Independência da América Latina

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América Latina

A Independência da América Latina ocorreu ao longo do século XVIII. Pode-se atribuir o processo da independência da América Latina a um novo conjunto de valores e ideais que questionavam o pacto colonial e o autoritarismo das monarquias. O movimento pela independência da América Latina foi impulsionado pelas ideias do Iluminismo, que defendia a liberdade dos povos e a queda de regimes políticos que fomentassem o privilégio de certas classes sociais.

América Latina

No final do século XVIII, havia grande tensão nas colônias na América Latina. Altos impostos e restrições ao comércio enfureciam os latino-americanos. Influenciados pelas ideias iluministas, muitos latino-americanos desejavam reformas. Inspirados pelas revoluções nos Estados Unidos e na França, os colonos iniciaram suas próprias revoltas.

Uma das maiores queixas dos latino-americanos contra o domínio colonial era a desigualdade social que prevalecia nas colônias. Os espanhóis e portugueses haviam estabelecido um rígido sistema social que favorecia os europeus e prejudicava os nativos.

No topo da escala social estavam os Peninsulares – pessoas nascidas na Península Ibérica da Europa, onde Espanha e Portugal estão localizados. Os peninsulares dominavam a vida colonial, possuindo vastos territórios, controlando minas e o comércio e mantendo a grande maioria dos altos cargos no governo, exército e Igreja.

Abaixo dos peninsulares estavam os Crioulos – pessoas de descendência espanhola ou portuguesa que haviam nascido em território americano. Legalmente, os crioulos tinham os mesmos direitos que os peninsulares e normalmente possuíam grandes riquezas. Porém, eles eram considerados socialmente inferiores aos peninsulares e não podiam exercer cargos importantes.

Na escala social, abaixo daqueles de pura descendência europeia estavam pessoas de descendências mescladas: mestiços e mulatos. Ambos os grupos eram barrados das mais altas posições na sociedade latino-americana. Contudo, eles mantinham uma grande variedade de cargos, tornando-se soldados, fazendeiros, trabalhadores rurais, advogados e mercantes.

Em último lugar na escala social estavam os indígenas e escravos africanos. A maioria dos membros deste grupo levava uma vida difícil, trabalhando nas minas e plantações. Apesar de constituírem a maioria da população, os indígenas e africanos não exerciam poder ou influência em suas sociedades.

As Primeiras Revoltas

No final do século XVIII, o governo espanhol aumentou os impostos coloniais para reabastecer seus tesouros. Os colonos não aceitaram essa imposição passivamente e se revoltaram contra seus colonizadores. Em 1780, Túpac Amaru, um mestiço descendente dos reis incas, liderou uma rebelião de indígenas no Peru. Os rebeldes exigiam o fim do trabalho forçado e de impostos sobre a venda de produtos. Eles também pediam que indígenas, e não espanhóis, fossem nomeados como seus governadores. Na luta que seguiu, milhares de indígenas foram massacrados pelos espanhóis e suas propriedades foram destruídas. As forças colonizadoras esmagaram a rebelião indígena e assassinaram seus líderes.

Túpac Amaru
Túpac Amaru

Enquanto a violência tomava o Peru, uma revolta contra os colonizadores também ocorreu na Colômbia. Como no Peru, os espanhóis aumentaram os impostos a serem pagos pelos colonos. Como consequência disto, em 1781, camponeses indígenas e mestiços, liderados por crioulos, formaram um exército de 20.000 homens e marcharam na capital da Colômbia, Bogotá. O governo colonizador inicialmente concordou com as exigências dos rebeldes, mas depois voltou atrás em suas promessas e aniquilou o exército dos colonos. Para desencorajar futuras revoltas, a corte espanhola ordenou que o último líder rebelde que ainda estava vivo fosse executado de uma forma terrível. Mas mesmo essa monstruosa punição espanhola não impediu futuros levantes de colonos.

Revolução no Haiti

A primeira revolta bem-sucedida na América Latina não ocorreu contra a Espanha ou Portugal, mas contra a França. A colônia francesa de São Domingos, localizada na ilha de Hispaniola, era uma das mais lucrativas colônias europeias nas Américas. Aproximadamente 400.000 escravos negros trabalhavam nas plantações de açúcar de São Domingos. Por volta de 22.000 mulatos também viviam na colônia; a maioria deles vivia livremente e até possuía terras. Porém, os mulatos eram proibidos de praticar certas profissões, como o direito e medicina.

Um mulato chamado Vicente Ogé estava em Paris quando a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi adotada em 1789. Ao retornar a São Domingos, ele exigiu os mesmos direitos para os mulatos que viviam livres na colônia. Ultrajado com suas exigências, o governo francês torturou-o até a morte.

A execução de Ogé fomentou um grande sentimento de revolta entre os mulatos da colônia. Quando os escravos negros de São Domingos se rebelaram em 1791, os mulatos uniram-se a eles. Liderados por um ex-escravo chamado Pierre Toussaint L’Ouverture, os rebeldes expulsaram os franceses de São Domingos.

Pierre Toussaint L’Ouverture
Pierre Toussaint L’Ouverture

Toussaint acabara de estabelecer um novo governo em São Domingos quando Napoleão Bonaparte chegou ao poder na França. O novo imperador francês enviou tropas para retomar a ex-colônia. Porém, as forças francesas perderam muitas batalhas contra os rebeldes e muitos de seus soldados morreram de febre amarela. Em 1804, após 13 anos de guerra, os revolucionários declararam a independência da colônia de São Domingos que foi nomeada de Haiti.

Simon Bolívar

Acontecimentos na Europa também contribuíram para o movimento de independência no norte da América do Sul. Em 1808, Napoleão Bonaparte invadiu a Espanha e levou seu irmão ao trono espanhol. Aproveitando o tumulto na Espanha, os líderes crioulos tomaram controle de diversas cidades sul-americanas. Estas revoltas impulsionaram uma grande revolta contra os colonizadores espanhóis.

O maior líder revolucionário da América Latina foi Simon Bolívar, popularmente conhecido como o “George Washington latino”. Nascido na Venezuela em uma família rica crioula, Bolívar estudou na Espanha. As revoluções norte-americana e francesa inspiraram-no a formar um exército latino-americano para lutar contra os ocupadores espanhóis. Prometendo libertar os escravos da América do Sul quando conquistasse a independência – uma promessa que ele eventualmente manteve – Bolívar obteve o apoio do Haiti em 1816.

Simon Bolívar
Simon Bolívar

A luta de Bolívar contra os espanhóis durou muitos anos. Em 1819, ele liderou milhares de soldados em direção oeste, do vale do Rio Orinoco através dos Andes. Enfrentando um frio muito severo, mais de 100 de seus homens morreram ao atravessar as montanhas. Mas apesar destas dificuldades, as tropas remanescentes de Bolívar derrotaram o exército espanhol num ataque surpresa. Naquele mesmo ano, Bolívar tornou-se presidente da nação independente da Grande Colômbia. Esta nova nação era constituída pelos atuais países do Panamá, Colômbia, Venezuela e Equador.

Enquanto Simon Bolívar libertava a região norte da América do Sul, outro líder crioulo, José de San Martín, liderava um exército ao norte da Argentina. A Argentina estava livre do domínio espanhol desde 1806. Todavia, San Martín acreditava que a América do Sul só permaneceria independente se os espanhóis fossem também expulsos do Chile e Peru.

Em 1817, o exército bem treinado de San Martín cruzou os Andes e capturou Santiago, no Chile. Em 1821, eles tomaram Lima, capital do Peru e centro do poder espanhol na América do Sul. Ainda assim, as forças espanholas no interior permaneceram fortes. No ano seguinte, San Martín encontrou-se secretamente com Bolívar para discutir sobre a libertação da América do Sul; após o encontro dos dois libertadores, as tropas de Bolívar tomaram parte da luta pela independência do Peru.

San Martín
San Martín

A batalha final entre o exército de Bolívar e as forças espanholas durou apenas uma hora, ocorrendo em 9 de dezembro de 1824. Lutando nas montanhas, a uma altitude de 9.000 pés, as tropas de Bolívar atacaram o exército espanhol que estava situado perto do vilarejo de Ayacucho. Esta batalha marcou o triunfo do movimento de independência da América do Sul.

A Independência do México

Assim como na América do Sul, o movimento de independência na Nova Espanha (atual México) começou como uma reação à invasão de Napoleão Bonaparte na Espanha.

Em 1810, Miguel Hidalgo, um padre crioulo, organizou uma revolta de indígenas e mestiços contra o governo espanhol. Padre Hidalgo pedia por independência, pelo retorno das terras que haviam sido tomadas dos indígenas e por um fim à escravidão. As forças de Hidalgo não eram militarmente preparadas e portavam apenas facas e bandoleiras. Mas à medida que começaram a marchar para o sul em direção à capital, as modestas tropas de Hidalgo cresceram.

Quando chegou à Cidade do México, Padre Hidalgo comandava um exército com mais de 50.000 homens. Mas temendo perder o controle de sua força indisciplinada, Hidalgo recuou. Os espanhóis perseguiram e derrotaram os rebeldes e executaram Hidalgo. Apesar de a rebelião ter fracassado, Padre Hidalgo é relembrado como “pai da independência mexicana”. Os mexicanos celebram o dia 16 de setembro, o dia em que a revolta teve início, como seu Dia de Independência.

Após a morte de Hidalgo, um padre mestiço chamado José Maria Morelos assumiu a liderança da revolução mexicana. Diferentemente do Padre Hidalgo, Morelos decidiu treinar um exército para lutar contra os colonizadores espanhóis. Em 1813, seu pequeno exército controlava a maior parte do sul do México, e Morelos declarou a independência do México da Espanha.

José Maria Morelos
José Maria Morelos

Os rebeldes prepararam uma nova Constituição prometendo igualdade para todas as pessoas, o fim dos privilégios especiais da Igreja e do exército, e a quebra dos grandes feudos. Mas estas medidas custaram a Morelos o apoio de muitos crioulos, que temiam a perda de suas riquezas. Após sofrer uma série de derrotas frente ao exército espanhol, Morelos foi capturado e morto em 1815.

Com a morte de Morelos, um México independente começou a parecer um sonho distante. Isto mudou em 1820, quando soldados na Espanha se revoltaram contra o rei, obrigando o monarca a restaurar a constituição de 1812 que favorecia reformas sociais. Temendo que tais reformas espanholas fossem adotadas no México, os crioulos se uniram aos rebeldes; juntos, eles derrotaram os espanhóis e proclamaram a independência do México em 1821.

Os crioulos esperavam estabelecer um governo antirreformista no México. Eles apoiavam Augustin de Iturbide, que havia capturado Morelos. Iturbide tomou controle do governo e em 1822 coroou-se imperador do México. Mas o povo logo se rebelou contra a sua administração tirana. Iturbide foi exilado e o México se declarou uma república em 1823.

Independência em toda a América Central

Os estados da América Central seguiram o exemplo do México, declarando sua independência da Espanha em 1821. Os atuais países de Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua uniram-se em uma liga chamada de Províncias Unidas da América Central. Esta liga, que adotou uma forma de governo republicana, foi prejudicada por disputas entre seus membros. Após 1838, a liga foi rompida, e cada nação estabeleceu seu próprio governo.

Diferente da maior parte da América Latina, o Brasil obteve sua independência pacificamente. Quando o exército de Napoleão invadiu Portugal em 1807, o rei português mudou-se para a corte real no Brasil.

Sendo o centro do império português, o Brasil prosperou, e muitos brasileiros passaram a exigir a independência da nova nação. Em 1821, o rei português retornou a Portugal e deixou seu filho Pedro para governar o Brasil. Um ano depois, seguindo o conselho de seu pai, Pedro declarou a independência do Brasil e se tornou o Imperador Pedro I.

Era dos Caudilhos

Ao contrário dos colonos britânicos nos Estados Unidos, os latino-americanos haviam adquirido pouca experiência governamental durante o período em que foram colônias. Uma das consequências foi que os primeiros anos de independência latino-americana foram marcados por violência e instabilidade. O poder era mantido pelo exército e pelos proprietários de terra. Lentamente, porém, governos centrais foram estabelecidos sob a liderança de caudilhos - líderes políticos no comando de uma força autoritária.

Um caudilho era um ditador que chegava ao poder com o apoio do exército e de ricos proprietários de terra. Para permanecer no poder, um caudilho frequentemente presenteava seus aliados com mais propriedades territoriais e cargos no governo. Infelizmente, muitos oficiais do governo apontados pelos caudilhos eram incompetentes e corruptos. Mesmo que alguns caudilhos tivessem boas intenções de beneficiar seus países, eram, de fato, ditadores que permaneciam no poder com o uso de força. Este tipo de governo tornou-se tão comum na América Latina durante o século XIX que esse período é frequentemente denominado de Era dos Caudilhos.

O Chile

O Chile foi o primeiro país latino-americano a ter um governo central estável. Isto ocorreu sob a liderança do caudilho Diego Portales, um empresário crioulo. Portales liderou o Chile durante os anos 1830-1837, mas nunca se tornou oficialmente o presidente do país. Ele incentivou o crescimento da economia chilena e ordenou a construção de estradas, navios e linhas de telégrafo.

Diego Portales
Diego Portales

Como outros caudilhos, Portales acreditava na necessidade de se estabelecer um governo forte. A Constituição que ele criou para o Chile em 1833 dava ao presidente o poder de vetar leis criadas pela Legislatura, controlar as eleições e escolher seu sucessor.

A Argentina

Juan Manuel de Rosas
Juan Manuel de Rosas

Um líder muito bruto trouxe união nacional à Argentina. Juan Manuel de Rosas, empresário e proprietário de terras crioulo, governou o país de 1835 a 1852. Com a ajuda de espiões, de uma milícia e de sua polícia secreta, Rosas esmagou toda e qualquer oposição ao seu governo. Assim como Portales no Chile, Rosas favoreceu os interesses dos proprietários de terras. Porém, suas políticas também resultaram no fortalecimento do governo central da Argentina. Muitos líderes governamentais argentinos iniciaram programas de desenvolvimento econômico para o país.

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Interesses Estrangeiros na América Latina

Enquanto os países latino-americanos lutavam para trazer ordem e prosperidade aos seus países, os líderes de diversas nações europeias planejavam restabelecer seus governos coloniais na América Latina. Com o incentivo do rei espanhol, vários monarcas europeus cogitaram derrubar as recém-formadas repúblicas latino-americanas.

Mas a Grã-Bretanha e os Estados Unidos se opuseram a tais ideias. A Grã-Bretanha não concordava com as políticas antirreforma da Espanha e de aliados espanhóis. Além disso, os britânicos tinham estabelecido relações comerciais bastante lucrativas com a América Latina e não permitiriam que fossem prejudicadas. Os Estados Unidos, assim como a Grã-Bretanha, se mostravam solidários com os latino-americanos. Os norte-americanos também se preocupavam com a possibilidade de ter uma forte presença europeia muito próxima a seu país.

Em 1823, a Grã-Bretanha pediu aos Estados Unidos que fizessem uma declaração em conjunto contra o plano espanhol. Os Estados Unidos decidiram fazer sua própria declaração, que se tornou conhecida como "Doutrina Monroe". Esta doutrina afirmava que as Américas não estariam mais abertas para colonizações de nenhum país europeu. Qualquer país que tentasse interferir nos assuntos de uma nação americana seria considerado inimigo dos Estados Unidos.

A mensagem norte-americana foi forte, mas os Estados Unidos, que ainda eram uma pequena nação, não tinham o poder militar para apoiar sua posição. A marinha britânica, todavia, controlava os mares, e a Grã-Bretanha estava preparada para impor a Doutrina Monroe para proteger seu comércio com a América Latina. Com isso, as novas nações latino-americanas não mais se preocuparam com uma possível invasão da Espanha.

O Neocolonialismo

As guerras de independência haviam enfraquecido as economias latino-americanas. Para se modernizarem, as novas nações precisavam de investimento em transporte, indústrias e bancos. Os líderes dos movimentos de independência da América Latina esperavam que suas nações atraíssem investidores europeus e norte-americanos, mas esta ajuda tardava em chegar. A liderança dos caudilhos finalmente trouxe alguma ordem à região e no final do século XIX, o comércio latino-americano cresceu e o capital externo começou a ser investido nas nações latino-americanas.

O comércio e investimentos contribuíram para o desenvolvimento econômico na América Latina, mas também resultaram em problemas. Matérias-primas tinham grande procura internacionalmente, e muitos países latino-americanos se concentraram na exportação de um ou dois produtos, em vez de construir uma economia de base. O Brasil, por exemplo, dependia quase exclusivamente do café e a Argentina da carne. Quando a demanda internacional por esses produtos diminuía, toda a economia sofria as consequências.

Além disso, os estrangeiros que investiam na América Latina exerciam uma enorme influência sobre os governos locais. Apesar de as nações da América Latina serem independentes, elas eram frequentemente obrigadas a aceitar as exigências de governos e empresas estrangeiras. Este tipo de dominação econômica é chamado de neocolonialismo.

Fábrica de sapatos
Fábrica de sapatos

A industrialização na América Latina resultou numa imigração em massa de europeus. Durante o final do século XIX, espanhóis, portugueses, italianos, franceses, irlandeses, chineses, japoneses e povos da Europa Central imigraram para os países da América Latina, buscando uma vida de possíveis grandes oportunidades econômicas. As habilidades, conhecimentos e ambições desses imigrantes fortaleceram as economias latino-americanas.

O México no Século XIX

México

Mesmo antes de o México obter sua independência da Espanha, cidadãos norte-americanos migraram para o Texas, que na época era território mexicano. Inicialmente, o governo mexicano incentivou o estabelecimento de norte-americanos no Texas. Mas logo surgiram conflitos entre os colonos e o governo; o governo mexicano, por exemplo, não aceitava os esforços dos colonos de trazerem escravos para o Texas. Estes conflitos levaram a uma luta armada em 1835.

Apesar de os mexicanos terem conquistado uma importante vitória militar em Álamo, os colonizadores norte-americanos do Texas derrotaram as forças mexicanas e declararam sua independência em 1836. Em 1845, os Estados Unidos decidiram anexar o Texas, ou seja, considerá-lo como território integral e permanente dos Estados Unidos. O México, que nunca aceitou a perda do Texas, protestou contra a anexação do estado pelos Estados Unidos e, em 1846, teve início uma guerra entre Estados Unidos e México.

A Guerra Mexicano-Americana provou-se desastrosa para o México. Forçado a se render em 1848, o país perdeu vastos territórios para os Estados Unidos, incluindo os atuais estados norte-americanos da Califórnia, Nevada, Utah, assim como parte do Arizona, Colorado, Novo México e Wyoming. Menos de 30 anos após sua independência, o território mexicano havia sido reduzido pela metade.

Humilhado pela derrota militar e enfurecido com a corrupção no governo, o povo mexicano exigia mudanças. Em 1855, um governo reformista decidiu privar o clero e os altos oficiais do exército de uma série de privilégios.

Benito Juárez foi uma importante figura no movimento de reforma do México. Advogado de origem indígena tornou-se ministro da Justiça. Juárez implantou importantes reformas que foram adotadas por uma nova Constituição em 1857. Estas reformas estabeleceram uma divisão entre estado e Igreja, forçaram a Igreja a abrir mão de suas terras, e estimularam a liberdade de expressão. Também exigiam que processos envolvendo membros do clero e oficiais do exército fossem julgados em tribunais comuns.

Benito Juarez
Benito Juarez

Oponentes da Constituição recém-implantada decidiram derrubar o novo governo. Juárez e seus seguidores fugiram para Veracruz, onde estabeleceram seu próprio governo, tendo Juárez como presidente. Assim teve início a sangrenta guerra civil do México.

Na Guerra da Reforma (1858-1860), o exército, a Igreja e a classe alta voltaram-se contra os pobres e contra aqueles que queriam reformas. Os reformistas venceram a guerra, recuperaram a Cidade do México e elegeram Juárez presidente. Ele se tornou o primeiro indígena a ocupar o cargo de chefe de estado nas Américas desde a conquista europeia.

A Guerra da Reforma aumentou ainda mais as enormes dívidas do México com vários países europeus. Em 1862, o Presidente Juárez declarou que o país teria que adiar o pagamento de suas dívidas. Decididos a recuperar seu dinheiro, Grã-Bretanha, Espanha e França enviaram tropas ao México.

Os espanhóis e britânicos retiraram-se após o México prometer pagar suas dívidas. O imperador Napoleão III da França, porém, considerou tal fato como uma oportunidade de substituir Juárez por um governo que lhe convinha. Acreditando que os mexicanos iriam aceitar a volta da monarquia, Napoleão III persuadiu o Duque Maximiliano de Habsburgo, da Áustria, a tomar o controle do México. Em 1864, Maximiliano tornou-se imperador do país.

Entretanto, Juárez se recusou a reconhecer Maximiliano como governante do México e formou um exército para expulsar os franceses. Os Estados Unidos também rejeitaram tal atitude da França, considerando-a como uma violação da Doutrina Monroe. Todavia os norte-americanos não poderiam se envolver no conflito entre o México e a França, pois sua própria guerra civil estava ocorrendo à época. Em 1866, porém, a guerra civil norte-americana havia terminado, e os Estados Unidos passaram a pressionar os franceses para deixar o México. Encontrando problemas também na França, Napoleão retirou suas tropas. Juárez voltou ao poder e Maximiliano foi executado por um pelotão armado.

Juárez foi presidente do México até sua morte, em 1872. O poderoso líder mexicano após Juárez foi o General Porfírio Diaz, que chegou ao poder em 1876. Ditador cruel, governou o México até 1911.

General Porfírio Diaz
General Porfírio Diaz

Diaz se empenhou para construir a economia mexicana. Durante seu governo, empresários estrangeiros investiram pesadamente na indústria e agricultura. Financiado por estrangeiros, o México construiu ferrovias e desenvolveu sua indústria mineradora e petrolífera. O governo logo teve o primeiro superávit na história de sua república.

Todavia, a maior parte dos lucros das novas indústrias e minas mexicanas foi para investidores da Europa e Estados Unidos. Os novos crioulos ricos adotaram modos europeus e demonstravam preconceito quanto à cultura mexicana. Isso feriu o orgulho nacional mexicano. Apesar de o México crescer economicamente durante o governo de Diaz, havia um descontentamento silencioso entre o povo e que iria explodir anos depois.

Sumário

- As Primeiras Revoltas
- Revolução no Haiti
- Simon Bolívar
- A Independência do México
- A Independência da América Central
- Era dos Caudilhos
- O Chile
- A Argentina
- Interesses Estrangeiros na América Latina
- O Neocolonialismo
- O México no Século XIX