O Romantismo e o Idealismo alemão

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O Romantismo e o Idealismo alemão

O Romantismo e o Idealismo alemão foram movimentos do final do século XVIII e início do século XIX.

O Romantismo

O Romantismo é um movimento filosófico, cultural e artístico. Enfatizava o “eu”, a criatividade, a imaginação e o valor da Arte. O movimento se opõe ao Racionalismo e ao Empirismo da era anterior – a Era da Razão – representando a mudança do objetivo para o subjetivo. O universo empírico deixava pouco espaço para a liberdade e a criatividade do espírito humano. A ênfase romântica na Arte e na imaginação é uma reação direta e crítica ao Empirismo.

O Romantismo enfatizava fortes emoções como fonte da experiência estética. Era representado de forma mais poderosa por meio das Artes visuais, da Música e da Literatura, mas possuía também um ramo filosófico.

A Filosofia Romântica é fundamentada na ideia de que o universo é uma entidade única, unida e interconectada, repleta de valores, de tendências e de vida, e não meramente de matéria objetiva e inorgânica. No Romantismo predominam as emoções: os sentimentos estão acima da razão. A visão do Romantismo é que a razão falsifica a realidade ao quebrá-la em entidades desconectadas e inorgânicas, e que a melhor maneira de perceber a realidade é por meio de sentimentos subjetivos e pela intuição. Dessa forma, participa-se do assunto de nosso conhecimento em vez de o enxergar como algo externo. A Natureza é uma experiência – não algo a ser manipulado e estudado. Por meio da experiência, o indivíduo se torna mais consciente de seus sentimentos e é isso que o faz criar valores morais.

As raízes da Filosofia Romântica se encontram nas obras de Jean-Jacques Rousseau e de Immanuel Kant. Rousseau, que escreveu sobre o “bom selvagem” – o indivíduo que não se corrompeu pela artificialidade e pela sociedade –, acreditava que a civilização preenche o Homem com vontades não naturais e o afasta de sua verdadeira natureza e de sua liberdade inata. Kant acreditava que os seres humanos não enxergam o mundo de forma direta, e sim, por meio de uma série de categorias. Isto é, o homem não enxerga as coisas “por si só”; em vez disso, compreende o mundo apenas por meio de seu ponto de vista humano.    

As origens do Romantismo se encontram na Alemanha. Alguns dos filósofos e escritores associados ao movimento Romântico foram Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling (1775-1854) e George Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), na Alemanha; Samuel Taylor Coleridge (1772-1834) e William Wordsworth (1770-1850), na Grã-Bretanha.

Idealismo Alemão

O Idealismo é a doutrina de que ideias e pensamentos constituem a realidade fundamental. Essencialmente, é qualquer corrente filosófica que defenda a ideia de que a única coisa verdadeiramente concebível é a consciência (ou o conteúdo da consciência) e que não se pode ter certeza a respeito da existência de qualquer coisa do mundo externo. Portanto, as únicas coisas reais são entidades mentais, não físicas, pois estas existem apenas à medida que são percebidas.

A teoria de Kant sustentava a ideia de que não enxergamos as coisas por si só: apenas compreendemos o mundo por meio de nosso ponto de vista humano. Os Idealistas alemães que deram continuidade à filosofia de Kant – adaptando e ampliando sua obra por meio de suas interpretações sobre o Idealismo – podem ser considerados Românticos. Os mais importantes desses filósofos foram Johann Gottlieb Fichte, Friedrich Schelling, Georg Wilhelm Friedrich Hegel e Arthur Schopenhauer. 

Fichte

Johann Gottlieb Fichte (1762 - 1814) foi um filósofo alemão e um dos fundadores do Idealismo alemão.

Johann Gottlieb Fichte
Johann Gottlieb Fichte

Fichte acreditava que a ideia de Kant de que “a coisa em si é inconcebível” deveria ser descartada. Ele argumentava que o Ego puro, percebido por meio de intuição intelectual, deveria ser o ponto de partida da Filosofia.

Fichte propôs uma ideia radical: a de que a consciência não está fundamentada no tal chamado “mundo real”. Ele deu origem ao argumento de que a consciência não está fundamentada em nada fora de si mesma. Essa noção se tornou, posteriormente, a característica marcante do Idealismo alemão.

De acordo com Fichte, a consciência é o Princípio criador de toda a realidade. O mundo de fenômenos é gerado pela autoconsciência, pela atividade do ego e pela consciência moral. Segundo o filósofo, a realidade “externa” era produto do espírito humano. Fichte chegou a chamar as coisas da realidade – o que é exterior ao homem – de o não-Eu criado pelo Eu.

Fichte também escreveu obras de filosofia política. Ele é considerado um dos pais do nacionalismo alemão. Ele é famoso por ter introduzido o conceito de nação-estado.

Schelling

Friedrich Wihelm Joseph Schelling (1775-1854) foi um filósofo alemão e uma das principais figuras do Idealismo alemão e dos movimentos Românticos do final do século XVIII e início do século XIX.

Friedrich Wihelm Joseph Schelling
Friedrich Wihelm Joseph Schelling

Ele é considerado a ponte entre o Idealismo de Kant e Fichte e a obra de Hegel. Schelling e Hegel foram colegas de quarto na faculdade.

Schelling concordava com a ideia de Kant de que a consciência é a única coisa sobre a qual temos conhecimento direto. Segundo Schelling, apenas o homem, por meio do pensamento, tem consciência de si mesmo. O mundo exterior é considerado um adjunto ao que é real: a mente.

Para Schelling, ambos o subjetivo e o objetivo estão unidos dentro do Absoluto (Deus), o que expressa sua união fundamental. Por ser a máxima realidade, o Absoluto não pode ser concebido por meio do intelecto ou do espírito, mas apenas por meio da Arte, pois é apenas na Arte que o natural e o transcendental podem ser conciliados e o inconsciente pode se representar. Para Schelling, é pela Arte que a mente se torna plenamente consciente de si mesma.

Schelling defendia uma filosofia que dava mais ênfase à intuição do que à razão e que valorizava, acima de tudo, a estética e a imaginação criativa. A filosofia de Schelling constituiu uma forma singular de Idealismo, denominada Idealismo Estético. O filósofo acreditava que na Arte, o contraste entre a subjetividade e a objetividade é sublimado e que todas as contradições – entre o conhecimento e a ação, entre atos conscientes e os subconscientes, entre a liberdade e a necessidade – são harmonizados.

Hegel

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) foi o mais influente dos filósofos do Idealismo alemão. Pode-se argumentar que foi o mais importante filósofo desde Kant. Ele era professor de Filosofia na Alemanha.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel
Georg Wilhelm Friedrich Hegel

Como os outros idealistas, Hegel concordava com a ideia de Kant de que a mente não é simplesmente um absorvente passivo do mundo externo, mas que ela própria o organiza. Contudo, Hegel rejeitou a teoria de Kant da “coisa por si só”: a ideia de que as coisas não são percebidas ou interpretadas – de que não podem ser conhecidas, mas apenas inferidas pela natureza da experiência. Hegel se opôs à ideia de Kant de que algo que existe pode ser inconcebível. Hegel afirmava que tal ideia era contraditória e inconsistente. Ele argumentou o oposto: que algo que existe precisa, por definição, ser concebível. “O real é racional e o racional é real”, ele afirmou. Hegel também defendeu a ideia de que o que se torna real é Geist: uma palavra alemã que significa “mente”, “espírito” ou “alma”.

De acordo com Hegel, é apenas quando Geist passa a se conhecer que podemos ser verdadeiramente livres: é possível ser livre apenas à medida que compreendemos a realidade. Caso contrário, não é possível julgar livremente, pois, de acordo com o filósofo, lutamos em vão contra aquilo que não compreendemos.

Para Hegel, Geist se desenvolveu ao longo da história. Cada período histórico possuiu um Zeitgeist– o espírito da era.

Hegel defendia a ideia de que a consciência individual ou mente de cada pessoa faz parte, na realidade, da Mente Universal, mesmo que ela não esteja consciente disso. O filósofo afirmava que se compreendêssemos que fazemos parte de uma grande consciência, não estaríamos tão preocupados com nossa liberdade individual e concordaríamos em agir de forma racional em vez de seguir nossos próprios caprichos. Ao seguir o Real ou o Racional, todo indivíduo adquiriria a autorrealização. Hegel acreditava que havia reconciliado a Religião e a Filosofia com sua ideia sobre a Mente Universal.

Hegel foi talvez o mais influente dos filósofos Idealistas alemães e sua ideia de que a consciência individual ou mente de uma pessoa faz parte da Mente Universal (Idealismo Absoluto) exerceu grande influência. 

Schopenhauer

O filósofo alemão Arthur Schopenhauer viveu no século XIX e escreveu "O mundo como vontade e representação".

Arthur Schopenhauer
Arthur Schopenhauer

Para Schopenhauer, a própria vida é uma expressa da força máxima ou energia, que ele denominou “vontade”.  O “eu”, ele argumenta, é uma manifestação da “vontade”, mesmo que muitas de nossas motivações não são conhecidas pela mente consciente. Essa ideia se tornou conhecida como o conceito do “inconsciente” e influenciou a psicologia de Freud e de Jung. Schopenhauer é chamado de o filósofo do pessimismo, pois ele acreditava que tal “vontade” não tem propósito ou objetivo: é a busca cega. Suas ideias são similares às do budismo, pois ele acreditava que existência implica o sofrimento.

Segundo Schopenhauer, há três maneiras de o homem tentar superar essa vontade cósmica cega e alcançar a salvação. O primeiro é desenvolver empatia pelos outros. O segundo é pelo desenvolvimento da compreensão filosófica. O terceiro é a contemplação estética de obras de arte. Essa terceira maneira foi a mais influente.

Schopenhauer é frequentemente associado a uma escola de pensamento em que a angústia é um de seus principais temas de investigação. Ele inspirou o Existencialismo.

Sumário

- O Romantismo
- Idealismo Alemão
i. Fichte
ii. Schelling
iii. Hegel
iv. Schopenhauer

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