Imigração no Brasil

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Imigração no Brasil

Imigração no Brasil refere-se ao conjunto de povos que imigraram para o País ao longo de sua história. O processo de imigração no Brasil se iniciou a partir de 1850 com o fim da escravidão.

 A população brasileira é formada por descendentes de imigrantes e por membros de tribos indígenas que sobreviveram ao genocídio português. Atualmente, a população indígena corresponde a aproximadamente 0,2% da população brasileira. Todos os outros brasileiros - 99,8% da população - são descendentes de imigrantes.

Os primeiros imigrantes foram os portugueses e os negros africanos. Estes foram trazidos à força para o Brasil. Outras nacionalidades se incorporaram à população brasileira, com mais intensidade, a partir de 1850.

De 1850 até os dias de hoje, vieram para o Brasil imigrantes de diversas nacionalidades: alemães, italianos, espanhóis, japoneses, coreanos, libaneses, judeus de diferentes procedências, bolivianos, argentinos, paraguaios, peruanos, etc. A cultura do Brasil é uma mescla das contribuições das diferentes nacionalidades que constituíram a população brasileira.

Nas últimas duas décadas, retoma-se no Brasil um maior fluxo de migrações internacionais, tanto com a saída de brasileiros como com a entrada de pessoas de outras nacionalidades no país.

Imigração - entrada e mudança de país de pessoas que originam de um outro país
Emigração- membros de uma população saem de um país para viver em outro

Histórico da Imigração no Brasil

A história da composição e formação da população brasileira é marcada por diversos movimentos de imigração.

De 1500 a 1808

A imigração para o Brasil iniciou-se em 1530 com as capitanias hereditárias e o começo da lavoura de cana de açúcar. O litoral do Brasil foi inicialmente povoado por portugueses e escravos negros.

Entre 1550 a 1850, estima-se que 4 milhões de escravos negros foram trazidos à força para o Brasil.  Nesse mesmo período, os imigrantes livres eram portugueses. (Não se sabe quantos imigrantes portugueses vieram ao Brasil.) 

Durante o período colonial, ocorreram também invasões estrangeiras de franceses, holandeses e britânicos. Contudo, esses estrangeiros não se fixaram no País, pois foram expulsos pelos indígenas e pelos portugueses.

De 1808 a 1850

A história da imigração livre para o Brasil iniciou, de fato, no dia 25 de novembro de 1808: D. João VI assinou um decreto que permitia que estrangeiros possuíssem terras no Brasil. Até então, apenas portugueses tinham o direito de entrar livre no Brasil. A imigração livre passou a ser significativa apenas no final do século XIX e início do século XX.

O pequeno fluxo imigratório nesse período justifica-se principalmente pela facilidade de obtenção de mão de obra escrava. Praticamente não havia empregos para imigrantes livres.

De 1850 a 1930

O segundo período caracteriza-se pela maior entrada de imigrantes no Brasil. Em 1850, a Lei Eusébio de Queiroz proibiu o tráfico negreiro, dificultando a obtenção de mão de obra escrava.  Em 1888, a Lei Áurea aboliu a escravidão no País.

O aumento significante na imigração ocorreu por vários fatores: a necessidade crescente de mão de obra em função do desenvolvimento das atividades cafeeiras, o começo de atividades industriais, a facilidade de acesso à posse de terra na Região Sul e a ocupação efetiva das terras do Brasil meridional.

O governo brasileiro buscou incentivar a imigração de europeus para suprir a necessidade de mão de obra. O governo fez propaganda na Europa, anunciando que financiaria o custo de viagem de imigrantes para o Brasil e garantiria emprego, moradia, alimentação e pagamento anual de salários. Mas a propaganda era enganosa. Após chegar no Brasil, ao final de um ano de trabalho nas lavouras, o imigrante recebia seu salário, mas não era o suficiente para pagar seus custos de moradia, de transporte (embora a propaganda governamental havia prometido que seria gratuito) e de alimentação. Os imigrantes ficavam presos - tornando-se semiescravos - até a quitação da dívida. 

Destaca-se nesse período a entrada no Brasil de italianos, alemães, espanhóis e japoneses.

De 1930 até 1980

Em 1929, com a crise econômica mundial e o Brasil sendo afetando por ela, diminuiu drasticamente as imigrações para o Brasil.

Após 1930, a imigração passou a declinar. Contribuiu para esse declínio a Lei de Cota, criada a partir do governo ditatorial de Getúlio Vargas (1934). A Lei de Cota restringia a entrada de imigrantes no Brasil, com exceção de portugueses.  As restrições eram numéricas e ideológicas; a entrada de anarquistas, por exemplo, não era permitida. Além disso, o governo forçava 80% dos imigrantes a trabalhar na zona rural.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial até o início da década de 1970, ocorreu no Brasil um grande crescimento econômico, tornando o País novamente um polo de atração populacional. O crescimento econômico resultou num aumento de imigrantes.

A tabela a seguir mostra que no final do século XIX e início do século XX, as migrações externas tiveram um importante impacto sobre o crescimento da população brasileira.

Comparação entre as Dinâmicas

Período

Migração líquida

Crescimento natural

1872/1890

570.226

3.651.000

1890/1900

903.000

2.962.000

1900/1920

939.000

8.360.000

1920/1940

859.000

12.893.000

1940/1950

107.000

10.600.000

1950/1960

586.000

17.436.000

1960/1970

197.000

23.335.000

1970/1980

185.000

25.000.00

Fonte: Anuário Estatístico do IBGE

De 1980 – até os dias de hoje

Nas últimas décadas, houve um afluxo de imigrantes.

No contexto da América Latina, o Brasil, até a década de 1970, era uma área de evasão populacional para os países vizinhos, especialmente para o Paraguai e a Argentina. A partir da década de 1980, porém, o Brasil passou a ser uma área de recepção migratória de latino-americanos.

A partir da década de 1990, graças à estabilização da sua moeda e ao crescimento da sua economia, o Brasil voltou a atrair imigrantes. Desde então, houve uma maior projeção do Brasil no exterior. Esses fatores, além das restrições impostas à entrada de imigrantes na Europa e nos Estados Unidos, causaram com que mais estrangeiros – coreanos, chineses e latino-americanos – decidissem imigrar para o Brasil.

Embora o saldo migratório atual ainda favoreça a emigração, a imigração vem crescendo. Acredita-se que aproximadamente 1,8 milhão de estrangeiros vivem no Brasil. Esse número é baixo quando se considera o número de habitantes no país. Contudo, a concentração de alguns grupos de imigrantes em certas cidades brasileiras acentua a relevância da migração na sociedade brasileira. 

Muitos desses imigrantes são clandestinos e, sem a documentação necessária para serem legalizados, ficam sujeitos a condições precárias. Constituem mão de obra barata, às vezes até escravizada. Esses imigrantes, como muitos imigrantes brasileiros em outros países, sofrem preconceito e dificuldades de se estabelecerem econômica e socialmente. Exemplificando: a indústria de confecção em São Paulo costuma empregar bolivianos, peruanos e colombianos. Muitos deles trabalham em condições precárias: são semiescravos.

O Brasil também conta com a entrada de fluxos imigrantes de mão de obra qualificada. Estes originam principalmente da Argentina e do Chile e geralmente escolhem viver na metrópole de São Paulo.

A crise na Venezuela resultou em um grande deslocamento populacional em direção ao Brasil. Nos anos de 2015 e 2016, 77 mil venezuelanos adentrar o Brasil, em busca de alimentos, remédios e melhores condições de vida. Em 2017, foram mais de 17 mil pedidos de asilo ao Brasil.

O Brasil é conhecido como um país que acolhe imigrantes. Contudo, o governo brasileiro não está estruturado para receber muitos imigrantes e refugiados. Consequentemente, muitos deles acabam vivendo nas ruas ou em albergues. O Brasil não tem controle de quem adentra o país nem mantém informações centralizadas a respeito do país de origem ou da idade de tais pessoas. Assim, não se sabe ao certo quantos refugiados se encontram no Brasil.

Em 2017, aprovou-se no Brasil uma nova Lei de Migração. Esta facilita o acolhimento de refugiados e garante os direitos do estrangeiro. A lei também visa a evitar que estrangeiros sofram discriminação. A lei concede aos imigrantes uma série de direitos: acesso aos serviços públicos de saúde, à educação, à Previdência Social e ao mercado de trabalho.

As correntes imigratórias

Os cinco grupos mais numerosos de imigrantes para o Brasil foram: portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses.

Os estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, juntos, receberam mais da metade dos imigrantes internacionais. Foram seguidos por Rio de Janeiro e Goiás.

Atualmente, os países do Mercosul Ampliado, beneficiados pelo Acordo de Residência e Livre Trânsito, são responsáveis mais de um quinto da soma dos imigrantes estabelecidos no Brasil. Os principais representantes são a Bolívia (50.240) e a Argentina (42.202).

Portugueses

Constituem o grupo mais numeroso de imigrantes. Os portugueses começam a chegar ao Brasil em 1500 e, ao contrário das demais nacionalidades, chegaram de forma mais ou menos contínua, espalhando-se por todo o território nacional.

Os portugueses não sofreram restrições que foram aplicadas a outros imigrantes, como cotas de imigração.

A influência portuguesa na cultura brasileira foi decisiva. Destaca-se a língua portuguesa, a religião católica, a cultura e as instituições administrativas.

Italianos

Ocupam o segundo lugar em importância numérica. Localiza-se em São Paulo o maior contingente de italianos e no sul do país.

A aquisição de terras, facilitada e incentivada pelo governo, serviu de grande atrativo para a fixação de italianos no Sul.

No Rio Grande do Sul, os imigrantes italianos dedicaram-se principalmente à vinicultura. Em Santa Catarina, dedicaram-se às atividades agrícolas e às indústrias domésticas. Os imigrantes italianos se opunham a monocultura, difundindo largamente a policultura.

Vieram como trabalhadores assalariados para a cultura cafeeira, depois tiveram importante papel no processo de industrialização.

Podemos dividir em duas fases a imigração italiana:

  • de 1872 a 1886, os grupos que se fixaram no Sul do Brasil;
  • de 1887 a 1914, os grupos que se fixaram em São Paulo.

Os principais fatores que incentivaram a imigração italiana ao Brasil foram:

  • a necessidade do governo brasileiro de ocupar as terras do Brasil meridional
  • a falta de mão de obra resultante do fim da escravidão 
  • a necessidade de mão de obra devido ao desenvolvimento das atividades cafeeiras
  • a séria crise social e econômica da Itália (1878-1900).

Espanhóis

A imigração de espanhóis ao Brasil data dos tempos coloniais. No período de 1580 a 1640, entrou no País um contingente grande de espanhóis.

Os espanhóis vinham como colonizadores, em função do domínio espanhol no resto da América Latina.

A imigração espanhola ao Brasil foi significativa durante o período de 1904 a 1914. A maioria dos imigrantes espanhóis se estabeleceu na Região Sudeste, nas áreas urbanas das seguintes cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. 

Alemães

A entrada de alemães no Brasil começou em 1824. O Brasil atraiu imigrantes alemães, pois precisava povoar e garantir sua posse do extremo sul do País.

O maior número de imigrantes alemães se estabeleceu em São Paulo. Porém, foi no Sul do País que os alemães deixaram marcas expressivas.

Na zona rural, raramente aparecem como assalariados; em geral, são pequenos proprietários de terra. Devido às diferenças culturais (a língua, por exemplo), a integração do alemão foi muito difícil - o que explica a formação de colônias alemãs fechadas. A marca alemã no Sul do Brasil é vista através do tipo físico da população, da arquitetura e do artesanato.

Japoneses

Os japoneses representam o quinto maior grupo de imigrantes que vieram ao Brasil. Os japoneses começaram a chegar ao Brasil em 1908, mas o grande fluxo desses imigrantes ocorreu entre 1920 e 1934.

Inicialmente, os japoneses foram empregados em fazendas de café e algodão; hoje, eles se destacam como pequenos proprietários organizados em cooperativas.

Hoje, imigrantes japoneses podem ser encontrados em quase todo o Brasil, mas estão concentrados em São Paulo.

Haiti

Em janeiro de 2010, o Haiti é vítima de um terremoto de 7 graus na escala Richter, deixando 230.000 mortos e 1,6 milhões desabrigados. O terremoto destruiu a infraestrutura do país e devastou a capital, Porto Príncipe (Port-au-Prince). Em outubro de 2010, o país é vitimado novamente, agora por uma epidemia de cólera. Doenças, destruição, fome e pobreza assolam o Haiti.

Pobreza e epidemias fizeram com que milhares de haitianos deixassem o país e cruzassem a fronteiras de países vizinhos. Muitos deles adentraram o Acre e o Amazonas. Após se tornar rota de imigração, o Acre, em 2010, recebeu mais de 43 mil pessoas. Os imigrantes chegam em situação de vulnerabilidade social. Muitos são trazidos por “coiotes” e pagam caro para conseguir chegar ao Brasil.

Segundo o Itamaraty, historicamente, a imigração em massa haitiana ao Brasil só pode ser comparada à de italianos e japoneses, que aportaram no Brasil durante o período imperial e nos primeiros anos da República.

Segundo dados do Itamaraty, a emissão de vistos a haitianos subiu 1.537% de 2012 a 2015.

Venezuela

A crise na Venezuela resultou em um grande deslocamento populacional em direção ao norte do Brasil. Nos anos de 2015 e 2016, 77 mil venezuelanos adentraram o Brasil, em busca de alimentos, remédios e melhores condições de vida. Milhares cruzaram a fronteira, especialmente em Roraima. A população desse estado cresceu 10% graças aos refugiados venezuelanos.

Em 2017, mais de 17 mil venezuelanos pediram asilo no Brasil.

O Brasil é conhecido como um país que acolhe imigrantes. Contudo, o governo brasileiro não está estruturado para receber muitos imigrantes e refugiados. Consequentemente, o aumento significativo em algumas cidades pequenas do país prejudica os serviços públicos – já sobrecarregados. Políticas públicas visam a ampliar a distribuição dos refugiados pelo território nacional.
Segundo o Departamento de Imigração da Colômbia, o país recebeu dez vezes mais refugiados venezuelanos que o Brasil. Nos últimos anos, mais de 600 mil venezuelanos cruzaram a fronteira com a Colômbia.

Emigração

Não existe estatística precisa sobre o número de emigrantes brasileiros. Estima-se que o número de emigrantes brasileiros nas últimas décadas tenha superado o número de imigrantes que vêm ao Brasil.  Em 2008, o Ministério das Relações Exteriores estimava que havia entre dois e quatro milhões de brasileiros no exterior, principalmente nos Estados Unidos, Paraguai, Japão e Europa.

Na década de 1970, houve uma corrente migratória brasileira em direção ao Paraguai: os chamados brasiguaios. O motivo dessa corrente migratória estava diretamente relacionado à expansão da fronteira agrícola brasileira – especialmente ao cultivo da soja e à criação de gado –, e à política do Paraguai de atrair imigrantes. Hoje, há brasileiros vivendo não apenas no Paraguai, mas também em outros países vizinhos. Eles buscam trabalham, não apenas na agricultura, mas também no garimpo e no comércio.

Os brasiguaios constituem o segundo maior volume de emigrantes brasileiros: aproximadamente 300 mil. São superados apenas pelos brasileiros que vivem nos Estados Unidos: acima de 500 mil.

Segundo o Censo Demográfico de 2010, emigrantes brasileiros residem em 193 países. O principal destino é os Estados Unidos, principalmente daqueles oriundos de Minas Gerais. Já que não possuem visto de imigrante, muitos desses emigrantes se encontram em situação ilegal e clandestina. Trabalham como garçons, faxineiros e manicures. Outros destinos populares para emigrantes brasileiros são Japão, Paraguai, Portugal, Itália, Austrália e Canadá.  Em geral, os emigrantes brasileiros desempenham trabalhos braçais que pagam baixos salários. Há muitos emigrantes jovens, que pertencem à classe média, procurando melhores oportunidades nos Estados Unidos, na Europa e em outras localidades.

A crise econômica de 2008 reduziu os empregos no mundo, desfavorecendo imigrantes, tanto legais como ilegais. Isso provocou o retorno de muitos brasileiros ao Brasil.

Sumário

- Histórico da Imigração no Brasil
i. De 1500 a 1808
ii. De 1808 a 1850
iii. De 1850 a 1930
iv. De 1930 até 1980
v. De 1980 – até os dias de hoje
- As correntes imigratórias
i. Portugueses
ii. Italianos
iii. Espanhóis
iv. Alemães
v. Japoneses
- Emigração

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