Ortografia
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Ortografia é a parte da gramática que ensina a escrever corretamente as palavras de uma língua. Ortografia é o conjunto de regras estabelecidas pela gramática normativa para a grafia correta das palavras e o uso correto de acentos, crase e sinais de pontuação.
A Ortografia define a escrita correta das palavras. Como já se viu na parte de fonética, existem muitos problemas para a fixação das regras ortográficas. Alguns devido à não correspondência constante entre letras e fonemas, outros devido à própria formação da língua portuguesa, oriunda do latim e miscigenada com muitas outras influências. Embora os gramáticos tenham formulado algumas regras práticas, o bom desempenho ortográfico depende sempre da convivência que o usuário tem com a leitura e com a prática da escrita. Vejamos algumas regras:
-EZ/-EZA
A forma -eza (ou -ez) é sufixo. Serve para formar substantivos abstratos que derivam de adjetivo. Observamos alguns exemplos, no quadro abaixo:
adjetivo |
substantivo derivado |
limpo |
limpeza |
certo |
certeza |
magro |
magreza |
surdo |
surdez |
estúpido |
estupidez |
nobre |
nobreza |
rijo |
rijeza |
rígido |
rigidez |
nítido |
nitidez |
claro |
clareza |
-ÊZ/-EZA
A forma -ês é sufixo formador de palavra que indica origem ou título nobre; serve para o masculino.
Japão |
japonês |
Monte |
montês |
Calábria |
calabrês |
Montanha |
montanhês |
Campo |
camponês |
Burgo |
burguês |
Título nobre |
marquês |
As formas -esa, -essa e -isa são sufixos. Servem para formar o feminino, indicando origem ou título nobre.
Exemplos:
Marquesa, duquesa, baronesa, japonesa, poetisa, condessa, calabresa, pequinesa.
-IZAR
A forma -izar (com z) é um sufixo formador de verbo. Deve ser acrescentado, de modo geral, a radicais que não usam a letra s. Assim, temos: real + izar = realizar; profeta + izar = profetizar, catequese + izar = catequizar.
-ISAR
A forma -ar é outrosufixo formador de verbo. Deve ser acrescentado a radicais que já contêm s. Assim, temos: análise = analisar; aviso = avisar, paralisia = paralisar.
Há uma maneira prática de identificar esse caso: se a palavra correlata, primitiva, tiver a forma is + vogal, usa-se, no verbo, a letra s.
Exemplos:
análise (is + vogal e) = analisar
pesquisa (is + vogal a) = pesquisar
-OSO/-OSA
Grafam-se com a letra s as palavras que usam o sufixo formador de adjetivos -oso/-osa.
Exemplos:
bondoso, bondosa, orgulhoso, orgulhosa
Outros usos da letra s:
Após ditongos:
Exemplos:
coisa, pousa
Os verbos querer e pôr nunca usam a letra z. Usam sempre a letra s.
Exemplos:
quiser, puser
Outro uso da letra z:
A forma -inho e -zinho são sufixos que formam o grau diminutivo. Se a palavra primitiva terminar em s ou z, acrescenta-se o sufixo -inho (a). Em todos os outros casos, acrescenta-se o sufixo -zinho (a).
ZINHO - ZITO
Os sufixos ZINHO e ZITO, designativos dos diminutivos, devem ser sempre grafados com Z.
Exemplos:
avezinha (ave + zinha)
cãozinho (cão + zinho)
mãezinha (mãe + zinha)
Emprego da letra J
a) Em verbos com infinitivo em -jar.
Exemplos:
enferrujar, viajar
b) Em palavras que derivem de outras que usem j.
Exemplos:
cerejeira, laranjeira
c) As palavras de origem indígena ou africana devem ser grafadas com j.
Exemplos:
jiló, Moji, canjica, canjerê, pajé
Emprego da letra G
a) Na grafia de angélico, angelical, frigir, fugir.
b) Nas palavras que usem as terminações: -ágio, -égio, -ígio, -ógio e -úgio
Exemplos:
pedágio, colégio, litígio, relógio, refúgio.
c) Nos substantivos terminados em -gem com a exceção feita a pajem, lajem e lambujem.
Emprego da letra X
a) Nas palavras iniciadas por en.
Exemplos:
enxoval, enxurrada, enxovia
A exceção é o verbo encher e seus derivados (encher, enchente.).
b) Nas palavras que começam com me, exceto mecha e seus derivados.
Exemplos:
mexer, México
c) Geralmente após ditongos.
Exemplos:
caixa, caixote, frouxo
Emprego da letra H
a) O h inicial deve ser empregado onde a etimologia ou tradição escrita da língua portuguesa o justifique.
Exemplos:
hélice, herói, honesto, homem, honra, hoje.
Observação: O h não deve ser empregado quando a origem da palavra não o justifique.
Exemplos:
alucinação, ombro, ontem.
b) No interior dos vocábulos o h é eliminado, exceto quando ele faz parte dos dígrafos ch, lh, nh.
Exemplos:
macha, malha, ninho, minha
Emprego do Ç ou SS
Usa-se ç nas palavras de origem árabe, nos indianismos e africanismos.
Exemplos:
açude, piraçununga, araçá, suçuarana.
Emprego do -SÃO, -ÇÃO, -SSÃO
Usa-se -são quando o verbo apresenta -nd.
Exemplos:
compreender - compreensão
ascender - ascensão
Usa-se -ção quando o verbo é formado a partir do verbo ter.
Exemplos:
Abster - abstenção
Conter - contenção
Usa-se -ssão quando o verbo apresenta -ced, -gred, ou -prim.
Exemplos:
ceder - cessão
regredir - regressão
exprimir - expressão
Final -Ã; Não -AN
Os vocábulos terminados em -ã se escrevem com til (~), e não com -n.
Exemplos:
fã, galã, romã, sã
O Hífen
Regras do Hífen (Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que começou a vigorar em 1o de janeiro de 2009)
No dia 1 de janeiro de 2009 começou a vigorar o novo Acordo Ortográfico. Até 31 de dezembro de 2012, sua aplicação era facultativa. Já se passou quase uma década desde que o novo Acordo Ortográfico se tornou obrigatório.
As novas regras dizem respeito basicamente a três apectos: a acentuação das palavras; o emprego do hífen e as consoantes mudas. Nesta aula, vamos estudar as regras do hífen conforme o Acordo Ortográfico de 2009.
O Acordo visou a simplificar as regras do hífen.
Funções do hífen
O hífen é usado para separar as sílabas de uma palavra, para ligar os pronomes átonos ao verbo (por exemplo: conhecê-la) e para criar conjuntos de letras e números variados. Mas sua principal finalidade se encontra na formação de palavras compostas e no uso de prefixos.
Palavras compostas
1. O hífen é empregado em palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos perderam sua significação própria e formam uma nova unidade morfológica e de sentido. Exemplos: arco-íris, tio-avô, norte-americano, sul-africano, azul-escuro, terça-feira, guarda-chuva.
Contudo, o hífen deixou de ser empregado nas palavras compostas nas quais se perdeu, pelo menos em certa medida, a noção de composição, ganhando um significado próprio.
Exemplos:
Antes do Acordo |
Depois do Acordo |
pára-quedas |
paraquedas |
manda-chuva |
mandachuva |
2. O hífen é empregado em topônimos (nomes de lugares) compostos, iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo.
Exemplos:
Grã-Bretanha |
Quebra-Dentes |
Baía de Todos-os-Santos |
Grão-Pará |
Passa-Quatro |
Entre-os-Rios |
3. Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies zoológicas ou botânicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento.
Exemplos:
couve-flor, erva-doce, andorinha-do-mar, feijão-verde, bem-me-quer, bem-te-vi.
4. Não se emprega hífen nas locuções substantivas (fim de semana), adjetivas (café com leite), pronominais (ele próprio), adverbiais (depois de amanhã), prepositivas (a fim de) e conjuncionais (ao passo que). Contudo, há algumas exceções já consagradas pelo uso. Exemplos: água-de-colônia, pé-de-meia, cor-de-rosa, mais-que-perfeito.
5. O hífen é extinto de compostos como dia a dia. Também não se usa mais o hífen com os advérbios não e quase, quando eles funcionam como prefixo ("não violência").
6. O hífen é usado para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando encadeamentos. Exemplos: ponte Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto. O hífen também é usado para elementos históricos e geográficos.
Exemplos:
Alsácia-Lorena, Angola-Brasil.
7. Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento se inicia por vogal ou h. Contudo, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras que comecem por consoante.
Exemplos:
bem-estar |
mal-estar |
bem-falante (malfalante) |
bem-humorado |
mal-humorado |
bem-visto (malvisto) |
Contudo, em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento.
Exemplos:
benfeito, benfeitor.
8. O hífen é empregado na ênclise e na mesóclise (também chamada de tmese).
Exemplos:
amá-lo, amá-lo-ei.
9. O hífen é usado nas formas dos verbos querer e requerer.
Exemplos:
quere-o, requere-o.
10. Usa-se o hífen para ligar as formas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei-lo).
11. Não se emprega hífen nas ligações da preposição de às formas monossílabas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hão de.
Observação: Quando se pula de uma linha para outra, e a palavra com hífen precisa ser quebrada e a separação coincidir com o fim de um dos elementos, deve-se repetir o hífen na linha seguinte.
Exemplo:
vice-
-presidente
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