Hipófise - A tireoide

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Hipófise - hormônios tróficos

Embora do tamanho de um grão de feijão, a hipófise ou pituitária, situada na base do cérebro, é a "rainha"das glândulas de secreção interna (endócrina). De fato, alguns de seus hormônios regulam o funcionamento de várias outras glândulas endócrinas. Mesmo assim, a própria "glândula mestra" é rigorosamente controlada pelo hipotálamo, uma parte da base do cérebro que está em contato com ela.

A hipófise é constituída de dois lobos que lidam com hormônios diferentes, de maneiras diferentes e, portanto, podem ser considerados duas glândulas justapostas: a hipófise posterior ou neuro-hipófise, e a hipófise anterior ou adeno-hipófise.


Sistema nervoso e o controle hipofisário

Ao contrário da hipófise posterior, a hipófise anterior sintetiza e secreta seus próprios hormônios. Essa secreção é, no entanto, controlada por diferentes tipos de hormônio liberador ou hormônio inibidor, cada um deles específico! A adeno-hipófise produz e secreta vários hormônios tróficos, que têm direção certa: estimulam outras glândulas endócrinas.

Hormônio de crescimento - SH

O hormônio de crescimento - hormônio somatotrófico (SH) - estimula a formação de cartilagens, mas, como a maioria dos ossos se forma a partir da ossificação de cartilagens, o hormônio acaba por provocar o aumento de ambos. Os músculos, por sua vez, seguem padrões de crescimento em grande parte determinados pelo crescimento do esqueleto. Assim, este hormônio torna-se um fator de crescimento geral.

O hormônio de crescimento também regula o metabolismo, estimulando o armazenamento dos carboidratos, a utilização das gorduras e a síntese de proteínas. Por isso, é chamado de anabolizante, como a testosterona, pois promove o anabolismo. Durante a infância e a adolescência, ocorrem aumentos de produção do hormônio de crescimento, o que produz fases de desenvolvimento mais rápida. A produção de somatotrofina diminui drasticamente após a puberdade, quando termina a fase de crescimento.

Além disso, o hormônio somatotrófico induz células do fígado a produzir as somatomedinas, proteínas que circulam pelo sangue e estimulam o crescimento dos ossos e das cartilagens.

O excesso de hormônio de crescimento durante a infância, devido, por exemplo, a um tumor da hipófise, conduz ao gigantismo. A deficiência em sua produção acarreta o nanismo hipofisário, que é tratado eficazmente dando-se hormônio de crescimento à criança afetada. Se o excesso de hormônio de crescimento ocorre na idade adulta, só as extremidades dos ossos crescem exageradamente, pois o resto não é capaz de crescer. O resultado é a acromegalia, em que crescem as extremidades dos dedos, os pulsos, o nariz e o queixo, produzindo deformações.

A ânsia de "ficar forte" tem levado muita gente a fazer esporte e exercitar-se nas academias. O problema ocorre quando muitos jovens, procurando um resultado rápido, acabam tomando  anabolizantes, que contêm análogos da testosterona. Isso pode, a longo prazo, produzir efeitos colaterais indesejáveis: problemas no fígado e nos rins, predisposição ao câncer de próstata, diminuição do número de espermatozoides e comprometimento muscular.

Um hormônio da hipófise anterior, a gonadotrofina ICSH - hormônio estimulador das células intersticiais - regula a produção de testosterona pelos testículos por feedback negativo. Se um rapaz toma produtos semelhantes à testosterona repetidamente, a gonadotrofina é inibida. Isso pode refrear a produção de testosterona e perturbar outras funções, como a produção de espermatozoides.

A tireoide

A adeno-hipófise produz o hormônio tireotrófico - TSH (tireoestimulante), com a função de regular a produção dos hormônios da tireoide.

A tireoide situa-se sobre os primeiros anéis da traqueia, na parte anterior do pescoço. Produz os hormônios tiroxina (T4 = tetraiodotironina) e triiodotironina (T3), que aceleram o metabolismo celular e, portanto, exercem papel fundamental no crescimento e desenvolvimento do organismo.

Como ambos são aminoácidos, as enzimas digestivas não os atacam, de modo que podem ser tomados por via oral. Dando-se tiroxina a um animal, seu consumo de oxigênio aumenta, porque seu metabolismo se intensifica. Se alimentarmos girinos de rã com pedacinhos de tireoide de vaca, eles entram em metamorfose, passam do meio aquático para o terrestre e se tornam adultos precocemente, o que indica que seu metabolismo acelerou-se.

Os hormônios da tireoide lançados no sangue passam pelo hipotálamo. Se seu teor está baixo, o hipotálamo fabrica e manda para a hipófise anterior um hormônio liberador, que a faz secretar mais hormônio tireotrófico (TSH). Que faz a tireoide ao receber este hormônio por via sanguínea? Aumenta, obedientemente, sua produção de T3 e T4 - mecanismo de feedback negativo.

A diminuição dos hormônios da tireoide tende, assim, a ser corrigida pela seguinte sequência de eventos: produção insuficiente de T3 e T4 pela tireoide teores de T3 e T4 insuficientes no sangue o hipotálamo detecta os baixos teores e secreta o fator liberador do hormônio tireotrófico da hipófise anterior este hormônio se eleva no sangue e chega à tireoide aumenta a produção de T3 e T4 pela tireoide eleva-se a concentração sanguínea de T3e T4 (mecanismo de feedback negativo).

Não há perigo de a concentração destes dois hormônios fugirem ao controle, pois quando sua concentração no sangue aumenta, o hipotálamo suprime o fator liberador, a hipófise baixa a produção do hormônio tireoestimulante (TSH) e a tireoide modera sua atividade. Tudo é automático e inconsciente (feedback negativo). Você pode estar estudando ou fazendo ginástica e as alterações em seu teor de tiroxina e triiodotironina se corrigem, preservando a homeostase do metabolismo.

Hipotireoidismo

A baixa produção dos hormônios da tireoide acarreta no hipotireoidismo.

Se a tireoide não se desenvolveu normalmente durante a formação do bebê no útero, o problema se manifesta desde o nascimento, e ficam prejudicados o crescimento (nanismo), o desenvolvimento mental e a maturação sexual, produzindo a doença conhecida como cretinismo. A criança engorda, fica sem energia e sua pele fica "empapada" por acúmulo de líquidos nos tecidos (mixedema). Comprimidos de tiroxina, administrados desde cedo, corrigem esses problemas.

No adulto, as consequências dessa doença são: aumento de peso, apatia, queda na frequência cardíaca, engrossamento da pele - mixedema - e intolerância ao frio.

Hipertireoidismo

A produção excessiva de tiroxina e triiodotironina acarreta no hipertireoidismo.

Essa patologia resulta no aparecimento da exoftalmia ("olhos saltados" ou esbugalhados); taquicardia; na diminuição de peso; na hipertrofia da tireoide (bócio); em nervosismo; num alto metabolismo e intolerância ao calor.


Exoftalmia

Bócio endêmico - quadro clínico e tratamento

O bócio endêmico é um quadro clínico que decorre da carência de iodo na alimentação. Isso acontecia em lugares afastados do mar, onde os sais de iodo são escassos na alimentação. Na falta desse sal de iodeto (I-), a produção de tiroxina torna-se insuficiente. A adeno-hipófise, então, secreta grandes quantidades de hormônio tireotrófico (TSH) que tem por função estimular a atividade funcional da tireoide. Em consequência, a tireoide cresce exageradamente (hiperplasia), acarretando no bócio endêmico.


Bócio

Evita-se esta doença adicionando iodo à alimentação. Por lei federal, o sal de cozinha (NaCl) é enriquecido de iodo com uma parte de iodeto de sódio (NaI) para cada 100.000 partes de cloreto de sódio (NaCl).

Os cortes histológicos mostram, na glândula tireoide, um grande número de vesículas ou folículos arredondados, para a produção dos hormônios T3 e T4. Entre os folículos há grupos de células que produzem um outro hormônio, a tirocalciotonina ou calcitonina. Ela atua na regulação da taxa de cálcio (Ca2+) no sangue, antagonizando a ação do paratormônio (das paratireoides). A tirocalcitonina é um hormônio hipocalcêmico, retirando cálcio do sangue e depositando nos ossos, dentes e musculatura.

Paratireoides

A espécie humana possui quatro glândulas paratireoides, que ficam aderidas à parte posterior da tireoide. As paratireoides produzem o paratormônio, responsável pelo aumento do nível de cálcio no sangue (hipercalcemia).

A deficiência de paratormônio causa diminuição da quantidade de cálcio (Ca2+) no sangue, o que faz as células musculares esqueléticas contraírem-se convulsivamente (tetania). Caso a pessoa afetada por essa deficiência não seja tratada, com administração de paratormônio ou de cálcio, pode ocorrer tetania muscular e morte.

Glândula pineal ou epífise

Do tamanho de uma ervilha, essa glândula fica afundada na região central do cérebro.

Em alguns peixes e répteis primitivos, a pineal é recoberta apenas pela pele e é sensível à luz. Foi por isso considerada um terceiro olho, que não forma imagens. Em outros vertebrados, a pineal funciona como glândula endócrina. Seu hormônio, a melatonina, atua nas mudanças de cor da pele de vários peixes e anfíbios para adaptá-los à iluminação do ambiente. Isso aperfeiçoa a camuflagem do animal em locais de luminosidade variável.

A pineal secreta mais melatonina durante a noite do que durante o dia. Isso marca o ritmo de cerca de 24 horas (ciclo circadiano) em que se baseia o "relógio biológico" dos organismos.

Curiosidade: Descartes acreditava que a pineal era a sede da alma, produzindo e captando ondas que sinalizam as sensações de alegria, tristeza, sinceridade, hipocrisia, dor, empatia, antipatias, "sensação" de gente que vai chegar ou adoecer, etc!

Sumário

- Hipófise - hormônios tróficos
i. Hormônio de crescimento - SH
- A tireoide
i. Hipotireoidismo
ii. Hipertireoidismo
iii. Bócio endêmico
- Paratireoides
- Glândula pineal ou epífise

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