Grupos Sociais

Grupos Sociais

Grupo social é uma forma básica de associação entre seres humanos que estão mutuamente em interação. A Sociologia define grupo social como sendo toda reunião mais ou menos estável de duas ou mais pessoas associadas pela interação. Devido à interação social, os grupos têm de manter alguma forma de organização ao realizar ações conjuntas de interesse comum. Pessoas numa fila para entrar num cinema não constituem um grupo social, pois não há interação entre elas.

Os grupos sociais possuem alguma forma de organização. Eles compartilham normas, hábitos, valores, costumes próprios e objetivos. Os grupos sociais se diferem quanto ao grau de contato entre seus membros.     

Os principais grupos sociais são o grupo familial (família), o grupo vicinal (vizinhança), o grupo educativo (escola, faculdade), o grupo religioso (instituição religiosa), o grupo de lazer (clubes, associações), o grupo profissional (escritórios, empresas, loja) e o grupo político (partido ou organização política).

As principais características dos grupos sociais são:

1. Pluralidade de indivíduos: precisa haver mais de uma pessoa num grupo.
2. Interação social: os membros do grupo interagem entre si.
3. Organização: precisa haver uma certa ordem no grupo
4. Objetividade e exterioridade: o grupo está acima do indivíduo. Exterioridade significa que a existência de um indivíduo não depende de sua participação no grupo.
5. Objetivo comum: há certos valores, princípios e objetivos que unem os membros do grupo.
6. Consciência grupal: pensamentos, ideias e sentimentos são compartilhados pelos membros do grupo.
7. Continuidade: as interações entre os membros do grupo precisam ser duradouras, como ocorre em famílias, numa escola, numa instituição religiosa etc.

Os grupos sociais podem ser classificados como primários, secundários e intermediários. Grupos primários são aqueles em que os membros possuem contatos pessoais diretos, contatos mais íntimos. O maior exemplo de um grupo primário é a família. Grupos secundários são aqueles em que os contatos sociais são diretos, mas não há intimidade. Um exemplo de grupo secundário é um partido político. Grupos intermediários são aqueles em que se complementam as duas formas de contatos sociais, ou seja, os primários e os secundários. Um exemplo de grupo intermediário é a escola. 

Agregados sociais

Há uma diferença entre grupos sociais e agregados sociais.

Agregado social é uma reunião de pessoas frouxamente aglomeradas que, apesar da proximidade física, têm um mínimo de relações sociais. Em geral, o agregado social não é organizado e não possui uma estrutura estável ou uma hierarquia de posições e funções. A maioria das pessoas que participa de um agregado social se desconhece e o contato entre elas é limitado e de pequena duração.

Os principais tipos de agregados sociais são a multidão, o público e a massa.

Um exemplo de uma multidão é um grupo de pessoas se juntando para observar um fenômeno. Uma multidão é um agregado pacífico ou tumultuoso de pessoas ocupando determinado espaço físico.

As principais características da multidão são:

- proximidade física: há contato direto, porém temporário, entre os componentes de uma multidão. O indivíduo tem de estar necessariamente presente no agregado social.
- anonimato e ausência de status: o nome e posição social/profissional/econômica das pessoas que se integram à multidão não têm importância. Os componentes são anônimos, pois não levam consigo sua posição social ao se integrarem na multidão.
- falta de organização: mesmo que haja um líder, não há um conjunto de normas ou posições definidas ou uma divisão de trabalho. A interação é geralmente desordenada e descontrolada, espontânea e imprevisível.
- objetivos comuns: a multidão compartilha algum interesse, ato ou emoção. Porém, a interação não leva em consideração as personalidades sociais distintas. A multidão pode ser fanática e buscar seus objetivos sem restrições.
- indiferenciação: não há espaço para as diferenças individuais se manifestarem. Isto torna os membros iguais.
- segurança e poder: devido à presença de outros, os participantes podem fazer ou falar coisas que não fariam ou falariam se estivessem sozinhos. 
- interexcitação: os componentes se deixam perder momentaneamente no “espírito da multidão”.

As multidões podem ser assim classificadas:

1. Multidões casuais: têm existência momentânea e organização frouxa. Exemplo: pessoas contemplando um incêndio.
2. Multidões convencionais: o comportamento se expressa de modo preestabelecido, tendo duração limitada. Exemplo: espectadores de um jogo de futebol.
3. Multidão ativa: geralmente agressiva, é caracterizada pela existência de um objetivo. Exemplos: motins, revoltas, linchamentos.
4. Multidão em pânico: há um estímulo dentro do próprio grupo que intensifica os sentimentos de pânico. Exemplo: pessoas que fogem de um terremoto.
5. Multidão expressiva: há movimentos físicos que têm a finalidade de afrouxar a tensão. Exemplos: o Carnaval, as comemorações de rua após a seleção de um país vencer a Copa do Mundo.

Público e Massa

O público é um agrupamento de pessoas que seguem os mesmos estímulos. É baseado não em contato físico, mas na comunicação recebida através de diversos meios de comunicação. O público é um conjunto de indivíduos em que é praticamente igual o número de pessoas que expressam e recebem opiniões. A opinião do público pode se transformar em ação efetiva, mesmo contra o sistema de autoridade vigente. O público é também relativamente autônomo em suas ações.

Há diferença entre multidão e público, pois a integração dos indivíduos que formam o público é geralmente intencional. Já na multidão, a integração é ocasional.

Os modos de pensar, sentir e agir do público constituem o que é conhecido como opinião pública. Três características básicas sobressaem na opinião pública. A primeira delas é o acesso à informação. Só há opinião pública quando os indivíduos de uma sociedade têm acesso livre às informações da atualidade. A segunda característica é a livre discussão. Diante das informações recebidas, cada indivíduo pode tomar uma posição. A terceira característica é a tentativa de fazer com que a opinião se transforme em ação, ou seja, que as opiniões sobre assuntos de interesse da nação influenciem e determinem as ações do governo.

A massa é diferente do público, pois consiste num agrupamento relativamente grande de pessoas separadas, que não se conhecem. É formada por indivíduos que recebem opiniões formadas, que são veiculadas pelos meios de comunicação de massa. A massa é um conjunto de elementos em que a organização da comunicação pública torna difícil ou até impossível uma resposta efetiva às opiniões externadas publicamente. A massa não tem autonomia; praticamente inexiste a formação de opinião independente gerada por meio da discussão. O grupo de indivíduos que se comporta como massas tende a ser manipulado, pois reage de forma impensada, não tendo consciência de grupo.

A sustentação dos grupos sociais

A sociedade necessita de forças que mantêm coesos os grupos sociais. Essas forças são a liderança, as normas e sanções e os símbolos e valores sociais.

Liderança

Liderança significa a capacidade de comandar um grupo de indivíduos. Líder é aquele que dirige e orienta o grupo, transmite ideias e valores e toma as mais importantes decisões. Há, basicamente, dois tipos de liderança. A liderança institucional deriva da autoridade que uma pessoa tem devido à posição ou ao cargo que ocupa. Exemplos disto são um pai de família e um presidente de uma companhia. Já a liderança pessoal deriva das qualidades pessoais de um líder. Estas qualidades podem ser carisma, inteligência, poder de comunicação etc.

O líder costuma ser a peça chave do grupo. Teoricamente, ele é a personificação dos valores e interesses do grupo. O líder é também aquele que desempenha um papel integrador entre os membros de um grupo. Um verdadeiro líder é respeitado e até amado pelos membros de seu grupo.

Muitos líderes são naturalmente carismáticos. Isto significa que eles são dotados de um certo encanto que conquista o público. Um líder carismático pode fazer o bem ou o mal; ele pode ser amado por alguns e odiado por outros. Carisma não é sinônimo de liderança ou de competência. Infelizmente, muitos líderes desqualificados e desonestos que praticaram o mal chegaram ao poder devido ao carisma que possuíam.  

Normais e sanções sociais

Toda sociedade é baseada em leis que controlam o comportamento de seus membros. Se não há lei, não há ordem. Essas leis são denominadas de normas sociais. A toda normal social há uma sanção social, que é a recompensa ou a punição que um indivíduo recebe como consequência de seu comportamento social.

As sanções sociais podem ser aprovativas, quando o indivíduo cumpre o que dele é esperado. Mas elas também podem ser reprovativas. Uma sanção reprovativa é a punição que um indivíduo recebe por ter transgredido alguma norma social. As recompensas e as punições recebidas por um indivíduo geralmente dependem da importância ou da gravidade que a sociedade dá aos atos cometidos por ele.

Símbolos

Um símbolo é algo que representa outra coisa, que é geralmente mais abstrata ou complexa. Símbolos são convenções. Isto significa que um mesmo símbolo pode significar coisas diferentes em sociedades diferentes. Ao mesmo tempo, diferentes sociedades podem usar diferentes símbolos para expressar a mesma coisa. 

A mais importante forma de expressão simbólica é a linguagem. A linguagem é a base de tudo. Sem a linguagem, não haveria uma sociedade organizada e o ser humano dificilmente conseguiria se comunicar com outras pessoas.

Valores sociais

A sociedade estipula o que é certo e o que é errado, o que permitido e o que é proibido, o que é desejável e o que é indesejável. Valores sociais que não são baseados em princípios absolutos, como os de uma religião (os princípios éticos judaico-cristãos, por exemplo) ou de uma filosofia de vida (o budismo, por exemplo), tendem a variar. Eles mudam em função do tempo; eles são modificados por diferentes gerações. O que é proibido hoje pode ser permitido amanhã e vice-versa. O que é louvado hoje pode ser desprezado amanhã e vice-versa. Mesmo numa mesma geração, há diferentes valores dentro de uma sociedade. As pessoas discordam sobre muitos assuntos, sejam eles políticos, religiosos, morais, econômicos etc. É também muito comum que diferentes grupos sociais tenham diferentes escalas de valores. O conflito entre duas gerações – entre pais e filhos, por exemplo – também é um fenômeno comum. O choque entre gerações sempre ocorreu. Novos valores frequentemente se chocam com os antigos. Há gerações onde os filhos são mais liberais que seus pais, mas há também gerações onde os filhos são mais conversadores, e até mais intolerantes, que seus pais e antepassados.

Sociologia da juventude

A juventude é estudada pela Sociologia como uma categoria social específica. O conceito de juventude geralmente se refere à faixa de idade que vai dos 14 aos 19 anos.

O interesse pelo estudo da juventude se iniciou na década de 1960, quando os jovens passaram a contestar, de forma ousada e até agressiva, os padrões sociais estabelecidos. Hoje, a Sociologia estuda o jovem, pois se preocupa com a integração dele numa sociedade que se torna, a cada dia, mais competitiva e globalizada.

A juventude é, evidentemente, o futuro de toda sociedade. A juventude brasileira é formada por milhões de jovens que precisam ser adequadamente preparados para que o progresso da nação seja garantido. Os jovens precisam de um excelente preparo intelectual e profissional para que o ingresso deles no mercado de trabalho seja um processo relativamente fácil e suave. Em nosso país, há aproximadamente 2 milhões de jovens que ingressam no mercado de trabalho a cada ano. É necessário que haja oportunidades de trabalho para todos eles. Esta é a única forma de assegurar que os jovens venham a participar de forma efetiva e produtiva na sociedade brasileira.  

Em épocas passadas, o jovem queria promover revoluções na sociedade. Hoje em dia, o que os jovens querem é participar de forma ativa na sociedade e trabalhar para melhorá-la e corrigir seus males e injustiças. Para evitar conflitos de gerações e para garantir o progresso e o desenvolvimento contínuo e duradouro do Brasil, é necessário que haja amplas oportunidades de estudo e trabalho para a juventude brasileira.

Status e papéis sociais

Status é o lugar que a pessoa ocupa na estrutura social, de acordo com o consenso de opinião do grupo. Isto significa que status é a posição em função dos valores sociais correntes numa sociedade.

É necessário distinguir status legal de status social.

Status legal é uma posição caracterizada por direitos e obrigações. A porcentagem dos direitos e deveres não é necessariamente proporcional. Isto é, as obrigações da pessoa e os privilégios a que tem direito dependem do tipo de estrutura social e da posição que ela ocupa dentro desta estrutura. Alguns exemplos de status legais são status de empresário, de juiz, de Presidente da República.

Status social é uma posição que não é determinada por meios legais. É o comportamento esperado do ocupante do status e o comportamento adequado dos outros em relação a ele. Uma mesma pessoa tem um status legal e um status social. Por exemplo, além dos direitos e obrigações determinados pelo status legal de professor, espera-se que ele, devido ao seu status social de professor, se comporte de maneira moral, honesta e digna. Ao mesmo tempo, espera-se que os alunos respeitem o status social do professor ao tratá-lo com consideração e respeito. 

Numa sociedade, um indivíduo pode ocupar mais de um status legal. Por exemplo, um indivíduo pode ser um médico e também um professor. A maioria dos indivíduos tem vários status sociais. Por exemplo, uma mesma pessoa pode ser um pai, um médico, um membro de uma igreja e o presidente de um clube.

Há vários critérios que determinam o status de um indivíduo: parentesco, riqueza, ocupação profissional, educação e capacidade intelectual, religião e fatores biológicos.

Na sociedade, há duas principais formas pelas quais um indivíduo obtém seu status. O status atribuído independe da capacidade do indivíduo; é lhe atribuído mesmo contra sua vontade. Um exemplo de status atribuído é ser o filho do Presidente da República. Já o status adquirido é obtido em função das qualidades e habilidades de um indivíduo. Por mais rígida que seja a estratificação de uma sociedade, há sempre a possibilidade de o indivíduo alterar seu status através de seus talentos, habilidades, conhecimentos e trabalho. Exemplos de status adquirido são status econômicos, políticos e profissionais que são obtidos através do esforço individual. Status adquirido significa que a pessoa se sobressaiu e que seu êxito foi reconhecido e recompensado pelo seu grupo social.

Estrutura e organização social

Os indivíduos e os grupos de uma sociedade são unidos por um sistema de relações de obrigações – uma série de direitos e deveres. Estrutura social refere-se à posição de indivíduos dentro desse sistema. Estrutura social é, portanto, o conjunto ordenado de partes encadeadas que formam um todo. É a totalidade dos status existentes numa sociedade ou num grupo social: é o lugar que se ocupa em um sistema de posições interligadas.

Cada participante de uma estrutura social desempenha o papel correspondente à posição social que ocupa. O conjunto de todas as ações realizadas quando os membros de um grupo desempenham seus papéis sociais compõe a organização social. Esta corresponde ao funcionamento do organismo social.

A estrutura social é algo estático, a organização social é algo dinâmico. A estrutura social se refere a uma totalidade de partes; a organização social se refere às relações que se estabelecem entre essas partes.

Quanto mais complexa a sociedade, mais complexas são sua estrutura e sua organização social.

Um exemplo para ilustrar a diferença entre estrutura social e organização social:

Uma faculdade é formada por alunos, professores, diretores, coordenadores, administradores etc. Cada um desses indivíduos ocupa uma posição social no grupo. Cada posição está relacionada às demais. Todas elas, em conjunto, formam a estrutura social da faculdade.

Durante o período letivo, a organização social da faculdade é dinâmica. No período de férias, porém, a organização social baixa consideravelmente, pois quase todos os indivíduos que a constituem não estão presentes e, portanto, não estão desempenhando seus papéis.

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