Colonização da América

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A Colonização da América ocorreu de duas formas: colonização de exploração e a de povoamento. A América foi colonizada por portugueses, espanhóis, ingleses, franceses e holandeses. Os países que fazem parte da América Anglo-saxônica tiveram uma colonização de povoamento: o interesse da metrópole era povoar e desenvolver a colônia. Já os países latinos tiveram uma colonização de exploração: o interesse da metrópole era que essas colônias fornecessem riquezas e produtos tropicais.

Colonização Espanhola

Os primeiros colonizadores espanhóis das Américas se estabeleceram nas ilhas do Caribe. Porém, incentivados pela busca por ouro e riquezas se dirigiram às terras continentais, onde encontraram os impérios asteca e inca.

Um dos mais famosos conquistadores espanhóis foi Hernán Cortés. Liderando uma frota de 11 navios, ele viajou, no ano 1519, de Cuba ao Golfo do México, levando consigo um exército de 508 soldados, dois padres e 16 cavalos.

Hernán Cortes
Hernán Cortes

Notícias a respeito daqueles homens brancos e barbudos, montados em animais estranhos e carregados de armas que trovejavam, surpreenderam os astecas. O líder asteca, Montezuma, pensou que os europeus poderiam ser deuses ou enviados do deus Quetzalcoátl. Afinal, os sacerdotes astecas haviam previsto que Quetzacoátl retornaria ao império asteca naquele mesmo ano.

Os guerreiros de Montezuma poderiam ter derrotado o pequeno exército de Cortés, mas o imperador asteca preferiu enviar presentes, feitos à base de ouro, aos conquistadores europeus, acreditando que os intrusos se dariam por satisfeitos e partiriam. No entanto, os presentes enviados despertaram o interesse dos espanhóis pela fonte do ouro do império.

Cortés decidiu explorar o império asteca. Para evitar que seus poucos soldados voltassem a Cuba, ele ordenou que seus navios fossem afundados. O exército de Cortés viajou para a cidade de Tenochtitlán, onde permaneceu durante vários meses, como convidado de Montezuma. No entanto, alguns líderes astecas começam a suspeitar que os espanhóis tivessem a intenção de conquistar seu império. Em uma batalha definitiva, eles expulsaram os espanhóis da cidade asteca, matando e ferindo mais da metade do pequeno exército de Cortés.

Apesar da derrota, Cortés adquiriu muitos aliados nativos. Malinche, uma nobre asteca que havia sido vendida como escrava, ajudou Cortés a negociar com os líderes locais. Tendo aprendido a língua espanhola, ela agiu como intérprete e como informante; seu conhecimento e influência ajudaram Cortés a conquistar mais aliados entre os nativos.

Cortés, a seguir, agregou seus homens aos aliados nativos e iniciou um cerco à cidade de Tenochtitlán. Os astecas resistiram, mas a maioria foi morta ou capturada. Muitos astecas também morreram de varíola - uma doença introduzida pela presença europeia. Em 1521, após três anos de cerco à cidade, Tenochtitlán foi conquistada por Cortés. O ambicioso conquistador passava a controlar todo o México.

A Conquista dos Incas

O grandioso Império Inca localizava-se ao sul das terras astecas, nas montanhas do Peru. A conquista espanhola do povo inca foi mais rápida que a derrota dos astecas, mas não menos dramática.

Francisco Pizarro teve a permissão do imperador espanhol, Carlos V, para tentar conquistar o litoral da América do Sul. Quando Pizarro chegou ao império dos incas, em 1532, foi recebido com cordialidade pelo líder inca, Atahualpa. Mas Francisco Pizarro, cruel e ganancioso, ordenou que o imperador fosse aprisionado e mantido como refém dos espanhóis. Na luta que se seguiu, os soldados incas, munidos de armas manuais como lanças, arcos e flechas, não tinham chance de vencer os cavaleiros e canhões espanhóis. Nem um único soldado espanhol morreu na batalha que, no entanto, custou a vida de centenas de incas.

Francisco Pizarro
Francisco Pizarro

Pizarro prometeu libertar Atahualpa após o pagamento de um grande resgate - um recinto repleto de ouro. No entanto, mesmo após os incas terem pagado o resgate, Pizarro ordenou que Atahualpa fosse estrangulado. Um quinto do resgate foi enviado ao rei da Espanha; o restante foi dividido entre 150 conquistadores, que logo começaram a lutar entre si. O próprio Francisco Pizarro acabou sendo assassinado na incessante luta pelo poder sobre o Império Inca. Esta desordem durou até o ano 1551, quando o rei espanhol enviou um representante, com o título de Vice-rei, para governar o Peru.

Outros Exploradores Espanhóis

A conquista espanhola dos impérios asteca e inca rendeu à Espanha o controle de territórios que se estendiam do México ao Chile. Outros aventureiros espanhóis exploraram as terras ao redor dos grandes rios sul-americanos, acreditando nas lendas que pregavam a existência de cidades nas Américas totalmente cobertas de ouro.

Francisco de Coronado
Francisco de Coronado

Hernando de Soto, companheiro de Pizarro, liderou uma expedição à Flórida. A expedição alcançou o rio Mississipi (hoje localizado nos Estados Unidos) e explorou as terras próximas. Outro explorador famoso foi Francisco Coronado, que explorou terras ao norte do México, em 1540, e conquistou os povoados dos índios Zuni. Além de encontrar ouro e riquezas imperiais, os aventureiros espanhóis exploraram territórios que hoje fazem parte dos Estados Unidos. Em 1560, a Espanha declarou que tais terras faziam parte de seu império.

O Império Espanhol nas Américas

Tendo conquistado grandes extensões de território, os espanhóis agiram eficientemente para firmar um governo forte e centralizado nas Américas. Dividiram suas conquistas em províncias, e o rei nomeou um vice-rei para supervisionar as políticas de cada província.

O governo espanhol acreditava que as colônias existiam unicamente para beneficiar a Espanha. O rei espanhol exigia um quinto de todo o ouro e prata extraídos nas Américas. A Espanha também controlava todo o comércio das colônias, incentivando a produção de matérias-primas que, posteriormente, eram exportadas para a Espanha, mas desestimulando o desenvolvimento da manufatura. Desta forma, os colonos eram obrigados a comprar bens manufaturados da Espanha.

O governo espanhol recompensou os conquistadores com grandes extensões de terra. No entanto, os conquistadores afirmavam que o trabalho braçal não era digno deles e, portanto, obtiveram do governo espanhol encomiendas - o direito de exigir trabalho braçal e o pagamento de impostos por aqueles que viviam em suas terras. Em troca, os colonizadores ofereciam aos nativos a segurança e o sustento de seus líderes religiosos.

O sistema de encomiendas foi basicamente uma forma brutal e sistemática de escravidão. Milhares de nativos morreram durante o século XVI por causa das terríveis condições de trabalho impostas pelos colonizadores espanhóis. Seu sofrimento perturbava muitos missionários católicos que vinham às Américas. Um destes missionários foi Bartolomeu de Las Casas, que se tornou padre em Hispaniola. Ele iniciou uma campanha para proteger os nativos dos perversos e gananciosos colonizadores espanhóis. Os apelos de Bartolomeu de Las Casas resultaram em novas leis, impostas em 1542, que visavam proibir a escravização futura dos nativos.

Apesar destas leis humanistas, ao final do século XVI, como parte dos esforços missionários da Contrarreforma, a Igreja Católica enviou vários de seus melhores freis espanhóis às Américas com a missão de converter os nativos ao cristianismo.

Os Holandeses e Ingleses na América do Norte

Assim como Espanha e Portugal, a Holanda e a Inglaterra também estavam interessadas em descobrir novas rotas marítimas para a Ásia. Exploradores holandeses e ingleses viajavam pelo Oceano Atlântico, tentando encontrar a Passagem Noroeste - uma passagem naval através da América do Norte para a Ásia.

Em 1497, o rei inglês, Henrique VII, financiou a expedição de um navegador italiano, Giovanni Caboto, navegando a oeste para chegar às Américas. Caboto chegou à Terra Nova e explorou a sua costa.

Aproximadamente 100 anos depois, Henry Hudson, um navegador inglês, realizou quatro expedições exploratórias à procura da Passagem Noroeste. Em 1609, representando comerciantes holandeses, ele navegou pelo rio Hudson e declarou a região possessão da Holanda. Nesta área, colonizadores holandeses estabeleceram a colônia de Nova Iorque, que foi originalmente chamada de Nova Amsterdã. As possessões holandesas no Hemisfério Ocidental também passaram a compreender algumas ilhas do Caribe, a colônia da Guiana Holandesa (hoje Suriname) e algumas áreas do Brasil.

Os Impérios Mercantes Holandeses

Em meados do século XVI, a Holanda havia caído sob o domínio espanhol. Quando o povo da Holanda se rebelou contra seus governantes espanhóis, em 1568, os navios holandeses foram proibidos de aportar em terras espanholas ou portuguesas. Mas esta medida punitiva não intimidou os holandeses; eles decidiram dominar as rotas comerciais portuguesas e estabelecer laços comerciais com os portos na Índia e nas Índias Orientais.

Em 1602, a Holanda fundou a Companhia Holandesa das Índias Orientais. Esta companhia de comércio exterior logo se tornou poderosa, apossando-se de quase todos os portos portugueses na Ásia. A Holanda se tornou o único país europeu autorizado pelo império japonês a manter relações comerciais com o Japão. Em meados do século XVII, os holandeses mantinham quase o monopólio do comércio externo asiático.

Outra companhia holandesa de comércio exterior foi fundada em 1621: a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. A companhia logo passou a controlar grande parte do tráfico de escravos e de outros produtos no Atlântico e Caribe. Diferentemente dos espanhóis e portugueses, os holandeses não tinham interesses religiosos em suas viagens de exploração. A Holanda não enviava missionários cristãos para suas colônias na América; seu único objetivo era o lucro no comércio exterior.

Nas Américas, a Holanda foi uma potência colonizadora por curto período de tempo, apenas, ao contrário de seu controle sobre as ilhas nas Índias Orientais, que durou aproximadamente três séculos. A Companhia Holandesa das Índias Orientais estabeleceu um monopólio de pimenta e especiarias, e em seguida, de algodão, seda, chá e café.

Algodão, seda, café
Algodão, seda, café

Assim como os holandeses, os ingleses dedicaram-se a desenvolver seu comércio e sua força marítima. Mas para obter sucesso no comércio exterior, os ingleses tinham que competir com comerciantes estrangeiros e enfrentar piratas de outros países. Os privateers (corsários, ou seja, os piratas ingleses autorizados) - navios da iniciativa privada contratados pelo governo para atacar as frotas inimigas - foram usados pela Inglaterra para capturar navios espanhóis que continham tesouros e para bombardear portos na América do Sul.

As Colônias Inglesas nas Américas

Durante os séculos XVII e XVIII, colonizadores ingleses fundaram diversas colônias nas Américas: treze na costa leste do que hoje constitui os Estados Unidos, e outras no Canadá e nas ilhas do Caribe.

Muitos colonizadores ingleses vieram às Américas para escapar de perseguições e conflitos religiosos, na Inglaterra. Almejavam viver em uma terra onde tivessem total liberdade de praticar sua religião. Os fundadores dos estados norte-americanos de Massachusetts e Connecticut, por exemplo, eram puritanos - protestantes que achavam que a Reforma da Igreja na Inglaterra não havia sido suficientemente revolucionária. O estado da Pensilvânia foi fundado por Quakers - outro grupo protestante que enfrentou discriminação na Inglaterra. O estado de Maryland foi fundado por católicos que fugiram da Reforma Protestante na Inglaterra.

Memorial Maryland
Memorial Maryland

Outras colônias inglesas foram fundadas por pessoas que vieram à América por motivos econômicos. Em 1607, um grupo de aristocratas ingleses fundou uma colônia em Jamestown, no atual estado norte-americano da Virgínia. Estes colonos esperavam encontrar ouro e grandes tesouros na sua recém-fundada colônia, mas isto não ocorreu, e muitos deles, que não se preocuparam em estocar comida, morreram de fome durante seu primeiro inverno nas Américas. Os colonizadores seguintes perceberam que a grande riqueza que procuravam nas colônias norte-americanas era de fato o seu território, que era abundante e livre para ser apossado.

Nas colônias inglesas da América, a maioria das pessoas vivia em pequenas fazendas. Nas colônias do sul, porém, a economia era dominada pelas grandes plantações. Para suprir o trabalho necessário nas lavouras de tabaco e arroz, os colonos do sul importaram milhares de escravos africanos.

À medida que a população das colônias inglesas crescia e o solo se tornava menos fértil, devido ao excesso de uso, os colonizadores migravam para as fronteiras, onde construíam novas fazendas. Esta expansão demográfica frequentemente resultava na expulsão de indígenas de suas terras; como consequência, muitas batalhas ocorreram entre indígenas e colonizadores ingleses.

Os Franceses na América do Norte

Assim como os ingleses, os franceses buscaram adquirir territórios nas Américas. Em 1535, o explorador francês Jacques Cartier navegou até o rio São Lourenço e declarou aquela área - hoje a região oriental do Canadá - possessão francesa, sendo chamada de Nova França.

Jacques Cartier
Jacques Cartier

Inicialmente, os líderes franceses não se entusiasmaram com a descoberta de Cartier, pois estavam concentrados em conflitos que a França enfrentava. Todavia, em 1608, Samuel de Champlain fundou Quebec, a primeira colônia francesa permanente da América do Norte. Considerado o "pai da Nova França", Champlain explorou a costa do atual estado norte-americano do Maine e estabeleceu novos assentamentos em Montreal e Nova Escócia. Champlain também viajou por grande parte do nordeste da América do Sul, tentando ampliar o comércio de peles de animais para sustentar a Nova França.

Na segunda metade do século XVII, à medida que cresciam os interesses franceses na região, novas expedições foram organizadas. Louis Joliet, um caçador de peles, e o padre Jacques Marquette navegaram juntos pelos Grandes Lagos e ao longo dos rios Wisconsin e Mississipi, em 1672. Um nobre francês, René-Robert Cavelier La Salle, que havia imigrado para a Nova França para se tornar comerciante de peles, explorou o Rio Mississipi em 1682. Começando pelo norte do rio Ohio, ele seguiu todo o percurso em direção ao Golfo do México. La Salle declarou toda a região do Vale do Mississippi território francês, denominando a área de Louisiana, em homenagem ao rei francês Luís XIV.

O comércio de peles era a principal fonte de renda dos colonos franceses. A agricultura e a pecuária na Nova França não prosperaram. O rei francês havia concedido grandes extensões de terra no vale do Rio São Lourenço aos lordes franceses, mas havia escassez de trabalhadores. O principal motivo da falta de mão de obra é que o governo francês não permitia o assentamento de protestantes na Nova França, temendo que o protestantismo fosse espalhado pelas colônias francesas. Somente camponeses católicos podiam emigrar para a Nova França, mas estes raramente tinham condições de construir suas próprias fazendas.

mapa do Haiti

Muitos franceses preferiram se estabelecer nas colônias francesas das Índias Ocidentais. As grandes plantações de açúcar nessas ilhas eram extremamente lucrativas. A colônia francesa de São Domingos, hoje o Haiti, chegou a ser considerada a mais rica possessão colonial do mundo.

Conflitos Coloniais

Inglaterra e França desejavam expandir suas posses territoriais na América do Norte. Entre 1689 e 1763, enquanto vários conflitos ocorriam na Europa, as colônias inglesas e francesas da América do Norte lutavam pelo controle do continente.

A batalha final entre Inglaterra e França ocorreu no conflito entre a França e a Índia, iniciado em 1754. Os dois lados, cada qual com seus respectivos aliados nativos, guerrearam pelos territórios ao redor dos Grandes Lagos e do Rio São Lourenço. A Inglaterra saiu vitoriosa nas batalhas de Quebec, em 1759, e de Montreal, em 1760. A superioridade naval britânica foi fator decisivo para sua vitória nessa guerra. No Tratado de Paris de 1763, a França foi obrigada a se render aos ingleses.

O tratado custou à França quase todas as suas possessões coloniais na América do Norte: as terras no Canadá passaram ao controle inglês e o território a oeste do Rio Mississipi passou para o domínio espanhol. No entanto, o tratado concedeu à França o direito de manter suas ricas colônias açucareiras no Caribe. Todavia, o poder da França nas Américas havia sido quebrado.

Sumário

- Colonização Espanhola
- A Conquista dos Incas
- Outros Exploradores Espanhóis
- O Império Espanhol nas Américas
- Os Holandeses e Ingleses na América do Norte
- Os Impérios Mercantes Holandeses
- As Colônias Inglesas nas Américas
- Os Franceses na América do Norte
- Conflitos Coloniais