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União Soviética

A União Soviética, ou União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) existiu durante a maioria do século XX. A União Soviética foi formada por 15 nações. Constituía a maior nação do mundo – um grande país de dimensões continentais. A União Soviética foi o país que representou o bloco socialista no mundo a partir de 1922 e que, após a Segunda Guerra Mundial, tornou-se o principal antagonista dos Estados Unidos.

Assim como a Europa Ocidental, a União Soviética fez da recuperação econômica sua grande prioridade após a Segunda Guerra Mundial. Em 1945, o país enfrentava a enorme tarefa de reconstrução. Quase 20 milhões de soviéticos haviam morrido durante a guerra. A agricultura e as indústrias do país foram destruídas e por volta de 70 mil vilas e 30 mil fábricas foram arruinadas.

Para lidar com esses desafios, Stalin retornou à sua política da década de 1930. Durante a Segunda Guerra Mundial, Stalin havia agido mais como um líder nacionalista que como um ditador totalitário. O governo havia concedido mais liberdade ao povo e à Igreja. Agora o terror retornava a União Soviética, e os gulags estavam novamente lotados com prisioneiros.

Os gulags

Dentre os prisioneiros estavam muitos cidadãos soviéticos que estiveram fora do país durante o final da guerra e que não queriam retornar à União Soviética. Stalin insistiu que estes "traidores" - como ele os denominava - retornassem. Os líderes Aliados concordaram, enviando aproximadamente dois milhões de pessoas de volta à União Soviética. A maioria foi enviada aos gulags, onde as condições eram tão difíceis que metade deles acabou morrendo.

Para acelerar a recuperação econômica do país, Stalin lançou um Plano Quinquenal. Ele decidiu que a União Soviética deveria reivindicar reparações de guerra dos países da Europa Oriental. Os soviéticos, portanto, começaram a reconstrução de seu país utilizando recursos advindos da Europa Oriental - maquinário, matéria-prima, ferrovias, fábricas inteiras e até mesmo empregados qualificados. Como os antigos Planos Quinquenais, esse novo Plano de Stalin priorizava a indústria e defesa do país e negligenciava a habitação, alimentação e vestuário de seu povo.

Nikita Krushchev

Após a morte de Stalin em 1953, o novo líder soviético, Nikita Kruschev, rompeu com as políticas de Stalin. Em 1956, ele se levantou em uma reunião fechada do Congresso do Partido Comunista e surpreendeu a audiência descrevendo Stalin como um tirano assassino. Em um discurso que durou horas, falou do sofrimento do povo soviético sob o governo de Stalin. Esse "discurso secreto" tornou-se o mais famoso de Kruschev. Lido em reuniões do Partido Comunista por todo o país, ele ajudou o novo líder soviético e seus seguidores a lançarem um movimento de libertação que ficou conhecido como desestalinização.

A partir de então, tornou-se política oficial do governo soviético denunciar Stalin. Locais nomeados em honra ao ex-líder foram renomeados. A cidade de Stalingrado, por exemplo, foi nomeada de Volgogrado. Milhões de estátuas e pinturas de Stalin em locais públicos foram destruídas. Escritores e artistas soviéticos foram incentivados a produzir trabalhos sobre os crimes de Stalin. Os livros de História foram reescritos para estar de acordo com essa nova visão sobre o governo de Stalin.

A desestalinização também resultou em políticas internas mais liberais. Kruschev passou a priorizar a indústria de bens de consumo para a população. Ele limitou o poder da polícia secreta e acabou com os expurgos de grande escala cometidos sob a liderança de Stalin. Para ajudar a indústria, Kruschev deu aos oficiais locais mais liberdade para tratar de assuntos econômicos. A fim de tornar a terra mais produtiva, organizou grandes grupos de trabalho para cultivar partes das estepes do país.

Porém, no início da década de 1960, Kruschev enfrentava problemas sérios. A produção industrial permanecia baixa, pois os gerentes das fábricas, escolhidos por sua lealdade ao Partido, não tinham competência técnica. As mudanças de Kruschev na agricultura também não funcionaram, pois a região das estepes era seca demais para o cultivo. Fracassos na colheita ocorreram frequentemente na União Soviética em 1963.

Em assuntos externos, a política de Kruschev de "coexistência pacífica" encontrou forte oposição da China e de outros líderes soviéticos. Sua forma pacífica de resolução da Crise dos Mísseis de Cuba foi repudiada por membros do Partido que nunca haviam aprovado suas reformas. Em 1964, o Politburo (órgão central do Partido) demitiu-o.

Leonid Brejnev

O homem que sucedeu Kruschev como líder da União Soviética foi Leonid Brejnev. Ele reverteu muitas políticas de seu antecessor e adotou medidas que são frequentemente chamadas de "restalinização". Brejnev restringiu a liberdade pessoal da população soviética, aumentou o autoritarismo e o poder central do governo e deu ênfase a gastos militares às custas de bens de consumo.

Leonid Brejnev
Leonid Brejnev

Assim como Stalin, Brejnev acreditava na necessidade de desenvolvimento industrial na União Soviética. Enquanto estava no poder, a União Soviética tornou-se o maior produtor mundial de aço, carvão e óleo. Apesar disso, o país não conseguia se livrar dos problemas econômicos. No início da década de 1980, o mau planejamento industrial, o fracasso da agricultura coletiva e a falta de incentivos individuais resultaram no nível mais baixo de crescimento econômico do país desde a Segunda Guerra Mundial.

Ao lidar com o Ocidente, Brejnev seguiu uma política de détente - que na língua francesa significa "relaxamento das tensões". A política de détente foi benéfica para a União Soviética, pois ela resultou em maior comércio com as nações mais tecnologicamente avançadas do Ocidente.

Mas apesar da suposta política de détente, Brejnev continuava a expandir a influência soviética no mundo. As forças armadas foram aumentadas e receberam armas de última geração. Ajuda militar e econômica foi enviada aos governos pró-soviéticos e aos movimentos de guerrilha na Ásia, África, Oriente Médio e América Latina. A União Soviética também aumentou seu controle sobre seus países satélites e fez planos para adquirir novos países satélites. De acordo com a Doutrina Brejnev, os soviéticos afirmaram que iriam interferir militarmente, se qualquer estado socialista estivesse em perigo de ser deposto.

Em 1979, utilizando a Doutrina Brejnev como justificativa, a União Soviética invadiu o Afeganistão para estabelecer um novo governo comunista. As tropas soviéticas tomaram controle das maiores cidades afegãs, mas não conseguiram esmagar as guerrilhas muçulmanas no interior do país. A invasão do Afeganistão levou à quebra da política de détente da União Soviética com os Estado Unidos.

Mikhail Gorbachev

Mikhail Gorbachev
Mikhail Gorbachev

Leonid Brejnev morreu em 1982. Os dois líderes seguintes faleceram pouco após assumirem o cargo. Em 1985, o Comitê Central do Partido Comunista escolheu um homem bem mais jovem, Mikhail Gorbatchev, para liderar a União Soviética. Diferente dos líderes anteriores, Gorbatchev não havia lutado na Segunda Guerra Mundial e não havia participado do governo soviético durante o regime brutal de Stalin. Muitas pessoas dentro e fora da União Soviética esperavam que ele fosse reformar e modernizar as políticas soviéticas.

Pouco após assumir a liderança, Gorbatchev anunciou um ambicioso programa de reformas políticas e econômicas chamadas de perestroika, ou reestruturação. Gorbatchev planejou tornar o Partido Comunista mais democrático. Em 1988, a legislatura soviética aprovou o plano de Gorbatchev de reorganizar o governo ao transferir alguns poderes do Partido para o Estado.

As reformas econômicas de Gorbatchev foram criadas com o propósito de beneficiar a economia soviética após anos de baixo crescimento econômico. O governo autorizou a abertura de algumas empresas privadas. Ao conceder maior liberdade econômica à população, Gorbatchev acreditava que a ambição individual das pessoas resultaria em maior eficiência econômica para o país.

Juntamente com essas reformas, Gorbatchev prometeu seguir a política de glasnost - uma "abertura política" sobre os problemas da nação. No passado, os governos soviéticos haviam tentado disfarçar seus erros e fracassos.

O compromisso de Gorbatchev para a glasnost foi questionado em 1986, após a ocorrência de uma explosão na usina nuclear de Chernobil, na Ucrânia. O acidente matou 31 pessoas, feriu centenas e espalhou radiação nuclear sobre grande parte do mundo. O governo soviético foi vastamente criticado por esconder informações durante a crise e Gorbatchev prometeu aprender com a lição de Chernobil. Quando um terremoto devastou parte da Armênia no final de 1988, o governo soviético relatou para o mundo as informações sobre o desastre e aceitou ajuda de outros países.

Escola depois da explosão
Escola depois da explosão

Assim como Kruschev, Gorbatchev enfrentou a oposição dos conservadores do Partido, temerosos que suas reformas prejudicassem o poder. Eles também temiam que as reformas levassem a uma grande discordância no bloco soviético. Para silenciar as críticas a seu governo, Gorbatchev substituiu os oficiais do Partido por pessoas que eram leais a ele.

Na política externa, Gorbatchev tentou fortalecer os laços da União Soviética com o Ocidente. Em 1987, ele e o presidente norte-americano Ronald Reagan assinaram o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty) para eliminar todos os mísseis nucleares de curto alcance e alcance intermediário baseados em terra, que foi o primeiro acordo de controle de armas a eliminar uma classe inteira de armas nucleares. Em 1988, Gorbatchev prometeu diminuir o número de tropas e tanques soviéticos na Europa Oriental. A União Soviética também começou a retirar suas tropas do Afeganistão.

Oposição na União Soviética

Ao longo de sua história, o governo soviético dominava a população de forma autocrática e cruel. Muitas pessoas, incluindo não russos que buscavam liberdade, se opunham às políticas soviéticas. Durante a década de 1980, os armênios e os povos dos estados bálticos organizaram protestos contra as políticas soviéticas em suas regiões. A Igreja Ortodoxa Russa, durante muito tempo um alvo de perseguição soviética, também pedia menos controle governamental no país.

Na União Soviética havia grupos dispersos de dissidentes, ou oponentes do governo. Entre eles estavam os judeus, que sofriam severa discriminação e opressão. Muitos judeus soviéticos queriam obter o direito de emigrar do país, e apesar de alguns conseguirem autorização, muitos foram barrados. Os que tentaram deixar o país perderam seus empregos ou casas como punição.

Muitos dissidentes exigiam que o governo soviético respeitasse os direitos humanos de seu povo. Os dissidentes às vezes realizavam protestos públicos, mas a maioria compartilhava e disseminava suas ideias de maneira secreta. As atividades dos dissidentes eram extremamente arriscadas. Muitos foram presos por "crimes contra o estado" e sujeitos a severas punições.

Andrei Sakharov
Andrei Sakharov

Andrei Sakharov foi um famoso dissidente soviético. Físico, que ajudou a União Soviética a desenvolver a bomba de hidrogênio, posteriormente se posicionou contra a construção de armas nucleares. Pede o desarmamento nuclear, o que lhe rendeu grande admiração no Ocidente, mas não na União Soviética. Em 1980, o governo soviético o exilou em Gorky, uma cidade fechada para ocidentais. Como parte da nova política de glasnost de Gorbatchev, Sakharov foi autorizado a retornar a Moscou em 1986. Lá ele falou a favor da glasnost, mas exigiu que o governo libertasse os vários dissidentes ainda mantidos nas prisões soviéticas, campos de trabalho e sanatórios.

Europa Oriental

Os países da Europa Oriental foram bastante influenciados pelo domínio soviético, pois Stalin impôs as mesmas políticas que havia adotado na União Soviética. Fazendas foram coletivizadas e planos quinquenais foram estabelecidos, favorecendo a mineração e a indústria pesada ao invés da produção de bens de consumo. O comércio com nações não comunistas foi proibido. Similarmente aos mercantilistas do século XVIII, os líderes soviéticos acreditavam que os países sob o seu domínio existiam para servir às necessidades de seu país. Moscou comandava as economias dos países-satélites da Europa Oriental da maneira que melhor servia aos interesses da economia soviética.

À medida que a produção crescia na Europa Oriental, o comércio no bloco soviético se expandia. Com o passar do tempo, a Europa Oriental também estabeleceu relações comerciais com o Ocidente. Na década de 1970, o padrão de vida dos europeus orientais cresceu gradualmente, mas não alcançou os níveis dos povos da Europa Ocidental. Na década de 1980, diversos países da Europa Oriental, especialmente a Polônia, enfrentaram sérios problemas econômicos.

Rebeliões na Polônia e Hungria

Muitas pessoas na Europa Oriental tinham verdadeira aversão ao domínio stalinista que havia sido imposto sobre elas após a Segunda Guerra Mundial. As políticas de Kruschev de destalinização trouxeram esperança de maior liberdade para a população dos países-satélites da Europa Oriental. Esperando que o controle soviético diminuísse, poloneses e húngaros começaram a protestar contra a falta de liberdade e condições econômicas precárias em seus países.

No final de junho de 1956, trabalhadores poloneses realizaram manifestações em que exigiam "pão e liberdade". Para restaurar a ordem no país, líderes soviéticos instauraram Wladyslaw Gomulka no poder. Gomulka implementou reformas no país: repartiu as fazendas coletivas e aliviou os controles governamentais sobre a indústria. Também deu mais liberdade à Igreja Católica, que exercia um papel importante na vida polonesa.

Wladyslaw Gomulka
Wladyslaw Gomulka

Os protestos na Polônia inspiraram revoltas na Hungria. Em outubro de 1956, estudantes, operários, escritores e oficiais do exército húngaro organizaram um levante em Budapeste. Os rebeldes derrubaram uma enorme estátua de Stalin e tomaram as estações de rádio e os mais importantes centros industriais do país. Eles exigiram que os soldados soviéticos se retirassem da Hungria. Imre Nagy, líder comunista que havia sido afastado por suas ideias liberais, foi trazido de volta ao poder. Nagy retirou a Hungria do Pacto de Varsóvia e prometeu aos húngaros a realização de eleições livres e o fim do governo de um só partido no país.

Imre Nagy
Imre Nagy

Mas a resposta soviética à revolução na Hungria foi rápida e brutal. Em 4 de novembro, mais de 2 mil tanques soviéticos seguiram para Budapeste. Durante duas semanas, os rebeldes húngaros resistiram às forças soviéticas, esperando receber ajuda do Ocidente. As nações ocidentais, porém, não estavam dispostas a arriscar uma guerra com a União Soviética por causa da Hungria. Milhares de húngaros foram mortos na revolução e mais de 200 mil deixaram o país. Nagy for substituído por János Kádár, que havia apoiado os soviéticos durante a revolução húngara.

Kádár governou a Hungria até 1988. Sob sua administração, o país continuou como parte do bloco soviético. Não obstante, sob seu governo, a repressão no país diminuiu. Na década de 1980, a população húngara tinha mais liberdade que os outros países-satélites na Europa Oriental.

Tumultos na Checoslováquia e Polônia

Em 1968, o novo líder da Checoslováquia, Alexander Dubcek, autorizou a liberdade de expressão no país e diminuiu o controle governamental sobre a vida das pessoas. Essas mudanças fizeram parte do que Dubcek denominava de "socialismo com face humana". Esse movimento que propôs uma mudança radical na Checoslováquia ficou conhecido como a Primavera de Praga.

Alexander Dubcek
Alexander Dubcek

Apesar de Dubcek não pretender retirar a Checoslováquia do Pacto de Varsóvia ou permitir a formação de outros partidos políticos no país, suas políticas preocupavam os líderes soviéticos. Eles temiam que se as políticas de Dubcek fossem bem-sucedidas, a população da Checoslováquia e de outros países sob o domínio soviético exigiriam mais mudanças. Determinados a manter controle absoluto sobre a Europa Oriental, os soviéticos invadiram a Checoslováquia em agosto de 1968 e esmagaram os dissidentes.

Mas uma nova onda de protestos ocorreu novamente na Europa Oriental - dessa vez, na Polônia. Reduções de alimentos e vestuário resultaram em manifestações de trabalhadores em 1980. Operários poloneses organizaram greves pelo país e tomaram o estaleiro de Gdansk, uma cidade portuária anteriormente chamada de Danzig. Incapazes de encerrar os distúrbios, o governo polonês concordou em aumentar os salários dos trabalhadores e conceder-lhes o direito de greve e de formar sindicatos independentes.

Os trabalhadores poloneses formaram o Sindicato Solidariedade (Solidarnosc), que foi o primeiro sindicato no bloco soviético do controle do governo. Lech Walesa, o líder da greve em Gdansk, tornou-se chefe do novo sindicato. O Sindicato Solidariedade exigia mais direitos aos trabalhadores, o fim da censura, mais liberdade à Igreja Católica e a libertação de prisioneiros políticos. Para enfatizar suas exigências, os trabalhadores poloneses organizaram greves, marchas e demonstrações durante 1981.

Lech Walesa
Lech Walesa

Mas à medida que os tumultos cresciam, as tropas do Pacto de Varsóvia se mobilizavam na Alemanha Oriental, próximo à fronteira com a Polônia. Os líderes poloneses temiam que a União Soviética invadisse o país para interromper os protestos. Em dezembro de 1981, o líder da Polônia, general Wojciech Jaruzelski decretou lei marcial no país. Ele fortaleceu a censura, estabeleceu o toque de recolher e baniu o Solidariedade. Na Polônia, os líderes do sindicato foram presos.

A lei marcial foi suspensa na Polônia em 1984. Na reunião de 1986 do Partido Comunista Polonês, Jaruzelski declarou vitória sobre o Solidariedade. Trabalhadores poloneses, contudo, reuniram-se em pequenos grupos e manifestaram-se contra o governo. Em 1988, a política de glasnost de Gorbatchev serviu como incentivo para que os trabalhadores poloneses seguissem com seus protestos. Walesa jurou lutar contra os planos do governo de fechamento do porto de Gdansk - o local de origem do Solidariedade e um símbolo da luta polonesa por mais liberdade e democracia.

Sumário

- Nikita Khrushchev
- Leonid Brejnev
- Mikhail Gorbachev
- Oposição na União Soviética
- Europa Oriental
i. Rebeliões na Polônia e Hungria
ii. Tumultos na Checoslováquia e Polônia

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