A América Latina no século XX

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A América Latina no século XX

A maior parte da América Latina se tornou independente por volta de 1824. Porém, seus líderes ainda precisavam unificar seus países e reconstruir a economia destruída pela guerra. Assim como nos tempos coloniais, esses países recém-criados dependiam da venda de seus produtos agrícolas e minerais no mercado mundial. Como poucas indústrias foram criadas nos países latino-americanos, os problemas econômicos da região continuaram até o século XX.

México

A situação do México no início do século XX era semelhante à enfrentada por outros países da América Latina. O caudilho Porfírio Díaz chegou ao poder em 1876. Ele era um ditador severo, mas seu governo trouxe ordem e estabilidade ao México. Isso incentivou o investimento estrangeiro no país.

Porfírio Díaz
Porfírio Díaz

Porém, as políticas de Díaz criaram problemas para o México. Ele autorizou seus partidários e os investidores estrangeiros a usurpar terras de camponeses e torná-las parte de suas plantações. Por volta de 1910, 1% da população detinha 85% do território do México. À medida que mais e mais terras eram utilizadas para cultivo de safras para a exportação, menos terra restava para a plantação de alimentos para os mexicanos. Muitos camponeses sem-terra não tinham lugar para trabalhar, e alguns passavam fome.

Após mais de 30 anos no poder, Díaz permitiu eleições livres em 1910. À medida que as eleições se aproximavam, ele se preocupava com a popularidade de seu adversário, um rico empresário agrícola chamado Francisco Madero. Díaz ordenou a prisão de Madero e venceu a eleição por fraude. Madero escapou e conclamou o povo a fazer uma revolução no país.

Logo revoltas violentas foram iniciadas pelos camponeses exigindo a reforma agrária. O líder camponês, Emiliano Zapata, apoiou Madero e Díaz foi deposto. Como presidente, porém, Madero fracassou ao tentar manter o apoio dos camponeses e dos proprietários de terra. Após ser deposto em 1913, uma guerra civil tomou conta do país. Os camponeses, liderados por Zapata e Pancho Villa, empregaram a tática de guerrilhas contra as forças do governo.

Apesar da luta ter continuado até 1920, o governo estabelecido em 1917 implantou uma nova Constituição. Combinando ideias nacionalistas e socialistas, a Constituição deu ao governo poderes para estabelecer fazendas coletivas e controlar o petróleo e outros recursos naturais. A Constituição também autorizou trabalhadores a formar sindicatos, limitou a jornada de trabalho a oito horas por dia e providenciou educação gratuita para a população. Foram impostos limites sobre o poder político e riqueza da Igreja Católica.

Lázaro Cárdenas
Lázaro Cárdenas

A Constituição de 1917 proporcionou as bases para a fundação do México moderno. Lázaro Cárdenas, presidente de 1934 a 1940, conseguiu implementar muitos dos objetivos da Constituição. Cárdenas incentivou os mexicanos a iniciarem seus próprios negócios, deu terras para camponeses e construiu escolas rurais. Em 1938, ele ordenou que o governo se apossasse das indústrias petrolíferas estrangeiras no país.

Durante os 30 anos seguintes, novas fábricas foram construídas, a agricultura e o turismo cresceram, e o governo construiu ferrovias e estradas. Apesar do progresso, muitos mexicanos continuaram a viver na pobreza. Assim como na maioria dos países da América Latina, a população mexicana crescia rapidamente. Milhões de pessoas mudaram-se do interior para as cidades à procura de emprego. As consequências dessa migração foram a falta de moradia, o superpovoamento e a poluição. À medida que a população do país crescia, milhares de mexicanos cruzavam a fronteira para os Estados Unidos, ilegalmente, esperando encontrar emprego.

Na década de 1970, o México sofria de inflação, desemprego e falta de alimentos. A nação importava mais que exportava. Sob a administração do presidente José López Portillo, o país deu início à exploração de petróleo em seu território. Foram encontradas reservas valiosas e o México logo se tornou um importante exportador.

Mas o boom petrolífero trouxe vários problemas. A corrupção nos altos escalões custou ao governo milhões de dólares. A agricultura foi deixada de lado e o governo foi forçado a comprar alimentos no exterior. O governo tomou muitos empréstimos de bancos estrangeiros para cobrir seus gastos.

A queda mundial dos preços do petróleo na década de 1980 afetou seriamente a economia mexicana. A inflação cresceu, e o governo mostrava-se incapaz de pagar uma dívida externa gigantesca. O governo foi obrigado a fazer novos empréstimos para poder pagar os antigos. Numa tentativa desesperada de evitar um colapso econômico, o governo cortou os gastos domésticos.

O Presidente do México, Carlos Salinas de Gortari
Carlos Salinas de Gortari

As dificuldades econômicas resultaram em turbulência política e muitos mexicanos passaram a buscar uma nova liderança. O Partido Revolucionário Institucional (PRI), que havia governado o país por mais de 50 anos, viu-se desafiado por outros partidos. O candidato do PRI, Carlos Salinas de Gortari, venceu as eleições presidenciais de 1988, mas desde essa época o México deixou de ter um partido único e entrou numa fase de competição entre partidos políticos.

Brasil

Durante a depressão mundial da década de 1930, os preços das exportações da América Latina caíram severamente. As consequências naturais foram o alto desemprego e o descontentamento generalizado da população. No Brasil, Getúlio Vargas assumiu o controle do governo em 1930 e, com o apoio do exército, tornou-se ditador.

Getúlio Vargas
Getúlio Vargas

Apesar de Vargas ter se intitulado "o pai dos pobres" e ter realizado muitas reformas sociais, ele também impôs censura e limitou os direitos constitucionais da população. Vargas aumentou o controle do governo sobre a economia e diminuiu a dependência do país sobre as exportações de café.

Vargas foi deposto por líderes militares em 1945. Após uma série de presidentes civis, o exército assumiu o controle da nação em 1964, e os líderes militares governaram durante duas décadas. Em 1985, o exército concordou em deixar o poder. Houve eleições e o governo civil voltou ao Brasil.

Argentina

Na Argentina, assim como no Brasil, a crise da Grande Depressão levou os militares ao poder. Em 1946, Juan Perón foi eleito presidente. Sua esposa, Eva (conhecida com Evita), uma estrela de rádio e cinema, tornou-se virtualmente co-presidente da Argentina. Ela deu início às reformas na educação, concedeu o direito de voto à mulher e conquistou enorme popularidade entre os pobres e trabalhadores.

Juan Perón

Juan Perón

Juan Perón estabeleceu um governo autoritário, controlando a imprensa e os sindicatos. Mesmo assim, muitas de suas políticas renderam-lhe grande apoio popular. Forte nacionalista trabalhou para tornar a Argentina economicamente autossuficiente e também melhorou os salários e benefícios dos trabalhadores.

Apesar das tentativas de Perón, a economia argentina permaneceu fraca. O apoio do povo argentino a seu governo diminuiu, especialmente após a morte de sua esposa, em 1952. Em 1955, Perón foi deposto pelos militares.

Perón foi sucedido por uma série de governos instáveis e violentos. O desemprego e a inflação aumentaram, e o país enfrentou greves e protestos. Em 1973, Perón foi novamente eleito presidente. Ele morreu no ano seguinte e foi sucedido por sua terceira esposa, Isabel (Isabelita) Perón.

Os problemas da Argentina continuaram, e em 1976, os líderes militares tomaram novamente o controle do governo. Em 1982, tropas argentinas invadiram as Ilhas Malvinas, colônia britânica localizada a centenas de quilômetros da costa argentina. Os argentinos perderam a guerra, mas continuaram a reivindicar as Ilhas Malvinas. Em 1983, o governo militar chegou ao fim na Argentina e foram realizadas eleições vencendo um presidente civil.

Chile

Durante muitos anos, o Chile foi o país de maior tradição democrática na América do Sul. O país já era governado por civis desde a década de 1920.

Em 1970, os chilenos elegeram democraticamente o marxista Salvador Allende como chefe de um governo de coalizão. Allende nacionalizou minas e bancos, iniciou a reforma agrária e aumentou salários. A inflação e a dívida nacional aumentaram astronomicamente. Investidores estrangeiros, temendo o confisco de suas propriedades pelo governo marxista, começaram a retirar seu dinheiro do país. Os problemas econômicos levaram a conflitos, e em 1973, Allende morreu durante um golpe de estado militar.

Salvador Allende
Salvador Allende

O novo governo chileno, liderado pelo general Augusto Pinochet, esmagou rapidamente a oposição. Prometendo livrar o Chile do comunismo, o governo suspendeu o Poder Legislativo, impôs forte censura e muita violência contra seus opositores. Muitos chilenos deixaram o país, o governo foi duramente criticado pelas Nações Unidas por violar os direitos humanos.

Em 1988, Pinochet aceitou que o povo chileno decidisse se ele deveria ou não permanecer na liderança do país. A maioria votou contra, e ficou estabelecido que Pinochet deixaria o cargo em 1990. Enquanto isso, muitos grupos opositores ao ditador esperavam uma transição pacífica para um regime de governo civil no Chile.

Porto Rico

Como resultado da Guerra Hispano-Americana, Porto Rico passou para o controle dos Estados Unidos. Os americanos governaram a ilha diretamente até a década de 1940, quando os porto-riquenhos ganharam o direito de eleger seus próprios líderes. Em 1952, Porto Rico tornou-se um protetorado dos Estados Unidos.

Porto Rico continua tendo fortes laços com os Estados Unidos, e os porto-riquenhos são considerados cidadãos norte-americanos. Contudo, não pagam impostos federais e não podem votar nas eleições nacionais. Alguns porto-riquenhos pedem independência total, enquanto outros querem que seu país torne-se o 51º estado norte-americano. Outros preferem o status-quo, permanecendo como um protetorado dos Estados Unidos.

Cuba

Cuba tornou-se oficialmente independente após a Guerra Hispano-Americana. Porém, os Estados Unidos mantiveram o direito de continuar com suas bases navais no país e de intervir nos assuntos cubanos para manter a paz. Além disso, empresários norte-americanos possuíam a maior parte das indústrias e recursos naturais cubanos.

Em 1952, Fulgêncio Batista assumiu o controle do governo cubano. A ditadura de Batista foi rígida, e em 1956, rebeldes liderados por Fidel Castro se rebelaram contra seu governo. Após três anos de guerrilha, Batista foi deposto, e Castro assumiu o poder. Nos primeiros dias do novo regime, Castro nacionalizou as empresas estrangeiras, lançou uma campanha contra o analfabetismo, e deu início a um programa para encerrar a discriminação racial. Ele também se aliou à União Soviética, estabeleceu um Estado marxista com apenas um partido, e executou ou aprisionou seus opositores.

Fulgêncio Batista
Fulgêncio Batista

Em 1960, os Estados Unidos deixaram de manter relações comerciais com Cuba. No ano seguinte, o governo norte-americano cortou laços diplomáticos e apoiou uma invasão - que foi malsucedida - de exilados cubanos à Baía dos Porcos. A tensão entre Estados Unidos e Cuba piorou ainda mais em 1962 em razão da crise dos mísseis de Cuba.

Em 1962, os Estados Unidos ajudaram a expulsar Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA) - um grupo de nações das Américas, incluindo os Estados Unidos, que trabalham juntas em questões de interesse comum. Essa decisão norte-americana foi tomada porque Cuba havia se declarado um Estado leninista-marxista. Os Estados Unidos também criticaram Cuba por apoiar movimentos revolucionários na África e na América Latina.

As relações entre Cuba e Estados Unidos permaneceram tensas na década de 1980. Cuba continuou a acusar os Estados Unidos de explorar os povos da América Latina. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos acusavam Cuba de manter um governo ditatorial socialista, que reprime a liberdade e os direitos humanos de seu povo.

Sumário

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- Porto Rico
- Cuba