A Pobreza

A Pobreza

Qualquer discussão sobre classe e mobilidade social seria incompleta se não tratasse do assunto da pobreza.

Pobreza é definida como a falta de alimentos e moradia necessários para a sobrevivência. Tal condição é denominada pobreza absoluta.

Morador de rua

Pobreza relativa ocorre quando as pessoas possuem os recursos financeiros para sobreviver, mas falta a elas o suficiente para adquirir as necessidades básicas – o que é necessário para poder viver de forma digna, conforme o padrão de vida de uma comunidade. Um indivíduo que tenha os recursos financeiros para se alimentar e se vestir e que tenha onde morar, pode viver um padrão de vida muito baixo comparado ao do restante da população. Portanto, a definição de pobreza relativa está sempre mudando: depende das expectativas sociais e do padrão de vida dos membros de uma sociedade. Por exemplo, 20 anos atrás, um telefone celular era considerado um bem de luxo. Hoje, tornou-se quase uma necessidade.

O Banco Mundial passou a enfatizar o conceito de vulnerabilidade à pobreza, que significa a probabilidade de pessoas que não são consideradas oficialmente pobres passarem a ser consideradas como tal, dentro do período de um ano. Apontar a vulnerabilidade à pobreza é importante, pois permite que estratégias de combate à pobreza sejam implementadas, para auxiliar as pessoas que correm o risco de se tornarem pobres iminentemente. Assim, torna-se possível tentar evitar que pessoas se tornem pobres

Os resultados da pobreza

A pobreza resulta em diversos problemas: alta taxa de mortalidade, alta taxa de mortalidade infantil, baixa expectativa de vida, pouco acesso à educação e serviços de saúde, etc.

Os resultados da pobreza são sérios. Mais do que qualquer outra classe social, os pobres são quem mais sofrem com baixa expectativa de vida e problemas de saúde. É pouco provável que tenham plano de saúde. Portanto, dificilmente vão ao médico a menos que seja uma questão de vida ou morte. Quando o fazem, procuram hospitais públicos.

Muitas crianças que nasceram pobres pesam abaixo do peso normal. Isso pode resultar em problemas mentais e físicos, que poderiam ser prevenidos se tais crianças não tivessem nascido em um lar pobre. Há também maior probabilidade de essas crianças falecerem antes de completar o primeiro ano de vida.

Crianças pobres costumam ter mais problemas de saúde do que o restante da população infantil. Consequentemente, muitas delas costumam faltar muito à escola e isso evidentemente prejudica seu progresso acadêmico.

Dificuldades financeiras podem provocar o stress familiar. Viver na pobreza leva ao stress crônico. Pessoas que vivem com a incerteza de como conseguirão pagar por suas necessidades – alimentos, a conta de luz, o aluguel, etc. – geralmente vivem com stress.

Além disso, as famílias pobres estão mais propensas a situações indesejáveis: doenças, depressão, despejo, perda de emprego, violência criminal e mortes de familiares. Muitos pais que passam por dificuldades financeiras se tornam agressivos e podem chegar até a insultar e/ou bater em seus filhos.

Outro grande problema é a feminização da pobreza. A cada dia, há um número maior de mulheres solteiras ou divorciadas que vivem na pobreza. Em países desenvolvidos, as mulheres conseguiram obter posições de destaque, política e economicamente. Contudo, em países pobres, as mulheres continuam a sofrer discriminação e muitas delas se tornam economicamente carentes. Os salários das mulheres costumam ser inferiores aos dos homens, mesmo quando exercem a mesma função e ocupam o mesmo cargo.

O problema dos sem-teto e da pobreza extrema traz consigo grandes riscos às famílias, principalmente às crianças. Crianças que vivem sem lar geralmente são mal nutridas e não recebem o atendimento médico necessário (ex. vacinação). Portanto, geralmente sofrem mais problemas de saúde. Mulheres que vivem sem lar apresentam taxas mais altas de bebês que nascem abaixo do peso, abortos espontâneos e mortalidade infantil. Famílias que vivem sem lar geralmente enfrentam um stress até maior do que as famílias pobres que têm onde viver.

Sair da pobreza é um desafio para qualquer pessoa, pois a pobreza pode se tornar um ciclo vicioso. Crianças pobres geralmente não recebem uma boa educação e, portanto, dificilmente conseguem frequentar uma faculdade ou conseguir um bom emprego. A falta de oportunidades significa que dificilmente conseguirão mandar seus filhos para uma escola cujo nível de educação é bom. O ciclo de pobreza, portanto, se perpetua. A forma mais eficaz de quebrar esse ciclo vicioso é assegurar que todas as crianças recebam uma boa educação, para que possam seguir profissões que as ajudarão a sair da pobreza.

Pobreza no Brasil

Apesar de ainda ser um grave problema, os níveis de pobreza no Brasil vêm melhorando. Desde 1994, o Brasil tem conseguido reduzir as taxas de pobreza. Isso possibilitou um processo de mobilidade social ascendente com o crescimento da classe média brasileira. Segundo dados da FGV, desde o início do Plano Real (1994) até o ano de 2010, a pobreza no país caiu 67,3%. Os principais fatores dessa redução de pobreza são o aumento de escolaridade e os programas sociais de redistribuição de renda.

O governo federal tomou medidas para diminuir a desigualdade no país por meio de programas como o Bolsa Família e o Fome Zero, que visam a ajudar dezenas de milhões de brasileiros. Esses programas diminuíram a pobreza e melhoraram os indicadores sociais, como escolaridade e expectativa de vida.

O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda, que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país. Todos os meses, o governo federal deposita uma quantia para todas as famílias que fazem parte do programa. O saque é feito com cartão magnético, emitido preferencialmente em nome da mulher. O valor repassado depende do tamanho da família, da idade dos seus membros e da sua renda. Há benefícios específicos para famílias com crianças, jovens até 17 anos, gestantes e mães que amamentam.

Outro dado positivo para o Brasil: na última década, a renda da metade mais pobre da população aumentou em ritmo 5,5 vezes mais rápido do que o da minoria mais rica do país. Um dos motivos disso é que o trabalho menos especializado se tornou mais valorizado no Brasil. Isso se deve ao fato de a Bolsa Família garantir uma renda mínima, fazendo com que muitos brasileiros exijam um salário digno pelo trabalho que fazem.

Apesar de todas as melhorias, a pobreza no Brasil ainda é alarmante. Segundo o IBGE, em 2011, o país tinha 16,27 milhões de pessoas que viviam na extrema pobreza, representando 8,5% da população. Ainda segundo o IBGE, 4,8 milhões desses brasileiros têm renda nominal mensal domiciliar igual a zero. É importante saber que 46,7% dos brasileiros que vivem na extrema pobreza residem em áreas rurais, mesmo que apenas 15,6% da população brasileira viva no campo.

Uma das consequências da pobreza no Brasil é o problema da moradia precária. Segundo o IBGE, em 2010, o Brasil tinha mais de 11 milhões de pessoas morando em favelas, ou seja, 6% da população do país.  A favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, chega a ter quase 70 mil habitantes.

Sumário

- A Pobreza
- Os resultados da pobreza
- Pobreza no Brasil

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