado de Israel deve ser "apagado do mapa".
A pretensão do Irã de Ahmadinejad de desenvolver um programa nuclear suscitou enormes apreensões por parte da comunidade internacional. O discurso de Ahmadinejad era assustador.
Durante vários anos, o Irã desafiou e refutou as recomendações da Agência Internacional de Energia Nuclear, violando o Tratado sobre Não Proliferação Nuclear (TNP). Em 2005, o Conselho de Governadores da AIEA classificou o Irã como um país que não agia em conformidade com o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. O Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs sanções contra o Irã devido à recusa do governo iraniano de suspender o enriquecimento de urânio não declarado.
Foi a partir de 2006 que o conflito se agravou. Em fevereiro, o Irã anunciou que limitaria o acesso da AIEA e que retomaria seu programa de enriquecimento de urânio. Mahmud Ahmadinejad afirmou que o combustível produzido nas centrais iranianas tinha 3,5% de enriquecimento.
Em julho de 2006, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução exigindo que o Irã suspendesse as atividades de enriquecimento de urânio. O Conselho de Segurança deu um ultimato. Em resposta, Ahmadinejad declarou que o Irã continuaria a enriquecer urânio e que não se curvaria à pressão internacional.
Temendo uma possível guerra nuclear, no dia 23 de dezembro de 2006, os 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovaram por unanimidade uma resolução proposta por países europeus impondo sanções contra o Irã até que o país suspendesse seu programa nuclear. A resolução, proposta por Alemanha, França e Reino Unido, proibiu todos os membros da ONU de fornecer ao Irã materiais e tecnologia que pudessem contribuir para seu programa nuclear. O governo iraniano reagiu à resolução da ONU ao classificá-la como "ilegal". O embaixador iraniano na ONU declarou que a resolução é "prova de que o Irã é tratado injustamente".
Nos anos seguintes, o programa nuclear iraniano avançou e mais sanções foram impostas contra o país. O Irã se encontrou isolado, sofrendo uma crise econômica e fortes pressões diplomáticas.
Em junho de 2013, Hassan Rouhani foi eleito o novo presidente do Irã. Rouhani sinalizou ao mundo e aos Estados Unidos que estava disposto a negociar. Rouhani é considerado mais moderado que seu antecessor. Contudo, perdura o medo de que a postura menos bélica de Rouhani seja apenas um artifício para que sejam removidas as sanções econômicas contra o Irã e que o governo iraniano continue com seu programa nuclear. Muitos países temem que ocorra no Irã o que ocorreu na Coreia do Norte: apesar das negociações, dos acordos e das promessas, o governo acabou desenvolvendo uma arma nuclear quando o mundo não estava “olhando”.
Desde 2003, quando se tornou público o programa nuclear iraniano, o programa de enriquecimento de urânio no país cresceu drasticamente: em 2003, era apenas algumas dezenas de centrífugas. Quando foi assinado o acordo, eram mais de 18 mil instalações e mais de 10 mil em operação. As máquinas produziram toneladas de urânio pouco enriquecido. Esse urânio pode ser transformado em material para a construção de armas nucleares.
O Irã insiste que seu programa nuclear tem um único propósito: assegurar o abastecimento de energia a longo prazo para o país. Porém, a comunidade internacional suspeita que ambições bélicas são o real motivo por trás desse programa. Vale lembrar que o Irã possui a quarta maior reserva mundial de petróleo.
É importante ressaltar que como o reator nuclear e a bomba nuclear seguem o mesmo princípio, o fato do Irã se interessar em desenvolver energia nuclear causa preocupação. O enriquecimento de urânio pode ser feito em diferentes concentrações do isótopo U-235. De 3,5 – 5% é usado para combustível nuclear, de 20% para uso médico e de 90% para uma bomba atômica. É importante ressaltar que a última etapa, que é a mais crucial, é também a mais rápida a produzir.
Desejos geopolíticos da obtenção de uma bomba atômica sempre agravam conflitos regionais.
A comunidade internacional teme que se o Irã desenvolver armas nucleares, estas poderão ser usadas contra Israel, os Estados Unidos, a Europa, e mesmo países árabes. (É importante ressaltar que os iranianos, apesar de serem muçulmanos xiitas, são persas, e não árabes).
O acordo com o Irã
O acordo com o Irã foi negociado entre o governo de Teerã e seis potências mundiais: os Estados Unidos, a Rússia, a China, a França, o Reino Unido e a Alemanha. O acordo, assinado em julho de 2015, autoriza o Irã a prosseguir com um programa nuclear civil e a enriquecer urânio de forma limitada. Remove as sanções, mas impõe um sistema de restrição e verificação de seu programa nuclear.
As principais exigências impostas ao Irã são:
1. 'Breakout time'
O acordo tem como objetivo alongar o “breakout time” – o tempo que levaria para o Irã produzir uma bomba atômica caso quebrasse o acordo. O objetivo é que o “breakout time” seja de, no mínimo, um ano. Estimava-se que antes do acordo, o “breakout time” seria de dois a três meses.
2. Enriquecimento de urânio
O acordo limita o número de centrífugas: de 19 mil a cerca de cinco mil, pelos próximos 10 anos. Também reduz o estoque de urânio enriquecido a 300 kg dos atuais 10 mil kg.
3. Controle
O objetivo é detectar qualquer quebra no acordo.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), já presente no Irã, será responsável por controlar regularmente todas as instalações nucleares iranianas e terá seu acesso ampliado.
4. Plutônio
O plutônio 239 pode também ser usado para a fabricação de uma bomba nuclear.
O Irã estava construindo, em Arak, um reator de água pesada, capaz de produzir o plutônio 239. O acordo estabeleceu que os dejetos produzidos em Arak serão enviados ao exterior durante toda a vida do reator.
O acordo estabeleceu que durante um período de 15 anos, o Irã estaria proibido de construir um novo reator de água pesada.
Em contrapartida, o Conselho de Segurança das Nações Unidas concordou em aprovar o acordo e remover as sanções econômicas adotadas contra o programa nuclear iraniano. Contudo, permanecem por cinco anos as sanções sobre armas, com a possibilidade de o Irã obter exceções. As sanções sobre o comércio de mísseis capazes de transportar ogivas nucleares permanecem sem prazo de expiração.
Os países a favor do acordo acreditam que uma possível guerra foi evitada. Os críticos acreditam que o acordo foi muito generoso e que caso o Irã viole o acordo, será quase impossível reimpor as mesmas sanções. Outra crítica é que o acordo não abordou o fato de o Irã financiar o terrorismo e tentar obter poder no Oriente Médio. Ao assinar o acordo, o Irã recebeu bilhões de dólares, que podem ser utilizados para fins bélicos.
Vale ressaltar que apesar do acordo nuclear, o Irã continua a testar mísseis balísticos em violação à resolução do Conselho de Segurança da ONU.
Israel, a Arábia Saudita e outros estados muçulmanos xiitas criticaram o acordo. Acreditam que o acordo fortalece o Irã, um regime teocrático de grande influência na região. O Irã apoia o governo sírio liderado por Assad e o grupo terrorista Hizbolá. Membros do congresso norte-americano, principalmente os que pertencem ao Partido Republicano, acreditam que o Irã não é confiável.
Os Estados Unidos afirmam que podem agir militarmente caso o Irã não respeite o acordo e não desista de seu programa nuclear. Os próprios termos do acordo dão aos Estados Unidos mais tempo para planejar uma ofensiva. Contudo, o país sofreu um grande desgaste nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Muitos países suspeitam que os Estados Unidos estejam apenas blefando e que não se envolveriam em outra guerra no Oriente Médio. O Estado de Israel diz que não permitirá que o Irã desenvolva armas nucleares e que atacará os reatores iranianos, caso seja necessário. A Arábia Saudita e seus aliados também prometem tomar as medidas necessárias para evitar que o regime de Teerã adquira armas nucleares.
Em maio de 2018, o Presidente Trump, cumprindo uma de suas grandes promessas eleitorais, retirou os Estados Unidos do acordo com o Irã. Trump afirma que o acordo foi muito mal negociado, resultando em um acordo terrível para os Estados Unidos e para a segurança do Oriente Médio e do restante do mundo. As sanções norte-americanas foram reimpostas. Assim, o futuro do acordo é bastante incerto.
É importante ressaltar que as sanções são direcionadas não apenas contra o Irã, mas também, contra empresas de qualquer nacionalidade que mantenham relações comerciais com esse país.
No momento, a Europa e o Irã tentam negociar a continuidade do acordo apesar da retirada dos Estados Unidos.
Sumário
- O Início do Fundamentalismo do Irã
- A Guerra Irã-Iraque
- Um Irã Nuclear
- O acordo com o Irã
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