O Texto Científico
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O texto científico é um tipo de texto expositivo e argumentativo mais elaborado. O texto científico é produzido por meio de pesquisas, estudos e resultados de investigações sobre determinado assunto.
Um exemplo de texto científico é o que se encontra em um livro didático, que contém informações e teorias sobre determinados assuntos.
Objetividade e Subjetividade
Os textos de natureza dissertativa se dividem em dois grupos: os que produzem efeitos de sentido de subjetividade e os que produzem efeitos de sentido de objetividade.
Em um texto que produz um efeito de subjetividade, a presença do enunciador é explícita. Já em um texto que produz um efeito de objetividade, o enunciador não se manifesta com nitidez no enunciado.
Vejamos estas frases:
Eu acredito que investir em Educação é a única forma de promover o desenvolvimento do Brasil.
Investir em Educação é a única forma de promover o desenvolvimento do Brasil.
Em ambas as frases, manifesta-se uma opinião. Na primeira, o enunciador se refere a si mesmo: “Eu acredito”. Assim, está expondo sua visão de mundo. Já na segunda, o enunciador não se refere a si mesmo. Em vez disso, apresenta sua opinião como se fosse um fato — uma verdade praticamente indiscutível. A primeira frase produz o efeito de sentido de subjetividade; a segunda, de objetividade.
Função referencial da linguagem
O texto dissertativo de caráter científico aparentemente desconsidera o emissor e o receptor e valoriza a função referencial da linguagem. Essa função também se denomina informativa, pois o mais importante é a informação transmitida.
Estas são as principais características da função referencial da linguagem:
- Há um sentido de objetividade
- Emprega-se a 3ª pessoa. Isto é, não se usam os pronomes de 1ª e 2ª pessoa, que caracterizam a função emotiva ou conativa.
- Há pouco uso de expressões valorativas, principalmente os adjetivos. Quando usados, mantêm uma carga de neutralidade.
- As palavras utilizadas são predominantemente em sentido denotativo (não figurado). É raro que sejam utilizadas em sentido figurativo.
- Expressões utilizadas revelam o domínio de conceitos específicos.
Função emotiva
Apesar de as reportagens serem conduzidas predominantemente pela função referencial — ocultando a figura do enunciador e, assim, preservando certa objetividade no relato — certas palavras utilizadas nos textos, principalmente as com sentido figurativo, manifestam a presença do emissor no texto. A função emotiva está presente mesmo em reportagens jornalísticas — textos dissertativos de caráter científico — que valorizam a função referencial.
Veja o seguinte exemplo:
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, impôs sanções contra a Rússia em retaliação às invasões territoriais promovidas recentemente pelo presidente russo, Vladimir Putin. Vários membros do Congresso norte-americano declararam que a reação de Obama é muito amena. Amantes de orgias bélicas, eles apoiam um confronto militar entre Estados Unidos e Rússia.
Observe no texto acima a utilização da expressão “orgias bélicas”, que é usada no sentido figurado. Embora a notícia seja conduzida predominantemente pela função referencial, percebemos, com os termos “amantes” e “orgias”, a presença do emissor no texto. Ele claramente condena os membros do Congresso norte-americano que preferem uma opção militar às sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos.
O uso da função emotiva é comum em textos dissertativos de caráter científico. É quase impossível que sejam absolutamente objetivos. Teoricamente, tanto o texto jornalístico como o discurso científico deveriam ser totalmente imparciais. Contudo, na prática, há sempre um grau de imparcialidade, pois todo texto revela a visão de mundo de quem o escreveu.
Conclui-se, portanto, que o texto dissertativo de caráter científico visa a ocultar a função emotiva da linguagem, mas não consegue fazê-lo totalmente.
Denotação
A dissertação utiliza palavras em sentido denotativo. Em textos científicos, é comum que ocorra a especialização de sentido. Isso significa que as palavras se referem a significados específicos dentro de uma determinada área de conhecimento. A escolha lexical — o vocabulário utilizado em um texto — é fundamental para que alcance seus objetivos.
É impossível evitar que um texto, mesmo científico, não contenha nenhuma palavra em sentido conotativo. Contudo, uma boa dissertação deve visar à precisão conceitual. É necessário, portanto, que valorize o sentido denotativo e objetivo das palavras.
Impessoalidade
Em uma dissertação, é muito raro que se façam referências aos interlocutores, pois esse tipo de texto visa a produzir o sentido de objetividade. Portanto, são poucos os casos em que se encontram, em uma dissertação, pronomes de tratamento, pronomes de segunda pessoa e vocativo. Mesmo o enunciador não aparece claramente nesse tipo de textos: o uso de pronomes de primeira pessoa do singular (eu, me, mim, meu, minha) é muito raro. Assim, a impessoalidade constitui um traço do texto científico: por meio de pronomes de terceira pessoa e de construções passivas, oculta-se a subjetividade. Por exemplo, em vez de o enunciador escrever, “Eu afirmo”, escreve, “Pode-se afirmar”. O texto científico pode também recorrer ao uso do “nós” genérico.
Um exemplo do uso do “nós” genérico:
Vários assuntos que estudamos no capítulo anterior iremos neste esclarecer na tentativa de compreender os fatores que levaram à eclosão da Primeira Guerra Mundial.
Observe que o enunciador se ocultou por meio das formas verbais “estudamos” e “iremos”. Conclui-se, portanto, que há duas formas de o texto científico esconder os pronomes de primeira pessoa do singular: por meio da construção passiva sem explicitar o agente da ação e o uso da primeira pessoa do plural.
É importante ressaltar, porém, que há casos em que a dissertação consegue utilizar pronomes da primeira pessoa do singular sem que haja prejuízo da força argumentativa do discurso. São raros os casos, mas existem.
O Tempo Verbal do Discurso Científico
O presente do indicativo é o tempo verbal do discurso científico. Por meio dele, expressam-se ideias consideradas verdadeiras sempre, e não apenas no passado ou no futuro.
Por exemplo:
O Brasil é um dos países do continente sul-americano.